quinta-feira, dezembro 18, 2003

POR CULPA DE ALGUÉM, ALGUNS NÃO FIAM A NINGUÉM

Os franceses mais puristas na defesa da sociedade laica, estão agarrados com unhas e dentes à barreira que querem manter nas escolas contra o avanço do fundamentalismo.

Com efeito, tudo indica que a ostentação de símbolos religiosos vai ser proibida nas escolas. Deste modo, nenhuma rapariga islâmica poderá usar o seu véu, nem nenhum cristão poderá usar uma cruz de grandes dimensões (mas quantos é que usam cruzes de grandes dimensões?), nem ninguém poderá invocar motivação religiosa para recusar ser atendido/a por um/a médico/a do sexo oposto.

Observa-se aqui um exemplo de como a suposta democraticidade laica acaba por limitar a liberdade individual. À custa de quererem manter uma escola igual para todos, livre de qualquer condicionamento religioso, os amantes da sociedade laica caem no erro de impôr uma proibição à simples e legítima expressão pessoal de uma crença.

Mais uma vez, o modelo de democracia tipicamente francês acaba por ferir a liberdade em nome da igualdade, ao contrário do que sucede no modelo anglo-saxónico, que preserva as liberdades acima de tudo. O conceito francês de democracia mostra deste modo que é uma via para a uniformização mutiladora e tendencialmente totalitária, típica da esquerda.

Compreende-se no entanto esta tomada de posição por parte dos franceses: trata-se de evitar a proliferação cavalgante do Islão, cujos seguidores propõem já que sejam instaurados feriados islâmicos em França.

Assim, a intenção laicista traduz-se, neste caso, com um ditado popular: por culpa de alguém, não se fia a ninguém.
Para travar o avanço islâmico, religião de tendência expansionista e hegemónica, os auto-proclamados democratas são obrigados a limitar os direitos de todos os seguidores de outras doutrinas.

E seria tão mais correcto proclamar que o Islão deve ter menos direitos em França do que uma religião nacional, porque a França pertence aos Franceses, de cultura francesa, e não a todos e mais alguns por igual.

Mas a ideologia igualitária e a-nacional de certo tipo de auto-proclamados democratas não lhes permite seguir por este caminho.

E, assim, não lhes resta outra alternativa a não ser agarrarem-se às suas toscas «ferramentas» para defenderem a liberdade da sua sociedade em relação aos radicalismos religiosos e ao desenvolvimento de um Estado dentro de um Estado, pois que um Estado dentro de um Estado é precisamente o que o Islão cria (nos E.U.A., por exemplo, até há um grupo denominado «Nação do Islão», ou «Nation of Islam», de negros muçulmanos), tanto mais quanto mais poder consiga alcançar, onde quer que se estabeleça.

E, assim, o Islão provoca mais uma vez a perda de uma liberdade individual dos seguidores de outras doutrinas, que não fazem perigar o Estado.

E, assim, mais uma vez se prova que o modelo igualitarista e laico, que não leva em conta o princípio da prioridade nacional, é inimigo da liberdade individual no seio da Nação.