segunda-feira, fevereiro 06, 2017

CANDIDATA NACIONALISTA À PRESIDÊNCIA FRANCESA QUER IMPEDIR LEGALIZAÇÃO DE IMIGRANTES CLANDESTINOS

Marine Le Pen, presidente do partido Frente Nacional, apresentou, este sábado em Lyon, os seus "144 compromissos" https://www.marine2017.fr/2017/02/04/projet-presidentiel-marine-le-pen/ com França. Trata-se do programa de campanha da dirigente de Extrema-Direita que concorre à presidência do país. É a segunda vez que se candidata ao cargo, depois de ter ficado pela primeira volta nas eleições de 2012, com quase 18% dos votos.
Dividido em sete partes, o ponto de partida do programa recai mesmo sobre aquela que é actualmente a pedra angular do partido: Le Pen quer negociações com Bruxelas para recuperar a soberania "monetária, legislativa, territorial e económica" de França. O plano passa por um referendo sobre a adesão à União Europeia, sair do euro e regressar à moeda nacional, ou ainda abandonar o acordo de Schengen. Em suma, deixa antever a possibilidade de um "Frexit", se a União Europeia "não se submeter" às exigências de Paris.
A questão da imigração também domina o projecto presidencial da candidata. No que toca ao saldo migratório, a líder da Frente Nacional quer reduzir para 10 mil o número de entradas em território francês (actualmente 40 mil, segundo o jornal francês Le Monde). Mas há mais: contrariar as directivas europeias e criar uma "taxa adicional na contratação de trabalhadores estrangeiros"; impedir a possibilidade dos imigrantes trazerem familiares para França; fazer com que os requerentes de asilo façam o pedido no país de origem. Além disso, suprimir o direito de solo.
E com isto chegamos ao cerne de uma proposta de reforma constitucional. Le Pen pretende inscrever na Constituição a "prioridade nacional", ou seja, dar prioridade aos Franceses no emprego. Por outro lado, esta reforma prevê ainda a eliminação das regiões administrativas, cujas competências seriam reorganizadas entre os 101 departamentos franceses. Finalmente, visa reduzir o número de deputados e senadores para 300 e 200, respectivamente. 
Para a economia, a linha de força assenta num "proteccionismo inteligente" e num "patriotismo económico", que promete desafiar as regras da União Europeia e "libertar" as empresas francesas dos "constrangimentos europeus". 
Le Pen pretende dar prioridade ao Estado, obrigando-o a contratar entidades nacionais e monitorizar o investimento estrangeiro através de uma "Agência de Segurança Económica". No plano doméstico, a candidata presidencial ambiciona "devolver o dinheiro aos franceses", avançando com medidas para seduzir a classe média e os meios empresariais. Tais como a redução de 10% do imposto sobre o rendimento para os três primeiros escalões, a continuidade das 35 horas de trabalho semanais, o aumento do investimento no sector público e a reforma aos 60 anos. Por outro lado, a diminuição, de forma "significativa", das quotizações sociais das pequenas e médias empresas. E com ela no Eliseu, segundo projecta a Frente Nacional, a economia pode alcançar um crescimento de 2,5% em 2022.
Uma das propostas tradicionais do partido de Extrema-Direita também saiu do programa: a reinstauração da pena de morte (abolida em 1981, sob a presidência de François Mitterrand). A candidata sugere, todavia, uma sentença de prisão "na perpetuidade" para aqueles que cometerem "os piores crimes".
O projecto presidencial visa igualmente reforçar o país no plano da defesa, porventura num caminho mais solitário. A dirigente defende a saída da França do comando militar da NATO, de forma a que esta "não seja arrastada para guerras que não são dela". Em contrapartida, a resposta passa por aumentar para 3% a despesa orçamental em matéria de segurança, construir um segundo porta-aviões, reinstaurar gradualmente o serviço militar obrigatório, além da contratação de 50 mil novos militares.
Este domingo, no final do discurso que lança definitivamente a campanha da principal representante da Extrema-Direita francesa,  Le Pen lembrou a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o "Brexit" ou a vitória do "Não" no referendo sobre reformas constitucionais em Itália - que resultaria na demissão do Primeiro-ministro, Matteo Renzi -, para referir que o "vento da História mudou".
Entretanto, Lyon tornou-se num verdadeiro terreno de disputa política este fim-de-semana. Ao mesmo tempo que Le Pen preparava terreno, na outra ponta da cidade, o candidato à presidência independente, Emmanuel Macron, lançou farpas à adversária e ao discurso da Frente Nacional.
"Eles dão aos Franceses, valores que não lhes pertencem. Traem a liberdade, reduzindo o nosso horizonte. Eles traem a igualdade, dizendo que uns são mais iguais do que outros. Traem a fraternidade porque odeiam caras que não são como as deles", criticou o ex-ministro da Economia de François Hollande.
Favorito a passar à segunda volta das eleições com Le Pen, de acordo com as últimas sondagens, Macron concluiu que o projecto não é "falar em nome do povo" (em alusão ao slogan da Frente Nacional), mas sim "de fazer com o povo, de fazer pelo povo".
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Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/internacional/presidenciais/as-propostas-de-marine-le-pen-candidata-a-presidencia   -   Página com vídeo incorporado   -   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa.)

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A líder da FN volta a brilhar em toda a linha, dando uma lição nacionalismo democrático a quem conseguir aprender. Contra ela a argumentação é fraquíssima, não passando de jogos de palavras e distorções de conceitos, tentando fazer crer que Liberdade é ausência do direito básico que os autóctones devem ter de impedir a entrada de alógenos em casa, insinuando que a igualdade social democrática implica a ausência de diferenças entre as Nações e acusando primariamente de ódio o que na verdade é condição base de qualquer legitimidade nacional - e, já agora, de qualquer amor... - que é o sagrado privilégio concedido aos seus na sua própria terra.
Salienta-se ainda o que se vê no vídeo mas não se lê no texto acima, que é a proposta de Marine Le Pen no sentido de proibir a legalização de imigrantes clandestinos, ou seja, impedir a sua naturalização. Num Europa onde há milhões de desempregados europeus, a líder nacionalista mais não faz do que propor o que à luz de qualquer ética de jeito é absolutamente óbvio. 


1 Comments:

Anonymous Arauto said...

Uma notícia com o seu interesse, Caturo:

https://www.publico.pt/2017/02/05/sociedade/noticia/a-importancia-de-uma-deputada-ter-um-avo-cigano-1760869

6 de fevereiro de 2017 às 12:27:00 WET  

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