INDEPENDÊNCIA CULTURAL
Num artigo da escritora Margarida Rebelo Pinto, editado na revista Maxmen, uma das suas amigas, querendo mostrar a insignificância que é Portugal - hoje em dia, tal maledicência é um dos passatempos favoritos dos portugueses - lembrou-se de dizer que nenhum estrangeiro quer saber deste país, e um dos exemplos disso é a ausência de escritores estrangeiros na Feira do Livro de Lisboa.
Eu acho graça quando vejo que alguns dos portugueses que mais mal falam do seu próprio povo, são muitas vezes os que enfermam dos piores defeitos que este mesmo povo tem.
Há muitos portugueses que falam como a tal amiga da escritora. Revelam com isso sofrer de um horrendo complexo de inferioridade: estão de tal modo dependentes, emocionalmente, dos estrangeiros, que só se sentem legitimados na sua própria existência se os estrangeiros se dignarem a reparar que eles existem.
Nunca lhes terá passado pela cabeça que uma Nação pode ter uma vida cultural autónoma. E, se se lhes disser isto, até são capazes de se escandalizar, afirmando que a época do «Orgulhosamente sós» já lá vai. Não percebem que uma coisa é isolamento e outra, bem diferente, é autonomia. Uma coisa é fechar o País por completo, sem deixar enttrar na Pátria qualquer influência alienígena que seja; outra, bem diferente, é ser capaz de criar cultura, entre portugueses e para portugueses, procurando o diálogo e o pensamento com os seus compatriotas, sem pensar nas fronteiras políticas do Estado. Não é preciso fechar seja o que for, neste âmbito, é só preciso dinamizar o que é interno. Até porque, sem essa dinamização, a presença de estrangeiros não trará nada de bom a não ser a subserviência de uma massa acéfala e mutilada na sua capacidade inventiva e intelectual, incapacitada de todo, sem ousar criar de acordo com seu génio e os seus caprichos, inteiramente dedicada a engraxar os sapatinhos de tudo o que não é português e, no caso dos mais «talentosos», a imitar o que estrangeiro faz.
Eu acho graça quando vejo que alguns dos portugueses que mais mal falam do seu próprio povo, são muitas vezes os que enfermam dos piores defeitos que este mesmo povo tem.
Há muitos portugueses que falam como a tal amiga da escritora. Revelam com isso sofrer de um horrendo complexo de inferioridade: estão de tal modo dependentes, emocionalmente, dos estrangeiros, que só se sentem legitimados na sua própria existência se os estrangeiros se dignarem a reparar que eles existem.
Nunca lhes terá passado pela cabeça que uma Nação pode ter uma vida cultural autónoma. E, se se lhes disser isto, até são capazes de se escandalizar, afirmando que a época do «Orgulhosamente sós» já lá vai. Não percebem que uma coisa é isolamento e outra, bem diferente, é autonomia. Uma coisa é fechar o País por completo, sem deixar enttrar na Pátria qualquer influência alienígena que seja; outra, bem diferente, é ser capaz de criar cultura, entre portugueses e para portugueses, procurando o diálogo e o pensamento com os seus compatriotas, sem pensar nas fronteiras políticas do Estado. Não é preciso fechar seja o que for, neste âmbito, é só preciso dinamizar o que é interno. Até porque, sem essa dinamização, a presença de estrangeiros não trará nada de bom a não ser a subserviência de uma massa acéfala e mutilada na sua capacidade inventiva e intelectual, incapacitada de todo, sem ousar criar de acordo com seu génio e os seus caprichos, inteiramente dedicada a engraxar os sapatinhos de tudo o que não é português e, no caso dos mais «talentosos», a imitar o que estrangeiro faz.
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