quinta-feira, fevereiro 17, 2011

REVE, UMA DAS PRINCIPAIS DIVINDADES LUSITANO-GALAICAS


Inscrição lusitana de Cabeço das Fráguas - reparar na palavra «REVE» no fim do texto

Reue é uma das Deidades Cujo culto ocorre no mesmo território que o de Bandua. Assim, para começar, devemos considerá-Las como Deidades diferentes. Na nossa opinião, os mais fortes argumentos apontam para a eventualidade de Reve ser equivalente ao Deus romano Júpiter ou ao Deus gálico Taranis. Isto é em primeiro lugar baseado nas associações do Deus com certas áreas montanhosas, como se vê numa inscrição que liga o Deus indígena Reve a um item geográfico do norte de Portugal, a montanha do Larouco, que do alto dos seus 1538 metros, domina toda a região circundante. Esta inscrição, de Baltar, Orense, foi dedicada a Reue Laraucus, enquanto noutra inscrição, encontrada em Vilar de Perdizes, Montalegre, Vila-Real, Laraucus Deus Maximus é mencionado. Esta última inscrição foi encontrada juntamente com outra contendo uma referência alusiva a Júpiter. Ambas as inscrições partilham um número de características formais e foram encontradas muito perto da montanha. Portanto, estes achados implicam que o Deus Reue pode ter sido identificado com o Deus supremo dos Romanos, Júpiter.
Outra inscrição recentemente descoberta confirma o carácter atribuído a este Deus. O altar vem de Guiães, Vila-Real, muito perto do alcance da Serra do Marão e foi dedicada a Reue Marandicui, o que sugere uma relação entre o epíteto do Deus e o nome da montanha. Isto pode ser outra área montanhosa a representar uma possível base da Deidade lusitano-galaica Reue. Estes não são os únicos casos nos quais Reue aparece ligado a importantes montanhas. Em Cabeço das Fráguas, Pousafoles do Bispo, Sabugal, Guarda, uma inscrição numa cave encontrada a uma considerável altitude (1015 metros) inclui dedicações a várias Deidades, uma das Quais é Reue. A natureza sagrada deste local é confirmada pelo achamento de catorze altares votivos sem inscrições na base da montanha, longe de quaisquer áreas povoadas.
Em várias dedicatórias a Júpiter, os apelativos referem-se a montanhas ou a áreas elevadas. Um exemplo é o de Iuppiter Candamius, citado numa inscrição encontrada em Candanedo, León. A inscrição foi encontrada numa área montanhosa e além disso o epíteto do Deus também deriva do nome da montanha. Esta informação revela o laço entre a Deidade e esta montanha, cujo nome, de acordo com Albertos, é derivado de *kand- «brilhar, arder ou faiscar». Pode assumir-se o mesmo para a dedicação a Iuppiter Candiedo, cuja exacta origem é desconhecida, e Iuppiter Deus Candamus, mencionado numa inscrição encontrada na parte exterior de um muro em Monte Cildá, Olleros de Pisuerga, Palência.
Argumentos similares podem ser usados para estabelecer que esta mesma característica religiosa está escondida dentro de outra denominação nativa, Salamati. Em primeiro lugar, Salamati está directamente relacionado com o nome moderno da área montanhosa de Jálama (1492 metros), que na Antiguidade era chamada Sálama. Sálama provavelmente cobria a área da Serra da Gata até à Serra da Malcata ou à Serra de Las Mesas, muito perto dos locais onde as inscrições foram encontradas. Em segundo lugar, se a interpretação de Melena estiver correcta, o nome Salamati aparece numa inscrição como D(eus) O(ptimus). Portanto, de acordo com a informação disponível, a teoria mais provável é que Reue, tal como o Deus Júpiter dos indígenas, está associado com sítios montanhosos onde o Seu poder e as Suas funções são claramente reveladas.
Esta relação é apoiada pela localização de vários altares nestas montanhas ou nas imediações (num caso, uma inscrição foi encontrada junto a outra dedicada a Iuppiter), e pelas referências ao Deus com epítetos derivados dos nomes das montanhas mencionadas acima.
As provas a respeito da Deidade Salama são similares às que existem para Reue. Por conseguinte, a teoria de que existia uma associação entre Salama e Reue pode ser sustentada tendo em conta o facto de que os territórios onde ambos os Deuses eram adorados não se sobrepunham, eram em vez disso complementares. Acresce que ambos os Deuses coexistiram com o mesmo grupo de Deidades em cada uma das Suas áreas. Portanto, Salama poderia simplesmente ser um apelativo de Reue.
Em acrescento à ligação entre Reue e as áreas montanhosas, pode também estabelecer-se uma ligação com correntes de rios. De facto, a raiz *Sal-, além de se relacionar com montanhas, poderia também ser interpretada como «corrente de água». Esta raiz está bem representada nos hidrónimos europeus, pois que alguns deles aparecem com o sufixo -am, tais como o rio francês Salembre, que no século XII era chamado Salambra. Um número de exemplos disto é também conhecido na Península Ibérica, alguns deles relevantes para a nossa teoria. Estes incluem o Salamanquilla, em Toledo, ou o Salamantia, provavelmente o nome antigo do rio Tormes e possivelmente a origem do topónimo Salmantica (Salamanca).
A associação com rios é claramente confirmada pelo teónimo Reue. De acordo com Fita, Reue era provavelmente uma Deusa que representava a deificação do rivus, ou corrente, e provavelmente tinha o mesmo significado que a palavra feminina francesa rivière (rio) ou a catalã riera (ravina). Blázquez, embora com algumas reservas, aceitou que esta Deidade tivesse algum tipo de associação com a água.
De acordo com Villar, Reue deriva da raiz *reu-, que provavelmente significa «fluir, corrente, rio ou água corrente». Villar também mostrou, com alguns sólidos argumentos e numerosos exemplos, que a maioria dos apelativos de Reue expressam provavelmente não apenas o género masculino do Deus mas também a Sua ligação a certos rios. Portanto, o epíteto Langanidaeigui deriva provavelmente do hidrónimo Langanida, de maneira que a inscrição dedicada a Reue Langanidaeigui poderia ser traduzida como «ao Deus Reue do [rio] Langanida». O apelativo da dedicatória a Reue Anabaraecus contém provavelmente os elementos ana (com a sua óbvia conotação de rio) e bara, que por vezes significa «margem de rio» e outras vezes expressa um hidrónimo. Por conseguinte, a dedicatória significa provavelmente «ao Deus Reue das margens do Ana» ou «ao Deus Reue de Anabara», ou se Anabaraecus for dividido em dois elementos, «ao Deus Reue Ana [da cidade] de Bara» ou «ao Deus Reue Ana de Vera». Em ambos os casos, há evidência da associação entre o Deus e um certo rio das redondezas. De acordo com Villar, esta teoria pode também ser aplicada a Reue Reumiraegus. Se na altura em que a inscrição foi feita o termo apelativo *reu- (rio) estava em uso, provavelmente significava «ao Deus Reue do rio Mira», mas se este significado já se tivesse perdido nessa altura, *Ruemira é mais provavelmente um hidrónimo e a dedicatória deverá ser interpretada como «ao Deus Reue do [rio] Reumira». Finalmente, Veisutus [outro dos epítetos de Reue] era provavelmente formado a patir das raizes *ueis-/*uis-, que são hidrónimos populares encontrados ao longo da Europa pré-histórica. Do estudo do teónimo e epítetos de Reue, Villar conclui que Reue foi usado como apelativo para «rio», mas «gradualmente o Deus deixou fr ser a mesma realidade física que o rio e mudou, convertendo-Se numa entidade pessoal ou carácter divino, que habitava o rio e era o seu protector ou senhor.»
Em suma, além da associação de Reue com sítios montanhosos, uma ligação entre Reue e os rios pode também ser vista a partir da análise etimológica do Seu teónimo e dos epítetos. Esta segunda associação com rios é similar em natureza à das montanhas, o que é o mesmo que dizer que os vales dos rios eram provavelmente lugares onde o poder da Deidade seria mais evidente, portanto onde o crente sentiria um mais forte contacto espiritual com a Divindade.
Vários autores notaram já que um significativo número de colunas dedicadas a Júpiter que foram encontradas em fontes ou rios nas províncias gaulesas e germânicas. A relação entre estes monumentos e os canais de água foi posteriormente explorada por Drioux no seu trabalho em território dos Lingones.


