BATALHA DA SALGA - RESISTÊNCIA PORTUGUESA À INVASÃO ESPANHOLA DOS AÇORES
Monumento em memória da batalha, na baía da Salga, Terceira. |
A Batalha da Salga foi um recontro travado a 25 de Julho de 1581 na baía da Salga, em São Sebastião, na jurisdição do extinto concelho da Vila de São Sebastião, Terceira, Açores, entre uma força de desembarque espanhola e as forças portuguesas que, em nome de D. António I, defendiam a ilha em oposição à união pessoal com Espanha, no contexto da crise de sucessão de 1580.
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Por meio desta vitória, não só os portugueses recobraram a artilharia que os castelhanos lhes tinham tomado ao entrar da ilha, mas também a que trouxeram, riquíssimas armas com que vinham, bandeiras e caixas, e em fim tudo o que tinham roubado na terra.
No dia seguinte,26 de Julho, em que a igreja celebrava a festa da gloriosa Santa Ana, em Portalegre, no Porto Judeu, fizeram-se muitas festas, e procissões em acção de graças, pela vitória alcançada com perda de tão pouca gente. E segundo o mesmo António de Herrera, se nesta parte merece crédito, por ser o único onde achámos esta notícia, voltaram ao campo da batalha todos os moradores, homens e mulheres e meninos, e todas as ordens religiosas, excepto os Jesuítas, para verem os mortos, em torno dos quais dançaram no som de instrumentos, depois de se terem dado aos últimos excessos, que lhes inspirava o contentamento de se verem vitoriosos.
Nesta ocasião se diz que um Matias Dias, de alcunha o Pilatos, que não devia ter nome em uma obra destinada a honrar os terceirenses, sacara o coração do corpo de um espanhol e o comera às dentadas. Verdade ou mentira, o certo é que El-Rei D. Filipe não esqueceu, o que ao cruel agressor, que disto se gabara, custou depois a própria vida.
Finalmente o governador Ciprião de Figueiredo, depois de sepultados em uma grande vala os corpos que fez conduzir em carros, entrou na vila de São Sebastião triunfante, arrastando as bandeiras do inimigo, e pouco depois passou à cidade de Angra, onde era esperado com muitas demonstrações de alegria.
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Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_da_Salga
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Abstraindo dos actos de violência gratuita, compreensíveis no contexto histórico, embora sempre de lamentar, e de resto relativamente muito menos prováveis hoje do que há quinhentos anos, trata-se de um momento de singular beleza da História de Portugal - um acto de resistência heróica, fadado ao fracasso, uma vez que daí a dois anos as forças de Filipe II conseguiram de facto tomar a ilha, mas por isso mesmo de uma nobreza incontestável, pelo exemplo de verticalidade que deixou aos vindouros.
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