PARA REFLECTIR:
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«3º Congresso - Comunicação- Tema: Epidemiologia, Prevenção e Saúde Pública
Resumo:
A infecção VIH nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, está a atingir cada vez mais as minorias étnicas e as comunidades mais pobres e desfavorecidas, com as mulheres em particular risco de infecção (relatório da UNAIDS 2001).
A quebra de laços familiares, a falta de recursos económicos, o isolamento e a marginalização, a dificuldade no acesso à informação e aos Cuidados de Saúde, são factores que tornam as comunidades imigrantes particularmente vulneráveis a esta infecção, acrescidos muitas vezes por barreiras linguísticas e culturais.
Portugal, tradicional país de emigrantes, tornou-se, após a Revolução de Abril de 1974, um destino procurado por grande número de trabalhadores provenientes dos países africanos de língua portuguesa, e, mais recentemente, pelos oriundos do Leste Europeu, que, em 2001, constituiram 56% dos novos pedidos de autorização de residência, dos quais, três quartos destinaram-se aos distritos de Lisboa, Setúbal, Faro e Porto, que são igualmente os de maior incidência de infecção VIH no nosso país.
No Algarve, 10% dos casos de infecção VIH/SIDA notificados até 31/03/02 são em imigrantes, dos quais, 63% são africanos – nestes, 51% tinham critérios de SIDA à data do diagnóstico, o que se verificou em apenas 26% das restantes notificações. No Hospital do Barlavento Algarvio foram diagnosticados, entre 1/01/00 e 30/06/02, 112 novos doentes, dos quais 27% são imigrantes, igualmente com predomínio de africanos.
A conjugação dos dados fornecidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e pelo Centro de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmissíveis, embora constituindo apenas a ponta do “iceberg”, pois sabemos que a imigração não legalizada e subnotificação de infecção VIH são uma realidade, permitem-nos verificar que a imigração em Portugal tem padrões temporais e epidemiológicos variáveis, com modificações profundas nos anos mais recentes, e, se é verdade que a epidemia de VIH/SIDA tem avançado devastadoramente nas comunidades africanas a residir em Portugal, talvez seja ainda possível, com uma intervenção rápida e adequada, travar esse avanço e prevenir a sua extensão às comunidades mais recentes, dos trabalhadores de Leste.
Só tendo em consideração as características socioculturais específicas a cada comunidade e com a colaboração activa dos seus membros será possível esta intervenção.
Domitília Faria – Assistente Hospitalar de Medicina Interna – Hospital do Barlavento Algarvio
Helena Ferreira – Assistente Graduada de Saúde Pública – Comissão Distrital de Luta Contra a Sida/ARS do Algarve
"...o nosso objectivo é protegê-los e, simultâneamente, protegendo-os a eles, estamos a proteger-nos a todos nós”
SITUAÇÃO EM PORTUGAL
Portugal, tradicional país de emigrantes, tornou-se, após a revolução de 25 de Abril de 1974, um destino procurado por grande número de trabalhadores provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Mais recentemente assiste-se a um fluxo cada vez maior de trabalhadores que chegam dos países do Leste Europeu (Fig.1 e Fig.2).
Em 1999, 79% dos pedidos de autorização de permanência foram de jovens com menos de 35 anos. Na população estrangeira residente em Portugal em 31/12/01, 43,7% são mulheres. Lisboa, Faro e Setúbal são os distritos de residência escolhidos em três quartos dos casos (Fig.1).
Os estrangeiros representam 10% do total de casos notificados de Infecção VIH/SIDA em Portugal até 30/06/02, não parecendo ter havido variações significativas ao longo das duas décadas em estudo (Fig.3). Os africanos representam 84% dos casos notificados em estrangeiros e destes, apenas 8% não pertencem aos PALOP (Fig.4 e Fig.5). Os imigrantes do Leste Europeu não têm ainda expressão significativa nos casos notificados – 8 casos até agora.»
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