W.C.E.R. - E.C.E.R. 2010
Tenho agora finalmente tempo para dar a conhecer um pouco do que se fez nestes últimos dias em Bolonha...
Do dia 26 ao dia 29 do corrente, realizou-se a XIII sessão anual do Congresso Mundial das Religiões Étnicas (W.C.E.R., em Inglês), que passou agora a chamar-se Congresso Europeu das Religiões Étnicas (E.C.E.R.) e que este ano teve por tema «a Ética no Mundo Contemporâneo». Contou com a presença da delegação anfitriã, naturalmente, e também com membros e observadores da Lituânia, da Letónia, da Rússia, da Sibéria, da Ucrânia, da Polónia, da Dinamarca, da Noruega, da Alemanha, da França, da Grécia, da Índia e, pela primeira vez, de Portugal...
Ora o representante de Portugal fui eu - coube-me a honra de estar presente, como observador, tendo para tal sido convidado, a título de dinamizador do grupo Lealdade Sacra, pelos correligionários italianos do grupo Gentilitas, de culto latino (e celto-latino do norte de Itália), no que foi a primeira presença portuguesa no WCER. Uma vez que cheguei tarde, não pude assistir às actividades do primeiro dia, que consistiram na apresentação dos vários grupos e tradições, mas no dia seguinte fui ver os principais monumentos religiosos indígenas de Roma, cedíssimo como o caraças, numa visita guiada pela Gentilitas, para todos os membros e simpatizantes da WCER: numa viagem de autocarro de Bolonha à Cidade da Loba (quatro horas a contemplar belos vales e montanhas, por vezes enevoados, mas com um calor camandrial), passámos pelo novo templo de Minerva, recentemente criado pelos jovens da organização Pietas, onde pudemos assistir a um ritual dedicado à respectiva Deusa, bem como à Concórdia, à Vitória e a Volturnus. Visitámos em seguida o Palatium, que é a raiz de Roma, o Monte Palatino, onde Rómulo, o fundador e primeiro rei da cidade, traçou a fronteira simbólica e sagrada de Roma, onde trilhámos a Via Sacra, passámos pela suposta tumba de Rómulo, e pelos mais antigos e sagrados templos de Roma - de Saturno, de Júpiter, de Castor e Polux - e, já fora do Palatium, passámos pelas ruínas do templo de Apolo e adentrámos o magnífico Panteão, que foi criado como templo romano mas mais tarde usurpado pelos cristãos, que o tentaram deitar abaixo mas, como não conseguiram ou mudaram de ideia, profanaram-no a seguir com o enterramento, no templo, dos seus mortos e a criação aí de capelas cristãs. Actualmente, os pagãos não podem adorar aí os Deuses para Cujo culto o templo foi edificado, sob pena de prisão, segundo me contaram os membros da Gentilitas.
Pode ver-se o resto do programa, que nem sempre foi seguido, nesta página.
No último dia, 29, os correligionários da Gentilitas convidaram-me para discursar, em não mais de cinco minutos, no intuito de inaugurar a presença portuguesa e dizer umas palavritas breves sobre as condicionantes essenciais da cena pagã em Portugal no que à religiosidade étnica indígena diz respeito, o que incluiu uma breve referência da minha parte aos Deuses principais dos nossos ancestrais. Agradeci, como não podia deixar de ser, ao Gentilitas pelo simpático convite e pelo entusiasmo com que me receberam.
A mudança de nome de WCER para ECER, já referida acima, foi decidida pelo presidente Jonas Trinkunas e aprovada por meio de voto pela maioria dos membros. A ideia surgiu quando Trinkunas esteve presente no das religiões, na Austrália (ver aqui mais sobre a prestação de Trinkunas nessa ocasião) e percebeu que, para o Congresso se tornar efectivo e útil, precisava de ter uma definição mais rigorosa e específica, centrada por isso na Europa, o que ao mesmo tempo facilitararia um contacto institucional com a União Europeia. Até porque, de qualquer modo, como Trinkunas relatou, os praticantes dos cultos indígenas não europeus não parecem querer juntar-se a Europeus numa causa religiosa indigenista, visto que têm na memória o que aconteceu às suas religiões pela mão de Europeus (mas por inspiração e a mando da Cristandade).
Pude nesta ocasião ter a honra de conhecer pessoalmente alguns dos integrantes do Gentilitas, entre os quais Marina Coloni, o seu marido Alessandro Malato, e outros mais, além do editor da revista de estudos pagãos latinos «Citadella» e da editora Libri del Graal, Serafino di Luia, que por acaso fala Português, conhece Camões e Pessoa e teve a generosa atitude de me oferecer um dos números da sua revista; tive igualmente a honra de ser apresentado, pelo Gentilitas, ao supramencionado Trinkunas, e de conhecer a sua esposa Inija Trinkuniene. Trinkunas é um sacerdote lituano que começou a disseminar o culto aos Deuses baltas nos anos sessenta, tendo por isso sido perseguido pelo KGB e obrigado a sair do País, voltando depois do fim do regime comunista e iniciando, em 1992, uma nova fase de dinamização das religião nacional lituana.
