INFILTRADO DO SIS FALA SOBRE MOVIMENTAÇÕES ISLAMISTAS EM PORTUGAL

E agora, cambada, uma leitura muito apropriada para seguir pela noite dentro, especialmente se estiver frio e se chover melhor ainda... o artigo que se segue é longo, mas as pessoas de mais bom gosto vão ao final achá-lo curto e pedir mais; para lerem mais terão todavia de comprar a edição de 9 de Setembro do jornal «O Crime», do qual passo a apresentar os excertos de uma entrevista a um ex-agente do SIS, Manuel Fernando (MF), que se infiltrou na comunidade muçulmana de Portugal durante uns tempos:

«(...) trabalhou quatro anos (entre 2002 e 2006) no departamento de pesquisa antiterrorista do Serviço de Informações de Segurança (SIS). (...) frequentou as mesquitas e as casas de suspeitos de envolvimento no terrorismo árabe.

Manuel Fernando (MF):(...) é sabido que na altura passaram por Portugal elementos suspeitos, nomeadamente do Tabligh Jamat, uma organização muçulmana de missionários radicais. Alguns foram presos em Londres, onde estariam a preparar ataques químicos. Na altura tive conhecimento da sua actividade em Portugal e comuniquei aos serviços. Já em 2008, paquistaneses ligados à mesma organização foram presos em Espanha.
(...)
Já conhecia gente na área da "inteligência" incluindo estrangeiros. Conservo uma boa ligação a alguns elementos judeus, incluindo alguns adidos militares americanos, mas não quero alongar-me sobre esse assunto.

O Crime (C): Foi contratado para o trabalho específico junto da comunidade islâmica?
MF: Sim, o atentado de 11 de Setembro de 2001 tinha tornado real a ameaça, que ainda se mantém, e o SIS pretendia melhor informação sobre as movimentações de certos elementos em Portugal. Eu não conhecia ninguém na comunidade islâmica.
(...)
C: Do ponto de vista operacional, não seria mais útil aliciar alguém do interior da própria comunidade?
MF: E quem é que lhe diz que não o fizeram também? Claro que sim. A espionagem é um jogo de espelhos. A questão que se coloca aqui é o nível de confiança. Para o serviço era mais seguro recrutar uma pessoa de fora, sobretudo se for alguém que goste do que está a fazer. E eu gostava. Mas também fui alertado várias vezes para a presença de elementos portugueses quer trabalhavam para serviços de informações estrangeiros com representação diplomática em Portugal.

C: Como é que se infiltrou?
MF: Converti-me à religião islâmica. Tive que me preparar psicologicamente. E já ia com uma formação específica sobre a religião em questão. Fui apresentado ao imã e a conversão seguiu o seu rumo.

C: O facto de ser ocidental não levantou suspeitas entre a comunidade? Foi "apertado"?
MF: No início pensei que estava num hospital psiquiátrico. Durante um tempo andaram desconfiados mas tudo depende da capacidade do indivíduo em tornar-se credível. E eu aprendi a comportar-me como um muçulmano. Eu já tinha uma "escola" cá fora e tratei de consolidar os meus objectivos. Dizia a mim próprio: "tu vais conseguir!" Não foi fácil. Por exemplo, quando ia à casa de banho iam atrás de mim. E tive que perceber porquê: eu tinha que lavar-me antes de rezar. E fazia jejum. Mas não podia ser tão perfeito que levantasse suspeitas. Foi um trabalho demorado. Converti-me e passei a ir à mesquita todas as tardes. Eu era um homem novo, de acordo com a filosofia muçulmana. Até queriam arranjar-me uma mulher muçulmana. (...) Sabia que estava continuamente a ser testado. Tive que entrar naquele jogo, alinhando com os fanáticos que criticavam a NATO ou a política israelita, por exemplo. Tinha que apoiar a Jihad islâmica e o Hamas. Era um jogo perigoso, mas necessário.

C: Você contactava com um oficial de ligação do SIS a quem dava conta dos progressos. Como é que contactavam?
MF: Encontrávamo-nos em vários sítios. Era preciso identificar os indivíduos mais radicais, para mais tarde perceber se podiam ser perigosos para a segurança nacional. (...) Em 2004 avançou-se mais, sobretudo na altura dos atentados do 11 de Março, em Madrid.

