SEGREGAÇÃO ÉTNICO-ESCOLAR NA REPÚBLICA CHECA

Na República Checa, trinta por cento das crianças «romani» - nessa região da Europa, «roma» é outro nome para «cigano» - frequenta escolas especiais para os mentalmente deficitários, cuja população estudantil checa indígena não vai além dos dois por cento. As restantes crianças ciganas frequentam as «escolas ciganas», cujos resultados não são muito melhores. Várias organizações movimentam-se já contra esse estado de coisas e o Estado acaba por ter de arcar com o problema.

O Estado, isto é, o contribuinte.

E a carga actual sobre o contribuinte checo já não é pequena. O Banco Mundial estima que os ciganos custam à República Checa cerca de seiscentos e cinquenta milhões de euros por ano - sobretudo devido à inadaptação dos ciganos à sociedade. Os especialistas dizem que o problema reside sobretudo no baixo nível de instrução das crianças ciganas. Enquanto isso, o Estado perde dinheiro porque os ciganos desempregados, sem hipóteses no mercado de trabalho, não pagam impostos mas recebem benefícios da assistência social.

E porquê?

Porque o próprio Povo checo não quer ter os ciganos ao pé de si. A segregação é até agora como que automática, derivada das diferenças culturais marcantes, mas os indígenas querem ainda mais apartheid. Na cidade de Brno, por exemplo, um grupo de pais assinou uma petição que dizia «já é suficientemente mau termos de viver com eles, que pelo menos não tenhamos de levar com eles na escola...».

Há muitíssimo mais crianças em escolas de ensino especial na República Checa do que na Áustria ou na Suécia, o que pode querer dizer ou que as crianças ciganas checas são muito menos inteligentes do que as outras, ou que a sociedade checa é racista - ou, acrescento, que o nível de exigência nas escolas checas é elevado e, ingénua mas firmemente, os seus responsáveis não estão para baixá-lo só para integrar as minorias...

Não é de excluir que o ensino escolar no leste europeu seja mais severo e rigoroso do que os do Ocidente. Em Portugal, por exemplo, as crianças de leste - ucranianas, russas, moldavas - estão frequentemente entre as que obtém melhores resultados escolares, devendo-se isto ao facto de nos seus países de origem estarem habituados a um nível de ensino mais exigente.

Ao longo de trinta anos, o psicólogo Petr Klima tem trabalhado num centro de aconselhamento para crianças - e diz: «As crianças ciganas falham nos testes em massa. Não estou a inventar, é um facto: oitenta por cento delas estão à beira de serem mentalmente retardadas.»
Outros psicólogos checos concordam, na generalidade, e dizem não haver aqui qualquer sinal de má fé...