Num rigoroso estudo das colunas de Júpiter encontradas na Germânia Superior, Bauchhenas confirmou que a relação entre estes monumentos e certas fontes de rios e fontes. No entanto, as fundações de alguns destes monumentos não foram encontradas junto a estas fontes de água, foram em vez disso localizadas na vizinhança imediata e por vezes os materiais de construção de monumentos de grandes dimensões foram transportados de distantes territórios. Por conseguinte, não se pode deduzir com base apenas nesta informação se a relação entre estas colunas e as fontes de água era meramente circunstancial.
De acordo com Gricourt e Hollard, a ligação entre muitas das colunas de Júpiter e os lugares com água é perfeitamente concebível sem minimizar a posição da Deidade na hierarquia religiosa ou significar que o Deus tinha certas características que pertencem a Deidades «curadoras». A chave, segundo estes investigadores, reside no significado mitológico e religioso da imagem esculpida na parte superior das colunas. Um cavaleiro semelhante a Júpiter é mostrado a conduzir a sua montaria contra um monstro reptilínio numa cena de óbvias afinidades com o mito védico da confrontação entre o Deus Indra e o demónio Vritra (Rig-Veda 3, 33; 4, 18). Todavia, Indra aparece neste mito como o «conquistador das águas», enquanto a Divindade que regula e manda as águas ao homem era o Deus supremo indo-iraniano Varuna.
Os mitos que incorporam a luta entre o Deus da Tempestade e o dragão, ou uma serpente anfíbia com características antropomórficas, são muito característicos não apenas das áreas célticas e indo-iranianas, mas são também encontradas em diferentes religiões indo-europeias. Baseados nos argumentos mencionados acima, podemos prontamente concluir que Júpiter, o Deus supremo dos Galo-Romanos, tinha uma garantida associação com os rios e que esta relação era mais forte em certos lugares, tais como confluências de rios-fontes. A natureza desta relação deriva provavelmente do facto de que nesses lugares, uma das principais funções da Deidade era realizada. Esta função por um lado a de benfeitor e garante das chuvas e da sobrevivência da comunidade e, por outro, a de criador das tempestades e das cheias catastróficas. É lógico que nesses lugares onde o crente poderia melhor aperceber-se do poder do Deus, o culto era expresso através da erecção de altares votivos, colunas monumentais ou através da construção de santuários.
Esta explicação adequa-se ao facto de muitos dos lugares onde as colunas de Júpiter estão localizadas, tais como fontes de rios ou confluências, eram de vital importância para as gentes que habitavam nessas terras. Um exemplo é a coluna de Cussy, encontrada junto à fonte do rio Arroux que passa por Augustodunum, Autun, a capital dos Aedui na época romana. Uma segunda coluna, agora perdida, localizava-se na confluência dos rios Sena e Marne, enquanto outro exemplo é a coluna dos nautae Parisiaci.
De acordo com estas noções, pode-se afirmar etimologicamente que o teónimo Taranis, associado ao de Iuppiter na Gália, está ligado aos rios. Este poderia ter sido o nome original do rio Tarn (tributário do rio Garonne) ao qual Plínio chamou Tarnis, ou rio Tanaro (tributário do rio Pó), que também aparece em Plínio e no itinerário de Antoninus como Tanarus. Na opinião de Sevilla, «em ambos os casos parece mais verosímil que estes hidrónimos devem a sua origem a um sítio relacionado com o culto desta Divindade, localizada na fonte ou curso destas correntes fluviais.». Outros hidrónimos podem também ser ligados ao teónimo Taranis, tais como um segundo rio Tarn, o Termain (tributário do Arroux, que no seu curso superior é chamado Tarène), o Ternau (tributário do rio Marne) e o rio Ternoise.

Por conseguinte, se podemos estabelecer uma relação entre Bandua, as comunidades locais nativas e o Marte celta, podemos também confirmar que Reue, como Deidade pertencente ao mesmo panteão religioso que Bandua, era associado a locais montanhosos, a rios e a Divindades célticas relacionadas com Iuppiter tais como Taranis.


Traduzido e adaptado de Celtic Gods of the Iberian Peninsula, de Juan Carlos Olivares Pedreño, Universidade de Alicante.

57 Comments:

Anonymous Anónimo said...

galaico-lusitanis, mas eles tinhem divergencias em varios aspectos que vos faziam serem duas etnias distintas..

17 de fevereiro de 2011 às 11:45:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não se sabe exactamente em que é que seriam diferentes, mas ao que tudo indica não o eram muito, e nada garante que se possa falar em duas etnias distintas.

17 de fevereiro de 2011 às 18:21:00 WET  
Blogger betoquintas said...

