BBC ABRE CONCURSO PARA SITCOMS MULTICULTURAIS

A BBC, principal cadeia televisiva do Reino Unido, e uma das mais tradicionalmente relevantes no Ocidente, lançou recentemente um concurso dirigido apenas a novas séries de comédia «sitcoms» que sejam multiculturais, porque os «bosses» da coisa afirmam que o panorama televisivo da estação é neste caso «demasiado branco e classe média».
Os executivos da BBC apelam assim a que os autores que considerem que as suas vidas estão sub-representadas na televisão que escrevam umas primeiras dez páginas de uma sitcom, podendo o vencedor do concurso ter a hipótese de conseguir escrever uma série inteira.

Portanto, um indígena britânico que ande farto de ver castanhismos e pretismos e turbantes e narizes largos e achatados e caras prognatas no dia a dia, nos transportes públicos, no trabalho, na escola, na rua assim que sai pela porta, já nem terá o consolo de ao menos poder, ao chegar a casa ao fim do dia, sentar-se na sua poltrona, com a sua bebida fria na mão e ligar o televisor para ver uma inocente comédia com gente sua... (por outro lado, é bem-feita para quem esteve demasiado tempo sentado no sofá, ignorando o que se passava nas fronteiras da Pátria).

Ou seja,
- afinal a raça interessa, e interessa muito, muitíssimo, porque até mesmo numa coisa tão aparentemente inofensiva como uma série de comédia caseira, até nisso os donos do sistema torcem o nariz se a pele dos actores for branca... afinal não são só os «racistas paranóicos e nazis» que dão importância a estas coisas...
- afinal, o multiculturalismo não é o reino da tolerância e do espaço para todos, porque desta feita o tranquilo telespectador indígena vai ser confrontado com uma redução do espaço da sua própria gente precisamente no mais representativo e simbólico espaço comum a todos nos dias de hoje, que é a televisão...
- afinal, o multiculturalismo também não representa igualdade, pois que esta medida é notoriamente discriminatória a favor das minorias étnicas.

Observa-se que nem sequer está aqui em causa a proporção racial de telespectadores. Bem entendido, se a proporção de profissionais do espectáculo não brancos fosse já tal que levasse a que as séries televisivas britânicas se enchessem de não brancos, o caso seria já por si muitíssimo grave e alarmante para os indígenas; desta vez, porém, ainda não se chegou a isso. Esta substituição étnica dos temas e dos actores não acontece de modo meramente «natural», demográfico, mas sim intencional e ideológico. Que se lixe a verdadeira proporção racial de profissionais televisivos, que se lixe até um factor tão elementar como a qualidade das narrativas, o que interessa é a raça. Isto só num Estado racial...

De resto, nada disto é novo, ou exclusivo da velha Albion, que eu bem me lembro de uma sitcom de merda que aí há uns anos passava na SIC, em que, numa residência para estudantes, o proprietário era um somítico e mesquinho branco racista, o resto das personagens era mais ou menos idiota e só o estudante negro era sempre sábio e dava sempre as «lições» de boa formação moral... e este é apenas um exemplo, a par de muitos outros, a maioria provenientes dos EUA.
Aliás, o anterior director geral da BBC, Greg Dyke, já em 2004 tinha descrito a equipa da BBC como «horrivelmente branca».
O que de qualquer modo se regista é a declaração de princípio, é a coisa ser abertamente anunciada como uma espécie de dever moral. E contra esta abjecta degradação que faz uma descarada e ultrajante pose de «ética», ergue-se o Nacionalismo.