GOVERNO BRASILEIRO AVANÇA SOBRE PARTE DA AMAZÓNIA
O presidente brasileiro promulgou um decreto na quarta-feira para extinguir quatro milhões de hectares de reserva natural na Amazónia para permitir a exploração de ouro e de outros minerais. A Reserva Natural de Cobre e Associados (Renca), criada em 1984 antes da queda da ditadura militar, situa-se nos estados de Amapa e Pará, no norte do Brasil, e tem uma área de 46 mil quilómetros quadrados, maior que o território da Dinamarca.
O governo defende que 30% da Renca pode ser aberta a exploração mineira porque existem outras nove áreas de conservação e reservas indígenas que vão continuar sob protecção legal do Estado brasileiro. "O objectivo da medida é atrair novos investimentos, gerar riqueza para o país e emprego e rendimento para a sociedade, sempre com base nos preceitos da sustentabilidade", sublinhou o Ministério da Energia e das Minas em comunicado.
Ativistas ambientais e a oposição rejeitam o argumento da sustentabilidade e acusam o Presidente e o seu Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de saque à região amazónica, pondo em risco a fauna e a flora da área. "O decreto é o maior ataque à Amazónia dos últimos 50 anos", denunciou ao jornal “O Globo” Randolfe Rodrigues, senador do REDE. "Nem a ditadura militar ousou tanto. Nem a [Rodovia] Transamazónica foi tão ofensiva. Nunca imaginei que o governo tivesse tamanha ousadia."
Em Julho, o director do World Wildlife Fund (WWF) no Brasil, Maurício Voivodic, tinha avisado que abrir a área à exploração de minérios ia conduzir a fenómenos problemáticos como "explosão demográfica, desflorestação, à destruição de recursos aquíferos, à perda de biodiversidade e à criação de conflitos" por causa das duas reservas indígenas existentes no território, que albergam várias comunidades étnicas a viver ainda esta quinta-feira em relativo isolamento.
"A corrida ao ouro na região pode criar danos irreversíveis para estas culturas", acusou o WWF num relatório publicado há um mês. "Se o governo insistir em abrir estas áreas à exploração mineira sem salvaguardas ambientais, terá de lidar com protestos internacionais." No mesmo documento, o grupo ambiental lembrou que estudos para a exploração mineira foram proibidos em 69% do território da Renca.
O Ministério do Ambiente garante que o decreto promulgado por Temer não afeta as unidades de conservação existentes na região, tendo sublinhado ontem em comunicado que "qualquer empreendimento que possa impactar as unidades de conservação é passível de procedimento de licenciamento específico, o que garante a manutenção dos atributos socioambientais das áreas protegidas".
A área impactada pelo decreto foi criada há 33 anos pela ditadura militar brasileira depois de planos iniciais para a exploração de cobre na região nunca se terem concretizado. Sem a classificação de reserva natural, a região volta a estar sujeita a operações de mineração, numa altura em que empresas de quatro países já expressaram interesse em explorar os recursos naturais da área.
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Fonte: http://expresso.sapo.pt/internacional/2017-08-24-Governo-brasileiro-extingue-grande-reserva-natural-na-Amazonia-para-permitir-exploracao-mineira
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É uma chatice estar um tesouro ecológico destes nas mãos de uma elite do terceiro-mundo...
1 Comments:
E as reservas indígenas tem de ser preservadas, nao a mistura e imigração, tem de se preservar. E reservas europeias e preservar os europeus? Ah isso é racismo e nazismo. Nao há nada para preservar. Somos superiores porque nao nos queremos preservar e defendemos orgulhosamente a nossa extinção.
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