PQP! mais um excelente texto, devidamente copiado e divulgado.

18 de fevereiro de 2011 às 11:16:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"certezas" caturianas....

18 de fevereiro de 2011 às 13:36:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"mas eles tinhem divergencias em varios aspectos que vos faziam serem duas etnias distintas.."


não lhe digas nada. deixa-o ser feliz assim...

18 de fevereiro de 2011 às 13:37:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

" e nada garante que se possa falar em duas etnias distintas."

e o que é que indica que se possa falar numa só? :D

18 de fevereiro de 2011 às 16:40:00 WET  
Blogger Anti-ex-ariano said...

Excelente texto, muito elucidativo e devidamente referenciado e sustentado. Um exemplo de excelência que envergonha muitos dos textos que são apresentados nalgumas universidades portuguesas. Parabéns!

E longa vida a Reve e a Bandua!

18 de fevereiro de 2011 às 17:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

*tinham

18 de fevereiro de 2011 às 17:43:00 WET  
Blogger Caturo said...

«" e nada garante que se possa falar em duas etnias distintas."

«e o que é que indica que se possa falar numa só?»

É quem faz as afirmações que tem de as provar - e aqui quem veio fazer afirmações foi o teu amigo brasuca. E, como decostume, nada justificou.

Queres tu tentar? :D

24 de fevereiro de 2011 às 21:58:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

não. quem quer afirmar que Galaicos e Lusitanos são a mesma etnia e não duas distintas é que tem de o provar, porque de contrário, esses dois povos não teriam nomes diferentes cada um e sim um único. não se teriam constituido em dois povos e sim apenas em um, etc, etc

25 de fevereiro de 2011 às 16:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não, quem veio afirmar que de duas etnias diferentes se trata é que tem de o provar. O terem dois nomes diferentes só por si não prova nada, visto que pelo menos no caso dos Galaicos, o nome era originalmente de apenas um povo das margens do Douro, que daí foi estendido ao resto do noroeste ibérico. Isto só por si não prova que todo o noroeste ibérico fosse «galaico», do mesmo modo que o facto de a Lusitânia romana incluir todo o actual sul português não prova que os Cónios fossem lusitanos (a menos que o tenham sido assim considerados em virtude da celtização...).

Não deve esquecer-se que a Lusitânia chegou a incluir a Galécia toda, não apenas em tempos antigos, segundo Estrabão, mas também no início da divisão romana da Ibéria, quando a Lusitânia englobava a região que é hoje o norte de Portugal.

25 de fevereiro de 2011 às 17:58:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

o Noroeste Peninsular falava todo a mesma língua e tinha exactamente a mesma cultura castreja, além de já ser chamado "Kallaikia" pelos gregos. e, portanto, o facto de uma tribo da foz do Douro se chamar "Callaeci" é um pormenor irrelevante. mesmo que daí o nome se tivesse estendido a todo o Noroeste, não anulava o resto que disse anteriormente: mesma lingua, mesma cultura, unidade étnica.

http://wapedia.mobi/thumb/9ac5499/pt/fixed/470/481/Prehispanic_languages.gif?format=jpg


de certeza que gregos e romanos não deram nomes diferentes a Galaicos e Lusitanos, "porque sim" ou para ser "mais bonito".

e, portanto, quem quer dizer que Galaicos e Lusitanos ainda assim são só uma etnia, é que tem de provar...com factos! e não com wishful thinking.

se o terem nomes diferentes não prova nada, muito menos ainda prova o seu contrário LOL
e portanto, quem quer afirmar o contrário é que tem que o provar.

ou então também digo que o facto dos Lusitanos e Vettones terem nomes diferentes nada prova.
ou os Lusitanos e Vacceus, Lusitanos e Celtiberos, Lusitanos e Turdetanos, Portugueses e Espanhóis, etc, etc
esse argumento dá para tudo.
é uma suposição bonita, esse «argumentum ad ignoriantiam» e inversão de ónus
(como se inverter o ónus, provasse que tens razão).



", mas também no início da divisão romana da Ibéria, quando a Lusitânia englobava a região que é hoje o norte de Portugal."

mentira. a divisão chamava-se Hispânia Ulterior, não Lusitânia...e só incluiu a Galécia passageiramente (5 anos??), além, claro, de ter incluido Asturias e parte da Andaluzia.

25 de fevereiro de 2011 às 20:42:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

a lingua para todo o Noroeste era a mesma...mas não para a faixa ocidental ibérica.
a cultura castreja do Noroeste era a mesma. mas não a da faixa ocidental, etc, etc

25 de fevereiro de 2011 às 20:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

«Aliás, a própria configuração de Portugal contrariou as fronteiras lógicas que poderiam
deliitar os dois Estados possíveis e plenos de continuidade histórica: uma Galiza, com
fronteira meridional no Rio Douro e uma Lusitânia, estendendo-se muito para oriente do Guadiana.
Se estes dois reinos tivessem existido até à actualidade ou, pelo menos, durante muitos séculos, corresponderiam
sem dúvida, a identidades tradicionais, aprofundadas pela política , pela administração,
pela economia, pela cultura e até pela etnia.»

A. H. Oliveira Marques - Nova Historia de Portugal»




olha, este nem deve saber o que é uma etnia...
e é mais um daqueles que não sabe que Lusitanos e Galaicos eram/são a mesma etnia, segundo a verdade única, sábia e iluminada do Caturo.

25 de fevereiro de 2011 às 21:05:00 WET  
Blogger Caturo said...

«a lingua para todo o Noroeste era a mesma...mas não para a faixa ocidental ibérica»

Quem o terá garantido?

«a cultura castreja do Noroeste era a mesma. mas não a da faixa ocidental,»

E as provas disso, onde estão?

25 de fevereiro de 2011 às 22:49:00 WET  
Blogger Caturo said...

«o Noroeste Peninsular falava todo a mesma língua«

Nem isso é garantido. Há mapas que apresentam dois idiomas, ou pelo menos duas variantes, para a dita Galécia:
http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Prehispanic_languages.gif

http://wapedia.mobi/en/File:Ethnographic_Iberia_200_BCE.PNG

Curiosamente, num deles o Lusitano está todo em território actualmente português, olha que chatice…

25 de fevereiro de 2011 às 22:50:00 WET  
Blogger Caturo said...

