FILME DINAMARQUÊS A SATIRIZAR RELIGIÕES, «POUPA» O ISLÃO...

Um novo filme de animação dinamarquês, intitulado «Viagem a Saturno», estreado ontem, contém várias alusões satíricas a «todas» as religiões das personagens que participam, excepto o Islão, porque os autores da película teme represálias muçulmanas.
A única personagem do filme cujas crenças não são satirizadas é Jamil, o muçulmano.
Thorbjørn Christoffersen, um dos três directores da obra, di-lo claramente: «É infelizmente impossível fazer troça da religião muçulmana. Penso que que a personagem Jamil é muito atacada no filme, mas é correcto que não toquemos nas suas crenças. É uma área demasiado sensível, não posso assumir a responsabilidade de a envolver. Tenho de pensar na minha família e no meu local de trabalho. Não sou um lutador, e não gosto de ter muçulmanos em fúria a bater-me à porta.»

Isto, caros leitores, isto é o futuro da Europa, se não houver já, imediatamente, uma reacção política concertada para travar a islamização do continente.

Note-se que o sujeito nem sequer é um politicamente correcto:

«Eu apoio cem por cento que as pessoas possam fazer troça de tudo. Mas isto não é uma questão de consideração especial pelos muçulmanos, mas sim de consideração por mim próprio e pela minha família.»

O sujeito nem sequer é um politicamente correcto - é, em vez disso, um homem comum, com os pés assentes na terra, um homem que sabe que, em caso de conflito com os muçulmanos, está sozinho e indefeso porque não há nenhum grupo suficientemente forte no qual possa confiar para se defender, um grupo como certas munorias têm para defender cada um dos seus integrantes: os Ciganos, os negros, os Judeus, e claro, os muçulmanos.

No que respeita à possibilidade de mudar este estado de coisas, diz Christoffersen que «não vejo que isso seja problema meu ou do filme. Não serei uma ferramenta numa campanha só porque faço um filme de desenhos animados. E no estúdio, todos nos sentimos preocupados por causa das ameaças contra o caricaturista que satirizou Maomé, que eu apoio completamente, mas neste momento penso que seria idiota repetir essa demonstração.»

Ou seja - o terrorismo muçulmano resulta mesmo. A ameaça de violência resulta. Sempre resultou. E, por mais que a civilização ocidental tenha evoluído, a ameaça de violência, simples e incontornável, continua a resultar. Cultura, ideias, filosofias, arte, tudo se verga à força.

«Neste momento não deve haver confrontação», diz o realizador. Então quando será?, fica a pergunta...

E continua:

«Além disso, não acredito no modelo da confrontação, creio que os muçulmanos irão a seu tempo adaptar-se aos padrões dinamarqueses.»

Sim, fia-te nisso...

O autor Kaare Bluitgen, causa indirecta da «crise das caricaturas de Maomé», quando procurava um ilustrador para o seu livro sobre o profeta muçulmano, considerou que a atitude de Thorbjørn Christoffersen é decepcionante, enquanto o actual ministro da Justiça, anterior ministro da Cultura, Brian Mikkelsen, acha por seu turno que a auto-censura é triste: «é triste que as coisas tenham chegado ao ponto em que os artistas individuais se censuram a si mesmos devido ao medo dos fanáticos religiosos. Temos na Dinamarca uma forte e boa tradição de sátira, também em conexão com assuntos religiosos. E devemos agarrar-nos depressa a isso.»

Isto na Dinamarca. Mas não se pense que, no essencial, a Europa latina é diferente. Como dizia o romano Quintiliano (século I), Satura quidem tota nostra est, ou seja, «A sátira, de qualquer modo, é inteiramente nossa (dos Romanos).»