TRUMP ACUSA OS MAIS RADICAIS ACTIVISTAS ANTI-ABORTO DE TEREM PREJUDICADO A VOTAÇÃO DOS REPUBLICANOS
Trump salienta-se mais uma vez pela audácia e pela simplicidade ao denunciar a imbecilidade fanática dos «pró-vida», os quais até acabam por, na prática, obrigar uma mulher a ter um filho de um violador «««jovem»»»... Leia-se:
«Não foi minha culpa que os republicanos não correspondessem às expectativas nas eleições intermediárias. Eu tinha 233-20! Foi a 'questão do aborto', mal tratada por muitos republicanos, especialmente aqueles que insistiam firmemente em Sem Excepções, mesmo no caso de Estupro, Incesto ou Vida da Mãe, que perdeu um grande número de eleitores.»
É lamentável que a causa anti-imigração e patriótica continue dependente do bloco ideológico conservador, que só a atrasa, mas pode ser que isso mude dentro de algum tempo...
26 Comments:
Mas ele tem dados concretos que lhe permitam sustentar essa sua acusação? É que eu duvido muito que seja verdade. Ele perdeu sobretudo porque muitos dos candidatos que ele apoiou (Dr. Oz, Kari Lake, etc.) eram perfeitas nulidades. E alguns até eram pró-aborto, ou ambíguos a esse respeito. Se o problema fosse realmente o aborto, ele teria perdido em todos os Estados onde a diferença entre republicanos e democratas era escassa. Mas não foi isso que aconteceu.
Aliás, se a tese dele estiver correcta, então a culpa é praticamente toda dele. Foi ele que nomeou os juízes do Supremo Tribunal que decidiram revogar o Roe vs. Wade meses antes das eleições intercalares. Uma estupidez de todo o tamanho por parte dos seus nomeados!
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AfonsodePortugal@YouTube
O Trump dantes, muito antes de ser eleito, até era a favor da liberalização do aborto. Atenção que nomear juízes não é o mesmo que ficar inteiramente responsável pelas suas decisões. O mesmo se aplica aos candidatos que apoiou. E se ele não tivesse escolhas melhores, tanto no tribunal como na bancada partidária? Basta ter estado num partido para saber que é preciso alinhar com o que há. A meu ver, é por isso uma questão de real-politik da parte do Trump - governar com os aliados possíveis e esperar que tudo corra o melhor possível. Desta vez correu mal. Nestas coisas dificilmente há milagres.
Já agora, não é ele o único a dizer que a causa anti-abortista lixou a Direita nas recentes eleições ianques:
https://www.theguardian.com/us-news/2022/nov/11/abortion-midterm-elections-republicans-women-voters
https://www.christianitytoday.com/news/2022/november/election-results-evangelicals-inflation-abortion.html
«In Kentucky, where abortion is currently banned, voters rejected an amendment that would have made that part of the constitution, becoming the second conservative state to defeat a pro-life ballot initiative after Kansas.»
«Atenção que nomear juízes não é o mesmo que ficar inteiramente responsável pelas suas decisões»
Claro que não, tal como o Costa nomear ministros corruptos não implica automaticamente que ele também seja corrupto. Mas que denuncia uma falta de clarividência política por parte do Trump, lá isso denuncia. Porque se eu tivesse nomeado juízes abortistas, eu teria tido no mínimo a inteligência de lhes dizer que não tivessem pressa de mudar o que quer que fosse e esperassem para depois das eleições intercalares.
«https://www.theguardian.com/us-news/2022/nov/11/abortion-midterm-elections-republicans-women-voters»
O que esta peça diz é exactamente o que eu digo: não foi a posição dos candidatos que terá comprometido os resultados -aceitando o pressuposto de que foram comprometidos pela questão do aborto-, mas sim a própria decisão de reverter o Roe vs. Wade. Ou seja, a culpa aqui foi sobretudo dos juízes do Supremo Tribunal, que se precipitaram e agiram cedo demais.
Repare-se:
«Exit polls conducted for news networks by Edison Research showed that abortion was the top issue for many Americans, especially people under the age of 30. And about 60% of voters said they were dissatisfied or angry with the supreme court’s decision to overturn Roe, according to exit polls conducted by AP Votecast.»
O mesmo sucede no caso do segundo artigo que "linkaste":
«(...) only 16 percent told pollsters they were “enthusiastic” about the Supreme Court ruling overturning Roe v. Wade in June. Nearly 40 percent told pollsters they were angry about the Dobbs decision.»
Ou seja, o Trump quis sacudir a água do seu capote, mas a verdade é que, de facto, ele devia ter recomendado aos juízes do TS que adiassem a reversão do Roe vs. Wade.
Aliás, é lamentável que ele ainda não tenha saído de cena. Foi muito útil à causa nacionalista com a sua eleição, mas está mais que visto que dificilmente será reeleito. Está demasiado queimado na esfera pública e a sensação que ele dá de querer voltar ao poder a qualquer custo não ajuda.
Ja vi site cuck dizendo que o aborto e um genocidio negro idealizado por nazis ou seja cucks sao reds fanaticos odeiam minorias internas amam aliens
«Claro que não, tal como o Costa nomear ministros corruptos não implica automaticamente que ele também seja corrupto.»