«e tinha exactamente a mesma cultura castreja,»

Cultura castreja? Até nas Beiras lusitanas a havia, e quanto mais progride a Arqueologia mais a teoria se fortalece. Por outro lado, embora fosse comum a todo o noroeste ibérico, a verdade é que se concentra sobretudo na zona portuguesa da Galécia:

http://gl.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cultura_Castrexa.png

Por outro lado, se for tido em conta toda a zona considerada como pertencente a esta cultura, então até Zamora era galaica:
http://gl.wikipedia.org/wiki/Cultura_castrexa#Xeograf.C3.ADa

25 de fevereiro de 2011 às 22:50:00 WET  
Blogger Caturo said...

«além de já ser chamado "Kallaikia" pelos gregos»

Talvez não.

A forma mais antiga que podemos documentar do nome é Callaecia, em latim. Aparece por primeira vez em testemunhos que datam dos primeiros anos da nossa era, ou de pouco antes.
Anterior é a aparição do gentilício callaecus, que parece designar primitivamente um povo estabelecido no território que agora corresponde ao Sul da Galiza e ao Norte de Portugal, na zona interior.
Mais ou menos pelo mesmo tempo aparecem as correspondentes formas gregas 6 88 46 H (kallaikós)
e 5 88 46 (Kallaikía). A habitual relação de antiguidade relativa grego / latim (isto é: a forma
grega como mais antiga que a latina) não parece dar-se neste caso: a realidade parece ser antes a inversa.
Dado que os escritores gregos que nos proporcionam o nome pertencem já à época do domínio romano
na Península, provavelmente transmitiam a informação recolhida pelos romanos nos seus primeiros
contactos com a nossa área; desse modo, as formas mais antigas serão realmente as latinas, e os escritores
gregos simplesmente terão transcrito para grego essas formas latinas, seguindo as tendências habituais
de equivalência fonética (especialmente [grego ai = lat. ae]).


http://www.agal-gz.org/pdf/GZe-ditora_015.pdf

25 de fevereiro de 2011 às 22:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

«de certeza que gregos e romanos não deram nomes diferentes a Galaicos e Lusitanos, "porque sim" ou para ser "mais bonito".»

Estrabão explica que foi por motivos militares…


«e, portanto, quem quer dizer que Galaicos e Lusitanos ainda assim são só uma etnia, é que tem de provar»

Tal como quem queira afirmar que de duas etnias diferentes se tratava. Ora como quem veio aqui fazer afirmações foi o brasuca… e a seguir o ex-ariano… é a eles que cabe provar que Lusitanos e Galaicos constituíssem duas etnias diferentes.
Aguardam-se os factos…

25 de fevereiro de 2011 às 22:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

«ou então também digo que o facto dos Lusitanos e Vettones terem nomes diferentes nada prova»

Pois não… outros factos o poderão provar, como por exemplo a ausência de comunidade religiosa entre Lusitanos e Vetões – os Galaicos têm os principais Deuses em comum com os Lusitanos, os Vetões não.


«ou os Lusitanos e Vacceus, Lusitanos e Celtiberos,»

Pior ainda… a respeito dos idiomas lusitano e galaico, há dúvidas se seriam dois diferentes ou na realidade duas variantes do mesmo… agora, sobre o dos Celtiberos, não há dúvida – constituía, seguramente, uma língua diferente da(s) que era(m) falada(s) no extremo ocidente ibérico.


«Lusitanos e Turdetanos, Portugueses e Espanhóis,»

Ainda pior, pois que as diferenças linguísticas entre esses pares de línguas são óbvias… as diferenças entre o Galaico e Lusitano, por outro lado, são muito menos claras. E há autores, tais como Untermann, Albalat e Schmoll, entre outros, que consideram tratar-se do mesmo idioma, com variantes regionais.


«é uma suposição bonita, esse «argumentum ad ignoriantiam» »

Quando a ignorantiam é garantida, é estulto, e desonesto, pretender ter certezas, como o ex-ariano faz e depois a coisa sai-lhe sempre mal, violentamente pela culatra (e ele ralado - repete as mesmas certezas aldrabadas e acabou).


mas também no início da divisão romana da Ibéria, quando a Lusitânia englobava a região que é hoje o norte de Portugal."

« mentira. a divisão chamava-se Hispânia Ulterior,

Mentira não, verdade – numa primeira fase, e já DEPOIS da época da Ulterior, a Lusitânia ENGLOBOU MESMO o actual norte de Portugal.

25 de fevereiro de 2011 às 22:53:00 WET  
Blogger Caturo said...

«olha, este nem deve saber o que é uma etnia...»

Seguramente que esse não se baseou na raça para falar na etnia, como fazem outros que não percebem mesmo nada do que é uma etnia…

25 de fevereiro de 2011 às 22:54:00 WET  
Blogger Caturo said...

«e é mais um daqueles que não sabe que Lusitanos e Galaicos eram/são a mesma etnia,»

Lá terá a sua opinião, que, pelos vistos, está longe de ser a única. Jorge Alarcão, por, exemplo, pensa doutro modo:

O Douro não constituía fronteira cultural, apesar de, posteriormente, os Romanos terem traçado por ele o limite setentrional da província da Lusitânia e integrado na província Hispânia Citerior as terras a norte do rio. Os povos que viviam a sul do Douro e até ao Tejo, com excepção dos das planuras litorais, aparentam grandes semelhanças estruturais com os transdurienses. Temos, assim, uma vasta área que poderemos chamar calaico-lusitana. Talvez a serra de S. Mamede, ou até porção mais larga do Alto Alentejo, se deva incluir na mesma área [a inclusão do Nordeste alentejano na área calaico-lusitana parece justificar-se pela frequência, nessa região, de antropónimos e até de cultos indígenas que também se encontram na Beira Baixa. (…)]; (…)
Na vasta área assim definida, os autores gregos e latinos situam os Lusitanos e os Calaicos. Devemos possivelmente entender estes dois nomes como unidades geo-políticas ou geo-estratégicas. (…) Callaeci – os limites geográficos deste povo são, por enquanto, incertos, mas talvez se devam situar no Tâmega e no Ave, ou, mais limitadamente, no Sousa e no Leça. O nome deste particular povo, Callaeci, foi logo usado pelos Romanos para designar o conjunto de todos os povos do Noroeste, pelo menos até ao Minho e às serras do Gerês, da Cabreira e do Marão. Os povos desta área eram vários, os seus nomes, bárbaros e difíceis de fixar ou até de entender; nestas circunstâncias, compreende-se que a parte tenha sido tomada pelo todo e que o nome de um deles tenha servido para designar a realidade geo-política que os integrava a todos.
(…)
Numa área tão vasta como esta que designamos de calaico-lusitana, havia seguramnente diferenças regionais. Seria ingénuo propormos uma divisão em duas unidades culturais, Callaeci e Lusitani, pois acabámos de ver que estes conceitos foram criados para designar realidades geo-estratégicas ou geo-políticas e não realidades culturais. Foram, além disso, criados por quem não tinha ainda, nem podia ter, conhecimento suficiente da realidade sociocultural dos povos contra os quais combatia.


