terça-feira, dezembro 23, 2008

MAIS UMA SONSICE ANTI-DEMOCRÁTICA

Os confrontos entre a súcia extremo-esquerdista e as forças da autoridade continuam na Grécia e alastram a outros países da Europa. O extremo-esquerdista Daniel Oliveira, que é já um comentadeiro-escrevinhador «mainstream», acha bem, claro... dizia ele, há duas semanas, o seguinte, na sua coluna do Expresso:
«(...) A destruição do Estado providência e a falta de respostas para a crise têm um preço. Se a perspectiva de alguma segurança deixa de existir na vida das pessoas, se se destroem todas as formas históricas de organização da contestação social (como os sindicatos) e se a Democracia se torna incapaz de responder ao desespero, a revolta transborda para as ruas e a violência deixa de ser marginal. Sempre assim foi: o caos na vida das pessoas acaba sempre no caos político. Porque em Democracia a esperança é a única forma eficaz de manter a ordem social.»

Ou seja, converseta humanista da treta para justificar, ou pelo menos desculpar, a violência brutal da extrema-esquerda que sem pudor se aproveita da posição fragilizada da autoridade para pôr as ruas a ferro e fogo.
E é converseta humanista porque na Grécia não houve nenhum golpe de Estado nem nada que com isso se pareça - pois se o Povo estiver realmente maioritariamente «desesperado», como diz o sonso enunciado acima citado, se há assim tanta «revolta», então a Democracia irá tratar do assunto e outro governo será eleito.
Ora enquanto isso não acontece, e menos que as criancinhas gregas estejam a ser sacrificadas em grandes fogueiras, há que ser pelo menos um bocadito democrata e deixar que o actual governo, escolhido pela maioria do Povo helénico, governe como o Povo sabia, ou não, que o governo iria governar. Aliás, é de notar que não há qualquer contestação propriamente ideológica da parte de outros grupos que não os da extrema-esquerda... porque será?...

A sonsice cobarde e invertebrada do escrevinhador esquerda-caviar todavia não gosta de vias autenticamente democráticas - e, com todo o descaramento de que a sua laia é capaz, trata de, em nome da «Democracia» (o descaramento, a lata, o despudor...) legitimar uma via anti-democrática, a da violência, como «justa revolta» contra um sistema político que não lhe agrada.

12 Comments:

Blogger João Vilela said...

À força de quereres denegrir tudo o que o DO diz, lamentavelmente, por vezes incorres em disparates. O problema da Grécia é assustadoramente similar ao português: o país é criticamente pobre, atrasado, fraco internacionalmente, não porque não disponha de meios para ser mais forte mas porque a corrupção da classe dirigente, toda ela, é profundíssima e irregenerável, vertendo-se agora na implementação de políticas laborais dantescas e no esvaziamento do poder social dos canais normais de transmissão do desagrado popular (sindicatos, ONGs, etc.). Numa situação destas as pessoas não têm outra alternativa que não seja a espiral de silêncio ou a revolta. Os extremo-esquerdistas optaram pela segunda - e muito sinceramente te digo, haja alguém!

23 de dezembro de 2008 às 23:58:00 WET  
Blogger Caturo said...

Isso é mais conversa da treta. A verdade é que, por muito que queiras tu também mascarar o que se passa, só mesmo os extremo-esquerdistas é que andam a criar o caos, e nem sequer há mais manifestação nenhuma além das deles e dos seus apoiantes «moderados», que são provavelmente outros extremo-esquerdistas a fazer a sua parte do trabalhinho sujo para depois a imprensa internacional fazer por sua vez a sua própria parte do servicinho, que é mostrar ao mundo que «o povo está solidário com o jovem assassinado pela polícia».

