quarta-feira, julho 04, 2018

SOBRE O RAMADÃO NA EUROPA

Os muçulmanos de norte a sul de leste a oeste da Europa estão comemorando o fim do Ramadão, mês sagrado do Islão, que em 2018 foi observado entre 17 de Maio e 15 de Junho, de acordo com o calendário lunar islâmico.
O Ramadão foi um dos principais temas de debate público na Europa do corrente ano, recebeu considerável cobertura dos média, reflexo da crescente influência do Islão.
Líderes muçulmanos empenharam-se em alavancar a atenção dos média com o objectivo de mostrar o Ramadão, período em que os muçulmanos se abstêm de comer e beber entre o nascer e o pôr do sol para comemorar, de acordo com a tradição islâmica a revelação do Alcorão a Maomé e mostrar a natureza pacífica do Islão na Europa.
Os europeus multi-culturalistas, normalmente fervorosos defensores do secularismo quando se trata do Cristianismo, fizeram esforços hercúleos para elaborar directrizes, emitir instruções e estabelecer privilégios especiais para garantir que os muçulmanos não se sentissem ofendidos por não muçulmanos durante o festival.
Rompendo com o passado, no entanto, um número crescente de políticos europeus manifestou-se publicamente contra o Ramadão, especialmente em relação aos efeitos adversos do jejum prolongado nas crianças em idade escolar. A reacção adversa evidenciada pelo surgimento de partidos políticos politicamente incorrectos na Europa, parece reflectir uma crescente cautela em relação ao multiculturalismo descontrolado e à constante erosão dos valores ocidentais.
A seguir, um breve resumo de alguns casos relacionadas ao Ramadã em diversos países europeus:
Na Áustria, o secretário-geral do Partido Popular da Áustria, Karl Nehammer, defendeu a proibição do jejum às crianças em idade escolar. Salientou ter recebido "inúmeros" relatos de professores sobre o bem-estar das crianças durante o Ramadão. "Se os rituais religiosos, independentemente desta ou daquela religião, colocam em risco a saúde das crianças, então isso já foi longe demais", salientou Nehammer. "Se a religião estiver acima do bem-estar da criança, faz-se necessário dar um basta nisso."
A Comunidade Religiosa Islâmica na Áustria (Islamischen Glaubensgemeinschaft in Österreich, IGGiÖ) acusou Nehammer de querer "proibir" o Ramadão. A porta-voz da IGGiÖ Carla Amina Baghajati retratou os comentários de Nehammer como "ofensivos e humilhantes" e, usando de lógica às avessas, afirmou que Nehammer estava na realidade empurrando as crianças muçulmanas a abraçarem o fundamentalismo islâmico: "Isto leva a uma perigosa alienação dentro da sociedade. Crianças e adolescentes, em especial, sentem no ar essa política de desafecto. Correm o risco de se afastarem, deliberadamente, da sociedade local e se tornarem ainda mais susceptíveis às ideias radicais."
Peter Kusstatscher, director da HTL Villach, a maior escola da Áustria, realçou que o Ramadão por si só estava a radicalizar estudantes muçulmanos: "já é possível perceber como eles se radicalizam quando o assunto é Islão, eles vivem radicalmente nas suas crenças". Ilustrou isso lançando mão de um incidente no qual uma estudante muçulmana insultou uma colega de classe porque ela estava maquilhada durante o Ramadão. "É claro que interviemos porque não se tratava de mostrar tolerância em relação a uma comunidade religiosa", salientou.
Na Bélgica, a Igreja Católica de São João em Bruxelas patrocinou um jantar de iftar, uma refeição após o pôr do sol durante o mês do Ramadão. "O que estamos a fazer esta noite é um símbolo extraordinário do poder que vem de iniciativas, em comum, dessa natureza", afirmou o padre Jacques Hanon. "Queremos mostrar de uma vez só, em conjunto, a força em responder a contratempos, medos, violência, ódio e discriminação." O presidente das comunidades islâmicas de Bruxelas, Lahcen Hammouche, salientou: "Vamos aproveitar a oportunidade do mês sagrado do Ramadão, mês da partilha e do perdão, para celebrar e partilhar com as igrejas de todas as religiões e de todas as culturas, para mostrar que nem todos os muçulmanos são terroristas e que todos nós somos capazes e que devemos ter uma boa coexistência entre as religiões e demais filosofias". Hammouche não disse se as mesquitas belgas irão retribuir com a comemoração de feriados cristãos nos seus locais de culto.
