GOVERNO CEDE A PRESSÃO DO PCP PARA AFASTAR PJ DE TREINO COM ISRAEL
O ex-ministro da Justiça Fernando Negrão estranha a "intromissão indevida" do ministério na formação dos inspectores.
O ministério da Justiça (MJ) deu ordens à Polícia Judiciária (PJ) para suspender a participação no projecto europeu destinado a treinar os inspectores em técnicas de interrogatório a suspeitos de criminalidade organizada trans-nacional. Esta decisão veio na sequência de vários protestos de partidos e organizações de esquerda, principalmente do PCP, porque a coordenação técnica era de Israel, cujas forças de segurança "violam os direitos humanos". O MJ refuta a "motivação política" na decisão.
Tanto na PJ, como em outras forças e serviços de segurança, a notícia, divulgada pelo Jornal de Negócios, trouxe elevada preocupação, uma vez que Israel tem sido ao longo dos anos parceiro de formação a vários níveis das nossas polícias e até das secretas, bem como fornecedor de quase toda a tecnologia de vigilâncias e intercepções telefónicas utilizada pela PJ.
O projecto, designado "Law Train", é co-financiado e controlado pela Comissão Europeia, cabendo a Portugal pagar cerca de 200 mil euros. Espanha, Áustria e Bélgica também estão a participar. A metodologia utilizada envolvia apenas cenários virtuais criados em computador, com base nas realidade de cada país. A questão da ética faz parte do programa e era supervisionada pela Áustria. Para este treino a PJ tinha destacado investigadores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes.
O ex-ministro da Justiça e ex-director da PJ, Fernando Negrão, estranha "muito esta intromissão", lembrando que "a responsabilidade do ministério relativamente à à PJ cinge-se aos aspectos orçamentais e organizativos, desde que estes não colidam com as necessidades da investigação criminal. Relativamente à formação, esta é e só pode ser da responsabilidade de quem faz investigação criminal, ou seja, a direcção da PJ e da sua escola. São estes quem ter o saber técnico para o efeito". Negrão diz que é preciso ter "cuidado com o tipo de objecções formuladas pela PCP e aceites pelo MJ, por poderem configurar uma intromissão indevida na área da investigação criminal".
O MJ garante que "não há motivação política" na ordem que deu à PJ, invocando a "escassez de recursos humanos" nesta polícia que implicaria um "esforço" que "não é uma prioridade no momento actual". Questionada sobre se há intenção do ministério em suspender outras parcerias que envolvam Israel, a porta-voz da ministra Francisca Van Dunem alega que "não em razão dos Estados-membros ou dos parceiros" que a PJ participa "em vários projectos" europeus, "mas do potencial de inovação que o projecto representa para o aumento do conhecimento de que a PJ precisa para melhor estar preparada para desempenhar a sua missão, que é a de prevenir e combater o crime, nomeadamente o crime grave e organizado, incluindo o terrorismo.
Os protestos da Esquerda começaram em Junho passado com uma tomada de posição conjunta de várias organizações, como o Comité de Solidariedade com a Palestina, a CGTP, a SOS Racismo, a União de Mulheres Alternativa e Resposta, o Colectivo Mumia Abu Jamal e o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Depois o PCP e os Verdes questionaram o Governo, tendo a PJ informado a coordenação do projecto da desistência em Julho.
Os comunistas invocaram "violações de direitos humanos" por parte das autoridades israelitas para pedirem ao governo que retirasse a PJ do projecto, lembrando que "são sobejamente conhecidas as práticas de interrogatório "inter-cultural" das forças de segurança do Estado de Israel e o tratamento dado aos detidos palestinianos, com recurso à tortura".
Quando questionaram o governo deixaram explícitas os seus objectivos ideológicos e políticos: "Não é aceitável que se ignore esse contexto de violação de direitos humanos e do direito internacional na apreciação de um projecto que visa o apuramento de técnicas de interrogatório. Questionado pelo DN sobre se havia outros projectos com Israel, alvo do PCP, o deputado Bruno Dias não responde. Salienta que o partido "valoriza muito o resultado das iniciativas que teve na assembleia". Portugal "nunca devia ter integrado este projecto, e consideramos muito relevante que tenha sido retirada essa participação. O PCP agiu de forma concreta em relação à situação concreta, e o resultado foi também aqui muito importante", assinala o membro do Comité Central.
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Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://www.dn.pt/portugal/interior/governo-cede-a-pressao-do-pcp-e-afasta-pj--de-treino-com-israel-5350090.html
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É só mais uma acção tipicamente esquerdista contra um Estado branco entendido como «ocidental» que mais não faz do que defender-se da agressão mortal e continuada de forças do terceiro-mundo inimigas do Ocidente.
3 Comments:
"É só mais uma acção tipicamente esquerdista contra um Estado branco entendido como «ocidental»".
Caro Caturo, se Israel é um "estado branco" então eu devo ser o pai natal...
Os semitas são um grupo racial e linguístico distinto dos povos indo-europeus. Os judeus são um povo médio oriental. Israel é um País do Médio Oriente. Sim, está tecnologicamente ocidentalizado, mas do ponto de vista espiritual e cultural Israel é uma Nação semita.
Sim, caro camarada, é semita, e o semita é caucasóide, ou seja, branco. Os Indo-Europeus são brancos, mas nem todos os brancos são indo-europeus. A raça branca inclui também os Semitas, os Berberes, os actuais Fino-Úgricos (Húngaros, Finlandeses, Estónios, Povo de Mari-El) os Caucásicos (não confundir com «caucasóide» - por «caucásico» refiro-me às populações da região do Cáucaso que falam uma língua própria, não indo-europeia, como os Georgianos) e, também, os Bascos, obviamente.
«Sim, caro camarada, é semita, e o semita é caucasóide, ou seja, branco.»
Caro Caturo, eu sei disso. O que eu apenas queria frisar era que do ponto de vista cultural e acima de tudo espiritual, os semitas judeus são tudo menos ocidentais.
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