DIVAGAÇÕES SOBRE OS CARETOS, ELEMENTO FOLCLÓRICO DO NATAL PORTUGUÊS
O Outono e o Inverno marcam um dos tradicionais eixos organizadores da estruturação do tempo e do calendário festivo nordestino, com dominância reiterada das relações com o mundo dos mortos, cuja presença será constante até ao início do ciclo Primavera/Verão. Assim, as oferendas aos mortos, certos manjares cerimoniais, a crítica social e a irreverência que os mascarados manifestam parece terem estado ligadas a um culto dos antepassados que se pretendia pacífico e garante de uma relação cooperativa.
O Ciclo dos Doze Dias é, por excelência, o período das Festas dos Rapazes – também Festa da Mocidade, do Natal, dos Caretos ou dos Reis – que se organizam ainda um pouco por todo o Nordeste, mas com incidência preferencial no Planalto Mirandês e Terra Fria.
Tradicionalmente estas Festas dos Rapazes têm sido apontadas como constituindo rituais de passagem dos jovens à idade adulta, geralmente organizados através de mordomias de juízes ou meirinhos, em que os jovens solteiros se mascaram, assumindo, de forma acentuada, uma vertente liminar, transgressora e de crítica social. Os escritos sobre a matéria retratam os mascarados como incarnando o mal, o diabo, a morte e o vício pagão, gozando de total impunidade comportamental durante este curto período.
O Ciclo dos Doze Dias é, por excelência, o período das Festas dos Rapazes – também Festa da Mocidade, do Natal, dos Caretos ou dos Reis – que se organizam ainda um pouco por todo o Nordeste, mas com incidência preferencial no Planalto Mirandês e Terra Fria.
Tradicionalmente estas Festas dos Rapazes têm sido apontadas como constituindo rituais de passagem dos jovens à idade adulta, geralmente organizados através de mordomias de juízes ou meirinhos, em que os jovens solteiros se mascaram, assumindo, de forma acentuada, uma vertente liminar, transgressora e de crítica social. Os escritos sobre a matéria retratam os mascarados como incarnando o mal, o diabo, a morte e o vício pagão, gozando de total impunidade comportamental durante este curto período.
Não deixa de ser interessante observar o modo como o comportamento dos Caretos evoca um certo espírito guerreiro ancestral, ao mesmo tempo que se assemelha também ao que fazem hoje as crianças do mundo anglo-saxónico e céltico no Halloween - usar máscaras, circular em grupo pela povoação, bater às portas, receber alimentos...
Nas sociedades indo-europeias mais arcaicas, havia uma instituição muito característica e que tem feito correr muita tinta: as «sociedades de homens», ou, para utilizar o termo alemão, usualmente aplicado na historiografia do tema, as Mannerbünde.
Tratava-se de agrupamentos fechados de guerreiros de elite, uma espécie de ascetas de guerra, inteiramente dedicados ao ideal puramente bélico do combate pelo combate que culmina no atingir duma espécie de êxtase marcial, autêntica orgia de matança, destruição e, idealmente, de morte em batalha. Estes guerreiros nutriam uma lealdade férrea e sagrada entre si e para com o Deus que os inspira. Talvez o exemplo mais conhecido deste tipo de instituições seja o germânico, em que os guerreiros viviam devotados a Odin, Deus da Sabedoria e da Morte em Combate, Cujas filhas, as Valquírias, levariam os caídos no campo de batalha para o paraíso dos guerreiros ou Valhalla (Val, «caídos», Hall, «salão»). Aí, formariam os Einherjar, ou guerreiros de elite de Odin, que um dia lutariam ao lado do Deus na batalha final contra os inimigos dos Deuses e dos homens. E, na época do Yule (Natal), integravam a «Hoste Furiosa», séquito fantasmagórico de guerreiros mortos conduzidos que, na esteira das Valquírias e de Odin, atroavam os céus nocturnos em tenebrosa cavalgada.
Em vida, os melhores exemplos desta Mannerbünde nórdica são os Ulfednirs («Pele de Lobo») e os Berserkirs («Pele de Urso») que se cobriam de peles de animais, viviam todos juntos, dedicados a Odin, afastados do resto da sociedade, respeitavam apenas a guerra, censuravam os reis pela sua cobardia, e, quando possuídos pelos furor da batalha (odr, ou wot), uivavam como lobos e acreditavam transformar-se em seres sobre-humanos.