Em Chipre, o Departamento de Obras Públicas anunciou que acelerou a reforma, financiada com dinheiro do contribuinte, de uma mesquita em Pafos (cidade portuária no sudoeste da ilha de Chipre) para que esteja à disposição durante o Ramadão: "Apesar dos atrasos em relação ao projecto, o Departamento de Obras Públicas, respeitando o pedido da comunidade muçulmana de arranjar um lugar confortável e seguro para que possa exercer os seus direitos religiosos e, dado que não foi possível encontrar outro lugar, o Departamento conseguiu dar um jeito para que a empresa responsável pela obra fosse em frente com a construção da mesquita de modo que ela ficasse pronta para ser frequentada com segurança durante o Ramadão."
Na Dinamarca, a ministra da integração Inger Støjberg, pediu aos muçulmanos praticantes que tirassem férias durante o Ramadão para evitar impactar negativamente o restante da sociedade. Num artigo de opinião publicado pelo jornal dinamarquês BTela salientou: "Devemos abordar os problemas que o Ramadão nos apresenta hoje. Inegavelmente, as demandas de uma sociedade moderna e eficiente como a da Dinamarca são bem diferentes das de Meca na época de Maomé". "Pode ser muito perigoso para todos nós se o motorista de um autocarro não comer nem beber durante todo o dia e, é óbvio que um operário não actua com a mesma concentração numa fábrica ou num hospital se não comer nem beber durante as horas do dia por um mês inteiro". "Tenho todo o respeito pelos muçulmanos que querem praticar a sua religião e tradição, mas acho que religião é um assunto particular e que é necessário garantirmos que ela não se torne num problema social. Não quero privar os muçulmanos dinamarqueses da oportunidade de cultivarem a sua religião e seus feriados religiosos, contudo encorajo-os a saírem de férias durante o mês do Ramadão para que isso não prejudique o restante da sociedade dinamarquesa".
Na França, o governo que anteriormente se tinha comprometido a reduzir a influência estrangeira no tocante à prática do Islão no país, concedeu vistos a 300 imãs da Argélia e do Marrocos para conduzirem os serviços religiosos do Ramadão em mesquitas francesas. A medida provocou uma reacção adversa por todo o espectro político. "Pedir à Argélia e a Marrocos que nos envie imãs durante o mês do Ramadão é inaceitável" salientou o ex-primeiro ministro socialista Manuel Valls, que prometeu "destruir todas as pontes" que ligam os muçulmanos de França aos "países do terceiro mundo". A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, salientou que "é inaceitável que o Ministério do Interior organize a vinda de 300 imãs do exterior ao nosso país para o Ramadão, é uma violação ao princípio do secularismo" (laïcité)." O seu ex-aliado à corrida presidencial de 2017, Nicolas Dupont-Aignan, exigiu que os imãs estrangeiros sejam obrigados a prestar "juramento de lealdade à França e à República".
Em outra localidade de França, Chambourcy, os responsáveis por um hipermercado Carrefour acataram as demandas muçulmanas de retirar tâmaras israelitas do "departamento Ramadão" da loja. Os clientes reclamaram que a presença de produtos israelitas era "uma afronta aos clientes muçulmanos".
A rádio Europe1 noticiou o "crescimento das vendas" em França durante o Ramadão. Mimoun Ennebati, presidente de uma associação muçulmana francesa, salientou que "a priori, grandes distribuidores não querem ofender determinada clientela" durante o Ramadão. Calcula que os muçulmanos praticantes aumentem as suas compras em cerca de 30% no mês do Ramadão.
