FLASH GORDON
No dia 7 de Janeiro de 1934 começaram a ser publicadas as sagas de Flash Gordon, uma das mais emblemáticas figuras da banda desenhada e por conseguinte da cultura de massas do século XX. Isto porque, como aqui se pode ler, a editora King Features Syndicate (KFS) precisava de personagens que rivalizassem com Buck Rogers e Tarzan, da sua concorrente, a Pulitzer Syndicate. O artista Alex Raymond foi escolhido pela KFS, passando por isso a desenhar Flash Gordon e Jim das Selvas (que completava a página) para o New York American Journal.
Como os mais velhadas devem estar mais ou menos lembrados, a menos que sejam deprimentemente terra-a-terra, de bejeca e pevide, sem a elevação de alma que o gosto pela fantasia exige, Flash Gordon é um jovem adulto ianque que de repente se vê projectado para o espaço, juntamente com a jornalista Dale Arden e o cientista louco Dr. Hans Zarkov, acabando por ir parar ao planeta Mongo, onde vivem diversos povos diferentes, algumas delas muito sofisticadas, todas elas dominadas por Ming, o Impiedoso. Os três terráqueos acabam por se tornar amigos do príncipe Barin, legítimo herdeiro do trono usurpado pelo imperador Ming, que o banira, juntamente com os seus seguidores - entre os quais se encontrava a sua própria filha, Aura, noiva de Barin - para Arboria, reino de florestas (como o próprio nome deixa perceber...). Lutando pela legitimidade e pela liberdade, Flash consegue reunir e galvanizar os esforços de Povos rivais para que o ditador amarelo seja deitado abaixo.
E digo ditador amarelo porque Ming é efectivamente de raça mongolóide, ou pelo menos era... Ming era achinesado (mas a sua filha não, curiosamente)... claro que um «racismo» destes não podia continuar incólume e vai daí as versões sucessivas deste épico espacial foram mudando o aspecto do mau da fita, primeiro representando-o com pele cinzenta, depois em forma reptilínea; na série feita em 2007 e actualmente transmitida no canal Sci-Fi do Meo, Ming é já um branco aloirado...
E já é muita sorte que Flash, Dale, Aura e outros continuem a ser de raça branca, enfim...
Flash Gordon nem sequer é, quanto a mim, uma personagem particularmente interessante. Compensa todavia a sua relativa banalidade pelo ambiente em que se move: o mundo de Mongo e arredores pauta-se por uma excepcional fusão da sofisticação tecnológica da «hard science fiction» com a estética barroca, tendo uns laivos medievais pelo meio, mas num conjunto surpreendentemente coerente e luminoso, algo feérico mas convincente. Fica na memória a riqueza de pormenores dos palácios, da magnífica fortaleza suspensa no ar dos Homens-Falcões, da bizarria aristocrática de Thun o Homem-Leão, tudo isto levado à imagem pela mestria de Raymond, que ao todo descrito acrescenta ainda algo da estética dos anos trinta, agradavelmente visível por exemplo na beleza glamorosa de Dale Arden e da princesa Aura.
Deve notar-se que a outra grande epopeia de ficção científica do século XX, a «Guerra nas Estrelas», foi muito provavelmente baseada na de Flash Gordon... George Lucas era um grande apreciador do herói e a dada altura quis levá-lo ao grande ecrã. Como os direitos para concretizar tal desígnio já tivessem sido comprados - pelo realizador Dino de Laurentiis - Lucas teve de «contentar-se» em criar a sua própria saga, a qual é de resto essencialmente similar à de Gordon: um grupo de rebeldes de várias origens trava longa e estrondosa guerra de proporções galácticas contra um imperador tirânico, e isto só para falar no tema em si, porque em matéria de pormenores as semelhanças não são poucas, como aqui se pode ler.
