terça-feira, agosto 23, 2016

Soles, 27 de Abril de 2778 AUC

SUÉCIA ADOPTA SEMANA DE TRINTA HORAS DE TRABALHO

As elites económicas portuguesas não gostam de desafios preferindo situações confortáveis de lucros estáveis preferencialmente com a garantia e apoio financeiro ou regulamentar do Estado
Por isso proliferam as Parcerias Público Privadas em que o Estado garante a taxa de lucro, os Colégios Privados em que o Estado paga a factura, os monopólios privados da electricidade em que o Estado, via regulador, estabelece preços tais que assegurem lucros elevados, ou os oligopólios privados, como o do retalho, que agem sem controlo.
Deste modo, quando precisam de aumentar a competitividade recorrem à baixa de salários, aos despedimentos, ao aumento da jornada de trabalho com o mesmo ordenado, mas nem assim conseguem competir nos mercados internacionais. É que o investimento, a modernização dos meios produtivos e a melhoria de processos são a única forma, num mundo de ciência e tecnologia, de aumentar, de forma sustentada, a produtividade e a competitividade.
Vem isto a propósito da decisão da Suécia de introduzir a semana das 30 horas, 6 horas dia em cinco dias de trabalho, quando em Portugal os empresários não querem abdicar das 40 horas.
Porque introduzem os suecos a semana das 30 horas?
Segundo fontes patronais, para aumentar a produtividade. É um desafio a que a sociedade se propõe: produzir mais em menos tempo. Um desafio que os empresários abraçam. Estariam os empresários portugueses disponíveis para um desafio destes?
O senso comum duvida muitas vezes da realidade. Não parece evidente que é o Sol que anda à volta da Terra? Também não parece absurdo trabalhar menos e produzir mais? Será possível? A resposta é afirmativa. Tudo passa pelo uso mais eficiente da tecnologia e por uma melhoria dos processos laborais.
Por outro lado, uma situação em que os empregados têm mais tempo para a família e para as suas actividades favoritas também favorece o empenhamento no trabalho que aumenta a produtividade. Essa é a experiência da Toyota de Gotemburgo na Suécia, que há já 13 anos (!) pratica a semana das 30 horas com grande êxito, traduzidos em maiores volumes de vendas e de lucros.
Mas há outras vantagens sociais no estabelecimento de horários de trabalho mais curtos
Um estudo recente, conduzido à escala mundial, demonstrou que o risco de ataque cardíaco diminui em cerca de 30% entre as pessoas com horários menores o que permite poupanças elevadas no sistema de saúde. Também provado é o maior risco de alcoolismo entre as pessoas que mais horas trabalham.
O maior tempo disponível permite um melhor acompanhamento dos filhos com impacto no sucesso escolar das crianças e um maior apoio aos pais e avós, também reduzindo custos sociais.
Outros estudos demonstram que as pessoas submetidas a longos horários de 40 horas implementam estratégias de vária ordem para se protegerem do esforço exagerado e prolongado. Por isso mesmo em países em que as 8 horas são ainda a regra, como no Reino Unido, algumas empresas, nomeadamente na área de serviços, estão voluntariamente a aplicar a semana das 30 horas.
Em resumo este poderia ser um grande desafio a abraçar, por sindicatos e entidades patronais, no sentido de aumentar a produtividade, reduzir custos sociais, aumentar o sucesso escolar e aumentar a satisfação dos trabalhadores e a saúde e longevidade de todos.
É muito provável que o preconceito ideológico aliado à tradicional ignorância impeça as elites empresariais portugueses de abraçar já este desafio mas com isso continuam a colocar-se numa posição insustentável de falta de competitividade e produtividade que já os está a dizimar.
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Fonte: http://www.jornaltornado.pt/suecia-adopta-semana-30-horas/

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Mais um sinal dos tempos, o caminho para que na Europa - a Europa europeia a sério, note-se - o cidadão labore cada vez menos, algo que já se prometia há décadas. E não se trata apenas de uma questão de estudos científicos - o próprio Povo que tenha uma consciência reivindicativa exige os seus direitos e recusa ser explorado. Não surpreende que seja nos países mais democráticos, e só nestes, que há líderes a «ver a luz» e a aceitarem a redução da carga horária do trabalho.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Isso enquanto ha Suecos a gerir as suas empresas.
Mas com tanta imigração, mistura e baixa natalidade Sueca, em breve várias empresas com gestores não suecos irão começar a gerir pior, a baixar a produtividade e a lei terá de ser alterada.
Esperemos 1 ou 2 gerações ou menos e isso acaba.

A produtividade depende muito do factor racial e mesmo dentro da Europa ha grandes diferenças.


"quando precisam de aumentar a competitividade recorrem à baixa de salários, aos despedimentos, ao aumento da jornada de trabalho com o mesmo ordenado, mas nem assim conseguem competir nos mercados internacionais."

É um facto que já referi várias vezes. É uma vergonha que nós nem baixando salarios, nem com mais horas de trabalho, nem com ajudas do estado, nem assim consigamos organizar, gerir uma empresa de modo a que se internacionalize, mas internacionalize em países a sério, não é como o empresário portugues que vai "internacionalizar" la para o 3 mundo de lingua portuguesa, onde ainda tem salarios mais baixos e mais horas de trabalho. E depois geralmente até da mau resultado, pois sao países instaveis e depois la tem o estado de andar a pagar como fez aos empresarios de angola que teve de disponibilizar uma linha de credito as empresas que estavam em angola por causa do problema da moeda angolana e da crise, etc.. Enfim.

Outro problema que me parece existir, é que nem os nossos gestores compreendem este problema da produtividade. Ha uns anos aquando da entrada da Troika, quando quiseram cortar feriados e penso que queriam aumentar as horas de trabalho diarias, vieram à tv dizer sem vergonha nenhuma que a culpa era do trabalhador portugues que nao era produtivo. Não, não era dos gestores nem dos empresários, era do trabalhador.
No entanto esse trabalhador tuga numa Auto-Europa, Lidl, IKEA ou outra empresa germanica, aí ja tem uma produtividade maior. Incrivel ne, a culpa deve ser mesmo do trabalhador. O gestor nao tem culpa nao.

24 de agosto de 2016 às 00:17:00 WEST  
Blogger Caturo said...

E mesmo noutros países, o trabalhador português, mesmo quando quase nem a quarta-classe tem, é produtivo. Estranhamente, só cá é que não...

25 de agosto de 2016 às 00:31:00 WEST  

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