Ora bem.
«Mas que denuncia uma falta de clarividência política»
A comparação não está bem feita. Um dos fundamentos do Estado de Direito é a separação entre o poder político e o poder judicial. Achas que os juízes aceitavam receber ordens do Trump tal como tu as referes? «Eh moços, eu ponho-vos lá no lugar mas vocês pianinho, não se esticam, só mudam a lei quando eu disser», achas que funcionava assim?
Que fosse pela decisão dos juízes, tanto faz, isso não tira razão ao que o Trump disse. A decisão dos juízes foi uma gota de água a fazer transbordar o copo. A tensão entre pró-escolha e anti-aborto tem vindo a avolumar-se e a decisão do tribunal meteu-lhes medo, mostrou-lhes que a onda dos fanáticos tinha tanta força quanto prometia ter ou até mais.
Insisto - se o Trump só podia escolher entre aqueles juízes e os que lá estavam antes, que lhe travavam tudo o que queria fazer, o que esperavas que ele fizesse?
Não acho, entretanto, que ele não deva recandidatar-se, até porque não vejo ninguém melhor que ele no actual panorama político ianque.
«Um dos fundamentos do Estado de Direito é a separação entre o poder político e o poder judicial.»
Uma coisa é o fundamento, outra coisa é a prática. E, na prática, essa separação de poderes nunca existe, por mais bonitos que sejam os discursos de circunstância de parte a parte. Os juízes pró-aborto tendem a ser "democratas", enquanto os juízes anti-aborto tendem a ser republicanos. E os resultados das votações das leis que ambos os juízes, no seu conjunto, aprovam ou reprovam, reflectem quase sempre as suas diferenças políticas.
«Achas que os juízes aceitavam receber ordens do Trump tal como tu as referes?»
Não seria uma ordem, mas sim o pagamento do favor que Trump lhes fez ao nomeá-los. Aliás, sendo conservadores, eles nem sequer o deveriam encarar como um favor, uma vez que o seu dever é garantir que o seu partido vence as eleições, a menos, é claro, que tenha havido uma violação flagrante da Lei, o que não era o caso.
«Eh moços, eu ponho-vos lá no lugar mas vocês pianinho, não se esticam, só mudam a lei quando eu disser, achas que funcionava assim?»
Claro que funcionava assim, aliás, funciona assim em todo o mundo. Porque é que achas que os juízes do "nosso" Tribunal Constitucional chumbaram várias vezes as medidas do Passos Coelho, mas depois não chumbaram nenhuma das medidas do Costa? Porque o Costa é competente, enquanto o Passos Coelho não é? Porque o Costa percebe de leis, enquanto o Passos Coelho não percebe? É claro que não... o que se passa é que a maior parte dos juízes do TC é de Esquerda. Tão simples quanto isso.
«A tensão entre pró-escolha e anti-aborto tem vindo a avolumar-se e a decisão do tribunal meteu-lhes medo, mostrou-lhes que a onda dos fanáticos tinha tanta força quanto prometia ter ou até mais.»
Mas essa tensão é inevitável sempre que há diferentes valores morais e políticos em confronto. Aliás, essa tua objecção pode aplicar-se perfeitamente à questão racial, uma pessoa poderia argumentar exactamente o mesmo que tu argumentaste a pretexto dos partidos nacionalistas, “são demasiado radicais” e, portanto, falar em raça ou até em imigração seria um valente tiro nos pés.
«Insisto - se o Trump só podia escolher entre aqueles juízes e os que lá estavam antes, que lhe travavam tudo o que queria fazer, o que esperavas que ele fizesse?»
Bem, desde logo a escolha nunca seria “entre aqueles juízes e os que lá estavam antes”, porque no Supremo dos EUA só entra alguém novo quando um dos que já lá estava morre ou resigna. Portanto, a escolha seria sempre entre juízes novos.
Mas o grande erro do Trump, como disse acima, foi não saber escolher alguém que, para além da competência no exercício do poder judicial, compreendesse a necessidade de cooperar com o partido político que proporcionou a sua nomeação, dentro dos limites da legalidade. Porque repara: de que serve nomear juízes conservadores se depois o partido democrata vence e nomeia juízes “progressistas”? Que coerência há em ser um juiz conservador com assento no Tribunal Supremo e depois não acautelar que os outros juízes do mesmo Tribunal Supremo são também, na medida do possível, conservadores.
«Não acho, entretanto, que ele não deva recandidatar-se, até porque não vejo ninguém melhor que ele no actual panorama político ianque.»
O Ron DeSantis é mil vezes melhor. Mais novo, mais fluente, mais inteligente na forma como compreende o modus operandi da Esquerda. Alguns exemplos: a forma como proibiu o ensino da Teoria Crítica da Raça nas escolas da Florida; o saneamento de um procurador federal que tinha sido nomeado pelo George Soros; a forma como retirou privilégios fiscais à Disney, depois de a Disney insistir em impingir ideologia LGBT nos seus parques temáticos; e, mais importante do nosso ponto de vista, o envio de imigrantes ilegais da Florida para Martha’s Vineyard, a ilha de férias de luxo dos políticos “democratas”, onde o Obama tem uma casa avaliada em vários milhões de dólares, para demostrar que os “democratas” só querem a imigração quando esta se processa longe do seu quintal.