Acresce que da boca de um dos organizadores dos motins ouviu uma jornalista a declaração de que a violência urbana não tem outro objectivo real além da criação do caos e a destituição do governo, qualquer governo (de Direita, claro está). É a violência pela violência, uma violência de terrorismo de rua, porque vitima pequenos negócios e propriedades de gente que não tem culpa alguma das políticas governamentais.

24 de dezembro de 2008 às 01:08:00 WET  
Blogger João Vilela said...

A verdade é que, por muito que queiras tu também mascarar o que se passa, só mesmo os extremo-esquerdistas é que andam a criar o caos

Mas tu terás lido uma letra do que te disse? Numa situação destas as pessoas não têm outra alternativa que não seja a espiral de silêncio ou a revolta. Os extremo-esquerdistas optaram pela segunda - e muito sinceramente te digo, haja alguém!
Eu não estou a dizer que, quanto a mim, é o povo comum quem se está a revoltar. O que te digo é que a situação social e política da Europa do Sul é de tal maneira vergonhosa que me agrada que haja alguém a levar para as ruas o descontentamento. Sejam anarquistas ou skinheads, benfiquistas ou quem quer que seja: isto só lá vai à porrada, porque a elite política e económica à nossa carne, domina tão brutalmente os media, os grupos económicos, as universidades, todos os aspectos da vida das pessoas, que nenhuma forma existe de, no plano da luta democrática, lhes interpor resistência. Qualquer pessoa que queira mudar o status quo, mesmo que seja politicamente correcta e não discorde no essencial das ideias desta gente mas tão-só das práticas, é de imediato triturada pela máquina e nunca chega a conseguir quaisquer alterações. Numa situação destas restam três opções: ou o cidadão colabora, ou se omite, ou vai para a guerra. Infelizmente, a maioria das pessoas, fruto de uma despolitização horrível e de uma verdadeira patologização de todos os actos de revolta, optou pela segunda hipótese, pela alienação, pelo recalcamento da revolta que sente sem sombra de dúvida mas que considera ou inútil ou iníquo manifestar. Houve gente de quem discordo ideologicamente que tomou uma medida como deve ser? Aplaudo a medida, e é-me indiferente a sua procedência ideológica. Discordo, como é evidente, dos exageros a que te referes (que são, de qualquer forma, secularmente conhecidos em todas as sublevações): mas que não há outra forma de desatravancar o progresso dos países pobres da Europa que não seja o destronamento pela força da sua elite, isso não adianta negar.

24 de dezembro de 2008 às 17:30:00 WET  
Blogger Matos said...

o Joao era tão rebelde, tão rebelde, que morava sozinho e fugiu de casa ...

25 de dezembro de 2008 às 03:45:00 WET  
Blogger Matos said...

verdade seja dita, o Daniel Oliveira posteriormente alterou substancialmente o seu discurso...

http://arrastao.org/sem-categoria/a-besta-2/

25 de dezembro de 2008 às 03:48:00 WET  
Blogger Caturo said...

Numa situação destas as pessoas não têm outra alternativa

Mas qual situação destas, que ridículo. Até parece que está alguém a morrer à fome na Europa... é verdade que neste momento se vive uma excepcionalmente imprevisível crise (que acontece também por culpa de políticas de Esquerda, pelo menos nos EUA), mas o nível de vida europeu ainda é o melhor do mundo, e nunca foi melhor do que é agora (pequenas variações excluídas), pelo que nada justifica que se vá para a rua queimar lojas e automóveis de pequenos proprietários e atacar as forças da autoridade (o menino coitadinho «assassinado» foi atingido por um polícia que disparou em legítima defesa, porque o menino coitadinho atirara um cocktail Molotov a uma viatura policial) isso é terrorismo de rua. E é anti-democrático. Em Democracia, os problemas resolvem-se em eleições, e não é crível que não haja partidos a defender os sindicatos e etc. e tal. O problema é que se calhar o Povo não vota neles, pois, que chatice...

Entretanto, o partido socialista aproveitou logo para exigir ao governo que se demitisse, curiosamente...

