COMO A IMPRENSA «LIVRE» NOTICIA A AFIRMAÇÃO DE TRUMP SEGUNDO A QUAL A SUA OPONENTE NAS ELEIÇÕES RECEBEU VOTOS DE IMIGRANTES ILEGAIS...
Esta segunda-feira o New York Times relatou o primeiro encontro oficial entre o novo Presidente dos EUA, Donald Trump, e os líderes do Congresso, numa conversa onde o republicano voltou a justificar a derrota no voto popular nas últimas eleições presidenciais com uma fraude.
Trump venceu as eleições através do Colégio Eleitoral, onde arrecadou 304 votos, o que foi suficiente para conquistar o lugar na Sala Oval da Casa Branca. No entanto, no voto popular, Hillary Clinton registou quase mais três milhões de votos do que o magnata, o que no sistema eleitoral norte-americano nem sempre é suficiente para vencer o sufrágio. Ora, Donald Trump diz que isso aconteceu porque milhões de imigrantes ilegais votaram de maneira irregular na candidata democrata. No encontro com os membros do Congresso, dizem algumas fontes que não se identificaram ao New York Times, o novo Presidente garantiu que entre três a cinco milhões de imigrantes votaram ilegalmente em Clinton.
Já esta terça-feira o novo secretário para a imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, defendeu Trump: “O Presidente acredita nisso [na fraude eleitoral], ele afirmou-o anteriormente”, referiu Spicer no briefing diário aos jornalistas. “Eu penso que ele afirmou as suas preocupações sobre fraude eleitoral e pessoas a votar ilegalmente durante a campanha e ele continua a manter essa crença baseada em estudos e provas que as pessoas lhe apresentaram”.
As alegações de fraude eleitoral por parte de Donald Trump foram sendo repetidas durante a campanha contra a candidata democrata Hillary Clinton, e desde as eleições de Novembro. Mas a primeira vez que se ouviu o agora Presidente dos EUA a falar de fraude foi ainda nas primárias do Partido Republicano. Aí, o alvo foi Ted Cruz que havia ganho o estado do Iowa: "Ted Cruz não ganhou no Iowa, roubou a eleição. Foi por isso que nenhuma sondagem acertou nos resultados e foi por isso que ele teve muitos mais votos do que o previsto", afirmou Trump na altura. Na base da acusação estavam erros – ou ilegalidades, segundo a argumentação do magnata - cometidos pela campanha de Ted Cruz, o senador do Texas que representa a facção ultraconservadora do Partido Republicano conhecida por Tea Party. No dia da votação Cruz e os seus conselheiros puseram a circular a informação, falsa, de que Ben Carson suspendera a sua campanha, canalizando votos para o texano. O lado de Cruz emitiu um pedido de desculpas a Carson. Este foi o mote dado para que Donald Trump exigisse uma nova votação e a anulação dos votos do rival.
Depois, já durante a campanha para decidir o novo Presidente, Donald Trump voltou a recorrer às suspeitas de fraude para atacar Clinton. Em afirmações inéditas num processo eleitoral norte-americano, o republicano deixou a entender, durante um debate com a democrata, que não aceitaria os resultados eleitorais caso Hillary Clinton saísse vencedora.
Já depois de ter vencido as eleições Trump voltou a carregar na mesma tecla. Em resposta a um pedido de recontagem de votos no Winsconsin, Pensilvânia e Michigan por parte da candidata dos Verdes, Jill Stein, que angariou mais de seis milhões de dólares para o fazer, o então Presidente eleito criticou duramente a decisão e concordou que houve fraude, mas em sentido contrário. Acusou Clinton de hipocrisia ao participar na recontagem depois de ter concedido a derrota. E, através do Twitter, atacou a comunicação social por não falar de uma alegada fraude contra si nos estados da Virgínia, New Hampshire e Califórnia. Noutra publicação na rede social iniciou então a tese de que tinha vencido o voto popular se se deduzisse “as milhões de pessoas que votaram ilegalmente”.
Estas acusações foram já desmentidas por vários fact-checkers independentes e o próprio líder da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, afirmou já que não existem quaisquer provas de uma fraude nas eleições de Novembro, lembra o Politico.
Apesar de não ter qualquer efeito na sua vitória eleitoral, e dos constantes desmentidos, Donald Trump parece estar dedicado a fazer valer a sua teoria de que venceu o voto popular. Esta terça-feira Sean Spice falou de provas na posse do Presidente e de “estudos”. Sem especificar qualquer uma das matérias, sabe-se que em Outubro a campanha de Trump citou um estudo da organização sem fins lucrativos Pew Charitable Trusts, de 2012, com o título Incorrecto, Custoso e Ineficaz: Provas de que os Sistemas de Registo dos Eleitores Americanos Precisam de uma Melhoria (Inaccurate, Costly and Inefficient: Evidence that American Voter Registration Systems Needs an Upgrade, em inglês). Aí concluía-se que “cerca de 24 milhões de registos de eleitores não são mais válidos ou significativamente incorrectos” e que “mais de 1,8 milhões de pessoas registadas como eleitores estão mortas”.
No entanto, o autor da investigação, David Becker, afirmou já várias vezes, quase sempre através do Twitter, que o estudo não se refere a nenhuma fraude não podendo, por isso, servir de prova à tese de Donald Trump. A última intervenção de Becker surgiu exactamente esta terça-feira onde, juntamente com a notícia do encontro entre o Presidente e os congressistas, o investigador afirma que “a integridade da votação foi melhor nestas eleições do que nunca. Zero evidências de fraude”.
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https://www.publico.pt/2017/01/24/mundo/noticia/trump-insiste-que-milhoes-de-imigrantes-ilegais-deram-vitoria-no-voto-popular-a-clinton-1759568
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É sintomático que este artigo «sobre» (leia-se «contra») uma alegação de Trump não se digne a citar a principal razão pela qual é possível que Hillary Clinton tenha recebido votos de imigrantes ilegais - a falta de verificação devida da nacionalidade dos eleitores em diversos Estados. «Jornalismo» dos grandessíssimos mé(r)dia é mesmo isto: artigos e mais artigos pretensamente objectivos que servem só para descaradamente disseminar propaganda contra o inimigo, que neste caso é Trump, odiado de morte pelos donos dos «jornalistas» dominantes. Recorde-se o que já aqui foi dito - estes são os Estados norte-americanos nos quais não se exige uma identificação do eleitor antes do voto: Califórnia, Illinois, Iowa, Maine, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Nebraska, Nevada, New Jersey, New Mexico, New York, Carolina do Norte, Oregon, Pensilvânia, Vermont, Virginia Ocidental, Wyoming, Washington, D.C.. Graças ao Motor Voter Act de Bill Clinton em 1993, deixou de ser requerida prova de cidadania para votar; apenas se pergunta aos eleitores se estão legais. Nada de bilhetes de identidade, verificações, penalizações para infractores. Note-se que uma das poucas vitórias de Hillary Clinton foi no Estado do Nevada, onde a imigração ilegal é altíssima - e, aí, ganhou por apenas vinte e seis mil votos. Outros Estados em que venceu foram a Califórnia, Nova Iorque e Illinois - sem qualquer prova de identificação requerida a cada votante.
Fonte: http://toprightnews.com/report-3-million-votes-in-presidential-election-cast-by-illegal-aliens-non-citizens/
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