Conheci também o ideólogo pagão russo Pavel Tulaev, o pagão norte-americano de origem espanhola-cubana Andras Corban, o sikh indiano Rajinder Singh, que vive no Reino Unido é o primeiro membro não europeu do BNP, e que de boa vontade comprou um souvenir pagão para homenagear o Paganismo Europeu agredido pela Cristandade, o militante hindu Surindir Paul Attri, sediado nos EUA, o professor Renato del Ponte, representante do M.T.R. (Movimento Tradicional Romano), os representantes do grupo dinamarquês Forn Sidr, um dos quais me informou que ainda nenhum dos seus membros morreu em combate no Afeganistão (a Dinamarca tem tropas em terra afegã e muitos destes soldados são pagãos), além de muitos outros, incluindo gente das delegações lituana, letã, ucraniana, polaca, além do sociólogo polaco Piotr Wiench, que veio falar da relação entre a genética (R1A e R1B) e a etnicidade, e suas consequências para as religiões étnicas da Europa.
Houve lugar para longas dissertações, nomeadamente sobre a Deusa venética Reitia, e, posteriormente, sobre a filósofa pagã alexandrina Hipátia e a visão pagã do mundo, isto por parte de dois professores universitários não integrantes de qualquer grupo pagão.
Do dia 26 ao dia 29 do corrente, realizou-se a XIII sessão anual do Congresso Mundial das Religiões Étnicas (W.C.E.R., em Inglês), que passou agora a chamar-se Congresso Europeu das Religiões Étnicas (E.C.E.R.) e que este ano teve por tema «a Ética no Mundo Contemporâneo». Contou com a presença da delegação anfitriã, naturalmente, e também com membros e observadores da Lituânia, da Letónia, da Rússia, da Sibéria, da Ucrânia, da Polónia, da Dinamarca, da Noruega, da Alemanha, da França, da Grécia, da Índia e, pela primeira vez, de Portugal...
Ora o representante de Portugal fui eu - coube-me a honra de estar presente, como observador, tendo para tal sido convidado, a título de dinamizador do grupo Lealdade Sacra, pelos correligionários italianos do grupo Gentilitas, de culto latino (e celto-latino do norte de Itália), no que foi a primeira presença portuguesa no WCER. Uma vez que cheguei tarde, não pude assistir às actividades do primeiro dia, que consistiram na apresentação dos vários grupos e tradições, mas no dia seguinte fui ver os principais monumentos religiosos indígenas de Roma, cedíssimo como o caraças, numa visita guiada pela Gentilitas, para todos os membros e simpatizantes da WCER: numa viagem de autocarro de Bolonha à Cidade da Loba (quatro horas a contemplar belos vales e montanhas, por vezes enevoados, mas com um calor camandrial), passámos pelo novo templo de Minerva, recentemente criado pelos jovens da organização Pietas, onde pudemos assistir a um ritual dedicado à respectiva Deusa, bem como à Concórdia, à Vitória e a Volturnus. Visitámos em seguida o Palatium, que é a raiz de Roma, o Monte Palatino, onde Rómulo, o fundador e primeiro rei da cidade, traçou a fronteira simbólica e sagrada de Roma, onde trilhámos a Via Sacra, passámos pela suposta tumba de Rómulo, e pelos mais antigos e sagrados templos de Roma - de Saturno, de Júpiter, de Castor e Polux - e, já fora do Palatium, passámos pelas ruínas do templo de Apolo e adentrámos o magnífico Panteão, que foi criado como templo romano mas mais tarde usurpado pelos cristãos, que o tentaram deitar abaixo mas, como não conseguiram ou mudaram de ideia, profanaram-no a seguir com o enterramento, no templo, dos seus mortos e a criação aí de capelas cristãs. Actualmente, os pagãos não podem adorar aí os Deuses para Cujo culto o templo foi edificado, sob pena de prisão, segundo me contaram os membros da Gentilitas.
Pode ver-se o resto do programa, que nem sempre foi seguido, nesta página.
No último dia, 29, os correligionários da Gentilitas convidaram-me para discursar, em não mais de cinco minutos, no intuito de inaugurar a presença portuguesa e dizer umas palavritas breves sobre as condicionantes essenciais da cena pagã em Portugal no que à religiosidade étnica indígena diz respeito, o que incluiu uma breve referência da minha parte aos Deuses principais dos nossos ancestrais. Agradeci, como não podia deixar de ser, ao Gentilitas pelo simpático convite e pelo entusiasmo com que me receberam.