É preciso recordar que o Trump perdeu com o Bidé, que é um indivíduo nitidamente em declínio cognitivo e já mal consegue articular uma frase com princípio, meio e fim. Se ele nem sequer conseguiu vencer o Bidé, então agora será facilmente esmagado por um candidato do nível do Obama, ou mesmo da Hilária (eu sei que ele venceu a Hilária em 2016, mas agora as circunstâncias são diferentes).
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AfonsodePortugal@YouTube
Perdeu com o Bidé como teria perdido com praticamente qualquer outro adversário, ou aliás, inimigo, pura e simplesmente porque tinha, e tem, contra si, não apenas o grosso da máquina de propaganda da elite reinante, o que já tinha antes e mesmo assim ganhou, mas também a relativa ligeireza com que encarou a crise covídica, o que aliás também lixou o Bolsonaro, embora este tenha feito bem pior que aquele. Trump acabou por reconhecer a gravidade da situação, ofereceu até 1000 euros a cada cidadão norte-americano (se fosse Santo Obama a fazer isso, se calhar ainda hoje lhe cantavam loas diárias por isso nos mérdia...), mas o mal estava feito e os mé(r)dia não o largaram por isso, isto independentemente do aspecto nebuloso da votação, que ele próprio já tinha previsto quando criticava o voto electrónico. Ainda assim, duvido que a popularidade dele não tenha entretanto melhorado, e tanto é altamente provável que tenha melhorado que a elite instalada não lhe larga o osso, está de todo apostada em dar o cu e oito tostões para que ele seja impedido de alguma vez voltar a concorrer a eleições.
No que toca ao DeSantis, pois algumas dessas medidas são boas, tudo bem, a de enviar imigrantes ilegais para junto das elites tem a sua piada, mas pode correr mal, pois que boa parte da elite já ultrapassou a componente egoísta do seu comportamento nesse aspecto, estando por isso de mioleira já tão adulterada pela lavagem (que também significa «comida para porcos») cerebral anti-racista que, mesmo sofrendo na carne os efeitos da imigração, continua todavia a promovê-la; não faltam exemplos disso, como já aqui no blogue referi mais de uma vez, e, sinceramente, não estou a ver Santo Obama a protestar por lhe espetarem com cem mexicanos ou mouros ao pé da porta, pelo contrário, até é capaz de aproveitar para ser visto a ir ter com eles juntamente com a respectiva esposa para lhes dar víveres no Natal ou, melhor ainda, durante o Ramadão e assim. Não me canso de avisar que a ingenuidade dos nacionalistas a respeito do espírito de sacrifício genuíno que cresce no seio da elite a respeito dos imigrantes não pode ser subestimado.
No que DeSantis borrou seriamente a pintura foi em ter aprovado uma lei que proíbe o aborto mesmo em caso de violação. Trump nunca faria uma destas, enquanto por outro lado poderia ter feito tudo o que enumeras acima como obras de DeSantis.
«E, na prática, essa separação de poderes nunca existe, por mais bonitos que sejam os discursos de circunstância de parte a parte. Os juízes pró-aborto tendem a ser "democratas", enquanto os juízes anti-aborto tendem a ser republicanos.»
O problema é que a teoria é incontornável porque também é prática e a prática é menos flexível do que aquilo que dás a entender. Os anti-aborto tendem a ser republicanos - então e os anti-aborto que tenham juízo e consciência estratégica de voto, esses também tendem a ser republicanos ou nem sequer existem? Como é que podes falar como se o Trump tivesse oportunidade de os escolher e de os vincular?
«uma vez que o seu dever é garantir que o seu partido vence as eleições,»
O seu dever é garantir a aplicação das leis e, na medida do possível, a sua justeza. Esperar que se portem como funcionários de um partido é ilusório.
«Claro que funcionava assim,»
Claro que não funcionava assim. Os juízes são muito senhores do seu nariz. Podem aceitar trabalhar para um partido ou outro, mas não são necessariamente seus agentes - e, no caso ianque, se o forem do partido republicano, isso não garante que o sejam de Trump, pois que há muita gente nesse partido que o odeia. Duvido que no leque relativamente restrito de juízes «à escolha», Trump pudesse escolher à sua vontade como se escolhesse sabores sofisticados de gelado que não lembram ao diabo numa loja do tipo Haagen-Dasz. Acreditas realmente que o gajo não escolheria melhor se pudesse?
«Aliás, essa tua objecção pode aplicar-se perfeitamente à questão racial, uma pessoa poderia argumentar exactamente o mesmo que tu argumentaste a pretexto dos partidos nacionalistas, “são demasiado radicais” e, portanto, falar em raça ou até em imigração»
É bem diferente. Nada se compara a obrigar mulheres violadas a ter filhos produto da violação. Isto nada tem a ver com mandar embora gente doutra estirpe.
«Portanto, a escolha seria sempre entre juízes novos.»
Ou seja, o leque de escolhas ainda era mais restrito.