Nesse período, em Mantes-la-Jolie, bairro de Paris, um homem de 42 anos foi acusado de homicídio culposo por ter sacudido a sua filha de cinco meses de idade até à morte. O homem, que confessou o crime, disse: "eu estava observando o Ramadão, sem comer, os meus nervos estavam à flor da pele".
Na Alemanha, Martin Sichert, legislador do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), sugeriu que médicos, enfermeiros, pilotos e motoristas de autocarros e comboios muçulmanos sejam proibidos de trabalhar durante o Ramadão se estiverem em jejum. "Que paciente pode ser operado por um cirurgião que não bebeu nada durante 12 horas?" perguntou Sichert, membro da comissão parlamentar para assuntos trabalhistas e sociais. "Porque é que a população deveria ser transportada por indivíduos que podem ter problemas de concentração e desidratação por estarem em jejum durante horas a fio?"
A Ministra da Família Franziska Giffey alertou que "interpretações rigorosas" em relação ao jejum estavam a ter um impacto desfavorável nos estudantes muçulmanos: "as crianças precisam de beber e comer regularmente, caso contrário não conseguem prestar atenção às aulas ou participar na aula de educação física em grupo". Também realçou que havia uma crescente pressão em cima dos colegas para que eles também observassem o jejum durante o Ramadão: "não pode haver discriminação, independentemente se alguém está a jejuar ou não".
Heinz-Peter Meidinger, presidente da Associação dos Professores Alemães (Deutsche Lehrerverband), manifestou preocupação devido ao facto de "muitos estudantes levarem o jejum muito a sério". Queixou-se de que os pais muçulmanos estavam a pressionar cada vez mais os professores a reprogramar os exames para depois do Ramadão. Tal adiamento, segundo ele, estava a ter um impacto negativo nos estudantes não muçulmanos.
Em Landshut, Baviera, políticos cristãos e clérigos abandonaram um festival inter-cultural do Ramadão dado que versos do Alcorão estavam a ser cantados em Árabe e não em Alemão conforme combinado. "Cantar o Alcorão em Árabe é incompatível com os objectivos de uma integração bem sucedida," salientou Thomas Haslinger, presidente do bairro da União Social Cristã de Landshut.
Enquanto isso a Deutschlandfunk, emissora de rádio pública alemã, a meio de um segmento sobre o Ramadão, afirmou que "o Ramadão é um antigo costume alemão que está por aqui há mais tempo que a Oktoberfest". O autor Eren Güvercin salientou: "a prática religiosa islâmica há muito tempo encontrou o seu lar na Alemanha. E nós, muçulmanos alemães, ansiamos pela chegada do Ramadão na nossa Alemanha. Ninguém nos pode negar isso."
Na Grécia, centenas de candidatos a asilo árabes e curdos entraram em confronto por conta do jejum do Ramadão no Campo de Refugiados de Moria, na ilha de Lesbos. Mohammed Khalil, imigrante curdo de 19 anos da Síria explicou que "a confusão começou quando jovens árabes começaram a brigar com os curdos por causa do jejum... Árabes da Síria, Iraque, Iémene e Argélia chegaram gritando Rojava (referindo-se aos curdos do Curdistão sírio), que eles eram infiéis e não tinham o direito de jejuar. Aí começou o confronto. Os refugiados árabes foram embora e depois retornaram com reforços. Uma sangrenta luta campal seguiu-se."
Na Islândia, onde nesta época do ano o sol se levanta às 3 da manhã e se põe à meia-noite, os muçulmanos observam o jejum do Ramadão de acordo com o horário de Meca, onde o sol se põe por volta das 19h00, para evitar ter que jejuar por 20 horas ou mais. Ahmad Seddeeq, imã do centro cultural islâmico da Islândia, natural do Egipto, rsalientou que é mais fácil jejuar em climas frios: "eu tenho jejuado há anos e acho mais difícil jejuar no meu país onde a temperatura é de 40 a 45 graus Celsius."
