sexta-feira, julho 08, 2016

SOBRE O RETORNO DO CULTO RELIGIOSO ÉTNICO NA POLÓNIA


A Polónia, que de momento ainda é vista como um bastião da Cristandade católica na Europa (trinta e sete milhões de católicos, 87.5% da população), tem todavia uma comunidade pagã vigorosa e crescente. A esmagadora maioria dos novos pagãos neste país adere à Rodzimowierstwo (fé autóctone), que é o politeísmo eslavo, ou seja, a herança religiosa étnica dos Polacos. Neste país, são relativamente poucos os praticantes da Wicca, religião/magia criada na Idade Contemporânea por ingleses, relativamente muito divulgada no Reino Unido, nos EUA e noutros países anglo-saxónicos, também no resto do Ocidente - parece que há apenas cinquenta wiccanos na Polónia, segundo uma das seguidoras desta via, que viveu em Inglaterra durante alguns anos e que faz com que os novos adeptos da Wicca polaca viagem à terra de Hengist e Horsa como pré-condição para serem iniciados. Em contrapartida, os fiéis da Rodzimowierstwo ascendem oficialmente a quatro ou cinco mil adeptos; e enquanto a opinião de um praticante experiente prefira situar o número dos verdadeiros praticantes em cerca de dois mil, outro cultuante diz que haverá já no País nada menos que dez mil adoradores dos Deuses eslavos.
A Rodzimowierstwo assenta na oferenda de hidromel e comida (queijo branco, aveia, pão) aos Deuses; o seu código moral baseia-se nos princípios da honra, da responsabilidade e da coragem; os «círculos da responsabilidade» têm o seu centro na família e expandem-se para abrangerem o resto da comunidade. «Os círculos constituem um desafio para ser percebido de uma forma positiva, não uma forma negativa. Trata-se de procurar semelhanças e ajudar os que estão mais próximos de nós, não de lutar contra outros grupos.», explica um dos praticantes.

Há já várias revistas cujo tema é precisamente a Rodzimowierstwo, nem todas especialmente rigorosas. Alguns esforçam-se para evitar que seja criada alguma salganhada em torno desta religião, o que de resto não impede que os diferentes adoradores tenham simpatias ou interesses pessoais noutras culturas.
Enquanto isso, continua a ser praticada a magia popular, herança folclórica, ainda viva entre os mais idosos da Nação. O Cristianismo não a erradicou, em vez disso fez na Polónia o que fez noutros países - permitiu que se continuassem a festejar festas antigas (embora formalmente destituídas dos nomes pagãos), tais como o Natal, a bênção dos ovos na Páscoa, a decoração das meses com «verde», a comezaina com refeições típicas da antiga celebração do Solstício de Inverno, o pendurar do visco, a Dziady (festival dos mortos), o festival de Veles disfarçado de «Candelária», o Solstício de Verão ou Kupala nomeado como «S. João», etc.. Permitiu também que se criasse no seu seio um politeísmo «de facto», oficialmente designado como monoteísta: o culto dos santos é uma herança prática dos cultos aos Deuses antigos, embora a Igreja se defenda da «acusação» de politeísmo ao dizer que os santos não têm só por si poder algum e que quando o fiel ora a um santo, está só a pedir que o santo por ele interceda junto de Deus, espécie de cunha sobrenatural...
Em princípio não há ainda muita intolerância popular contra os novos pagãos, mas em contexto rural existem já indícios disso, tal é o poder que a Cristandade ainda tem aí; uma praticante da magia tradicional folclórica, citada no artigo donde tiro esta informação, relatou ter conhecimento de um caso em que um psiquiatra católico diagnosticou como «mentalmente doente» uma jovem por ela não ser cristã e sim politeísta... Não houve ainda na Polónia, diz esta testemunha, casos colmo os da Ucrânia, onde estátuas de Deuses pagãos foram recentemente deitadas abaixo.
Na Polónia existe liberdade religiosa, fala-se comparativamente pouco de religião e um grupo de cem pessoas pode formar uma igreja, pagando para isso impostos baixos e podendo ensinar a religião em ambiente escolar. Parecem existir pelo menos três grupos de Rodzimowierstwo que alcançaram este estatuto na Polónia.
O culto colectivo da Rodzimowierstwo ainda não é permitido nos antigos locais sagrados pagãos, que estão classificados como monumentos culturais e/ou arqueológicos; entretanto, a lei polaca ainda não permite que se façam funerais tradicionais pagãos, embora os novos pagãos tenham andado a lutar por isso há anos; por outro lado, os novos pagãos podem comprar terrenos para aí prestarem culto.


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Fonte: http://wildhunt.org/2016/07/paganism-in-poland.html

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E assim vai havendo mais e mais Europeus a regressarem à sua identidade integral, porque a verdade vem sempre ao de cima e a Europa mais autêntica é evidentemente pagã. Isto enquanto continuarem a existir europeus, bem entendido...



2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não acredito que os salvadores do Ocidente, os evoluídos eslavos retornaram um estado de uma primitiva religião. Só posso lamenta por tal notícia...

9 de julho de 2016 às 00:00:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Os evoluídos eslavos o que têm de melhor é precisamente o retorno comparativamente elevado à sua herança religiosa ancestral. Só sob uma perspectiva cristã é que se justificaria dizer que a religião pagã é «primitiva» e «lamentável» o retorno à mesma. Este é um exemplo claro de como o Cristianismo constitui o maior inimigo interno da Europa, precisamente porque leva a grosseiras contradições destas.

16 de julho de 2016 às 02:30:00 WEST  

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