sexta-feira, janeiro 14, 2011

OBRA LITERÁRIA MAIOR DA LITERATURA AMERICANA CENSURADA POR «RACISMO»


Aproveitando o recente centenário de Mark Twain (1835-1910), uma editora sediada no estado norte-americano do Alabama, a New South Books, prepara-se para lançar uma controversa reedição censurada de As Aventuras de Huckleberry Finn. Ao longo de todo o texto, as palavras "nigger", forma considerada ofensiva de referir uma pessoa de cor (para usar o português politicamente correcto), e "injun" (forma igualmente considerada ofensiva de referir os índios americanos) serão respectivamente substituídas pelos termos "slave" (escravo) e "indian" (índio).
(...)
A editora assegura que, em todos os casos, sem excepção, o termo depreciativo foi substituído por "slave". O que quer dizer que, para citar apenas um exemplo, onde, no capítulo VI, líamos "according to the old saying, "Give a nigger an inch and he"ll take an ell"" ["de acordo com o velho ditado "Dá uma polegada a um preto e ele tira uma vara""], teremos agora, por assim dizer, um novo velho provérbio.
Gribben argumenta que esta medida terá um efeito duplamente benéfico: fazer desaparecer "dois epítetos nocivos" e "contrariar a censura preventiva" que tem levado a que, por todo o mundo, "importantes obras literárias" sejam "retiradas dos currículos".

Tal é o poder da Santa Madre Igreja Anti-Racista, que já leva à censura que é ante-censura, como quem diz - antes que nos censurem a obra, vamos nós censurá-la...
Isto que é controlo e eficiência censória, de facto.

E que As Aventuras de Huckleberry Finn é uma importante obra literária é algo que poucos se atreverão hoje a negar. Hemingway escreveu: "Toda a literatura americana vem de um livro de Mark Twain chamado Huckleberry Finn. [...] Não houve nada antes. Não houve nada tão bom desde então." Das várias edições portuguesas da obra, a mais recente é da Relógio d"Água, com uma nova tradução de Sara Serras Pereira.
A favor de Gribben, há que dizer que "nigger" (em Portugal, mas já não no Brasil, "preto" traduz melhor a intenção depreciativa do termo) é hoje, provavelmente, a palavra com maior potencial ofensivo da língua inglesa, ainda que, em contexto informal, possa ser usada sem intenção ofensiva, quando ambos os interlocutores são negros. A própria imprensa, quando se vê obrigada a usá-la, opta frequentemente pela expressão "the N-word" (a palavra [começada por] N).

Faz lembrar aquelas histórias do tipo Harry Potter nas quais os «bons» nem sequer podem pronunciar o nome do supremo mau, dizendo apenas «aquele cujo nome não pode ser dito.» Mas isso são historietas de magias para crianças e jovens, não têm nada a ver com a realidade, na realidade dos adultos não há temores e fanatismos desses... ai pois não há não...
Enfim, estou obviamente a brincar. Claro que há tudo isso - uma religião é para se levar a sério, até ao pormenor, e a Santa Madre Igreja Anti-Racista não admite brincadeiras com coisas sagradas... este é novamente o tempo do respeitinho que é muito bonito... essa coisa de satirizar o «respeitinho que é muito bonito» e de cultivar a «irreverência» era só para convencer os jovens a abandonar de vez as tradições dos antepassados, os jovens e os totós inseguros que quisessem estar na moda. Portanto: diante dos costumes e do culto dos antepassados, e das coisas sagradas e importantes para a tua nação, jovenzinho, isso é tudo fantochada, é para ridicularizar, não sejas submisso!, revolta-te contra os valores dos teus papás e dos teus professores!!!; agora, diante dos valores e da sacralidade do Amado Outro, aí tem calminha que aí já não podes ser irreverente, vê lá se és adulto e respeitador, e não és mal formado, e te portas como um «excelente ser humano» (categoria teológica criada pela Santa Madre Igreja politicamente correcta para definir o modelo ideal de pessoa, sem referir sexos ou raças...).