Por outro lado, chegam-me aos ouvidos versões alternativas sobre o que está a acontecer na Grécia... sintomaticamente, a «revolta» só pega em grandes cidades, muito cosmopolitas, pejadas de imigrantes e esquerdistas, porque em cidades mais pequenas, o «lume» não se acende e, numa delas, como a polícia não agisse, os lojistas e cidadãos comuns saíram à rua para protegerem os seus haveres e aplicaram tamanho correctivo físico aos meninos «revoltosos» que a «Revolução!» ficou por ali. Porque é fácil bater em polícias que mal se podem defender porque se dão uma bofetada a um jovem irreverente é o ai Jesus que a polícia reprime e massacra, mas perante o Povo a sério que não está com meias medidas, nessa altura a «irreverência» começa a amainar...

25 de dezembro de 2008 às 05:48:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Espantoso. Para ti só a fome é que legitima as revoltas. Se os políticos (como é o caso na Grécia, e já agora em Portugal) forem generalizada e obscenamente corruptos e impatrióticos isso não serve, para ti, de «desculpa» para a revolta: se as pessoas estiverem a viver bem, se tiverem trapos com que se cobrir, broa com que se nutrir, e uma televisão onde possam ver novelas e jogos de futebol, então, para ti, já não devem ter consciência cívica e fazer seja o que for. E se for o caso - como é na Europa toda - de dois ou três partidos terem tomado conta de todos os meios de divulgação de programas políticos e impedirem, pelo «trituramento» e pelo escárnio mais desabrido, que surjam alternativas? E se eles instituem um bloqueio material à regeneração do regime, por forma a perpetuarem o seu corrupto governar? Mesmo aí, quanto a ti, não há legitimidade da revolta. Só quando não houver batatas e botas. Até lá, resolvem-se os problemas em eleições, por muito que toda a gente saiba que a capacidade de divulgação de ideias pelos vários partidos é absurdamente desproporcional e que tudo indicia que são os agentes da corrupção quem vai ganhar mais uma vez. Isso de pouco te importa: tanto te esforças para fazer da revolta uma patologia que até contrarias o que mais vezes tens defendido - que os europeus não toleram a injustiça e sempre estiveram, historicamente, a postos para a combater. O que nos leva ao terceiro ponto.
É que é a terceira vez que falas do binómio povo/jovens irreverentes, e demonstras não ter lido o que já por duas vezes aqui disse. Sendo que numa delas a frase foi a negrito, o que torna ainda mais insólita a distração: reescrevê-la-ei uma terceira vez, e tentarei, desta feita, tecer um comentário suficientemente elucidativo. Tinha a ideia de que contigo não era preciso explicar estas coisas com tanta minudência, mas tudo indica que sim: [n]uma situação destas as pessoas não têm outra alternativa que não seja a espiral de silêncio ou a revolta. Os extremo-esquerdistas optaram pela segunda - e muito sinceramente te digo, haja alguém!