In História de Portugal, edições Alfa.

25 de fevereiro de 2011 às 22:55:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

não consigo encontrar referência ao texto que citas aí, mas de qualquer maneira concordo com este parágrafo:

«O Douro não constituía fronteira cultural, apesar de, posteriormente, os Romanos terem traçado por ele o limite setentrional da província da Lusitânia e integrado na província Hispânia Citerior as terras a norte do rio.»

sim, o Douro não constituía fronteira cultural, como já estou farto de explicar, mesmo tendo os romanos fixado o limite aí, por motivos práticos.
o limite ficava um pouco mais abaixo, mas não tanto que chegasse ao Tejo (muito menos ao Alto Alentejo) e, provavelmente, nem sequer ao Mondego.



«pois acabámos de ver que estes conceitos foram criados para designar realidades geo-estratégicas ou geo-políticas e não realidades culturais.»


já não é possivel concordar com este parágrafo.
a divisão foi feita tendo em conta a cultura castreja do Noroeste.
existem castros idênticos na Beira Transmontana?
sim, mas só na Hinterland (transição), não por toda a Beira Interior, não até à fronteira do Tejo, não por toda a àrea lusitana.
eles aparecem esporadicamente apenas na Beira Alta e até ao Mondego, porque se trata de castros Galaicos.

http://2.bp.blogspot.com/_G7Wra71mbBk/S9HhQu245sI/AAAAAAAAAJw/0Qu81-TBbiQ/s1600/culturacastrexa%5B1%5D.jpg

os «castros» lusitanos existem, mas são totalmente diferentes e não pertencem à dita cultura castreja.

quanto aos guerreiros Galaicos, são todos do Norte do Douro, e mesmo a pseudo-estátua de guerreiro encontrada na Guarda é afinal uma tosca cabeça de granito, que um qualquer incompetente classificou como "estátua de guerreiro galaico". (Vasco Rodrigues, concretamente) coisa desmentida por especialistas como Calo Lourido.

ver aqui, do próprio Jorge Alarcão:

http://194.65.130.238/media/uploads/revistaportuguesadearqueologia/9_1/2/07-p.131-148.pdf



concretamente nas páginas 136 e 137.

28 de fevereiro de 2011 às 11:52:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Pior ainda… a respeito dos idiomas lusitano e galaico, há dúvidas se seriam dois diferentes ou na realidade duas variantes do mesmo"


segundo o mapa que trouxe aí, o Lusitano não só é uma lingua diferente do Galaico, como nem sequer é céltico. mas aceito que fosse aparentado com os idiomas célticos...

28 de fevereiro de 2011 às 11:53:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"«e, portanto, quem quer dizer que Galaicos e Lusitanos ainda assim são só uma etnia, é que tem de provar»

Tal como quem queira afirmar que de duas etnias diferentes se tratava."


não. pelo motivo que já expliquei. se à partida, temos duas entidades nomeadas e entendidas distintamente, quem quer dizer que são a mesma entidade é que tem que prová-lo e não o oposto.
isso é inversão da realidade.

28 de fevereiro de 2011 às 11:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Estrabão explica que foi por motivos militares…"


onde é que ele diz isso?

e por "motivos militares" chama-se Galaicos a um povo e Lusitanos a outro?

28 de fevereiro de 2011 às 11:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Pois não… outros factos o poderão provar, como por exemplo a ausência de comunidade religiosa entre Lusitanos e Vetões – os Galaicos têm os principais Deuses em comum com os Lusitanos, os Vetões não."


também não há continuidade religiosa entre Lusitanos e Galaicos. e que digas que partilham "os principais" (na realidade são apenas 4. Lug era um dos principais e só aparecia na Galécia. tal como Endovélico na Lusitânia), isso explica-se da mesma forma porque existem berberes convertidos ao islamismo e outros exemplos desses.
isso nada demonstra, a não ser a mobilidade e volatilidade desses cultos.
se houvesse «continuidade», os Deuses eram os mesmos.

28 de fevereiro de 2011 às 11:59:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

quanto aos guerreiros Galaicos serem todos da "àrea portuguesa" (lá está, o velho anacronismo, sempre a procurar as coincidências com o Estado Português actual), e nenhum da Galiza...isso é falso.

verificar aqui:

http://pobogalaico.files.wordpress.com/2010/06/distribuicao-guerreiros-galaicos.jpg

28 de fevereiro de 2011 às 12:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

que não estejam uniformemente distribuidos por todo o território, é outra coisa...e nem tinham forçosamente que estar. até porque se calhar, faltam encontrar guerreiros.

28 de fevereiro de 2011 às 12:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

e quanto ao artigo que colocas aí, diz num desses textos que na Galécia se falava uma lingua celta, pertencente às linguas goidélicas ou gaélicas, algo que sempre negaste terminantemente.


http://gl.wikipedia.org/wiki/Cultura_castrexa#A_lingua_castrexa

28 de fevereiro de 2011 às 12:06:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Ora como quem veio aqui fazer afirmações foi o brasuca…"


como se não tivesses nunca feito afirmações a respeito disto...
olha que tens uma lata...

28 de fevereiro de 2011 às 12:07:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Prehispanic_languages.gif"


este mapa apresenta a mesma lingua para o Noroeste Ibérico.
podia era ter dois ou três dialectos ou sub-dialectos diferentes.
mas a lingua era a mesma e diferente do Lusitano.


"http://wapedia.mobi/en/File:Ethnographic_Iberia_200_BCE.PNG"


neste, o Galaico também é diferente do Lusitano. e o Lusitano nem sequer é celta, mas pré-celta.

28 de fevereiro de 2011 às 12:09:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

quanto a Zamora, tinha sim influências Galaicas e da cultura do Noroeste, tal como também tinha a Beira Alta ou as Asturias, por exemplo.

28 de fevereiro de 2011 às 12:18:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

considerá-la Galaica hoje em dia, não sei bem, e teria de se rever melhor ou fazer um estudo, mas que a zona tem afinidades pelo menos lá com o Nordeste Transmontano, ah isso tem.

