O CHAMAMENTO DA ALIANÇA PAGÃ ENTRE OCIDENTAIS E HINDUS

Suástica feita para a celebração hindu da Divali, ou «Festa das Luzes», equivalente ao Natal ocidental e realizada mais ou menos na mesma altura

Daqui traduzo um valioso artigo, datado de 1991 mas cada vez mais actual, a respeito da ligação essencial, religiosa, entre a essência do Ocidente e a tradição indiana. Não concordo com tudo o que aí é dito: não acredito por exemplo que houvesse no antigo Ocidente pagão práticas similares ao Iôga, nem tampouco penso que o actual retorno pagão se faça especialmente no mundo rural, antes pelo contrário. Mas, deixando de parte estes pormenores, a generalidade do texto é claramente positiva.

Cá vai...

À medida que a era cristã se esvai lentamente, vem a Primavera dos credos indígenas do planeta. Uma espécie de euforia tomou conta das religiões da Terra pré-cristãs. Sobreviveram ao que para elas foi um longo Inverno. Hoje, encontram-se e celebram o seu renascimento, as suas raízes e ligações umas com as outras e com o Hinduísmo.

Em 24 de Novembro de 1990, a Federação Pagã do Reino Unido realizou na Universidade de Londres o segundo encontro anual e propôs aos pagãos que não só tomassem consciência da ligação pagã/hindu, mas que dessem mais um passo para estabelecer uma aliança reconhecida. O autor pagão Nigel Pennick dirigiu-se aos trezentos indivíduos aí presentes afirmando que, para os pagãos, dizerem-se nem cristãos nem muçulmanos era insuficiente. O Paganismo é uma tradição em si mesma - e, para ele, trata-se de uma tradição da qual o Hinduísmo é uma extensão oriental. Pennick prevê a possibilidade de os hindus virem a aceitar o Paganismo Europeu como um ramo europeu do Hinduísmo. Salientou que os hindus do Reino Unido não costumam ser «perseguidos» pelas «Assembleias de Deus» e outros cristãos extremistas porque assume-se que os hindus têm um «direito étnico». Acrescentou que os pagãos são considerados como apóstatas do Cristianismo e por conseguinte é considerado admissível (pelos ditos evangelistas) - desde as Reformas Justinianas - «caçá-los».

Pennick apelou a uma aliança entre o Paganismo e o Hinduísmo. Citou discussões no seio do Hinduísmo em que todos os Deuses (Xiva, Ganesh, Kali, etc.) são parte do Uno e propôs que o Paganismo fosse absorvido por essa discussão - especialmente com as suas seitas orientadas para «a Deusa». Aduziu que o Hinduísmo e o Paganismo têm raízes comuns - xamânicas, datadas da Idade do Gelo, ecológicas, adoradoras da Natureza, etc., e preconiza que o Paganismo se possa tornar numa parte da Federação Mundial Hindu.

O local do encontro era colorido. Havia a comercializar produtos pagãos de diferentes tradições. E toda a gente estava contente pelo facto de a Coalição Fundamentalista Cristã não ter interrompido os procedimentos como tinham feito no ano anterior.

A notória autora Prudence Jones apoiou a proposta de Pennick e reforçou a ideia de que o Paganismo é muito similar ao Hinduísmo e também ao Xinto, a religião japonesa orientada para a Natureza.

A aderência que esta audaciosa ideia tem não é conhecida, mas Jones e Pennick não estão sós. Outros credos indígenas estão também a considerar o Hinduísmo como seu aliado, à medida que se fortalecem a si mesmas numa época à qual alguns já chamam «era pós-cristã». Colectivamente, sentem que o Cristianismo os soterrou com uma teologia que masculinizou Deus, separou o homem da Divindade e roubou à terra a sua sacralidade. Prometem o oposto: devolver a feminilidade ao Divino, ver o Divino em tudo e tratar a Terra como uma amiga, não como uma inimiga.

Paganus="rústico, camponês."

O termo «Pagão» foi cunhado pelos primeiros cristãos para designar um não cristão. Os povos mediterrânicos da altura seguiam um estilo de vida e de pensamento muito similar ao dos Hindus. Templos de Deuses e Deusas havia muitos. Os festivais religiosos preenchiam o ano baseados no calendário agrícola. As escolas de Mistérios ensinavam a metafísica da cura, disciplinas ióguicas e a crença de que toda a vida era sagrada e estava interligada.

De acordo com a Federação Pagã do Reino Unido, há cerca de vinte mil pagãos na Grã-Bretanha e duzentos mil na Europa, mas possivelmente vários milhões - especialmente no mundo rural - que têm um pensamento pagão.

A família linguística indo-europeia (clicar na imagem para a ver melhor).

Os diversos ramos da família indo-europeia geograficamente distribuídos na actualidade.