quarta-feira, março 07, 2012

SOBRE A DESCOBERTA DE ANÉIS CONSAGRADOS AO «DEUS DO POVO» CÉLTICO



A notícia é de 2007, e tem a ver com algo que se passou há quase dois mil anos, mas no essencial refere o que à eternidade diz respeito...


Os trabalhos arqueológicos em Lincolnshire e zonas limítrofes, em Inglaterra, têm trazido da sombra da noite dos tempos para a luz do dia presente uma série de objectos datados dos primeiros séculos d.c., época em que um pouco por toda a Europa Ocidental, do sudoeste ibérico até ao sul da Escócia, a romanização coexistia com a celticidade tribal, em diferentes gradações. Um dos tipos de descobertas que mais intrigava os investigadores era a de anéis de ouro, prata ou bronze, de formato romano, contendo uma enigmática inscrição composta de três letras: TOT. A distribuição do artefacto parece corresponder à disseminação da tribo dos Corieltauvi, que se estendia da região a leste do rio Trent através do Lincolnshire, de Nottinghamshire e de Leicestershire.
Era prática comum entre os Romanos o uso de anéis com o nome de Deuses aos Quais o portador do anel fosse devoto, tais como Marte, Minerva e Júpiter. O TOT permanecia pois como um mistério ainda por resolver, embora os especialistas já suspeitassem de que se tratava das iniciais de Toutatis, importante Deus adorado na Britânia e na Gália, havendo até quem diga que também na Galiza se encontra resquício do Seu culto.
A Wikipédia informa bem a respeito do tema:
Teutates, Toutatis ou Tutatis foi um Deus celta cultuado na Gália antiga e na Britânia. Com base na etimologia do Seu nome, tem sido amplamente interpretado como protector tribal.[1] Hoje, é melhor conhecido sob o nome de Toutatis (pronunciado AFI: [towˈtaːtis] em gaulês[2]) através do slogan gaulês "Por Toutatis!", inventada pela história de banda desenhada Asterix de Goscinny e Uderzo. A ortografia Toutatis, entretanto, é autêntica e atestada por cerca de dez inscrições antigas.[3] Sob a ortografia Teutates, o Deus também é conhecido de uma passagem em Lucano.
Inscrições dedicadas a ele tem sido recuperadas no Reino Unido, por exemplo essa em Cumberland Quarries (RIB 1017), dedicada a Júpiter Optimus Maximus e Marte Toutatis.[4] Duas dedicatórias foram encontradas em Noricum e Roma.[3] Uma outra inscrição encontrada na Galiza,[5] provavelmente também contém uma dedicatória a Teutatis (CROUGIAI / TOUDA/DIGOE / RUFONIA / SEVERA. CIL II 2565).
Teutates foi um dos três Deuses celtas mencionados pelo poeta romano Lucano no 1o. século D.C.,[6] os outros dois sendo Esus ("senhor") e Taranis ("trovejador"). De acordo com comentaristas recentes, as vítimas sacrificadas a Teutates eram mortas ao serem mergulhadas de cabeça para baixo num tonel preenchido com um líquido não especificado. Académicos da actualidade falam frequentemente de‘os Toutates’ como plural, referindo-se respectivamente aos patronos de várias tribos.[1] De dois recentes comentaristas sobre o texto de Lucano, um identifica Teutates com Mercúrio, o outro com Marte.
‘Teutates’ parece ser derivado do proto-céltico *teutā- significando ‘povo’ ou ‘tribo’[7] e estará relacionado com o proto-germânico *þeudō e *þiudiskaz do qual deriva o alemão Deutsch, que em Português se diz «Teutão». O proto-céltico «eu» é geralmente deslocado para «ou» antes do segundo século A.C..[2] Tem sido sugerido que o nome significa ‘Pai da Tribo’.[7][8]
Como notado acima, entre uma dupla de revisores recentes do trabalho de Lucano, um identifica Teutates com Mercúrio e Esus com Marte. O gaulês “Mercúrio” pode ter característica de guerreiro, enquanto o “Marte” gaulês pode agir como Deus de protecção ou cura.
Paul-Marie Duval argumenta que cada tribo teve o seu próprio Toutatis; ele considera, mais profundamente, o Marte gaulês como produto de sincretismo com o Toutates celta, notando o grande número de epítetos nativos sob os quais Marte foi cultuado.[1]