Portanto, e da forma mais didáctica possível aqui vai explicação: em primeiro lugar, eu não afirmo que é o povo grego que se está a revoltar contra o Governo, mas sim que é a extrema-esquerda. Não faço mais do que reconhecer algo que constitui facto objectivo, e limito-me a, perante isto, afirmar a minha concordância com o que os manifestantes têm feito. E porquê? Porque quanto a mim a política europeia está bloqueada pelo peso monstro das ideologias de «centrão», pelo modo como se estatuem em hegemonia e não toleram senão que se discuta em que termos serão implementadas as medidas que o seu espectro ideológico prevê. E mais: porque, servindo-se do peso social e mediático de que dispõe, que lhes assegura a perpetuação no poder, têm usado a sua posição de regentes do Estado para se dedicarem aos mais escandalosos esquemas de corrupção, lesando o bem comum e servindo-se dele em proveito próprio. As populações desconhecem isto? Evidentemente, não. Mas como têm procedido em relação a isto? Votando noutros partidos? Mobilizando-se em exigência de um comportamento mais decente por parte dos decisores públicos? De maneira nenhuma - é que de na cabeça das pessoas de tal maneira está instituída como ideologia única, como pensamento correcto, como solução incontornável aquilo a que convencionámos chamar «ideologia do centrão», pois que assim lho afirmam as notícias, as personalidades dos debates públicos, os grandes sábios sabedores, todos os meios de formação de opinião que a humanidade possa ter criado, que ninguém tem atrevimento suficiente para questionar as medidas de fundo - que, em bom rigor, muitos não têm sequer referências para propor alguma coisa que seja contrária ao que os partidos centristas advogam. Resultado: há a percepção de que alguma coisa não bate certo no pensamento «oficial», de que os partidos de poder se servem do poder para negociatas particulares e não para para prover o bem da comunidade - mas como existe uma evidente equiparação entre ideologias e partidos, ninguém tem arreganho para votar noutros partidos em temendo, com isso, estar a expressar uma opinião contrária à ideologia que lhe ensinaram ser a única razoável numa democracia europeia. Vai daí, emerge uma generalizada apatia relativamente às eleições e aos actos políticos, o tão referido «déficit democrático», resultado final de os cidadãos terem percebido que está politicamente emparedado e que nada do que possa fazer terá como efeito mudar totalmente os actores políticos que são responsáveis pela situação do seu país. Situação que, repara, não tem de ser de fome grassante ou de penúria generalizada de vestuário para ser miseranda: em proliferando a dissolução, a corrupção, o peculato, o abuso de poder, a conduta injusta pela sua própria essência, mesmo que as pessoas tenham a casa pejada de gadgets isso não significa que não tenham motivos mais do que suficientes para saírem à rua a protestar, ou, pois que as manifestações são quase sempre esvaziadas de significação pelos governos (instituiu-se até a ideia extraordinária de que «os povos podem manifestar-se, mas os governos não podem ceder às manifestações, que isso é admitir que 'quem manda é a rua'» - como se a rua, os cidadãos, não fossem, ao fim e ao cabo, quem efectivamente manda!!!), de armas na mão para exigirem mudanças profundas.
Ora, e espero que desta vez percebas a ideia, não é isso que sucede na Grécia neste momento. Tenho pena. Mas se a extrema-esquerda grega decidiu levar a cabo aquela que me parece ser a única forma possível de regenerar o sistema político corrompido que grassa no Sul da Europa, então o meu aplauso vai para essa extrema-esquerda, e os meus votos são de que receba rápida e bastamente o apoio das pessoas. A Europa está condenada se a psiquiatrização das sublevações vinga, se se cede ao jogo do inimigo e se só se equacionam as formas de luta que consabidamente não levam a lado nenhum.

