A RÚSSIA DOS VALORES...

No maior e mais populoso país da Europa, o presidente, Dmitry Medvedev, anunciou que os alunos do ensino público vão poder escolher entre ter aulas de Religião e ter aulas de ética laica.

A ideia, já lançada como projecto piloto em doze mil estabelecimentos de ensino, faz parte da campanha do Kremlin para instilar valores morais à juventude, de modo a contralançar o vazio moral criado pelo período turbulento que se seguiu ao colapso da União Soviética.

As crianças e os seus pais poderão pois optar livremente entre estudar uma das religiões dominantes, estudar as religiões dominantes em geral ou, em vez disso, estudar ética secular.

A possibilidade de escolher parece ser, segundo alguns, um modo de tranquilizar os que temem a influência crescente da Igreja Ortodoxa sobre o Estado. Há três anos, choveram protestos na sequência da obrigatoriedade, em várias regiões russas, de aulas de religião cristã ortodoxa - protestos sobretudo da parte de crentes doutras religiões, mas também vindo dos que receavam ser esta nova imposição um resquício, invertido, da imposição do estudo do ateísmo científico nas escolas no tempo do totalitarismo comunista. Tempo longínquo, de facto, pois que, ao que parece, a Religião retorna em força...