Ora os anéis com «TOT» são de estilo romano, mas deste modo veiculam um culto indígena, o que confirma a ideia que se tinha da tolerância romana para com a religião nativa bem como a coexistência, quando não fusão, da romanidade com a celticidade.
Ao longo dos últimos anos encontraram-se cerca de quarenta e quatro anéis com esta inscrição - e em 2007 veio à tona um exemplar no qual se pode ler DEO TOTAT na parte central, FELIX num dos lados e, provavelmente, VTERE no outro, ou seja Deo Totatis Vtere Felix, que significaria algo como «Ao Deus Toutatis, usa isto e sê feliz». Observa-se assim que no século II e III e.c. (era comum) havia um forte culto tribal indígena nesta região, ou porque se tivesse sempre mantido forte apesar da dominação cultural romana, ou porque estivesse a recrudescer.
O culto de Toutatis teria desaparecido por volta do século V aquando da invasão saxónica, mas só viria a ser realmente varrido por obra da acção repressora do Cristianismo.
Outro dos anéis «ToT» encontrados no mesmo contexto etno-arqueológico.
Quanto à interpretação romana que equaciona Teutates ora com Mercúrio ora com Marte, interessa salientar que as correspondências entre os Deuses de diferentes panteões não são exactas e que o «Mercúrio» celta tem um lugar central no panteão céltico, tendo associadas a Si todas artes e mesmo a soberania.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

PENSEI QUE JA VINHAS COM AQUELA TEORIA MALUCA DE QUE ROMA É FILHA DE LA TENNE E CIA..HEHE

8 de março de 2012 às 17:18:00 WET  
Blogger Caturo said...

NUNCA EU DISSE TAL COISA NA VIDA... QUANDO MUITO, SERIA FILHA DE HALLSTATT, MAS NEM ISSO EU DISSE... AGORA, QUE ROMA TEM FORTE PARENTESCO ÉTNICO COM OS CELTAS, ISSO TEM.

8 de março de 2012 às 17:45:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Já não é só em Portugal que o Samba contamina. Em Espanha já há merdas do tipo:

http://www.youtube.com/watch?v=PaEJ-5vEdK4&feature=related

8 de março de 2012 às 18:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Neste Dia Internacional da Mulher (todos os dias o deviam ser!), fiquem, sobretudo as mulheres, com a poesia do Limiano Cláudio Lima.

imenso cresço sobre a tua fragilidade

um mar encrespado e rouco
submergindo a pequena ilha de cactos e palmeiras,
de aves policromas e canoras

ardente resina sobre dulcíssimos pólenes,
aromas núbeis

cresço e enlaço, sôfrego, a tua jacente
silenciosa súplica

o meu corpo navegador viaja-te as grutas recônditas
da humidade doce, galga-te as anfractuosidades
suaves, devassa-te as fundas gargantas
onde freme um apelo de vida sem idade

um sussurro de música longínqua sublima
a fonética precária dos gemidos

imolas-te em volutas de volúpia
à minha intempestiva expugnação

és corpo aberto e chamativo, ânfora de vinho novo,
túrgida maçã, mulher

Cláudio Lima, "Maçã P'ra Dois"

8 de março de 2012 às 18:30:00 WET  
Blogger Caturo said...

RESPOSTAS AO BEATO:

http://gladio.blogspot.com/2012/02/aumenta-religiosidade-no-mundo-ateus-e.html?showComment=1331242205620#c2106772248812939990


http://gladio.blogspot.com/2012/01/chamam-lhe-monoteismo-mas-mim-parece-me.html?showComment=1331238369442#c3164349506189801882


http://gladio.blogspot.com/2012/02/sombra-da-suastica.html?showComment=1331237421668#c2999453975028656679

8 de março de 2012 às 21:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, veja esta notícia:

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/03/acusada-de-xenofoba-propaganda-da-uniao-europeia-e-retirada-do-ar.html

9 de março de 2012 às 01:39:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Já não é só em Portugal que o Samba contamina. Em Espanha já há merdas do tipo:

TENHO NOJO DE SAMBOSTA..ESSE LIXO DO CONGO TENTANDO SE PASSAR POR AMERICA A SERIO..

9 de março de 2012 às 01:53:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

ando a desconfiar que o celsote verdadeiro foi abduzido..esse celsote substituto anda muito civilizado..estás com febre?haha..

9 de março de 2012 às 01:54:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

NUNCA EU DISSE TAL COISA NA VIDA... QUANDO MUITO, SERIA FILHA DE HALLSTATT, MAS NEM ISSO EU DISSE... AGORA, QUE ROMA TEM FORTE PARENTESCO ÉTNICO COM OS CELTAS, ISSO TEM.

8 de Março de 2012 17:45:00 WET

O Cups Lock tem quota no Gladius, por isso é que o Caturo lhe apara os golpes, eheheh...

9 de março de 2012 às 11:46:00 WET  

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