A mudança de nome de WCER para ECER, já referida acima, foi decidida pelo presidente Jonas Trinkunas e aprovada por meio de voto pela maioria dos membros. A ideia surgiu quando Trinkunas esteve presente no das religiões, na Austrália (ver aqui mais sobre a prestação de Trinkunas nessa ocasião) e percebeu que, para o Congresso se tornar efectivo e útil, precisava de ter uma definição mais rigorosa e específica, centrada por isso na Europa, o que ao mesmo tempo facilitararia um contacto institucional com a União Europeia. Até porque, de qualquer modo, como Trinkunas relatou, os praticantes dos cultos indígenas não europeus não parecem querer juntar-se a Europeus numa causa religiosa indigenista, visto que têm na memória o que aconteceu às suas religiões pela mão de Europeus (mas por inspiração e a mando da Cristandade).
Pude nesta ocasião ter a honra de conhecer pessoalmente alguns dos integrantes do Gentilitas, entre os quais Marina Coloni, o seu marido Alessandro Malato, e outros mais, além do editor da revista de estudos pagãos latinos «Citadella» e da editora Libri del Graal, Serafino di Luia, que por acaso fala Português, conhece Camões e Pessoa e teve a generosa atitude de me oferecer um dos números da sua revista; tive igualmente a honra de ser apresentado, pelo Gentilitas, ao supramencionado Trinkunas, e de conhecer a sua esposa Inija Trinkuniene. Trinkunas é um sacerdote lituano que começou a disseminar o culto aos Deuses baltas nos anos sessenta, tendo por isso sido perseguido pelo KGB e obrigado a sair do País, voltando depois do fim do regime comunista e iniciando, em 1992, uma nova fase de dinamização das religião nacional lituana.
Conheci também o ideólogo pagão russo Pavel Tulaev, o pagão norte-americano de origem espanhola-cubana Andras Corban, o sikh indiano Rajinder Singh, que vive no Reino Unido é o primeiro membro não europeu do BNP, e que de boa vontade comprou um souvenir pagão para homenagear o Paganismo Europeu agredido pela Cristandade, o militante hindu Surindir Paul Attri, sediado nos EUA, o professor Renato del Ponte, representante do M.T.R. (Movimento Tradicional Romano), os representantes do grupo dinamarquês Forn Sidr, um dos quais me informou que ainda nenhum dos seus membros morreu em combate no Afeganistão (a Dinamarca tem tropas em terra afegã e muitos destes soldados são pagãos), além de muitos outros, incluindo gente das delegações lituana, letã, ucraniana, polaca, além do sociólogo polaco Piotr Wiench, que veio falar da relação entre a genética (R1A e R1B) e a etnicidade, e suas consequências para as religiões étnicas da Europa.
Houve lugar para longas dissertações, nomeadamente sobre a Deusa venética Reitia, e, posteriormente, sobre a filósofa pagã alexandrina Hipátia e a visão pagã do mundo, isto por parte de dois professores universitários não integrantes de qualquer grupo pagão.
Vários foram os debates que puderam contar com as opiniões de todos os seus membros, incluindo a de um dos principais dinamizadores do Paganismo na Europa, o helénico Vlaissias Rassias, líder do Grupo Gentílico Nacional Helénico. E deu-se a conhecer a todos o que entretanto está na calha: a entrada do E.C.E.R. no Parlamento das Religiões (organismo da O.N.U.), o que levará os governos europeus a reconhecer as religiões indígenas europeias.
O evento foi finalizado com um ritual colectivo simples, de acordo com o Rito Romano reconstruído pela organização Gentilitas, em honra de Janus Clusius, de Júpiter, de Mars Pater, de Vesta e, genericamente, todos os Deuses da Europa e da Índia, mas em que cada participante poderia introduzir uma variante correspondente à sua nação, serviço religioso no qual participei, por Portugal, transportando, durante o rito, o estandarte de Neton que criei com base no testemunho de Macróbio na «Saturnália» e saudando Neton e todas as Divindades da Lusitânia e de Roma.
O evento foi finalizado com um ritual colectivo simples, de acordo com o Rito Romano reconstruído pela organização Gentilitas, em honra de Janus Clusius, de Júpiter, de Mars Pater, de Vesta e, genericamente, todos os Deuses da Europa e da Índia, mas em que cada participante poderia introduzir uma variante correspondente à sua nação, serviço religioso no qual participei, por Portugal, transportando, durante o rito, o estandarte de Neton que criei com base no testemunho de Macróbio na «Saturnália» e saudando Neton e todas as Divindades da Lusitânia e de Roma.
1 Comments:
parabens. pena que aqui no Brasil coisas deste porte não acontecem nem são noticiadas.
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