«Perdeu com o Bidé como teria perdido com praticamente qualquer outro adversário (…) porque tinha, e tem, contra si, não apenas o grosso da máquina de propaganda da elite reinante, o que já tinha antes e mesmo assim ganhou»
São dois momentos distintos. Em 2016, poucos o levavam a sério, ele era quase uma anedota para os mé(r)dia. A maior parte dos “jornalistas” e “comentadores” não acreditava que ele tivesse alguma hipótese de vencer. Em 2020, porém, ele tinha passado a ser considerado uma séria ameaça, não obstante a sua imagem pública ter sido desgastada por quatro anos de diabolização me(r)diática constante. Desgaste que, a meu ver, dificilmente lhe permitirá voltar a vencer umas presidenciais. A menos, é claro, que o Bidé seja apanhado numa ilegalidade grave.
«mas também a relativa ligeireza com que encarou a crise covídica, o que aliás também lixou o Bolsonaro, embora este tenha feito bem pior que aquele.»
Não acredito que isso tenha sido assim tão decisivo. A gestão levada a cabo pelo governo sueco foi mil vezes “pior”, mas o nível de diabolização me(r)diática do Trump e do Bolsonaro foi largamente superior. A questão aqui não foi tanto a gestão da Covid, mas sim a forma como os mé(r)dia usaram a Covid como pretexto para dar porrada metafórica nos dois Presidentes, o que teriam feito independentemente das suas decisões ao longo da pandemia.
«isto independentemente do aspecto nebuloso da votação, que ele próprio já tinha previsto quando criticava o voto electrónico.»
Outro erro clamoroso da parte dele, porque acusar sem provas apenas serviu para reforçar os argumentos daqueles que o consideram autoritário e potencialmente ditatorial. É possível que tenha havido mesmo fraude, eu próprio acredito nisso. Mas sem provas concretas e inequívocas não se pode exigir nada a ninguém, para além de que se dá uma imagem de mau perdedor e até antidemocrata, o que contribui para afastar muitos dos nossos próprios aliados.
«Ainda assim, duvido que a popularidade dele não tenha entretanto melhorado»
As sondagens têm dito o contrário, e com uma margem de erro que não deixa grande margem para dúvidas… no confronto directo com o Bidé, chega a ser confrangedor o quão mau continua a ser o seu desempenho! E, em sentido contrário, já há pelo menos duas sondagens que sugerem que o DeSantis poderia vencer o Bidé:
https://www.nbcnews.com/meet-the-press/meetthepressblog/biden-beats-trump-marginally-trails-desantis-new-gop-poll-rcna65601
«e tanto é altamente provável que tenha melhorado que a elite instalada não lhe larga o osso, está de todo apostada em dar o cu e oito tostões para que ele seja impedido de alguma vez voltar a concorrer a eleições.»
Sim, é verdade, mas isso não significa que ele seja automaticamente o melhor candidato. Se por um lado ele já demonstrou ser capaz de afrontar alguns dos grupos económicos instalados, como por exemplo o lóbi das energias “renováveis”, noutras acabou por vacilar, como na deportação dos imigrantes ilegais e na finalização da construção do famigerado muro entre os EUA e o México. A questão é que o DeSantis também tem sido muito criticado pelos mé(r)dia, mas ainda não anunciou se vai ou não ser candidato. No momento em anunciar, se anunciar, podes apostar que os mé(r)dia lhe cairão em cima com toda a força com que têm caído em cima do Trump.
«(…) a de enviar imigrantes ilegais para junto das elites tem a sua piada, mas pode correr mal, pois que boa parte da elite já ultrapassou a componente egoísta do seu comportamento nesse aspecto, estando por isso de mioleira já tão adulterada pela lavagem (que também significa «comida para porcos») cerebral anti-racista que, mesmo sofrendo na carne os efeitos da imigração, continua todavia a promovê-la»
Eu sinceramente não acredito nisso. A elite sabe muito bem o inferno que é ter de viver rodeado de africanos, brasileiros, ciganos e afins. Não é por acaso que NENHUM membro da elite vive perto dos alógenos, nem nos EUA, nem aqui em Portugal, a não ser que se trate de conviver com pessoas como o Obama, i.e. alógenos pertencentes à própria elite. Não, isso de ter de viver lado a lado como os alógenos é só para nós, “escumalha ignorante das classes baixas”.
O brilhantismo do DeSantis esteve precisamente em demonstrar essa contradição (querer imigração à fartazana, mas só no quintal dos outros), que é algo em que os políticos de Direita – nacionalistas incluídos – têm falhado muitas vezes em demonstrar.
«não estou a ver Santo Obama a protestar por lhe espetarem com cem mexicanos ou mouros ao pé da porta, pelo contrário, até é capaz de aproveitar para ser visto a ir ter com eles juntamente com a respectiva esposa para lhes dar víveres no Natal ou, melhor ainda, durante o Ramadão e assim.»
