quarta-feira, março 07, 2012

ANIVERSÁRIO DA RTP - CINCO DÉCADAS E UM LUSTRO

Faz hoje anos a Rádio Televisão Portuguesa, ou RTP, emissora televisiva estatal que até ao dealbar dos anos noventa foi a única televisão que se teve por cá. E, de um modo geral, nunca deixou de ser a melhor televisão cá do burgo...
Sempre transmitiu muita merda, é certo, e programas excessivamente deprimentes que muito infernizaram os fins-de-semana, especialmente os domingos, do pessoal da minha idade e mais velho, que nos anos setenta e oitenta não tinha alternativas para consolar a mente no último dia de folga antes de mais uma semana de aulas, porrada e chatices diversas. Não se poderiam esquecer as monumentais secas que aos domingos à tarde foram metidos pelos olhos adentro do pessoal por obra de Júlio Isidro e Luís Pereira de Sousa; ou os desagradabilíssimos desenhos animados de leste criativamente feitos à base de plasticinas em movimento, «maravilha» que o falecido Vasco Granja, ele próprio militante do PCP, espetava nos ecrãs, anunciando-as com aquele sorriso invariável de grande amigo das crianças que, segundo ele dizia, adoravam as cagadas que ele trazia de além da cortina de ferro. Outra grande nódoa da RTP, esta mais grave, foi a popularização das telenovelas brasucas em Portugal. Numa época em que não havia alternativa televisiva para a esmagadora maioria da população portuguesa - só a gente das raias é que podia ver a televisão espanhola - a emissora nacional poderia ter habituado os paladares a coisas de melhor qualidade, ou pelo menos ao produto nacional, mesmo que fosse mais caro, uma vez que possuía evidentemente o monopólio dos horários nobres. Mas não - foi telenovela em cima de telenovela a partir das oito da noite ou assim, a hora em que toda a gente está em casa a jantar e a olhar para o que quer que esteja a passar pelo chamado pequeno ecrã. Depois, quando a SIC apareceu, já tinha feita metade da papa, visto que o seu contrato com a rede Globo brasuca lhe deu, logo à partida, a fatia dominante do horário nobre num país em que a população estava infelizmente viciada em anos de telenovela com sabor tropical.
Mas enfim, o saldo geral da RTP é francamente positivo. Inúmeros tesouros devem estar guardados nos seus arquivos de décadas e décadas. Dentro das suas possibilidades, limitadas pela pobreza do País, acabou por dar à população um pouco de tudo, e de muito do que de bom se fazia lá por fora, particularmente nos anos setenta, quando a produção estrangeira era sobretudo britânica. O genérico da Thames, por exemplo, faz decerto parte das memórias colectivas da população com mais de trinta anos (e até em Espanha, o que me surpreendeu, quando disso tomei conhecimento recentemente).
Sintam a magia de um  sabor de há trinta anos, cambada:
Merecem referência os nomes de séries, com carne e osso ou de desenhos feita, que acompanharam a infância e a maturidade de milhares, milhões por este País fora: Sandokan, Tarzan, O Sr. Feliz e o Sr. Contente, O Planeta dos Macacos, Espaço 1999, Blake's 7, Battlestar Gallactica, Benny Hill, os festivais da Eurovisão («Menina do Alto da Serra», a melhor de sempre, digo eu), os anúncios (o meu favorito de sempre, «WC Pato»), Buck Rogers No Século XXV, Heidi, Abelha Maia, Homem-Pássaro, Fantasma do Espaço, Esquadrão de Ataque Espacial, Eu Show Nico, EuroNico, Guilherme Tell («Crossbow»), Monty Python Flying Circus, The Goodies, O Tal Canal, As Fabulosas Aventuras do Barão de Munchausen (pouca gente se lembra disto em desenhos animados), Hermanias, Era Uma Vez o Espaço (com um estranhíssimo genérico cantado pelo Paulo de Carvalho, eu nunca percebia como é que uma série em que os heróis eram polícias espaciais podia dizer na sua música que «lá em cima já não há sentinelas»...), V - Batalha Final, Homem-Aranha, Doutor Faísca, Flash Gordon, «1,2,3», The Sweeney, e mais uma enxurrada de séries, e de filmes, portugueses e não só, e outras produções, alojadas para sempre algures em tranquilos e inofensivos cantos da memória, incluindo a mais magnífica das produções de todos os tempos, toda feita pela RTP, Duarte & Companhia, em cuja constelação de ricas personagens se incluía o mais glorioso trio televisivo de sempre, Átila, Rocha e Tino:

A RTP teve entretanto a óptima ideia de criar um canal dedicado a todas as suas memórias, a RTP Memória, que, todavia, ainda não passou novamente nem metade destas riquezas. A ver vamos...

Não tranquiliza nada, por outro lado, que se fale tanto da privatização de um canal da RTP. É outra coisa que também fica por ver...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

o Duarte e Companhia já foi exibido na RTP Memória, por alturas de Setembro/Outubro de 2010.
não sei se deram todos os capítulos e séries, mas pelo menos uma boa parte deram.

o genérico da Thames é mais recente do que 30 anos, dava em meados dos anos 80 e ainda me lembro, apesar de ser uma criança na altura.

os desenhos animados de plasticina eu gostava, e do ursinho Teddy também, que também vinha do outro lado da cortina de ferro (Polónia)

telenovelas brasucas, só gostei de umas 2 ou 3 na vida, e claro que o facto de terem exibido nelas poucos ou quase nenhuns pretos também ajudou...

algumas outras séries aí referidas também me lembro...

e parece-me que todos os anos o Caturo faz um tópico idêntico ou quase idêntico a este LOL é só fazer copy-paste.

7 de março de 2012 às 18:20:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

A TV JA ERA UMA PORCARIA ENTÃO..HAHAHA

7 de março de 2012 às 20:38:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

aquela cena do osso é nojenta

8 de março de 2012 às 17:19:00 WET  

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