sexta-feira, dezembro 20, 2013

ENTREVISTA AO LÍDER DO PARTIDO NACIONALISTA GREGO AURORA DOURADA

Sob o pano de fundo da crise económica global, no placo político europeu vai aparecendo um vasto leque de elementos euro-cépticos, ultra-radicais e nacionalistas. O governo grego qualificou o partido parlamentar "Aurora Dourada" como comunidade criminal.
No entanto, o seu líder, que está preso em Atenas, continua a participar da vida política. Em entrevista exclusiva à emissora Voz da Rússia, Nikolaos Michaloliakos referiu-se às causas da popularidade crescente dos nacionalistas gregos e dos seus enfoques sobre as relações com a Rússia:

- Após a detenção dos líderes do "Aurora Dourada" sentiu-se apoiado pelos eleitores?
- Sim, a solidariedade com o nosso partido aumentou, o que é confirmado por inquéritos e sondagens políticas, divulgados pelos média gregos. O povo opõe-se à lavagem ao cérebro perpetrada pela comunicação social estatizada que se vendeu aos estrangeiros.

- O processo contra o seu partido tem uma motivação política?
- Sim, tem uma motivação exclusivamente política. Não há nenhuma prova que possa confirmar as acusações lançadas contra o nosso partido. Não foi por acaso que a minha detenção e o processo tiveram lugar na altura em que o primeiro-ministro se encontrava em visita aos EUA, falando, entre outras coisas, da actuação do "Aurora Dourada". Numa entrevista televisiva, confessou ter autorizado proceder à detenção dos lideres partidários.

- Quais as perspectivas de um processo criminal contra si e os seus colegas?
- Se os órgãos de justiça tiverem a disponibilidade de deliberar com base em provas existentes, seremos absolvidos com triunfo. Se a justiça for idêntica à da época soviética estalinista, poderá ocorrer tudo. Mas até hoje não foi avançada prova alguma de que o "Aurora Dourada", partido legal e parlamentar, fosse uma organização criminal. Em todo o caso, trata-se de uma perseguição política.

- Uma parte dos média gregos e muitos meios de comunicação social ocidentais acusam o seu partido de neonazismo. Concorda com isso?
- Categoricamente não, não concordo. O "Aurora Dourada" é um movimento nacionalista e anti-capitalista que se pronuncia contra o protectorado do imperialismo anglo-saxónico. É isto que não nos podem perdoar. O palavreado sobre o nazismo e o neonazismo já entrou na história, acabou em 1945. O evidente é que os maiores meios de comunicação social dos EUA e da Inglaterra desencadearam uma campanha de calúnia contra o nosso partido.

- Os líderes europeus estão apreensivos com o facto de que nas eleições para o Parlamento Europeu os partidos euro-cépticos poderem ganhar cerca de 30% dos votos. Como avalia as chances do "Aurora Dourada" no escrutínio de 2014?
- A maioria dos europeus já se despertou do sono e não quer ver a Europa submissa à política dos EUA. Os cépticos mostram-se contra uma Europa dessas. Queremos viver numa Europa diferente, da qual, alias, possa fazer parte a Rússia. Pelo número de votos, o "Aurora Dourada" pode vir a ocupar a segunda posição ou até a primeira. Foi por isso me meteram na cadeia.

- Quer dizer que existe uma ligação directa entre o seu processo e as próximas eleições para o Parlamento Europeu?
- Com certeza, existe tal conexão. Existe também a ligação com as eleições autárquicas. A taxa de popularidade do nosso partido vai crescendo, razão pela qual foi tomada a decisão de nos marginalizar, pôr fora da lei. Pela primeira vez, na história grega trava-se uma violenta luta contra um adversário político.

- Em opinião do líder do Partido da Independência do Reino Unido, Nigel Farage, a “Grécia foi posta no altar da moeda única europeia, enquanto o FMI apoiou com o seu dinheiro um golpe desferido contra o povo grego. Aceita tal tese?
- Aceito, sim. Estou plenamente de acordo. Aquilo que se deu no nosso país pode ser qualificado como um golpe que produziu graves consequências económicas.

- É verdade que, no auge da crise económica, as acções do FMI, Comissão Europeia e do Banco Central Europeu vieram contribuir para o aumento da popularidade do "Aurora Dourada"?
- Sim, tudo isso contribuiu para o crescimento da popularidade do "Aurora Dourada", que se manifesta contra o impacto negativo do FMI e de outras forças externas que pretendem explorar a nossa economia nacional.

- Nos últimos anos, muitos políticos e economistas têm recomendado a saída do euro e o retorno à antiga moeda nacional – o dracma - para garantir o relançamento económico. Por que é que o governo não quer desistir do euro?
- Os nossos objectivos ideológicos e políticos consistem em reabilitar a moeda nacional que, até certo ponto, simboliza a liberdade nacional. Mas para podermos renunciar ao euro, a Europa terá que pagar-nos uma compensação, visto as nossas infra-estruturas económicas fundamentais terem sido destruídas, em prol do euro.

- Como encara as actuais e futuras relações entre a Grécia e a Rússia?
- As relações bilaterais têm sido fortes em termos históricos e geopolíticos. A Rússia e a Grécia são aliados naturais. A Grécia poderia garantir a saída da Rússia para os mares quentes, enquanto a Rússia poderia cuidar da segurança nacional da Grécia. Mas, nas últimas décadas, o poder político grego tem agido em sentido contrário, tendo transformado o país em um protectorado dos EUA e de seus aliados plutocráticos na Europa.

- Que futuro terá a Grécia em perspectiva de curto prazo? Como será o país em 2014?
- É evidente que 2014 será um ano difícil para o povo grego. A Grécia não se desenvolve, enquanto a miséria e o desemprego vão crescendo. Mas a Grécia é um país rico que se localiza numa zona estrategicamente importante. Se fosse livre e independente, teria um futuro brilhante. Mas para tal devemos acabar com a tutela dos estrangeiros. A Grécia deve ter um aliado com interesses comuns, como a Rússia, com a qual estamos unidos não apenas por interesses geopolíticos, mas, antes de tudo, pela fé cristã ortodoxa. Em conclusão, gostaria de transmitir as minhas saudações à fraterna Nação russa com ajuda da qual os gregos acabaram por conquistar a independência em 1829.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

digamos que esse discurso é meio dugiano, mas na pratica sabemos que o aurora dourada é bem menos kosher que o que vemos na russia..

20 de dezembro de 2013 às 03:42:00 WET  
Blogger Afonso de Portugal said...

Sempre gostava de saber qual é o partido que não é kosher para ti...

21 de dezembro de 2013 às 23:58:00 WET  

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