BATALHA DO GOLFO DE OMÃ - GRANDE VITÓRIA PORTUGUESA SOBRE OS TURCOS EM 1554
O ataque português à armada turca, de acordo com o Livro de Lisuarte de Abreu
No ano de 1546 os Turcos haviam conquistado aos Persas a cidade de Baçorá. Provavelmente com a intenção de estabelecer comunicações por mar entre o mar Vermelho e aquela cidade, Solimão, O Magnífico, em Julho de 1552 enviou uma armada de vinte e cinco galés para o golfo Pérsico que, aparecendo de surpresa em Ormuz ocupou a cidade, obrigando os portugueses a refugiarem-se na fortaleza. Saqueada a cidade, os navios turcos tomaram o rumo de Baçorá.
Por essa altura o poder naval português no Índico estava no zénite. Ao saber da presença de uma armada turca no golfo Pérsico, o vice-rei D. Afonso de Noronha organizou à pressa uma armada, de que assumiu pessoalmente o comando, constituída por trinta galeões e caravelas, acompanhados por setenta navios de remo, onde iam embarcados mais de três mil portugueses. Porém, ao chegar a Diu, sendo informado de que os turcos já tinham deixado Ormuz, regressou a Goa destacando para aquela cidade o seu sobrinho D. Antão de Noronha com cinco galeões, sete caravelas e vinte fustas.
Em fins de Janeiro do ano seguinte o capitão-mor da armada turca, o célebre corsário e cartógrafo Piri-Reis, decidiu regressar ao mar Vermelho com três das suas galés carregadas com o despojo do saque de Ormuz. Tendo perdido uma delas por encalhe, conseguiu iludir a vigilância dos navios portugueses e chegar a salvo a Judá. Entretanto D. Afonso de Noronha enviara para a boca do mar Vermelho uma outra armada que, nesse ano, impediu a passagem das «naus de Meca» para o oceano Índico.
A reacção dos Portugueses com forças esmagadoras levou Solimão a rever a sua estratégia e a dar ordem para que quinze das suas galés que estavam em Baçorá regressassem ao mar Vermelho.
Em meados de Agosto de 1553 essas quinze galés fizeram uma primeira tentativa para passar o estreito de Ormuz mas foram interceptadas pela armada portuguesa e, depois de uma batalha que durou várias horas, obrigadas a retroceder.
Em Agosto do ano seguinte as quinze galés turcas voltaram a fazer-se ao mar e com grande habilidade conseguiram escapar à armada portuguesa que as esperava no cabo Mussandão. Mas alguns dias depois voltaram a ser interceptadas no golfo de Omã, um pouco a norte de Mascate, pela armada de D. Antão de Noronha.
Após um curto combate com as caravelas portuguesas, seis galés foram tomadas. As outras nove, não tendo vento para regressar ao mar Vermelho, escaparam-se para golfo de Cambaia perseguidas pelas nossas caravelas. Sendo alcançadas já com a costa indiana à vista, duas delas, que iam mais atrasadas, foram obrigadas a varar em terra onde se desfizeram. As restantes sete conseguiram refugiar-se em Surrate.
Ao ter conhecimento da sua presença naquela cidade o vice-rei D. Pedro de Mascarenhas, que sucedera a D. Afonso de Noronha, despachou para lá uma armada de dois galeões e trinta navios de remo com ordem para exigir do governador de Surrate a entrega dos turcos e das galés nos termos do tratado de paz que vigorava ente o reino de Cambaia e o Estado Português da Índia. Replicou aquele que os turcos já se tinham metido pela terra dentro e não era fácil localizá-los.
Quanto às galés disse que não lhe convinha entregá-las nem queimá-las para evitar represálias sobre as naus de Cambaia que iam ao mar Vermelho. Em contrapartida prontificou-se a mandá-las cortar em três partes por forma a ficarem inutilizadas. Posto ao corrente da situação, o Vice-Rei concordou com a proposta do governador de Surrate e as sete galés turcas, na presença dos capitães portugueses, foram serradas cada uma delas em seis partes.
E assim, das vinte e cinco galés que Solimão enviou para o golfo Pérsico em 1552, seis foram perdidas em combate, sete foram internadas em Surrate e posteriormente destruídas, três perderam-se por encalhe, duas regressaram ao mar Vermelho e sete ficaram no Shatt al-Arab onde nada fizeram de especial. Duas delas foram queimadas pelos Persas por volta de 1555 e outras duas capturadas pelos Portugueses em Barém, em 1559.
Seja ou não pura coincidência, a batalha do golfo de Omã marca o fim da expansão do Império Otomano para Leste.
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Fonte: https://groups.google.com/forum/#!topic/tradicional/8iOouIETpBw
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Não deixa de ser estranho que no ensino em Portugal pouco ou nada se fale das guerras Luso-Otomanas, cujo final foi de valor indefinido mas que acabaram por limitar a expansão otomana, levando o império dos turcos a evitar o confronto directo com as forças lusas, dando preferência ao apoio prestado ao sultanato de Aceh, inimigo de Portugal, enquanto por seu turno os Portugueses passaram a desenvolver bons contactos comerciais e diplomáticos com a Pérsia dos Safávidas, inimiga dos Turcos. É toda uma página da intervenção de Portugal contra o poderio turco que passa em quase total silêncio cá pelo burgo.
2 Comments:
«Não deixa de ser estranho que no ensino em Portugal pouco ou nada se fale das guerras Luso-Otomanas,»
Caro Caturo, falei um pouco sobre isso na minha dissertação de mestrado:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/09/a-diplomacia-portuguesa-na-turquia_27.html
Abraço ;)
Obrigado digo eu, agradeço essa referência e esse texto.
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