segunda-feira, novembro 14, 2016

MILITANTE DE EXTREMA-DIREITA ESCOLHIDO COMO PRINCIPAL CONSELHEIRO DE TRUMP

Em 2015, a influente Bloomberg classificou Steve Bannon como o “mais perigoso operacional político da América”. Este domingo, após ter sido um elemento chave na equipa de campanha Donald Trump, o presidente em funções dos Estados Unidos da América (EUA) nomeou-o para seu braço direito na Casa Branca.
Para o caso de restarem dúvidas sobre se Trump estava a falar a sério na recente entrevista à CBS, em que prometeu erguer um muro na fronteira com o México e deportar até 3 milhões de imigrantes, é olhar para a equipa e a administração Trump que está em construção. As franjas e grupos ultra-conservadores e reaccionários do Partido Republicano estão de malas feitas rumo ao Supremo Tribunal e à Casa Branca a convite do seu novo inquilino.
A escolha de Bannon para estratega e conselheiro da presidência é mais um aviso claro à navegação: não está nos planos de Trump inverter o discurso de campanha. A agenda de Extrema-Direita é mesmo para avançar e a todo vapor.
Numa análise a esta nomeação, publicada esta segunda-feira no portal do canal de televisão norte-americano NBC, o jornalista Benjy Sarlin assinala que “a ascensão de Bannon é o sinal mais claro que Trump vai manter os seus laços com o populismo nacionalista branco que o apoiou na caminhada para a Casa Branca e contra a oposição esmagadora dos líderes do partido [Republicano] e da imprensa tradicional”.
Nas palavras de John Weaver, ex-estratega da campanha presidencial de John Kasich nas primárias republicanas, Bannon, 62 anos, é um “racista” e um “fascista de Extrema-Direita”. Dan Pfeiffer, ex-assessor de Barack Obama, citado pelo Telegraph, afirma que a “nação expira porque um nacionalista branco acaba de conseguir o segundo emprego mais influente da Casa Branca”.
O percurso de um dos mais influentes militantes da Extrema-Direita norte-americana 
Nascido numa família humilde em Norfolk, Estado da Virgínia, teve uma curta passagem na marinha americana, que viria a abandonar para tirar um MBA na Harvard Business School. Pouco tempo depois, era recrutado pelo banco de investimento Goldman Sachs.
Em 1990, abandona o Goldman Sachs e funda a sua própria empresa de investimento, a Bannon & Co. Especializa-se no sector da comunicação social e da indústria cinematográfica. Chega a participar no financiamento da popular série Seinfeld e produz vários filmes, entre eles, Titus, com Anthony Hopkins, que chega a ser nomeado para os Óscares.
Em 1996 é acusado de violência doméstica. No entanto, o processo não avançou porque a investigação não conseguiu localizar a sua ex-mulher.
“Eu não era político até que entrei no serviço [militar] e vi como Jimmy Carter lixou as coisas”, disse à Bloomberg. “Tornei-me um grande admirador de Reagan. Ainda o sou”. Considera que Bush fez tão mal ao país como Carter e que, por isso, se virou “contra todo o establishment”.
Chamou à atenção dos sectores mais à Direita da sociedade americana quando realizou, em 2004, um documentário sobre o ex-presidente Ronald Reagan (In the Face of Evil). Passou a aparecer regularmente na Fox News, produziu um documentário sobre Sarah Palin, a ultra-conservadora ex-governadora do Alasca e ex-candidata a vice-presidente pelo Partido Republicano, e vários filmes de propaganda do Tea Party.
Em 2012 vai ocupar o cargo que o transforma num dos ídolos e porta-vozes da Extrema-Direita americana. Andrew Breibart, fundador do portal noticioso Breitbart.com, morre de ataque cardíaco. Bannon não deixa escapar a oportunidade e passa a liderar o site de notícias favorito dos simpatizantes do Tea Party.
O Breitbart News tem cerca de 21 milhões de visitas por mês e é, segundo a Bloomberg, “um paraíso para pessoas que acham que a Fox News é muito bem educada e restritiva”.
O portal, recorda esta segunda-feira o Washington Post, é acusado de ser “racista, misógino e xenófobo” e tem entre os seus artigos mais lidos peças com títulos sugestivos como “Preferia que o seu filho tivesse cancro ou feminismo?” e “Métodos anti-contraceptivos tornam as mulheres feias e loucas”.
Com Bannon como director-executivo, Breitbart transformou-se numa plataforma pró-Trump, anti-imigração e islamofóbica. O próprio chegou a apelidar o portal que dirigia como “a plataforma da alt-right” (denominação simpática para a nova Extrema-Direita americana).
O Breitbart difunde regularmente notícias em que dá voz aos principais dirigentes da Extrema-Direita mundial como o holandês Geert Wilders, o britânico Nigel Farage, ou a francesa Marine Le Pen. Hoje, todos eles apoiantes e entusiastas da vitória eleitoral de Donald Trump, que vêem como uma espécie de líder mundial da Direita fundamentalista.
Em Agosto deste ano, Steve Bannon é nomeado director de campanha de Donald Trump, em substituição de Paul Manafort, o que mereceu o apoio entusiasta do ex-líder do grupo supremacista branco KKK, David Duke.
Desde domingo, o homem que tem como sonho declarado “destruir a Esquerda”, que entende que o Partido Republicano não era “conservador o suficiente”, e não esconde ser um supremacista branco, tornou-se o principal conselheiro de Donald Trump, presidente dos EUA e comandante do mais poderoso exército do mundo.
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Fonte: http://www.esquerda.net/artigo/trump-nomeia-radical-de-extrema-direita-para-seu-estratega-na-casa-branca/45465

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

“Métodos anti-contraceptivos tornam as mulheres feias e loucas”. Feias não diria mas loucas por acaso é verdade. De facto, por experiência empírica já notei isto. Seria interessante um estudo sério sobre a influencia dos métodos contraceptivos atuais no comportamento da mulher.

15 de novembro de 2016 às 01:47:00 WET  

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