EM FRANÇA - FN DENUNCIA IMINVASÃO GASTRONÓMICA TURCA
Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://observador.pt/2014/12/22/em-franca-comer-um-kebab-e-uma-escolha-politica/
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Comer um kebab representa apenas um momento de satisfação da fome ou da gula. Mas no momento em que trinca um pedaço do petisco turco em terreno francês, pode estar a optar por uma conduta política. A tese decorre das recentes declarações de membros da Frente Nacional, partido de extrema-direita, na sequência do grande número de estabelecimentos que vendem o típico produto de carne turca. Para a Frente Nacional, esta crescente presença pode significar “uma ameaça à identidade do país”.
O “preconceito culinário” começou a notar-se em blogs de extrema direita em 2013 e foi um dos assuntos que marcou as eleições para o Parlamento Europeu no ano seguinte. De facto, em Maio de 2014, o Público descreve em Paris a Praça da Bastilha repleta de “música turca e árabe”, com “o cheiro típico dos kebab” — um cenário que provocaria “um acesso de cólera” a Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional.
Um representante do ministério dos Negócios Estrangeiros, responsável pela promoção do turismo e da cozinha francesas, reage ao ataque dos extremistas: “isto é a manipulação da comida para fins políticos. É pura e simplesmente racismo”. Se uns querem controlar a presença do produto, outros são fãs assumidos. É o caso da Alemanha, onde há mais sítios a vender kebabs do que na capital da Turquia. O New York Times lembra que a própria chanceler alemã, Angela Merkel, foi fotografada várias vezes a comer kebab. Em Inglaterra até há prémios dedicados ao melhor kebab, como a “Melhor loja de take-away de kebab”, e na equipa de jurados até há membros do Parlamento.
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A atitude da FN é, em princípio, saudável e coerente, análoga em espírito à da Liga Norte ou outro partido italiano qualquer que numa cidade do norte de Itália proibiu a presença de restaurantes estrangeiros no centro de uma cidade histórica. Convém de qualquer modo distinguir entre a invasão gastronómica asiática e o simples consumo individual de comida asiática. Claro que esta alimenta aquela, mas não a provoca. A decisão de permitir o estabelecimento maciço de estabelecimentos de comida alógena em solo europeu é das elites governativas - e é aí que bate o ponto. O homem da rua, por seu turno, come o que lhe souber bem e for barato. É menos uma questão de escolha que de oportunidade. A escolha é a que estiver à mão, consoante as circunstâncias, e estas são ditadas por quem manda.
Em suma, não é um atentado identitário enfardar um kebab ou uma pita shoarma. O atentado identitário é da parte de quem deixa estacionarem-se numa rua vinte ou trinta lojas a vender disso.
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