Em Itália, alunos da escola de ensino médio Albert Einstein em Turim remarcaram um jantar da classe para depois das 10h00 da noite, para que Reda Herradi, um colega italiano-marroquino de 17 anos de idade, pudesse comparecer. Jornais locais elogiaram "o lado mais bonito da integração, quando jovens de origem italiana e outros de origem estrangeira, católicos e muçulmanos, passam os dias em contacto uns com os outros." Luísa Mondo, mãe de um dos alunos disse: "o que chama a atenção é a naturalidade de tudo isto. Num bairro heterogéneo e multi-étnico, um grupo de adolescentes ensinou-nos o que é a verdadeira integração." Na secção de comentários, os leitores salientaram que não se tratava de um exemplo de "verdadeira integração", e sim de "integração reversa" na qual os acolhedores italianos se integraram à cultura do estrangeiro.
Também em Turim, 35 mil muçulmanos concentraram-se no Parque Dora para comemorar o Eid al-Fitr, fim do Ramadão, "comparecimento recorde: neste ano tivemos de ampliar o espaço das orações nas laterais do pavilhão para receber os fiéis. Muitos jovens e mulheres", ressaltou Ismail Sikder, presidente da mesquita Dar As-Salaam e organizador do evento. Após uma série de discursos congratulatórios do clero católico e políticos locais, Monica Cerutti, conselheira da região de Piemonte, anunciou um programa financiado com dinheiro do contribuinte para proporcionar circuncisões gratuitas a meninos muçulmanos. "Este é um exemplo concreto, mas há muitos outros pontos de encontro e relacionamento entre a região de Piemonte e a comunidade muçulmana", ressaltou Cerutti. As circuncisões gratuitas estão sendo oferecidas porque um menino de Gana sangrou até morrer devido a uma circuncisão realizada em casa.
Também em Turim, um marroquino de 40 anos foi preso por ter pontapeado e esmurrado a sua esposa por ela não respeitar o Ramadão. A mulher denunciou o marido após "uma noite de terror em que ele também jogou um balde de água no colchão dela para que ela não pudesse dormir", segundo a polícia.
Em Cascina (Pisa), a presidente da câmara Susanna Ceccardi aprovou um pedido da comunidade senegalesa para comemorar o Eid al-Fitr num ginásio municipal, mas somente depois da comunidade "condenar firmemente" todos os actos de violência perpetrados pelo fundamentalismo islâmico. "De acordo com a jornalista italiana Oriana Fallaci, a quem daremos o nome de uma praça na próxima Lues em Cascina, a liberdade é um dever acima do direito, salientou Ceccardi. "Esta administração municipal exige um posicionamento claro sobre a questão do fundamentalismo islâmico, sem equívocos." Ceccardi também repetiu a sua oposição à construção de mesquitas em Itália: "A nossa posição não mudou: somos totalmente contrários à construção de mesquitas no nosso país, porque até hoje não há garantias de que o exercício da religião islâmica não crie problemas de segurança pública e que não oculte actividades terroristas."
Em Cagliari, capital da Sardenha, uma escola ofereceu um cardápio especial de pratos árabes tradicionais, como cuscuz, homus e chorba, para comemorar o fim do Ramadão. Um porta-voz do Movimento Social Anti-imigração da Sardenha salientou: "esperamos que os estudantes também tenham a oportunidade de optar pelo cardápio normal. Seria absurdo sujeitar todos os estudantes a uma dieta concebida especificamente para atender às necessidades religiosas de uma minoria de estudantes".
Em Trento, o Imã Aboulkheir Breigheche discursou diante de centenas de muçulmanos que se aglomeravam para festejar o Eid al-Fitr: "A mensagem que queremos enfatizar hoje, no final do festival do Ramadão é que essa comunidade da fé islâmica, que reúne pessoas de todas as origens, é uma comunidade sólida e numerosa que quer manter as suas próprias tradições religiosas e culturais, de modo a possibilitar que a próxima geração cresça de maneira equilibrada".