28 de fevereiro de 2011 às 12:19:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

quanto à palavra "Gallaecia" vir primeiro do Grego ou do Latim, embora seja discutivel...isso nem importa.
o que importa mesmo é a mesma raiz, origem comum e etnia comum de todo o Noroeste Peninsular. e, portanto, é indiferente se o nome veio ou não da tribo de Gaia+Porto.

28 de fevereiro de 2011 às 12:51:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

há quem diga que o nome dos Lusitanos veio de uma tribo celtibera chamada "Lusones", por essa ordem de ideias essa tribo é que seriam os verdadeiros Lusitanos também. enfim...

28 de fevereiro de 2011 às 12:52:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

outra coisa, é que mesmo quando o Noroeste Peninsular esteve englobado na Hispânia Citerior ou Tarraconensis, ou seja, mesmo quando a zona não tinha uma província própria/exclusiva, essa região era já conhecida pelo étimo "Gallaecia".

28 de fevereiro de 2011 às 12:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

já agora, a Ibéria de Estrabão, para acabar com as mentiras costumeiras do Caturo:

http://wapedia.mobi/thumb/4176501/en/fixed/470/298/Iberia-Strabon-es.png?format=jpg

28 de fevereiro de 2011 às 14:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

cultura dos castros, segundo Estrabão

http://libro.uca.edu/stanislawski/fig10.jpg

28 de fevereiro de 2011 às 14:51:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

já agora, parece que os gregos estiveram na Galécia bem antes dos romanos.
o termo "Kallaikia" é que deve ter sido depois latinizado e não o contrário disso.

28 de fevereiro de 2011 às 15:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Anterior é a aparição do gentilício callaecus, que parece designar primitivamente um povo estabelecido no território que agora corresponde ao Sul da Galiza e ao Norte de Portugal, na zona interior.
Mais ou menos pelo mesmo tempo aparecem as correspondentes formas gregas 6 88 46 H (kallaikós)
e 5 88 46 (Kallaikía). A habitual relação de antiguidade relativa grego / latim (isto é: a forma
grega como mais antiga que a latina) não parece dar-se neste caso: a realidade parece ser antes a inversa."




uma coisa não invalida a outra, porque o mais provável era os gregos terem um termo para designar o povo de todo o Noroeste (Kallaikoi) e outro para designar a tal tribo da foz do Douro (Kallaikos)

28 de fevereiro de 2011 às 15:12:00 WET  
Blogger Caturo said...

«e por "motivos militares" chama-se Galaicos a um povo e Lusitanos a outro?»

Correcto… militares e políticos, como a citação de Alarcão indica.


«e, portanto, quem quer dizer que Galaicos e Lusitanos ainda assim são só uma etnia, é que tem de provar»

Tal como quem queira afirmar que de duas etnias diferentes se tratava."

«não. pelo motivo que já expliquei. se à partida, temos duas entidades nomeadas»

Não. Tal como já foi explicado por Alarcão, o facto de haver dois nomes não indica forçosamente que haja duas etnias. É portanto quem quer fazer crer que estes dois nomes correspondem a etnias diferentes que tem de o provar.

17 de março de 2011 às 21:59:00 WET  
Blogger Caturo said...

"Pior ainda… a respeito dos idiomas lusitano e galaico, há dúvidas se seriam dois diferentes ou na realidade duas variantes do mesmo"

«segundo o mapa que trouxe aí, o Lusitano não só é uma lingua »

Mapas há muitos, teorias também. E a teoria da existência de um só idioma, com variantes, no noroeste ibérico, permanece forte.


«não consigo encontrar referência ao texto que citas aí, mas de qualquer maneira concordo com este parágrafo: «O Douro não constituía fronteira cultural, apesar de, posteriormente, os Romanos terem traçado por ele o limite setentrional da província da Lusitânia e integrado na província Hispânia Citerior as terras a norte do rio.» sim, o Douro não constituía fronteira cultural, como já estou farto de explicar,»

Deixa-te de tretas e de estar a querer desviar a conversa. O que Alarcão afirma é que não há uma fronteira cultural entre Lusitanos e Galaicos. O dizer que o Douro não é fronteira é um simbolismo, não é, como estás a querer dar a entender, uma ponte para tu poderes dizer que a fronteira é o Mondego ou qualquer outra. O que Alarcão diz é que não há uma diferença cultural notória entre Lusitanos e Galaicos.

17 de março de 2011 às 22:01:00 WET  
Blogger Caturo said...

«mesmo tendo os romanos fixado o limite aí, por motivos práticos. o limite ficava um pouco mais abaixo,»

Pois… e as provas disso, onde estão?


«pois acabámos de ver que estes conceitos foram criados para designar realidades geo-estratégicas ou geo-políticas e não realidades culturais.»

«já não é possivel concordar com este parágrafo. a divisão foi feita tendo em conta a cultura castreja do Noroeste»

Quem é que disse tal coisa? Quem disse que os Romanos se basearam na cultura castreja para fazer a divisão?


«existem castros idênticos na Beira Transmontana? sim, mas só na Hinterland (transição), não por toda a Beira Interior, não até à fronteira do Tejo, não por toda a àrea lusitana. eles aparecem esporadicamente apenas na Beira Alta e até ao Mondego, porque se trata de castros Galaicos»

Errado.
Generalizou-se a ideia de que os castros são típicos apenas do noroeste e durante muito tempo pensou-se inclusivamente que, abaixo do rio Mondego, nem sequer existiria este tipo de povoados. Graças às investigações de arqueólogos como Senna-Martinez, para a bacia do Mondego, Raquel Vilaça para a Beira Interior (distritos de Castelo Branco e parte sul do da Guarda), Ivone Pedro para a região de Viseu e Marcos Osório para o Alto Côa, para só citar os principais, essa ideia foi abandonada e veio-se provar que afinal existem e que é necessária uma prospecção muito mais vasta (…).

Páginas 28-9 de «Lusitanos No Tempo de Viriato», de João Luís Inês Vaz.

17 de março de 2011 às 22:01:00 WET  
Blogger Caturo said...

«http://2.bp.blogspot.com/_G7Wra71mbBk/S9HhQu245sI/AAAAAAAAAJw/0Qu81-TBbiQ/s1600/culturacastrexa%5B1%5D.jpg os «castros» lusitanos existem, mas são totalmente diferentes»

Não, não são. E foram feitos provavelmente pela estirpe que fez também os do noroeste, isto segundo o autor acima citado.