Mas aconteceu precisamente o contrário. Os habitantes de Martha’s Vineyard não demoraram nem 15 dias a recambiar os alógenos todos para um quartel bem longe dali. E o Obama, que tem lá uma casa de vários milhões, calou-se que nem um rato, nem sequer se pronunciou sobre o caso.
https://redstate.com/nick-arama/2022/09/18/obama-response-to-marthas-vineyard-says-it-all-while-venezuelan-aliens-puncture-attack-on-desantis-n629212
«Não me canso de avisar que a ingenuidade dos nacionalistas a respeito do espírito de sacrifício genuíno que cresce no seio da elite a respeito dos imigrantes não pode ser subestimado.»
Pois eu discordo em absoluto. É precisamente por nunca termos pressionado devidamente a elite e exigido que a elite dê o exemplo que estamos tão mal. Porque as pessoas só se mexem quando a coisa lhes dói, não quando dói aos outros. Uma coisa é conviver com os alógenos no conforto do escritório empresa, ou do gabinete de uma universidade… outra coisa é ter de os gramar mesmo ao lado de nossa casa. Isso faz toda a diferença, entre o ruído, o lixo, as agressões e os roubos, quando não pior. Não há nenhum membro da elite que queira isso. Eles querem isso para nós, não para eles.
E podemos encontrar vários exemplos sem sair sequer aqui de Portugal. Quantos políticos do PS, da CDU e do BE vivem perto de ciganos? Quantos vivem no meio de africanos? NENHUM, esta é que é a verdade. Se fossem obrigados a viver, a posição deles a respeito da imigração mudava num instante ou, pelo menos, moderava-se. Não é por acaso que o Costa vive numa casa rodeada por muros bem altos e seguranças armados. Não é só por ter medo de nós, portugueses, mas também – e talvez sobretudo – da “diversidade” que tem andado a importar.
«No que DeSantis borrou seriamente a pintura foi em ter aprovado uma lei que proíbe o aborto mesmo em caso de violação.»
Mas repare-se, essa proibição – com a qual eu não concordo – não o impediu de vencer por uma maioria bastante expressiva…
«Trump nunca faria uma destas, enquanto por outro lado poderia ter feito tudo o que enumeras acima como obras de DeSantis.»
Não, não podia. O Trump nunca teria batido o pé à Disney, ele não fez nada para combater a ideologia de “género” durante todo o seu mandato. Aliás, eu nem sequer acredito que ele fosse capaz de tentar revogar o ensino da Teoria Crítica da Raça nas escolas dos EUA. O Trump é como o “nosso” Ventura, fala muito, mas depois fica-se pelo mínimo dos mínimos.
«O problema é que a teoria é incontornável porque também é prática e a prática é menos flexível do que aquilo que dás a entender.»
A realidade demonstra o contráro. A prova é que os juízes “democratas” só têm lixado o seu partido quando morrem antes de tempo, i.e. quando morrem estando no poder um presidente republicano, o que proporciona a nomeação de um juiz republicano em seu lugar, como sucedeu no caso da juíza “democrata” Ruth Bader Ginsburg.
«Os anti-aborto tendem a ser republicanos - então e os anti-aborto que tenham juízo e consciência estratégica de voto, esses também tendem a ser republicanos ou nem sequer existem?»
Claro que existem, por isso é que eu digo que o Trump errou por não os ter escolhido.
«Como é que podes falar como se o Trump tivesse oportunidade de os escolher e de os vincular?»
A nomeação dos juízes do Supremo compete ao Presidente dos EUA. Depois há uma votação de confirmação no Senado, mas o primeiro passo é sempre dado pelo Presidente.
Ora, o Trump escolheu o Brett Kavanaugh e a Amy Coney Barrett pessoalmente. Foi ele e só ele que os decidiu nomear, mesmo que tenha sido aconselhado por terceiros. Ora, se ele os decidiu nomear, é porque levou em consideração o seu currículo, posição política e, nalgum momento, terá até falado pessoalmente com eles. Não é sequer concebível que a coisa se tenha processado de outra forma (se processou, então só reforça a incompetência de Trump).
«O seu dever é garantir a aplicação das leis e, na medida do possível, a sua justeza. Esperar que se portem como funcionários de um partido é ilusório.»
Excepto que é o acontece na prática, porque as leis, sendo muitas vezes subjectivas, prestam-se a diferentes interpretações, como ilustra o caso Roe vs. Wade. E os juízes tendem a fazer essas interpretações de acordo com a ideologia do seu partido.
«Duvido que no leque relativamente restrito de juízes «à escolha» (…). Acreditas realmente que o gajo não escolheria melhor se pudesse?»
Acredito, pois. Por dois motivos: (1) ele também meteu a pata na poça com outras nomeações, como por exemplo a do Presidente da FED, Jerome Powell, um fulano que se virou contra ele logo três meses após ter sido nomeado; o mesmo com Anthony Fauci, o “especialista” covideiro que, ao longo de 2020, se insurgiu várias vezes contra Trump, apesar de ter sido nomeado por ele. E, mais importante, (2) os juízes nomeados pelos “democratas” nunca se voltam contra o seu partido. Não me lembro de um único exemplo de um juiz “democrata” que tenha votado contra os interesses dos governos de Obama, ou Clinton, ou Biden. E se os juízes “democratas” percebem o seu lugar, então os republicanos também deviam perceber.
«É bem diferente. Nada se compara a obrigar mulheres violadas a ter filhos produto da violação. Isto nada tem a ver com mandar embora gente doutra estirpe.»