Gribben também não está a exagerar quando afirma que o livro vem sendo banido de currículos escolares pela inusitada frequência da palavra maldita. Nas últimas décadas, têm sido muitos os protestos de pais a exigir que os seus filhos não sejam "forçados" a ler na escola as aventuras de Huck Finn e do seu amigo Jim, um escravo fugitivo, ao longo do Mississípi. Segundo a Associação das Bibliotecas Americanas, é mesmo o livro cuja presença nas salas de aulas dos Estados Unidos tem sido mais contestada. Um caso a que a imprensa deu relevo, por causa da polémica pública que desencadeou, ocorreu em 2003 no liceu público de Renton, no estado de Washington, quando Beatrice Clark, presidente da associação conjunta de docentes, pais e alunos da escola tentou impedir um professor de dar a ler o livro numa disciplina que era frequentada pela sua neta Phair, de 16 anos. Em declarações a um jornal de Seattle, Phair afirmou: "Senti-me humilhada e horrorizada por se estar a ensinar esse livro, que tem a palavra "negro" 215 vezes." (Ter-lhe-ão escapado quatro, já que, a confiar na contabilidade de Gribben, serão mesmo 219.) A sua avó, que apenas conseguiu que o liceu nomeasse uma comissão para estudar a forma mais adequada de apresentar a obra aos alunos, argumentou: "Não é apenas uma palavra: carrega o sangue dos nossos antepassados; chamavam-lhes isso quando estavam a ser linchados, ou enquanto eram enforcados."

Não se esqueçam pois, caros leitores, que «tuga» era o que a guerrilha angolana chamava aos portugueses enquanto os combatiam e por vezes os chacinavam cruel e cobardemente, como aconteceu a várias populações de civis brancos no meio do mato...
(...) Twain foi muito criticado pela presença do racismo no livro, mas sempre se recusou a alterar fosse o que fosse. (...)

Um bandalho indisciplinado, este Twa... ops, calma, que este era um grande autor. É preciso garantir que o gajo no fundo era anti-racista, como a seguir se diz... (ler no link).

"Podemos aplaudir Twain como um autor realista proeminente que registou a fala de uma determinada região durante uma época histórica específica", reconhece Gribben. Mas acrescenta que os "insultos raciais abusivos" são "repulsivos para os leitores de hoje".(...)

«Os leitores de hoje», isto é, fala-se em nome de toda a gente e acabou, e ai de quem se atrever a dizer «para mim não é repulsivo», que corre de imediato riscos diversos... A Santa Inquisição Anti-Racista não dorme.

Muitos académicos ingleses e americanos já se insurgiram contra o que consideram ser uma despropositada concessão ao politicamente correcto. Geff Barton, director da escola secundária inglesa King Edward VI, acha "deprimente" que "não se confie nos jovens para perceber o contexto das obras", e, numa alusão à personagem shakespeariana do agiota judeu Shylock, pergunta: "Também vamos ensinar uma versão purificada d" O Mercador de Veneza?"

Não lhes dês ideias, porra, não lhes dês ideias...

(...)
A palavra "nigger" foi sempre ofensiva, e era-o na época em que Twain escreveu o livro. Se a usou 219 vezes, não foi decerto por acaso, sobretudo tendo em conta que se trata do homem que, numa carta enviada em 1888 ao padre George Bainton (que a publicou no seu livro The Art of Authorship), escreveu: "A diferença entre a palavra quase certa e a palavra certa é deveras vasta - é a diferença entre um pirilampo e um relâmpago."

Já agora, e porque o jornalista não o disse, isto em Inglês tem um aspecto diferente, visto que em Inglês as duas palavras quase se confundem: «lightning bub» (pirilampo) e «lightning» (relâmpago).

7 Comments:

Blogger legião 1143 said...

foi o primeiro livro que li , tinha para aí dez anos e ainda podíamos andar na escola sem ver uma única BARATA , quanto à expressão tuga , ainda hoje falei sobre isso exactamente com um ex-vermelho .