Em Palermo, o presidente da câmara Leoluca Orlando afirmou: "o fim do Ramadão é um momento particularmente significativo para todos os muçulmanos, um momento para repartir e reflectir, que liga esta comunidade de uma maneira muito forte a Palermo e à sua milenar tradição multicultural e intercultural."
Enquanto isso, mais de 5 mil muçulmanos concentraram-se para celebrar o Eid al-Fitr em Florença, 3 mil em Placência e muitos mais em Bari, Bolonha, Brescia, Cosenza, Génova, Lodi, Monfalcone, Nápoles, Roma, Trento, Trieste, Vasto e Veneza, entre outras.
Na Holanda, Tofik Dibi, holandês-marroquino ex-membro do parlamento, tuitou a imagem de um atirador de elite com as seguintes palavras: "este sou eu se você estiver a tomar uma bebida numa varanda externa durante o Ramadão". Mais tarde, disse que tinha ficado irritado com as reacções furiosas ao seu tuíte: "a minha caixa de entrada transformou-se num esgoto porque os histéricos melodramáticos estão a distorcer minha piada sobre o Ramadão".
Em Roterdão o presidente da câmara Ahmed Aboutaleb defendeu a decisão de permitir que um grupo chamado Europeus Patrióticos contra a Islamização do Ocidente (Pegida) protestasse contra o Ramadão em frente a uma mesquita na cidade portuária. "Qualquer expressão, independentemente do quão venenosa possa ser, deveria ter o direito de ser manifestada", salientou Aboutaleb.
O Pegida planeava patrocinar "churrascos de carne suína" num lugar próximo às mesquitas ao redor do país, contudo as manifestações foram proibidas em Utrecht, Haia, Arnhem e Gouda. Aboutaleb havia aprovado o protesto, mas um autocarro com cerca de 20 simpatizantes do Pegida deu meia volta ao perceber que centenas de pessoas se aglomeravam para realizar uma contra-manifestação.
O Ministro para Assuntos Europeus da Turquia, Ömer Çelik, criticou Aboutaleb: "Na Joves, aquando do fim do jejum do Ramadão, membros dessa organização fascista patrocinarão um churrasco em frente à Mesquita Laleli de Roterdã e irão assar porcos em espetos". "Permitir esse tipo de conduta imoral é uma deficiência da moralidade. Outros municípios da Holanda não permitiram que o Pegida assasse porcos em frente de mesquitas na hora do desjejum. No entanto, Ahmet Aboutaleb, presidente da câmara de Roterdão, de origem marroquina, considera que a conduta do Pegida não infringe a lei. Que tragédia grotesca!
Aboutaleb respondeu: "o ministro das Relações Exteriores da Turquia quis-me ensinar a respeito da minha identidade islâmica. Isto está a ir longe demais, um Estado estrangeiro, que está deveras longe, quer ensinar ao presidente de Roterdão sobre a lei holandesa e como deve ser aplicada."
Em Haia, acredita-se que jovens muçulmanos estão por trás de inúmeros ataques contra um templo hindu no distrito de Schilderswijk. Frequentemente o templo tem vindo a ser alvo de vandalismo durante o Ramadão: "somos assediados por jovens não apenas durante o Ramadão, mas também durante as nossas próprias festividades religiosas", ressaltou Siddharth Ramdhani, porta-voz do templo.
Nesse período, a Coca-Cola Holanda compartilhou um novo anúncio na sua página no Facebook para combater postagens preconceituosas durante o Ramadão. O vídeo mostra uma jovem muçulmana que resiste à tentação nas últimas horas do jejum antes do pôr do sol, quando uma pedestre não muçulmana num training lhe oferece uma Coca-Cola. A mulher muçulmana recusa-se a aceitar a bebida porque ainda não se deu o pôr do sol. A mulher não muçulmana espera com ela o sol pôr-se para que possam tomar juntas a famosa bebida. O vídeo termina com o slogan: "o que nos une é maior do que o que nos separa".