«quanto aos guerreiros Galaicos, são todos do Norte do Douro, e mesmo a pseudo-estátua de guerreiro encontrada na Guarda é afinal uma tosca cabeça de granito, que um qualquer incompetente classificou como "estátua de guerreiro galaico". (Vasco Rodrigues, concretamente)»

Ehehehheh, o ex-ariano é que tem competência para declarar que um dos maiores arqueólogos portugueses é «um qualquer incompetente»… a ignorância é muito atrevida, de facto, e a burrice então tem muita lata, por isso é que o ex-ariano fala com este mentecapto à vontade.


«coisa desmentida por especialistas como Calo Lourido. ver aqui,»

«Desmentidas», não – UM especialista é que diz isso, mas isso é a opinião dele contra a de Vasco Rodrigues…

17 de março de 2011 às 22:01:00 WET  
Blogger Caturo said...

Anterior é a aparição do gentilício callaecus, que parece designar primitivamente um povo estabelecido no território que agora corresponde ao Sul da Galiza e ao Norte de Portugal, na zona interior. Mais ou menos pelo mesmo tempo aparecem as correspondentes formas gregas 6 88 46 H (kallaikós) e 5 88 46 (Kallaikía). A habitual relação de antiguidade relativa grego / latim (isto é: a forma grega como mais antiga que a latina) não parece dar-se neste caso: a realidade parece ser antes a inversa.

uma coisa não invalida a outra, porque o mais provável era os gregos terem um termo para designar o povo de todo o Noroeste (Kallaikoi)»

Não é, de todo, o mais provável, segundo o que diz a maior parte dos autores: foram os Romanos que estenderam o termo a todo o noroeste ibérico. Porque, originalmente, etnicamente falando, o termo Calllaeci aplicava-se apenas a uma tribo das margens do Douro.

17 de março de 2011 às 22:03:00 WET  
Blogger Caturo said...

«e outro para designar a tal tribo da foz do Douro (Kallaikos»

E a fonte para isso é… alguma coisa de académico, ou apenas mais whishful thinking mádine ex-ariano?


«já agora, parece que os gregos estiveram na Galécia bem antes dos romanos»

E a fonte para atestar esse alegado facto é… algo de científico ou apenas mais whishful thinking mádine ex-ariano?...


«o termo "Kallaikia" é que deve ter sido depois latinizado e não o contrário disso»

Bem, isso dizes tu. É o contrário do que diz o texto que eu aqui trouxe. Em que baseias a tua afirmação?


«cultura dos castros, segundo Estrabão http://libro.uca.edu/stanislawski/fig10.jpg »

Gostava de saber em que passagem da «Geografia» de Estrabão se baseia esse mapa…
Já agora, é curioso que estenda a cultura castreja a todo o norte ibérico, não apenas à Galécia. Lá se vai a possibilidade de identificar a cultura castreja com uma nação em concreto…

17 de março de 2011 às 22:04:00 WET  
Blogger Caturo said...

«já agora, a Ibéria de Estrabão, para acabar com as mentiras costumeiras do Caturo: http://wapedia.mobi/thumb/4176501/en/fixed/470/298/Iberia-Strabon-es.png?format=jpg»

Já agora, uma passagem da «Geografia» de Estrabão para sanear a imbecilidade costumaz do ex-ariano:

http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3C*.html
And yet the country north of the Tagus, Lusitania, is the greatest of the Iberian nations, and is the nation against which the Romans waged war for the longest times. The boundaries of this country are: on the southern side, the Tagus; on the western and northern, the ocean; and on the eastern, the countries of the Carpetanians, Vettonians, Vaccaeans, and Callaicans, the well-known tribes; (…)Now the length of Lusitania to cape Nerium (…)And after these the River of Lethe,73 which by some persons is called Limaeas, but by others Belion;74 and this river, too, rises in the country of the Celtiberians and the Vaccaenas, as also does the river that comes after it, namely the Baenis (others say "Minius"), which is by far the greatest of the rivers in Lusitania (…)

E agora, da Wikipédia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lusit%C3%A2nia#Lusit.C3.A2nia_pr.C3.A9-romana
O historiador e geógrafo grego Estrabão (aprox. 63 a.C - 24 d.C) descreveu a Lusitânia pré-romana, numa primeira análise, desde o Tejo à costa cantábrica, tendo a Ocidente o Atlântico e a Oriente as terras de tribos célticas.

Claro que Estrabão diz que mais tarde a Lusitânia ficou limitada pelo Douro – mas ORIGINALMENTE, como aqui se disse, a Lusitânia englobava o noroeste, segundo Estrabão.

17 de março de 2011 às 22:05:00 WET  
Blogger Caturo said...

«outra coisa, é que mesmo quando o Noroeste Peninsular esteve englobado na Hispânia Citerior ou Tarraconensis, ou seja, mesmo quando a zona não tinha uma província própria/exclusiva, essa região era já conhecida pelo étimo "Gallaecia"»

O que os autores dizem é precisamente o contrário – toda essa região só recebeu esse nome POR INTERVENÇÃO dos Romanos, que estenderam o nome de uma só tribo a todo o noroeste ibérico.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Calaicos
As teorias mais divulgadas falam da origem do nome como sendo dado pelos romanos por terem sido a primeira tribo que enfrentaram, na zona de Cale e, pela sua braveza e espírito guerreiro, viu estendida a sua designação às outras tribos galaicas do Noroeste Peninsular.

Já agora, mais um mapa da Lusitânia pré-romana:
http://1.bp.blogspot.com/_XjmatoxgC1k/TUtKxfqUiTI/AAAAAAAAAFE/Mb8CwMHzTX8/s1600/0054.jpg

Daqui:
http://talabarte-marr.blogspot.com/2011/02/lusitanos.html

17 de março de 2011 às 22:05:00 WET  
Blogger Caturo said...

«há quem diga que o nome dos Lusitanos veio de uma tribo celtibera chamada "Lusones", por essa ordem de ideias essa tribo é que seriam os verdadeiros Lusitanos também»

Os verdadeiros, ou os irmãos… essa teoria existe, mas não está comprovada.
Já agora, por essa ordem de ideias esses Lusones da Ibéria oriental seriam descendentes dos Celtas Helvéticos Lusones
http://en.wikipedia.org/wiki/Lusones
A mixed people, the Spanish Lusones' included elements of early Italic (Oscan-Latin) and Gallic affiliation, the latter possibly related to the namesake Helvetic Lusones from present-day Switzerland. They spoke a variety of the Celtiberian language, though is believed that their ancestors migrated into Iberia around the 4th century BC [1][2]. They should not be confused with the Lusitanians, even if a relation between them both is plausible.

