segunda-feira, agosto 24, 2009

ENTREVISTA A UM HISTORIADOR PAGÃO...

Excertos de entrevista a Ronald Hutton, uma das maiores autoridades do Reino Unido em História do século XVI e XVII e um dos maiores especialistas do mundo em História do Paganismo, da Magia e da Bruxaria:

(...) Pode dar-nos alguma informação prévia sobre os seus antecedentes e os seus interesses em geral?

Sou professor de História na Universidade de Bristol, que é provavelmente a terceira melhor do Reino Unido, depois de Oxford e de Cambridge. Sou também membro da Real Sociedade Histórica e da Sociedade dos Antiquários. A primeira é o principal corpo profissional que representa os historiadores no Reino Unido e a segunda é a principal representante dos arqueólogos; é muito raro conseguir ser eleito por ambas. (...) Tenho um especial interesse no Paganismo, na Bruxaria e na Magia de todas as épocas, e especialmente na Britânia, mas também publiquei muitas obras sobre História relativa a vários aspectos dos séculos dezasseis e dezassete nas ilhas britânicas.

Como encontrou o seu caminho espiritual?

Nunca senti que era parte de um caminho fosse de que tipo fosse, pois que a minha vida tem mais a qualidade de ser levada por um rio feroz cheio de pedras, portanto tudo o que tenho a fazer é dirigir o curso através dos rápidos intermináveis e apreciar a excitação da experiência. Pode ser útil acrescentar, contudo, que a minha mãe, que me criou, era pagã, e eu nunca fui atraído por qualquer outra tradição embora tenha estudado muitas ao longo da minha vida como historiador. O Paganismo é por isso a minha base, mas por temperamento não sou fortemente religioso.

Como descreveria a sua relação com o Druidismo?

O meu interesse em História em geral, e na história do Druidismo e temas associados, conferiu-me uma enorme área de interesses em comum com os modernos druidas. Sou amigo de muitos deles, incluindo a maioria dos mais activos líderes das Ordens, e pertenço a três dessas Ordens. Tenho também um assento honorário no Conselho das Ordens dos Druidas Britânicos.

Há sempre muita discussão sobre as origens do Druidismo «moderno» e das suas relações com o passado, quer os druidas de hoje sejam ou não «verdadeiros» druidas, se quiser. O que pensa sobre isto?

O que penso é que sabemos tão pouco com alguma certeza a respeito dos antigos Druidas que na verdade tudo o que temos é um conjunto de estereótipos literários a seu respeito deixado por estrangeiros ou por autores cristãos. Todos estes podem estar errados ou ser enganadores. Isto significa que ninguém está em posição de dizer aos modernos druidas que aquilo que estão a fazer não é autêntico, mas significa também que nenhum druida moderno está em posição de declarar que o que faz é a autêntica tradição antiga. Estamos todos a trabalhar com imagens não confiáveis, e a fazer o nosso melhor com elas.

E como definiria o Druidismo hoje?

Como uma constelação de diferentes grupos e tradições que estão a trabalhar para desenvolver e continuar uma espiritualidade relacionada com a terra cujos detentores nela habitam e que é inspirada até certo ponto nas antigas imagens do Druidismo e nas antigas literaturas célticas medievais das ilhas britânicas.

O senhor tem pontos de vista bem definidos sobre como a história do Paganismo deve ser tratada. Pode dar-nos uma breve panorâmica disto, e da sua razão de ser?

De facto é tudo uma questão de uma mensagem de dois sentidos. Sugiro aos colegas académicos que tratem os modernos Paganismos com respeito, como religiões e espiritualidades viáveis de direito, e não declará-las inválidas só porque algumas das suas pretensões a nível historiográfico são duvidosas ou porque as figuras em que se inspiram (tal como as dos antigos druidas) podem na realidade ter tido um comportamento diferente [do dos actuais druidas].
Apelo aos próprios pagãos que escolham entre dois caminhos. Um é manterem-se actualizados a respeito da actual publicação académica em campos relevantes, e (idealmente) a fazerem a sua própria pesquisa, baseados em testemunhos históricos ou relatórios de escavações arqueológicas. O outro é deixarem de basear as suas afirmações na História ou na Pré-História e trabalharem abertamente com material do passado de um modo novo e criativo. Tudo isto está agora a acontecer em larga escala, e os meus «pontos de vista bem definidos» foram associados à polarização e à hostilidade entre estudos académicos e «alternativos» nos anos setenta e oitenta, que desapareceu na sua maioria.

Quem ou o que o inspira hoje?

Continuo a ser inspirado pela maior parte do que leio e oiço, motivo pelo qual acho que a vida é tão excitante e exaustiva.

Que tipo de música aprecia?

Em termos contemporâneos, uma surpreendente quantidade do que aparece nas tabelas comerciais. Por outro lado, aprecio muito folk e maioritariamente música clássica de entre 1850 e 1940.

(...)


Se quereis mais, ide à página cujo link apresentei no topo e esforçai-vos, que eu ainda estou mais ou menos de férias, pelo que o blogue só retorna a toda a brida lá para o final deste tranquilo mês e/ou princípio do próximo, consagrado a um Deus industrioso...

1 Comments:

Blogger Túsio Primeiro said...

Bom artigo.Confesso que não conhecia o senhor,mas fiquei com boa impressão.

26 de agosto de 2009 às 00:00:00 WEST  

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