C: Como é que a comunidade muçulmana em Portugal viveu esse atentado?
MF: Alguns muçulmanos - nem todos são radicais - beberam chá comigo (eles não bebem champanhe) para comemorar. Houve que aproveitar essa situação questionando-os sobre a eventualidade de atentados em Portugal. Nós tinhamos tropas no Iraque e o Durão Barroso tinha estado com o Bush na cimeira dos Açores. Por vezes até me achavam mais radical do que eles próprios...
(...)
Em 2004 passei a ter mais convites para visitar "irmãos". Em 2005 acontecem os atentados em Londres. Estados Unidos, Espanha e depois Inglaterra. Portugal podia ser a seguir. Só me diziam que era preciso ter calma e que havia de chegar a altura. Estavam a testar-me, mas eu tomava os meus cuidados. Ninguém na minha família conhecia a natureza do meu trabalho.
(...)
C: E o próprio SIS, também o vigiava?
MF: Não creio. Eu estava a fazer um bom trabalho. Era avisado quando havia alguma coisa anormal. Sabia quais eram os muçulmanos que me investigavam, que foram à minha morada fazer perguntas. Mas ninguém me conhecia, não houve problema.

C: Mas convidaram-no para actividades mais radicais?
MF: Sim, eu só pude ir mais fundo com autorização do SIS. Não podia fazer nada de ilegal. Descobri, por exemplo, como eram feitos os casamentos dos radicais com cidadãs portuguesas para conseguirem movimentar-se mais facilmente no espaço europeu.

C: Era uma espécie de agente provocador?
MF: Não era agente provocador. Aliás, a lei portuguesa proíbe-o. A pesquisa leva a que se tenha de provocar e recuar.
(...)
C: Nessas circunstâncias, não lhe perguntaram se estava disponível para se envolver de forma mais activa?
MF: Falaram disso e mais tarde acabaram por recuar, explicando-me que, a haver um atentado em Portugal, não seria feito por gente da comunidade no nosso país. Teriam que vir de fora. Em Janeiro de 2006 disseram-me que "ia ter uma surpresa", pois seria apresentado a uma individualidade que vinha de África e que já tinha estado no Afeganistão e no Paquistão. E não há dúvida de que no início desse ano me apresentaram um indivíduo suspeito. Tratava-se de um "irmão" com dinheiro e nível universitário. (...) sei que ele foi seguido por uma equipa de vigilância do SIS. (...) Perguntaram-me, em cima da hora, se queria ir a Córdoba visitar "irmãos". (...) Eu desconhecia o que íamos fazer, pois estava perante indivíduos preparados e treinados e que não viajam de avião. Pouco usam o telemóvel, preferem as cabines e os computadores públicos. Nessa altura sei que estava protegido por elementos do SIS. Havia a hipótese de pretenderem eliminar-me. Não sabia e o serviço jogava pelo seguro.
(...)
C: Concretamente, o que é que ele fez em Espanha?
MF: Entregou a outros "irmãos" planos e documentos.
C: Planos relacionados com atentados ou informação?
MF: Informação e provavelmente mais atentados. A polícia espanhola estragou a operação. Em Córdoba fomos alvo de forte vigilância. (...) encontrámo-nos com vários "irmãos" e até um "sueco" convertido ao Islão há mais de 20 anos. (...) Na mesquita, novos encontros e entrega de outros papéis. (...) tinha com ele papéis contra o Ocidente que podiam cair em mãos erradas, no caso de algum controlo policial (...) Na capital espanhola, outra surpresa me aguardava: íamos jantar com duas pessoas dos serviços secretos sírios. Acontece que, logo depois, apareceu a Guarda Civil espanhola e pediu-nos os documentos. Um dos polícias segredou-me: "és dos nossos". O encontro com os sírios foi por água abaixo.(...) o encontro com os sírios poderia ter revelado informação preciosa, até porque ia ter lugar em Portugal a presidência da UE. Tudo parou devido à intervenção dos espanhóis. Durante a viagem, o meu acompanhante só me disse que estavam a ser preparados planos para Espanha e Portugal. Parou tudo. Sei que, depois, um representante do SIS foi ao Pentágono, nos EUA, por causa desses planos. Quanto ao meu acompanhante na viagem a Espanha, regressou a Moçambique, onde vivia. Soube também que alguém do SIEDM, os serviços de informações militares, foi para África vigiar os seus passos.