Na tua opinião, que por acaso também é a minha. Mas na opinião dos antifas, pelo menos de uma grande parte deles, mandar os imigrantes de volta é condená-los à morte. Além de que essa história de “obrigar mulheres violadas a ter filhos produto da violação” não é a norma nos anti-aborto, mas sim a excepção. A maioria dos anti-aborto quer apenas proibi-lo depois das primeiras semanas, o que me parece até bastante razoável. Aliás, é o que temos aqui em Portugal (10 semanas). Só que muita gente não sabe que, na maior parte dos estados dos EUA, o aborto já é legal muito para além disso, havendo até já vários estados que permitem o aborto em qualquer altura da gestação. É mais radical obrigar uma mulher a ter o filho do seu violador ou permitir que uma mulher mate um bebé de nove meses, prestes a nascer?...
https://en.wikipedia.org/wiki/Abortion_in_the_United_States
«Ou seja, o leque de escolhas ainda era mais restrito.»
Mas não tão restrito que tivesse impedido o Trump de lhes dizer em conversa privada: “atenção, que há umas eleições intercalares já daqui a meio ano. Não mudem nada até lá, sob pena de perdermos tudo o que conseguimos agora.” Não me parece, sinceramente, que fosse assim tão difícil. E também não acredito, mais uma vez sinceramente, que o Obama e o Bidé não o tivessem feito, se tivessem estado no lugar de Trump. É que a grande diferença entre a Esquerda e a Direita ocidentais é essa. A primeira joga o jogo como o jogo é, enquanto a segunda continua a jogar o jogo como imagina que o jogo deveria ser… só que já Maquiavel nos tinha avisado, já lá vão mais de 500 anos, que na política só vence quem se conforma à realidade, não quem teima em idealismos.
Aliás, isto é um bocado como o nacionalismo português e o seu ódio à Democracia. Tu e eu já percebemos há muito que o jogo democrático é o único capaz de nos levar a bom porto. A maior parte da nossa militância, porém, diaboliza a Democracia quase irracionalmente, porque não parece compreender que o mundo mudou e o que resultava há 100 anos já não resulta, ou tem muito poucas hipóteses de resultar…
«Em 2020, porém, ele tinha passado a ser considerado uma séria ameaça, não obstante a sua imagem pública ter sido desgastada por quatro anos de diabolização me(r)diática constante. Desgaste que, a meu ver, dificilmente lhe permitirá voltar a vencer umas presidenciais»
Discordo radicalmente.
Uma coisa era o que a elite queria fazer crer - outra, bem diferente, era a real opinião do Povo norte-americano.
A elite bem quis convencer o «povinho» de que este mesmo povinho estava contra o Trump, na Tugalândia merdiática então era uma autêntica campanha diária na SIC, e porque havia ligação ao Putin e batota nas eleições e tal e coiso, e porque torna e porque deixa, depois não provaram coisa nenhuma e meteram essa viola no saco, sem nunca pedirem desculpa ou se retratarem; andaram praticamente quatro anos a guinchar que o Trump estava perdido porque sim, porque estava, e já «ninguém» na América o respeitava... e, «de repente», no início de 2020, antes da crise covídica, a mesmíssima gentinha estava aflita porque não via maneira de fazer frente ao Trump nas eleições desse ano; foi um gosto ouvir o bobo da corte do regime, Ricardo A. P., a dizer, muito seriamente num programa de bocas políticas entre três sabichões, qualquer coisa como «de facto não estou a ver como é que se vai derrotar o Trump». A meio da crise do covid, o caga-tacos mental que manda bojardas opinativas num telejornal da TVI, Marques Mendes, teve o despudor de dizer que ainda bem que aconteceu o covid para deitar abaixo o Trump.
«A gestão levada a cabo pelo governo sueco foi mil vezes “pior”, mas o nível de diabolização me(r)diática do Trump e do Bolsonaro foi largamente superior»
Evidentemente, por motivos políticos. De resto, o aspecto pessoal contou mais do que dizes, porque na Suécia não apareceu nenhum líder carismático a dizer que estava tudo porreiro e que fossem mas é trabalhar, que a doença era «só uma gripe». O Trump perdeu algo com isso e o Bolsonaro ainda perdeu mais (também fez incomparavelmente pior).
«Mas sem provas concretas e inequívocas não se pode exigir nada a ninguém,»
Não me surpreende que não tenha conseguido aproveitar provas (?), ou que as provas apresentadas tenham sido pura e simplesmente desprezadas, consideradas «irrelevant». O grosso dos tribunais e, sobretudo, da «big tech», estava contra ele.
«Ainda assim, duvido que a popularidade dele não tenha entretanto melhorado»
«As sondagens têm dito o contrário,»
As sondagens queimam-no sempre, pelo menos as mais divulgadas, mas a maior parte do partido ainda está com ele, isto é, as bases, porque as elites continuam a odiá-lo como dantes.
«Sim, é verdade, mas isso não significa que ele seja automaticamente o melhor candidato.»
