segunda-feira, outubro 23, 2023

ESPECIALISTAS DIZEM QUE A ULTRA-DIREITA VAI CRESCER MAIS A PARTIR DA GUERRA ENTRE ISRAEL E HAMAS

O conflito entre Israel e o Hamas, que está no centro da actualidade mundial desde a escalada de violência que se iniciou a 7 de Outubro, deverá ser utilizado pela Extrema-Direita como ‘plataforma’ para conseguir um crescimento do seu eleitorado, não apenas em Portugal como também em grande parte da Europa. É o que defendem dois politólogos ouvidos pela Executive Digest.
“É uma guerra continuada, e uma guerra caracteriza-se por um processo enganador relativamente a cada lado. Neste conflito, por mais frio e analista que seja, eu torço por um lado. E uma guerra, precisamente, é aquilo que é capaz de ter um efeito universal nesse sentido: todos torcemos. No caso dos populistas, de Extrema-Direita, têm informação e intuição sobre a qual a maior parte da população torce, e fazem discursos ocos mas emotivos, para apanharem a onda”, começa por explicar Adelino Maltez à Executive Digest.
“Em Portugal nota-se um discurso populista, acirrando aquilo que é uma das piores coisas do ser humano, que é torcermos numa guerra por um dos lados, mesmo quando estamos distantes e não temos nada a ver com, no que respeita a despendermos energias directas para o conflito. É natural que façam isso”, continua o investigador de ciência política.
Outro aspecto a ter em conta, assinala o especialista, é a ameaça terrorista na Europa (e em Portugal da mesma forma), que já está a ser usada com ‘arma’ para conquistar eleitorado não só no nosso País, mas também em Itália, na Alemanha ou França, por parte da Extrema-Direita.
“O problema é o imprevisto dentro do chamado Ocidente de um ataque terrorista, que impulsione dois defeitos típicos que permanecem no Ocidente, que é o anti-semitismo e a islamofobia, que não foram criados pela guerra. Estão em crisálida e se há um atentado terrorista, tudo isso vai ter uma escalada psicológica interna”, alerta Adelino Maltez.
Perante esta expectável conjuntura, o politólogo admite que haverá um aumento de eleitorado “já com efeitos nas eleições europeias do ano que vem”, e com impacto a nível nacional igualmente. “Os extremismos aproveitam-se sempre deste ambiente”, sublinha, ressalvando que a situação é mais problemática “em países como Espanha, ou principalmente França, com tensões com islâmicos, e perigo nas grandes cidades”.
O mesmo crescimento da Extrema-Direita é também adiantado à Executive Digest por Viriato Soromenho Marques, filósofo e professor universitário.
“Tradicionalmente, a Extrema-Direita europeia tem um passado que é anti-sionista, anti-judaico, e claro que depois do Holocausto essas características têm sido ‘disfarçadas’, mas ao mesmo tempo têm colorações anti-islâmicas, por causa dos fenómenos migratórios e não só”.
Soromenho Marques considera que a Extrema-Direita europeia “está numa situação complicada, porque tenderá a apoiar o direito de defesa de Israel em relação às acções do Hamas mas, tal como outros, com mais ou menos honestidade, tenderá também a criticar Israel pelo abuso de força na zona de Gaza”.
O especialista indica que também “partilha de uma certa perplexidade”, e que, por exemplo, na Alemanha, a Extrema-Direita tem ‘cavalgado’ a onda da guerra na Ucrânia para ganhar terreno, sendo que as últimas sondagens já dão o segundo lugar nos partidos com maiores intenções de voto.
“Estou convencido que de facto a Extrema-Direita vai continuar a subir na Europa, mas não é por mérito próprio, e não é essencialmente pela questão Israel-Palestina, é mesmo pela questão da guerra em si”, indica.
“Esta escalada da guerra, ainda não sabemos onde nos vai levar, mas certamente não será a nada de bom”, sumariza Soromenho Marques.
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Fonte: https://executivedigest.sapo.pt/noticias/extrema-direita-em-portugal-e-na-europa-vai-crescer-com-guerra-entre-israel-e-hamas-avisam-especialistas/?fbclid=IwAR3PXoKTP7F1xkeQalK6vNtZb--zj2chv9-6pjRLxB2ta8eV52wCm6FuFcc   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)

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Ai «uma das piores coisas do ser humano é torcermos numa guerra por um dos lados, mesmo quando estamos distantes e não temos nada a ver com»... ai ele é isso... Será então por isso que o BE e o PCP estão abertamente ao lado da Palestina e de Israel desde a primeira hora... Ainda bem que o crescimento dessas coisas não assusta ninguém, até porque estão em queda nas votações...
Quanto à ameaça terrorista na Europa, a prioridade dos opinadores académicos da elite é sintomática - qual é o problema, a morte de inocentes, a intimidação da população de países democráticos diante de um credo totalitário?, claro que não... quando um clérigo ou devoto da elite pensa em «terrorismo islâmico», aquilo que em primeiro lugar lhe chega à mente é «ai! que a Extrema-Direita vai usar isso para acordar o povinho e assim o povinho vota mais em projectos anti-imigração e isso é que é o horror máximo!!!!, porque assim já não se consegue continuar a transformar a Europa num caldeirão de salganhada castanha!!!!!!!!!!!!!!!!!!»... É entretanto que tais «analistas» nunca por nunca digam, por exemplo, que a Extrema-Esquerda «usa como arma» seja o que for da realidade social e política...
No fim, diz que o provável crescimento da Ultra-Direita «não é por mérito próprio». Ora aí tem toda a razão - não é por mérito da Ultra-Direita que a Ultra-Direita cresce, é mesmo só por demérito da elite reinante, que obscenamente massacra o povo com iminvasão e agravamento da consequente violência nas ruas, que também acontece, em menor grau, devido ao enfraquecimento da autoridade policial, que também é imposto pela elite ao povo... E não é só de agora, não é pelas guerras lá fora, ou «pela questão da guerra em si», como diz o doutor, é sobretudo pelas pequenitas guerras internas que se agravam na Europa desde há décadas graças à iminvasão. É simples, sempre foi - a elite, totalitária, tenta impingir ao povo ideais que o povo não acata e, por isso, a Democracia leva água ao moinho do Nacionalismo, porque o povo é essencialmente tribal, logo, vota cada vez mais tribalmente.