C: Do que percebeu na sua presença nestes meios acha que há alguma organização radical capaz de levar a cabo um atentado em Portugal?
MF: Acredito que a comunidade islâmica em Portugal, como dizem as autoridades, é pacífica. De qualquer forma, os elementos radicais têm capacidade para isso.
(...)
C: Circula em certos meios que estará a ser preparada uma acção espectacular para a cimeira da NATO, que vai realizar-se em Novembro, em Portugal. Tem conhecimento?
MF: Não tenho conhecimento mas há organizações anarquistas que podem ter essa tentação. Não é uma novidade. Quanto ao terrorismo islâmico, os talibãs paquistaneses ameaçaram esta semana atacar os Estados Unidos e o Ocidente. Portugal faz parte do Ocidente. (...)

(Continua daqui a bocado...)
(Continuando...)

C: O ministro da Defesa anunciou a ida para o Líbano.
MF: Pois anunciou e devia ter-se demitido. Ou você acha que o Hezbollah ou o Hamas não estão à espera deles? Não é só o dinheiro que custa, mas a segurança dos agentes que está em causa. Há alguns anos, o então ministro Veiga Simão fez uma coisa semelhante, divulgando os nomes dos agentes na assembleia. (...)

C: Depois de sair do SIS, já foi convidado?
MF: Sou um homem livre, Portugal tem relações normais com todos os países ocidentais e eu posso trabalhar para quem quiser, logo que não ponha em causa a segurança nacional.
(...)
C: Qual a comunidade espia mais activa em Portugal? A americana ou a russa?
MF: Acredito que os EUA, dada a sua importância como potência. O Pacto de Varsóvia acabou, a Rússia perdeu espaço e importância.(...)

C: Na comunidade islâmica, souberam que você era espião?
MF: Sim, auto-denunciei-me. O Serviço não se portou bem, mas eu dei-lhe conhecimento.

C: E recebeu algumas reacções dessas pessoas com quem se relacionava na comunidade?
MF: Alguns ficaram zangados, mas outros ainda me agradeceram, pois o facto de eu ter contacto evitou que pudessem ser presos. Sentem que me devem o facto de não terem sido detidos. Acabou por ser útil para eles. Tanto que os mais relevantes do ponto de vista intelectual ou os mais endinheirados ainda me falam. Apesar de tudo, reconhecem que mantive algum interesse por aquela cultura.
(...)
C: Recebeu ameaças?
MF: Em Setembro do ano passado recebi uma carta anónima e também alguns telefonemas que, embora não fossem identificados, soube terem sido feitas em cabines públicas, uma perto da mesquita de Odivelas e outra perto da mesquita do Laranjeiro, em Almada. Num dos casos diziam que iam pôr uma bomba no meu prédio...

Casamentos de Favor
C: Os casamentos fictícios são uma forma de os terroristas se instalarem na Europa. Qual é a situação em Portugal, do que conhece?
MF: Já foram desmanteladas várias redes. Ainda em Janeiro de 2009 a PJ prendeu uma rede paquistanesa que actuava no Intendente, Lisboa. Mas continuo a crer que ainda há muitas mulheres recrutadas para este tipo de casamentos. Nesta área há também um forte peso da imigração ilegal. Fala-se muito agora das mulheres brasileiras que casam em Portugal para depois se instalarem em Inglaterra e outros países da Europa.

Há planos terroristas para Portugal? E há agentes sírios envolvidos nisso, e logo os sírios, que são do «Islão moderado» e «aliados» do Ocidente?...

E esta conversa de haver uns quantos radicais islamistas na comunidade islâmica tuga... que estão pelo Hamas, pela Jihad, que festejam ataques terroristas e que têm contactos com as fileiras do terrorismo islâmico internacional... então afinal sempre é verdade que os islamófobos paranóicos e «incitadores ao ódio» têm razão - que mesmo numa comunidade muçulmana pacífica, há sempre um perigo de morte contra o país ocidental que a albergar...