quarta-feira, janeiro 11, 2023

FRANÇA - CHARLIE HEBDO PUBLICA CARICATURAS DO AIATOLA CAMENEI

O Irão convocou o embaixador francês por causa da publicação de caricaturas do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, na revista satírica Charlie Hebdo.
A revista semanal publicou dezenas de charges ridicularizando a mais alta figura religiosa e política da república islâmica como parte de uma competição que lançou em Dezembro em apoio ao movimento de protesto que começou no Irão em Setembro passado.
Mais tarde, ainda na Mércores, o Ministério das Relações Exteriores do Irão disse que convocou o embaixador francês, Nicolas Roche.
“A França não tem o direito de insultar as santidades de outros países e nações muçulmanas sob o pretexto da liberdade de expressão”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani. O Irão está à espera da explicação e acção compensatória do governo francês para condenar o comportamento inaceitável da publicação francesa.
O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, twittou: “O acto insultuoso e indecente de uma publicação francesa em publicar charges contra a autoridade religiosa e política não ficará sem uma resposta efectiva e decisiva”.
Sem explicar as consequências, acrescentou: “Não permitiremos que o governo francês ultrapasse os seus limites. Escolheram garantidamente o caminho errado.”
Visto pelos adeptos como defensor da liberdade de expressão e pelos críticos como desnecessariamente provocativo, o Charlie Hebdo é polémico até mesmo em França. Mas o país estava unido em luto quando, em Janeiro de 2015, a revista foi alvo de um ataque mortal de atiradores islâmicos que afirmavam estar a vingar a decisão de publicar charges do profeta Maomé.
A última edição do Charlie Hebdo apresenta os vencedores de um recente concurso de cartuns no qual os participantes foram convidados a desenhar as caricaturas mais ofensivas de Khamenei, que ocupa o cargo mais alto do Irão desde 1989.
Um dos finalistas retrata um clérigo de turbante tentando alcançar o laço de um carrasco enquanto se afoga em sangue, enquanto outro mostra Khamenei agarrado a um trono gigante acima dos punhos erguidos dos manifestantes. Outros retratam cenas mais vulgares e sexualmente explícitas.
“Foi uma forma de mostrar o nosso apoio aos homens e mulheres iranianos que arriscam as suas vidas para defender a sua liberdade contra a teocracia que os oprime desde 1979”, escreveu o director do Charlie Hebdo, Laurent Sourisseau, conhecido como Riss, em editorial.
Todas as charges publicadas tiveram “o mérito de desafiar a autoridade que o suposto líder supremo afirma ser, bem como a coorte dos seus servidores e demais capangas”, acrescentou.
Nathalie Loiseau, eurodeputada francesa e ex-ministra leal ao presidente de França, Emmanuel Macron, descreveu a resposta do Irão como uma “tentativa de interferência e ameaça” ao Charlie Hebdo. Que fique perfeitamente claro, o regime repressivo e teocrático em Teerão não tem nada a ensinar à França”, disse ela.
Khamenei, sucessor do líder revolucionário aiatolá Ruhollah Khomeini, é nomeado vitalício. Acima da política do dia-a-dia, as críticas a ele são proibidas dentro do Irão.
Em 1989, Khomeini emitiu um famoso decreto religioso, ou fatwa, ordenando aos muçulmanos que matassem o autor britânico Salman Rushdie pelo que ele considerou a natureza blasfema do romance do escritor Os versos satânicos. Muitos activistas culparam o Irão no ano passado quando Rushdie foi esfaqueado num evento em Nova York, mas Teerão negou qualquer ligação.
O regime iraniano foi abalado por três meses de protestos desencadeados pela morte sob custódia a 16 de Setembro de 2022 de Mahsa Amini, uma curda iraniana que foi presa por supostamente violar o rígido código de vestimenta do país para mulheres. Respondeu com uma repressão que o grupo Iran Human Rights, com sede em Oslo, diz ter matado pelo menos 476 pessoas que participaram em protestos. As autoridades iranianas geralmente descrevem os protestos como motins.
Charlie Hebdo publicou as caricaturas em edição especial para marcar o aniversário do ataque mortal no seu escritório em Paris, que deixou 12 mortos, incluindo alguns dos seus cartunistas mais conhecidos.
“Oito anos depois, a intolerância religiosa não deu a última palavra. Continua o seu trabalho desafiando os protestos internacionais e desrespeitando os direitos humanos mais básicos”, disse o director da publicação.
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Fontes:
https://www.theguardian.com/world/2023/jan/04/iran-warns-france-over-insulting-cartoons-depicting-supreme-leader-ali-khamenei
https://www.jihadwatch.org/2023/01/__trashed-10?fbclid=IwAR0eDB_QVOFjEGXidH38KwIREkuR2qOQWVBaUyGT2ECngDb6ekd259-E2KA

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Resta saber porque é que o Charlie Hebdo já não publica as caricaturas de Maomé... será que o ataque terrorista de que foi vítima... compensou?
Então a intimidação violenta compensa? É isto que estes paladinos da liberdade de expressão estão a «ensinar» com o seu exemplo? Talvez não tenham para isso garantia de segurança - o que só torna o caso mais grave, porque aí a falha, das mais graves, é de todo o Estado Francês que não sabe assim garantir o óbvio para que a liberdade de expressão seja salvaguarda no seu próprio território.

Entretanto, o Irão guincha que a França «não tem o direito de insultar países muçulmanos sob o pretexto da liberdade de expressão». Ou seja, não lhes basta intimidar por motivos de fé, o que já de si é insultuoso para a sagrada Liberdade ocidental, agora também ronca de grosso por qualquer brincadeira que façam com o seu líder. A arrogância desta «gente» mostra bem a prioridade inequívoca de impedir por todos os meios que possam desenvolver qualquer espécie de programa nuclear, o qual facilmente poderá ter uma deriva militar, mesmo que agora seja declarado como pacífico. Faço votos para que Israel esteja totalmente pronto para fazer seja o que for para intervir na altura certa de modo a evitar o pior, e que ao mesmo tempo se apoie o movimento libertador democrático da terra iraniana.