Em Espanha, onde a presidente da câmara de Madrid Manuela Carmena retirou ou substituiu inúmeros símbolos e tradições católicas e, em 2017 renomeou o Natal de "Festival das Culturas" neo-pagãs (Feria de las Culturas), oito distritos da cidade receberam mais de 20 eventos culturais para celebrar o Ramadão.
O programa, chamado "Noites de Ramadão" (Noches de Ramadán), pago com dinheiro dos contribuintes espanhóis, tinha como meta "trazer a festa religiosa do Ramadão mais perto dos cidadãos de Madrid."
Na Suíça, a Secretaria da Saúde da Criança e do Adolescente enviou uma carta aos directores de todas as escolas do ensino médio de Genebra, aconselhando-os sobre os efeitos físicos do jejum nos estudantes, apresentando recomendações para lidar com problemas como hipoglicemia e desidratação. No interesse de "promover a integração de todos", a carta também pede aos professores que mostrem tolerância em relação aos estudantes muçulmanos, diminuindo os esforços físicos, remarcando acampamentos e viagens de estudo para depois do Ramadão.
A carta provocou uma forte reacção dos políticos locais, que acusaram o estado de "adaptar o currículo e as actividades escolares ao calendário islâmico". Jean Romain, presidente do Grande Conselho (legislatura) de Genebra, salientou que o conteúdo da carta é "estarrecedor" porque a lei requer claramente que as escolas sigam o secularismo: "a administração da secretaria não está a fazer o seu trabalho... As religiões não podem legislar nem regulamentar o domínio público. Temos uma lei em relação ao secularismo, cumpra-a!"
Em São Galo, escolas relataram um surto de absentismo escolar durante o Ramadão e também de pedidos de tratamento especial aos estudantes muçulmanos. "Na nossa opinião, a observância do Ramadão não é obrigatória a crianças e adolescentes" salientou o director Hannes Schwarz, acrescentando que os estudantes do ensino fundamental estão agora em jejum na Suíça. Um professor do ensino fundamental de Zurique, que pediu para não ser identificado, salientou: "tenho alunos do ensino médio que estão em jejum. Eles conversam a respeito disso, acham bem e encorajam-se uns aos outros." Saïda Keller-Messahli, especialista em Islão, disse que estava preocupada com o rigor com que as crianças muçulmanas respeitavam o jejum: "na Europa, o Ramadão é interpretado com muito mais rigor do que nos países muçulmanos".
No Reino Unido, Paigham Mustafa, escritor escocês-muçulmano, foi ameaçado de morte por ter postado no Facebook que o jejum entre o amanhecer e o anoitecer durante o mês do Ramadão não está sacramentado no Alcorão. Numa série de mensagens ameaçadoras abaixo do post, um desafecto ameaçou: "cale a boca senão será decapitado... cale a boca senão será decapitado... cale a boca cachorro kafir (infiel)... você será decapitado... nós vamos-te matar, kafir". Outra mensagem postada, em particular, por outro crítico dizia: "o Alcorão diz para matarem gente igual a si. Você merece ser morto. Vamos matá-lo". Mustafa respondeu: "acho importante enfatizar que eu não sou contra o Islão. Simplesmente quero consciencializar as pessoas sobre os rituais que não constam no Alcorão. Não disse que é errado jejuar, mas o ritual do jejum não está sacramentado". Foi oferecida protecção policial a Mustafa e à sua família.
Em Londres, a Southwark Cathedral ofereceu um jantar iftar, refeição após o pôr do sol durante o mês do Ramadão, como parte da programação de eventos para marcar o aniversário do ataque na London Bridge. O bispo de Southwark, Christopher Chessun, discursou sobre "uma cidade da paz" e "uma comunidade da paz" convidando os presentes na catedral a trocarem um sinal de paz uns com os outros. O activista da comunidade local, Amir Eden, salientou: "este evento é mais uma oportunidade de unir as pessoas de diferentes religiões ou sem religião, para celebrar o nosso amor e compaixão um pelo outro."