Mas ajuda. Se ele sobrevivesse a todos os ataques jurídicos de quem quer fazer pela secretaria o que não consegue fazer pela Democracia, o impacto da sua candidatura seria estrondoso sobre a moral dos seus inimigos.
«noutras acabou por vacilar, como na deportação dos imigrantes ilegais e na finalização da construção do famigerado muro entre os EUA e o México»
Estás a brincar? Ele não parou de lutar para conseguir bloquear a entrada de árabes de vários países, numa sucessão de confrontos com a elite jurídica que serviram para exemplificar o que é o confronto entre o que o povo quer e o que a elite pretende anti-democraticamente impingir ao «povinho». Se no que disseste houve dificuldades, mais uma vez isso dependeu de contra-poderes a actuar, não da sua falta de insistência. Finalmente, conseguiu deitar abaixo juízes que o entravavam, mas entretanto veio o covid.
«A elite sabe muito bem o inferno que é ter de viver rodeado de africanos, brasileiros, ciganos e afins. Não é por acaso que NENHUM membro da elite vive perto dos alógenos, nem nos EUA, nem aqui em Portugal,»
Não sei até que ponto é que isso continua a ser verdade. As novas gerações dessas elites são cada vez mais abertas ao alógeno, aguentando o que for preciso aguentar, até ao cúmulo da indignidade. O exemplo do advogado da UE cuja filha de 16 anos foi violada e assassinada por um alógeno mas o pai mesmo assim pediu pelos «refugiados» durante o funeral da filha, o exemplo do político norueguês violado por um nigeriano que manifestou depois problemas de «consciência» por o ter denunciado porque o africano iria provavelmente ser morto se voltasse ao seu país, o exemplo da voluntária inglesa que levou um alógeno para casa que abusou da filha dela e depois ela quis convencer a filha a não apresentar queixa do agressor «porque na cultura dele aquilo não é nenhum mal», tudo isto são pontas do iceberg já visíveis daquilo que se está a desenhar desde há muito na lógica do dar a outra face e de acabar com as fronteiras. A partir daí, não surpreende que, numa manifestação e contra-manifestação algures na Europa Central, sucedeu que, quando um dos nacionalistas disse a uma antifa «Um dia vais é ser violada por um deles (alógeno)!», ela prontamente respondeu qualquer coisa como «Antes isso do que eles morrerem, porque a morte é para sempre enquanto depois da violação há vida.» Ali, resposta pronta, sem apelo nem agravo. Não é por acaso. O nacionalista ficou engasgado, sem saber o que dizer, como ficariam a esmagadora maioria dos nacionalistas que acha mesmo que a elite é só malandreca e oportunista e não tem um ideal de sacrifício em nome do universalismo. Que essa «gente» prefira que seja o «povinho» a sofrer, é uma coisa; que esteja disposta a mudar de ideias se ela própria sofrer, é bem outra.
A doença profunda que reina e alastra no seio da elite é incomparavelmente mais grave do que aquilo que a ingenuidade da maioria dos Nacionalistas permite supôr.
«Mas aconteceu precisamente o contrário. Os habitantes de Martha’s Vineyard não demoraram nem 15 dias a recambiar os alógenos todos para um quartel bem longe dali. E o Obama, que tem lá uma casa de vários milhões, calou-se que nem um rato, nem sequer se pronunciou sobre o caso»
Vá lá, dessa vez houve sorte e isso pode ser usado nos próximos anos. Ainda assim, não pode servir para que os Nacionalistas se fiem nisso.
«Mas repare-se, essa proibição – com a qual eu não concordo – não o impediu de vencer por uma maioria bastante expressiva…»
Talvez porque a Flórida recebeu muitos dos que nos outros Estados queriam ter os negócios abertos durante a pandemia e não queriam usar máscara, sobretudo os hispano-americanos, que são muito mais numerosos neste Estado que no resto do País. O resto dos EUA não são a Flórida, atenção.
«Trump nunca faria uma destas, enquanto por outro lado poderia ter feito tudo o que enumeras acima como obras de DeSantis.»
«O Trump nunca teria batido o pé à Disney, ele não fez nada para combater a ideologia de “género” durante todo o seu mandato»
Nem precisa. A questão do género é areia movediça e a maioria da população norte-americana discorda da discriminação geral dos transgénero, embora seja contra a confusão de géneros nos desportos. O Trump é nisso exemplar - evitou tanto quanto possível a guerra do «género» que a tropa mais conservadora quer a todo o custo impor, criando divisões desnecessárias. O Trump chegou mesmo a criar uma iniciativa mundial para descriminalizar o LGBT em cerca de setenta países do planeta (quase todos ou muçulmanos ou africanos, ou ambos), o que de resto foi intencionalmente ignorado pelos mé(r)dia, uns quantos activistas gays de Esquerda guincharam que aquilo era só uma medida política para atacar o Irão e por aí se ficaram.
Este é um dos aspectos em que Trump é das melhores alternativas em matéria política no mundo ocidental - estando longe da perfeição, evita pelo menos meter-se em caminhos perfeitamente desnecessários que só criam obstáculos na consecução daquilo que realmente interessa, que é o travão à imigração. Mas não, tinham de se meter os beatos pelo meio a criar ruído de fundo para servir a sua agenda, estranha à prioridade autenticamente nacionalista...