25 de dezembro de 2008 às 12:49:00 WET  
Blogger Caturo said...

Tem graça que continues a dizer que eu não leio o que escreves, quando és na verdade tu quem não responde ao que argumento.

Começas mal, ao atribuir-me a ideia de que a consciência cívica não interessa, esquecendo que a verdadeira consciência cívica não permite que se destruam lojas e quejanda propriedade privada quando se está em marcha por ideais em prol do bem-estar da Pátria. Isto é básico e essencial.

Acresce que tu, ao manteres o essencial do teu discurso e ao nem sequer responderes ao que eu disse sobre a Democracia, estás, pela omissão e pela subtileza argumentativa, a invalidar o valor da Democracia. Por essa ordem de ideias, também acharias bem que os «Fascistas» dessem um golpe de Estado para acabarem com a «corrupta classe política» e porem «isto tudo nos eixos».

Ora as coisas não se passam assim em sociedades democráticas. Os Povos da Europa revoltam-se quando são oprimidos, é certo, mas os povos mais civilizados da Europa não precisaram de revoluções armadas nas ruas para serem livres. O que a França fez em 1759, a Inglaterra tinha há muito tempo. Curiosamente, na pátria anglo-saxónica a Democracia estabeleceu-se naturalmente, sem rebeliões, e, também curiosamente, é até bem mais democrática do que a de França. Na Hispânia, entretanto, Portugal teve uma revolução armada de cunho esquerdista para impor o que a Espanha alcançou de modo muito mais cívico (talvez porque as forças da Esquerda tuga percebessem que o regime português poderia estar a caminhar para uma Democracia ocidental e quisessem evitá-lo... ou, mais prudentemente, porque Portugal estivesse em guerra ultramarina e a Espanha não, daí que os militares portugueses tivessem mais motivos para mudarem o regime rapidamente).

Até nem está má a descrição que dás do controlo do sistema e dos mérdia por parte da elite instituída - mas a Democracia tem demonstrado que consegue ultrapassar esse tipo de monopólios. De notar que, tarde ou cedo, as agendas políticas mudam, são obrigadas a mudar, quando os problemas se tornam muito prementes. O modo como depois são cumpridas, é outra história. Sarkozy ganhou com um discurso baseado nas prioridades da agenda nacionalista - combate ao crime e à imigração, salvaguarda da identidade nacional - e na verdade parece dar uma no cravo outra na ferradura, mas, de qualquer modo, há já uma alteração notória relativamente ao que antes se observava. O evoluir é lento, e pode ter até alguns recuos, mas acaba por se tornar real. Precisamente porque a Democracia funciona, e, sem ela, ou a ditadura ou o caos.

26 de dezembro de 2008 às 04:50:00 WET  
Blogger João Vilela said...