Em Dalston, região leste de Londres, assessores para assuntos religiosos da mesquita Masjid Ramadan anunciaram que o bitcoin, criptomoeda, é halal (permitido de acordo com a lei islâmica) para doações do Ramadão, se for "transaccionado legalmente". A mesquita, também conhecida como Mesquita Shacklewell Lane, informou que aceitaria doações em duas criptomoedas distintas, a Bitcoin e a Ethereum. Zayd al Khair, assessor para assuntos religiosos da mesquita, salientou: "Qualquer dinheiro ou moeda não é nem halal, permissível, nem haram, inadmissível. A orientação é sobre o valor que representa. Se o dinheiro for transaccionado de forma legal, então é halal. Nem sempre sabemos a origem das doações em dinheiro, mas acreditamos que sejam de boa-fé".
Em Kent, a International Glaucoma Association (IGA) alertou pacientes muçulmanos com glaucoma que não devem parar de tomar a medicação do colírio durante o Ramadão porque parar com as gotas mesmo por um curto período de tempo poderá causar perda permanente da visão. Alguns muçulmanos pararam de usar os colírios durante o Ramadão, acreditando que usá-los quebraria o jejum. Subhash Suthar, gerente de desenvolvimento da IGA, aconselhou os pacientes a terem cuidado ao usar colírios para que o fluido permaneça no olho e não escorra para a garganta, violando assim o jejum.
Em Keighley, comandantes do corpo de bombeiros exortaram os muçulmanos que observam o Ramadão a serem vigilantes e se protegerem dos riscos de incêndio nas suas residências. Chris Kirby, gerente da área de segurança contra incêndio da brigada de West Yorkshire, alertou": o Ramadão é um momento de grande importância para os muçulmanos, mas também é um período em que todos devem ser mais vigilantes do que nunca ao cozinhar, principalmente se estiverem cansados ao final de um dia inteiro jejuando".
De volta a Londres, o Metro, jornal de maior circulação do Reino Unido, publicou instruções para os muçulmanos que não conseguirem ficar de jejum. O artigo "Quanto é a Fidya e Kaffarah (doações quando há a quebra do jejum) para o Ramadão de 2018?" observou: "Por mais que você dê de si para manter o jejum, às vezes essas coisas acontecem. Em vez de vocês se sentirem mal por causa disso, há maneiras de mostrar a vossa dedicação em vez de simplesmente jejuarem. Duas delas são a Fidya e a Kaffarah.
"Fidya é uma doação para uma instituição de caridade caso você não consiga jejuar durante o Ramadão... Você deve fazer a doação antes de interromper o jejum ou antes do Ramadão, se souber que não poderá jejuar durante o mês inteiro. A ideia é dar o mudd, oferecer uma refeição para alguém sem recursos. "Dois mudd são iguais a uma Fidya. No ano em curso, o cálculo foi realizado pela Human Relief Foundation e o valor é de £4 por dia ou £120 para todo o Ramadão. A Muslim Aid calcula o valor de £5 por dia ou £150 para o mês inteiro. A Islam Freedom recomenda £3 por dia. A "Kaffarah é uma ideia parecida, mas é passível de doação se você interromper intencionalmente o jejum. No entanto, compreensivelmente, a Kaffarah é muito mais do que isso. Se você intencionalmente quebrar o jejum, deverá doar o suficiente para alimentar 60 pessoas (60 mudd) ou jejuar por 60 dias contínuos para cada dia em que não jejuou durante o Ramadão, como penitência. Ou seja £240 para a HRF (Human Relief Foundation) para a Kaffarah, de modo que não resta dúvida que é melhor não quebrar o jejum. Se optar por doar para outra instituição de caridade, serão £300 para a Muslim Aid ou £180 para a Islam Freedom."
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Soeren Kern é membro sénior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/12626/europa-apanhado-ramada

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Quanto aos jovens que adiaram a hora do jantar por causa do seu amigo, de facto há uma diferença radical entre uma decisão entre amigos e uma decisão para todo um Povo diante de alógenos. Que os jovens tenham decidido realizar o festim mais tarde não pode por isso servir de modelo para toda uma sociedade.