«A prova é que os juízes “democratas” só têm lixado o seu partido quando morrem antes de tempo,»
Por os juízes «democratas» actuarem totalmente de acordo com as conveniências do partido em nada prova que os do lado contrário sejam igualmente convenientes ao Trump, pelo contrário.
«Os anti-aborto tendem a ser republicanos - então e os anti-aborto que tenham juízo e consciência estratégica de voto, esses também tendem a ser republicanos ou nem sequer existem?»
«Claro que existem,»
Como é que podes ter a certeza que existem? Achas que se existissem o Trump não os escolhia?
Mais, algo que não cheguei a dizer - permitir que o aborto possa ser proibido é bem diferente de exigir que passe a ser proibido mesmo em casos de violação, e foi contra isto que o Trump falou, não (directamente, pelo menos) contra os ditos juízes.
«Ora, o Trump escolheu o Brett Kavanaugh e a Amy Coney Barrett»
Pois, mas o Kavanaugh é moderado, de modo algum um apoiante da proibição total do aborto em qualquer caso, ao passo que a Barrett, se é contra o aborto (não sei se também no caso de violação), por outro lado ajudou o Trump na luta contra a imigração. Claro que o Trump tinha de saber escolher quem o apoie no essencial.
«Foi ele e só ele que os decidiu nomear, mesmo que tenha sido aconselhado por terceiros»
Não. Tem de contar com quem o apoia, e muitos dos que o apoiam queriam enfiar-lhe a(o) Barrett(e), salvo seja.
«ele também meteu a pata na poça com outras nomeações,»
Não percebo como é que continuas a pensar que nesses meios - ou em quaisquer outros - se pode escolher aliados como quem escolhe ou manda fazer sabores de sorvete. Como é que não percebes que, como disse o autoritário Bismarck, «a política é a arte do possível»? Quem quer alianças perfeitas entre perfeitos bons, escreve um livro de ficção, mas mesmo aí convém que seja realista, para que a história não se torne numa pasmaceira povoada apenas por gente perfeita. Nem nos livros do Tolkien a concordância entre Rohan e Gondor corre sempre bem...
Muito menos poderia correr com Trump, um quase «outsider» na política republicana - aliás, ele próprio era pró-escolha, afirmando que a liberdade de escolher estava acima da proibição do aborto, disse-o em 1999, bem antes de ser eleito, convém não esquecer isso.
«Na tua opinião, que por acaso também é a minha. Mas na opinião dos antifas, pelo menos de uma grande parte deles,»
Mas os antifas são marginais no seio do povo, mesmo que a sua doutrina seja mainstream nos mé(r)dia dominantes. É uma diferença de peso. É tão diferente que a maioria da população é contra a imigração e também é pela liberdade de aborto.
«Além de que essa história de “obrigar mulheres violadas a ter filhos produto da violação” não é a norma nos anti-aborto, mas sim a excepção»
Se fosse uma excepção, não passavam leis a estabelecer essa posição.
«É mais radical obrigar uma mulher a ter o filho do seu violador ou permitir que uma mulher mate um bebé de nove meses, prestes a nascer?»
A primeira, sem dúvida.
«Mas não tão restrito que tivesse impedido o Trump de lhes dizer em conversa privada: “atenção, que há umas eleições intercalares já daqui a meio ano. Não mudem nada até lá, sob pena de perdermos tudo o que conseguimos agora.” Não me parece, sinceramente, que fosse assim tão difícil.»
Mas, se o disse, ou mesmo que o tivesse dito, o que é que te leva a poder culpar o Trump por os seus nomeados ou aliados o deixarem ficar mal?
«A primeira joga o jogo como o jogo é, enquanto a segunda continua a jogar o jogo como imagina que o jogo deveria ser… só que já Maquiavel nos tinha avisado, já lá vão mais de 500 anos, que na política só vence quem se conforma à realidade, não quem teima em idealismos.»
A questão não é essa. Aliás, é exactamente ao contrário - o idealismo mais militante está na Esquerda, por isso é que o pessoal da Esquerda alinha muito mais facilmente pelo mesmo diapasão. Não acredito que o Bidé e que o mulato queniano precisassem sequer de esforçar-se para convencer os seus «funcionários» a fazer fosse o que fosse, que aquele pessoal está todo bem «evangelizado». Não precisam de combinações, muito menos de conspirações - a sua mentalidade é toda a mesma, no essencial. Nas suas cacholas, eles não estão nunca a actuar em conjunto para «chegar ao poder», ou para imporem a sua agenda, não - eles estão só a fazer «o que é normal». Isto é que é preciso entender.
«Aliás, isto é um bocado como o nacionalismo português e o seu ódio à Democracia. Tu e eu já percebemos há muito que o jogo democrático é o único capaz de nos levar a bom porto. A maior parte da nossa militância, porém, diaboliza a Democracia quase irracionalmente, porque não parece compreender que o mundo mudou e o que resultava há 100 anos já não resulta, ou tem muito poucas hipóteses de resultar…»
Lá está, é outra escola de fé. A diferença é que uma das escolas de fé funciona até certo ponto, a outra só dá barracada atrás de barracada.
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