Calma aí, que o meu raciocínio não é nesses moldes. Está claro que nem fascistas, nem anarco-comunistas (como é o caso na Grécia), merecem o meu apoio. O que sustento não é a sua ideologia, é a sua actuação, pois que entendo não haver alternativas a ela no contexto da Europa actual. Tu falas em esperar pela alteração gradual dos acontecimentos, crente de que, com o tempo, o real se vai impor por si próprio e será o próprio centrão a ver-se obrigado a tomar medidas para impedir que a situação descambe. E argumentas que com a democratização em Inglaterra já o processo foi esse, alteração gradual, lenta mas firme, em direcção a um estado de coisas onde há (e nisso te subscrevo) mais liberdade do que na própria França pós-revolucionária. Ora, que argumentes assim demonstra dois erros: um de estratégia, e outro de conhecimento histórico. Quanto ao segundo, que de resto é uma minudência, releva de não te teres lembrado que para que a Inglaterra tenha a liberdade de hoje foi obigatório, no séc. XVII, matar o Carlos I, passar por uma Guerra Civil, sofrer a ditadura do Cromwell, depor o Jaime II na Revolução Gloriosa, e aí sim começar a usufruir daquele que era então, e continua a ser hoje, o Estado onde mais liberdade se tem. Como vês, nem na «organicamente livre» Inglaterra se obtiveram direitos sem ser pela rebelião. Isto pode sustentar a ideia de que um direito não nasce, é extorquido - mas, com mais modéstia, podemos simplesmente dizer que o que emerge organicamente em 30 anos de alinhamento com o sistema pode ser obtido num par deles se, como se dizia no PREC, «a arma for o voto do Povo». Porque se a situação de bloqueio que concordamos que existe é humana, e porque é humana é falível, e se é falível pode ser subvertida jogando dentro dela, a verdade é que essa subversão demorará muitos anos, quando o que é preciso são resultados para ontem.
Ouvi dizer que é costume chamar «blanquistas» aos que querem pôr no devir histórico um motor suplementar, a quem quer alterar as coisas por um golpe de mão e não trafegando os erros e contradições do sistema. Pois então, se quiseres, chama-me blanquista, oportunista, golpista, ou outro ista qualquer. Não entendo a utilidade de alinhar num jogo feito para dele sairmos derrotados quando sabemos que a razão não assiste a quem ditou as regras, e que bastaria um grupo de gajos armados para pôr as coisas nos eixos. Ninguém está a falar em tirar as pessoas a igualdade perante a lei, a liberdade de associação, de expressão, ou outro direito civil qualquer - estou apenas a dizer que a sublevação popular teria o efeito de queimar etapas, pois que alinhar com o sistema não serviria senão para perder tempo, um tempo no qual os problemas só se poderão agudizar.
Dito isto, tenho, salvo erro possível, respondido a tudo o que me vens dizendo. Não entendo a que possa não ter respondido para estares a dizer que te acuso de não me leres ao passo que não contraponho nada ao que tu afirmas. Se postulas que a revolta é errada porque se volta contra as lojas e as casas particulares, já te foi dito que esse tipo de excesso é conhecido em todas as revoltas desde que o mundo é mundo. Se já viste registos fotográficos ou fílmicos do 25 de Abril, reparaste por certo que abundaram os assaltos a cafés, lojas, armazéns, casas de tipos que pretensamente eram fascistas, ou que pura e simplesmente tinham um sofá jeitoso. Lamento, as pessoas não são perfeitas, excedem-se quando estão num grupo, nem todos entendem bem onde acaba o revoltado e começa o desordeiro. E, para que fique claro, termino como comecei: não acho que a ascensão ao poder dos anarquistas gregos tenha o que quer que seja de bom. Apenas defendo que o que os países europeus, e sobretudo os do Sul da Europa, têm por regime, não é verdadeiramente democracia, mas mais concretamente clepto-oligarquia, disfarçada por escrutínios regulares ara os quais a população é diariamente «preparada» para votar em quem vai manter tudo na mesma. Este regime é falível, e pode ruir no espaço de 10, 20, ou 30 anos. Mas como nesse período a população vai viver cada vez pior, vai ser ainda mais roubada, vai ver os seus recursos de modo cada vez mais abjecto a serem desviados para o interesse de quem manda e não para o interesse comum, parece-me salutar que se leve a cabo uma revolta, que consiga, com um par de cacetadas nas cabeças certas, aquilo que levaria muitos anos e nos custaria muitos euros.

27 de dezembro de 2008 às 18:48:00 WET  
Blogger Caturo said...

Esqueces que a liberdade anglo-saxónica não se fez por causa de Cromwell, mas APESAR de Cromwell. E nenhum dos casos que mencionaste garantiu a liberdade que veio a vingar. Esta estabeleceu-se gradualmente, naturalmente, como que brotando naturalmente do Povo, não foi imposta, como a da Revolução Francesa.
No que respeita ao teu desprezo subtil para com o processo democrático, continuo a dizer que se trata de uma via perigosa e primitiva, menos sólida aliás do que aquela que preconizo. Numa revolução, acaba por triunfar o mais forte, que nem sempre é o mais liberal ou mais tolerante. É este perigo que te escapa ao entendimento, e que faz com que não percebas porque é que a Democracia, embora mais lenta, é muito mais sólida.

Porque no norte europeu não é só a Inglaterra que se pauta pelo amor à liberdade, e também nessas regiões setentrionais a evolução para a Democracia se deu de modo paulatino e natural.

30 de dezembro de 2008 às 16:19:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

não foi esse gajo que se pôs a defender o suposto direito ao uso da burka? lol


Two burqa-wearing bank robbers have held up a post office near Paris, using a handgun concealed beneath an Islamic-style full veil, court officials said.


LOL

9 de fevereiro de 2010 às 10:42:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

«24 de Dezembro de 2008 17h30min00s WET»


porquê que não vais pró caralho do 3º mundo????

9 de fevereiro de 2010 às 10:45:00 WET  

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