E, mais remotamente, estariam relacionados com os celtas (ou quem sabe eslavos…) da Lusácia, sita na Alemanha oriental…

17 de março de 2011 às 22:06:00 WET  
Blogger Caturo said...

«quanto à palavra "Gallaecia" vir primeiro do Grego ou do Latim, embora seja discutivel...isso nem importa. o que importa mesmo é a mesma raiz, origem comum e etnia comum de todo o Noroeste Peninsular»

Não, tem paciência – parece cada vez mais posto de parte que todo o noroeste ibérico fosse originalmente «galaico».

17 de março de 2011 às 22:07:00 WET  
Blogger Caturo said...

« e, portanto, é indiferente se o nome veio»

Não, não é indiferente. Ou agora os nomes diferentes dos povos já não interessam? Eheheheheh… Então há bocado interessava imenso que uns se chamassem Galaicos e outros Lusitanos e agora isso já não conta, porque «ai, são todos Galaicos e acabou-se!»? Ehehehehh…


«http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Prehispanic_languages.gif

este mapa apresenta a mesma lingua para o Noroeste Ibérico. podia era ter dois ou três dialectos»

Interessante, já nessa altura havia diferenças.

17 de Março de 2011 21h53min00s WET
Caturo said...
«http://wapedia.mobi/en/File:Ethnographic_Iberia_200_BCE.PNG" neste, o Galaico também é diferente do Lusitano»

Neste, o «Galaico» nem sequer se fala em toda a Galécia romana, além de se localizar entre o Celta e o Lusitano, como se fosse uma mistura dos dois.

17 de março de 2011 às 22:07:00 WET  
Blogger Caturo said...

"Ora como quem veio aqui fazer afirmações foi o brasuca…"

«como se não tivesses nunca feito afirmações a respeito disto...»

E das vezes que o fiz, trouxe aqui provas disso. O brasuca é que não, nem tu.

17 de março de 2011 às 22:08:00 WET  
Blogger Caturo said...

«e quanto ao artigo que colocas aí, diz num desses textos que na Galécia se falava uma lingua celta, pertencente às linguas goidélicas ou gaélicas, algo que sempre negaste terminantemente»

Sim, neguei-o, com base no que diz a maioria dos autores:

Scholarly handling of the Celtic languages has been rather argumentative owing to lack of much primary source data. Some scholars (such as Cowgill 1975; McCone 1991, 1992; and Schrijver 1995) distinguish Continental Celtic and Insular Celtic, arguing that the differences between the Goidelic and Brythonic languages arose after these split off from the Continental Celtic languages.

Ora o Galaico era uma Céltica Continental.

Outra divisão:
http://en.wikipedia.org/wiki/P-Celtic_and_Q-Celtic
There are two main competing schemata of categorisation of Celtic languages. The older P-Celtic/Q-Celtic hypothesis links Gaulish with Brythonic as P-Celtic and links Goidelic with Celtiberian as Q-Celtic. The difference between P and Q languages is the treatment of Proto-Celtic *kw, which became *p in the P-Celtic languages but *k in Goidelic. For example the word for head is pen in Brythonic languages but ceann in Goidelic; the word for son is mab (earlier map) in Brythonic but mac in Goidelic – maqq on the Primitive Irish Ogham inscriptions.
The other scheme, defended for example by McCone (1996), links Goidelic and Brythonic together as an Insular Celtic branch, as opposed to Continental Celtic languages including Gaulish and Celtiberian.


Significa isto que nas duas teorias explicativas principais, o Galaico é dado como não gaélico (ou não goidélico): porque ou é Continental, e, por isso, não goidélico, ou então pertence simplesmente ao grupo Céltico Q, ao qual também o Gaélico pertence, mas isso não é ser Gaélico e sim parente do Gaélico, isto é, derivado da mesma fonte, mas não o mesmo.

17 de março de 2011 às 22:09:00 WET  
Blogger Caturo said...

«quanto aos guerreiros Galaicos serem todos da "àrea portuguesa»

Eu não disse isso – o que eu disse é que a esmagadora maioria está na área portuguesa, ou pelo menos nas suas proximidades, e isso é um facto:
http://pobogalaico.files.wordpress.com/2010/06/distribuicao-guerreiros-galaicos.jpg

Claro que aí falta a estátua que foi encontrada na Lusitânia, olha que conveniente… ;)


Pois não… outros factos o poderão provar, como por exemplo a ausência de comunidade religiosa entre Lusitanos e Vetões – os Galaicos têm os principais Deuses em comum com os Lusitanos, os Vetões não

«também não há continuidade religiosa entre Lusitanos e Galaicos»

Há sim, sem margem para dúvidas – a maioria das inscrições religiosas de ambas as margens do Douro são dedicadas às mesmas Divindades.

17 de março de 2011 às 22:09:00 WET  
Blogger Caturo said...

«digas que partilham "os principais" (na realidade são apenas 4. Lug era um dos principais ~»

Lug não aparece, até ao momento, na Galécia Bracarense. Olha que curioso… Isto dando de barato que aparece na Galécia Lucense, naturalmente.


«e só aparecia na Galécia. tal como Endovélico na Lusitânia), isso explica-se da mesma forma porque existem berberes convertidos ao islamismo»

Pois, os Berberes que foram arabizados, e que ainda hoje estão sob domínio árabe, olha que coincidência… ehehhehh…
De resto, és TU quem tem de demonstrar que o caso é o mesmo. Terias de demonstrar que uma missão lusitana «evangelizou« a Galécia ou vice-versa…

17 de março de 2011 às 22:10:00 WET  
Blogger Caturo said...

«isso nada demonstra, a não ser a mobilidade e volatilidade desses cultos»

Errado, porque esses cultos só existem na Lusitânia e na Galécia, que têm outras afinidades, nomeadamente linguísticas, mas não na Vetónia nem a sul do Tejo. Nem em mais parte nenhuma do mundo.


«se houvesse «continuidade», os Deuses eram os mesmos»

E são, pelo menos alguns dos principais. Por isso se fala, em termos religiosos, do bloco do noroeste ibérico.


"Estrabão explica que foi por motivos militares…"

«onde é que ele diz isso?»

Aqui:
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3C*.html
and last, the Callaicans, who occupy a very considerable part of the mountainous country. For this reason, since they were very hard to fight with, the Callaicans themselves have not only furnished the surname for the man who defeated the Lusitanians but they have also brought it about that now, already, the most of the Lusitanians are called Callaicans.

Ui… ehehehh…

17 de março de 2011 às 22:10:00 WET  

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