14 de janeiro de 2011 às 03:09:00 WET  
Blogger Anti-ex-ariano said...

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«(…) Mas isso são historietas de magias para crianças e jovens, não têm nada a ver com a realidade, na realidade dos adultos não há temores e fanatismos desses... ai pois não há não...»
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Ah ah ah, brilhante! A realidade ultrapassa mais uma vez a ficção!...

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“(…)essa coisa de satirizar o «respeitinho que é muito bonito» e de cultivar a «irreverência» era só para convencer os jovens a abandonar de vez as tradições dos antepassados, os jovens e os totós inseguros que quisessem estar na moda.”
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Ou não fosse a geração de 60 a primeira em séculos na Europa cujos filhos terão pior qualidade de vida do que os pais. É bem revelador do sucesso que foram os resultados da “irreverência” desta cambada de hippies apátridas e revolucionários.

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“(…) agora, diante dos valores e da sacralidade do Amado Outro, aí tem calminha que aí já não podes ser irreverente, vê lá se és adulto e respeitador, e não és mal formado, e te portas como um «excelente ser humano»”
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Que é como diz “sê irreverente, mas não faças ondas; sê revolucionário, mas não mudes nada; sê contestatário, mas só em relação ao que pode ser contestado”. E pensar que tanta gente engole isto sem dizer nem sim, nem sopas…

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Não se esqueçam pois, caros leitores, que «tuga» era o que a guerrilha angolana chamava aos portugueses enquanto os combatiam e por vezes os chacinavam cruel e cobardemente, como aconteceu a várias populações de civis brancos no meio do mato...
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E, no entanto, aparece de vez em quando aqui um estafermo que se identifica orgulhosamente como sendo um “Tuga do Tugal”. Será autofobia, ignorânica ou ambas?

14 de janeiro de 2011 às 12:39:00 WET  
Blogger Anti-ex-ariano said...

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“«Os leitores de hoje», isto é, fala-se em nome de toda a gente e acabou, e ai de quem se atrever a dizer «para mim não é repulsivo», que corre de imediato riscos diversos... A Santa Inquisição Anti-Racista não dorme.”
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Esses tipos que diriam «para mim não é repulsivo» já nem sequer podem ter voz, conforme atesta o exemplo de Oldham. O descaramento anti-democrático dos multiculturalistas já chega a tanto.

14 de janeiro de 2011 às 12:47:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Ambos os livros foram escritos não a apoiar mas a retratar uma determinada época e um determinado procedimento em relação a Afro-Americanos e Nativos-Americanos. É a imagem duma época. A única coisa que estão a fazer com a censura é mascarar a própria verdade e a branquear a História que Mark Twain expôs. Ninguém o pode acusar de ser anti qualquer dos dois grupos. É, apenas, uma questão de semântica!...

14 de janeiro de 2011 às 13:35:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

e apelidar um povo de escravo não será também racista, ofensivo?

enfim que ridiculo.
pode-se chamar loiro, ruivo, branco à vontade, nao ha problema nenhum, mas nigger, black, já é um grande problema. Parece que nao tem orgulho na raça deles e os proprios brancos acham que é uma deficiencia, inferioridade, dai nao podermos chamar-lhes de pretos.

Ainda me lembro quando era mais novo, varias pessoas diziam "nao lhes chames pretos, que eles nao gostam".
Pois não gostam do que são e depois nós é que não gostamos deles, nós é que somos racistas e os achamos feios etc etc.

14 de janeiro de 2011 às 14:56:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Mas os negros precisam ler o livro?Creio que os jovens, principalmente o brancos, não irão agir de forma "racista", por toda a pressão doentia que se faz contra os mesmos para não irritar, sequer, qualquer uma pessoa de cor.Está aí um bom motivo para retornar aos bons tempso da segregação, se o negros senteem-se ofendidos, então ponha-os em escolas exclusivas para eles.Patrulha ideológica, nada mais.

14 de janeiro de 2011 às 16:51:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

DEPORTAÇÃO.

20 de janeiro de 2011 às 22:42:00 WET  

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