Para o pessoal da minha geração e de bom gosto, aqui vai um pedaço de uma fabulosa série de desenhos animados que a RTP transmitia aos sábados de manhã em 1981, se me não falha a memória:
E para a mesma faixa etária, e também para todos os outros de igual bom gosto, fica aqui uma cena do filme de 1980 (a banda sonora dos Queen merece ser recordada), no qual a magnética Ornella Mutti desempenha o papel de princesa Aura:
E mais outra, esta um bocadito sado-maso, e contando com a presença de um Klytos que em majestade altiva nada fica a dever a Darth Vader:
Como os mais velhadas devem estar mais ou menos lembrados, a menos que sejam deprimentemente terra-a-terra, de bejeca e pevide, sem a elevação de alma que o gosto pela fantasia exige, Flash Gordon é um jovem adulto ianque que de repente se vê projectado para o espaço, juntamente com a jornalista Dale Arden e o cientista louco Dr. Hans Zarkov, acabando por ir parar ao planeta Mongo, onde vivem diversos povos diferentes, algumas delas muito sofisticadas, todas elas dominadas por Ming, o Impiedoso. Os três terráqueos acabam por se tornar amigos do príncipe Barin, legítimo herdeiro do trono usurpado pelo imperador Ming, que o banira, juntamente com os seus seguidores - entre os quais se encontrava a sua própria filha, Aura, noiva de Barin - para Arboria, reino de florestas (como o próprio nome deixa perceber...). Lutando pela legitimidade e pela liberdade, Flash consegue reunir e galvanizar os esforços de Povos rivais para que o ditador amarelo seja deitado abaixo.
E digo ditador amarelo porque Ming é efectivamente de raça mongolóide, ou pelo menos era... Ming era achinesado (mas a sua filha não, curiosamente)... claro que um «racismo» destes não podia continuar incólume e vai daí as versões sucessivas deste épico espacial foram mudando o aspecto do mau da fita, primeiro representando-o com pele cinzenta, depois em forma reptilínea; na série feita em 2007 e actualmente transmitida no canal Sci-Fi do Meo, Ming é já um branco aloirado...
E já é muita sorte que Flash, Dale, Aura e outros continuem a ser de raça branca, enfim...
Flash Gordon nem sequer é, quanto a mim, uma personagem particularmente interessante. Compensa todavia a sua relativa banalidade pelo ambiente em que se move: o mundo de Mongo e arredores pauta-se por uma excepcional fusão da sofisticação tecnológica da «hard science fiction» com a estética barroca, tendo uns laivos medievais pelo meio, mas num conjunto surpreendentemente coerente e luminoso, algo feérico mas convincente. Fica na memória a riqueza de pormenores dos palácios, da magnífica fortaleza suspensa no ar dos Homens-Falcões, da bizarria aristocrática de Thun o Homem-Leão, tudo isto levado à imagem pela mestria de Raymond, que ao todo descrito acrescenta ainda algo da estética dos anos trinta, agradavelmente visível por exemplo na beleza glamorosa de Dale Arden e da princesa Aura.
Deve notar-se que a outra grande epopeia de ficção científica do século XX, a «Guerra nas Estrelas», foi muito provavelmente baseada na de Flash Gordon... George Lucas era um grande apreciador do herói e a dada altura quis levá-lo ao grande ecrã. Como os direitos para concretizar tal desígnio já tivessem sido comprados - pelo realizador Dino de Laurentiis - Lucas teve de «contentar-se» em criar a sua própria saga, a qual é de resto essencialmente similar à de Gordon: um grupo de rebeldes de várias origens trava longa e estrondosa guerra de proporções galácticas contra um imperador tirânico, e isto só para falar no tema em si, porque em matéria de pormenores as semelhanças não são poucas, como aqui se pode ler.
Para o pessoal da minha geração e de bom gosto, aqui vai um pedaço de uma fabulosa série de desenhos animados que a RTP transmitia aos sábados de manhã em 1981, se me não falha a memória:
E para a mesma faixa etária, e também para todos os outros de igual bom gosto, fica aqui uma cena do filme de 1980 (a banda sonora dos Queen merece ser recordada), no qual a magnética Ornella Mutti desempenha o papel de princesa Aura:
E mais outra, esta um bocadito sado-maso, e contando com a presença de um Klytos que em majestade altiva nada fica a dever a Darth Vader:
6 Comments:
por falar em fantasia eis que a fantasia por vezes se torna realidade
um branco que se torna preto
vejam a evoluçao da cara desse camaleao
http://www.anomalies-unlimited.com/Jackson.html
A alternativa nacionalista chegou!
http://www.lusojornal.com/franca/index.html
viva o Rui Barandas!
eu vi o flash gordon na TV, quando era puto :) década de 80. que saudades.
Eu cá sou o Flash Gordo...
Gostaria de rever a banda desenhada que deu na TV nos anos 80. Alguém sabe se há torrents? Se sim poderiam indicá-los. OBRIGADO
asoledade.carvalho@gmail.com
Alguém sabe de torrents ou de emule para descarga? Podem colocar aqui o endereço. OBRIGADO
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