Outros exemplos há, no mundo indo-europeu, deste tipo de bandos marciais, nomeadamente em contextos célticos - os Fianna da Irlanda, por exemplo - e, possivel ou mesmo provavelmente, existiriam também na Ibéria indo-europeia, mais concretamente entre os Lusitanos, os Galaicos e os Celtiberos. A autora Blanca Garcia Albalat diz, na sua excepcional «Guerra e Religião na Lusitânia e na Galécia Antigas», que no quadrante étnico do noroeste hispânico, Bandue seria o Grande Deus da Guerra e talvez da Sabedoria adorado pelos grupos de guerreiros, dos quais Viriato poderia ter sido o líder mais famoso. A este título é entusiasmante verificar que lhe é atribuído o simbolismo do touro - ora, segundo um estudo muito convincente de Juan Carlos Olivares Pedreño, há uma ligação entre o Deus da Guerra do norte hispânico e o touro, teoria esta que parece confirmada por algumas descobertas arqueológicas, nomeadamente a do «Marte Pirenaico». Não me parece pois impossível que o touro de Viriato fosse, não um animal totémico, mas sim um símbolo do bando guerreiro do caudilho, cujo grande Deus de eleição seria então Bandua ou Bandia.
Na tradição popular, os Caretos devem chicotear ou bater nas jovens mulheres com um pau, para as fertilizar. Isto faz recordar que, no modo de pensar arcaico de Romanos e de Nórdicos, a energia dos jovens guerreiros do povo fertiliza os campos e vivifica toda a raça, daí que exista, desde tempos antigos, uma ligação do Deus da Guerra com a fertilidade dos campos, casos de Marte e de Thor.
Merece também referência que o próprio termo «Caretos», partindo da raiz «Car-» (que também está em «caraça») e estando ou não relacionado com a palavra «cara», faz pensar na raiz de Teónimos bélicos pré-romanos, tais como aquele que viria a ser latinizado como Mars Cariociecus.
Que a cor dominante das máscaras e das indumentárias seja o vermelho, pode ou não relacionar-se com o diabo, como diria talvez a Antropologia mais formal, mas, por coincidência, traz à mente o valor simbólico que esta cor tem nas tradições guerreiras indo-europeias, segundo Dumézil. De notar que um dos epítetos de Band é Roudeaecus, que Blanca-Albalat interpretou como palavra de origem céltica que significa «vermelho»...
Merece também referência que o próprio termo «Caretos», partindo da raiz «Car-» (que também está em «caraça») e estando ou não relacionado com a palavra «cara», faz pensar na raiz de Teónimos bélicos pré-romanos, tais como aquele que viria a ser latinizado como Mars Cariociecus.
Que a cor dominante das máscaras e das indumentárias seja o vermelho, pode ou não relacionar-se com o diabo, como diria talvez a Antropologia mais formal, mas, por coincidência, traz à mente o valor simbólico que esta cor tem nas tradições guerreiras indo-europeias, segundo Dumézil. De notar que um dos epítetos de Band é Roudeaecus, que Blanca-Albalat interpretou como palavra de origem céltica que significa «vermelho»...
37 Comments:
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Mas quem é que tem paciência para ler um post deste tamanho? Ó Caturo Careto, tás um chato mesmo meredoso, fonix!
E não insistas, já te disse que não assino a merda da ficha de adesão ao PNR. Não assino, não assino, não assino!
A propósito, quantos estavam na manifestação contra o tratado europeu?
O Silvério, talibã do paganismo, é que é capaz de gostar destes posts do prof. de teologia pagã.
Tu então não gostas de nada que te faça cansar os cornos mais do que cinco minutos, até porque dentro dessa cachola não tens espaço para grande coisa... nem sequer para pequena.
Caturo, o Mulá Omar dos pagãos portugueses. Um Talibã do piorio.
"Na tradição popular, os Caretos devem chicotear ou bater nas jovens mulheres com um pau, para as fertilizar"
Daí a expressão popular "estar de pau feito"
O Silvério, talibã do paganismo, é que é capaz de gostar destes posts do prof. de teologia pagã.
Bem melhores do que a porcaria da propaganda cristã mal disfarçada que por aí abunda, e da qual, é provável seres grande apreciador.
Já agora, este Natal parece-me mais interessante do que o apelo do Caturo ao consumismo desenfreado. :D Compreendo no entanto as festividades da abundância, que é sempre bem vinda, quem não gosta dela, mas acho que é preciso ter algum cuidado porque nem tudo na vida é comer até rebentar.
Tu é que estás um belo careto, ó carranca de puta velha. És virgem, solteiro e de meter medo ao susto. Pelo menos não precisas de gastar dinheiro em máscaras, ahhahahahahha.
Silvério, fiel canídeo, ainda não nos disseste a que é que sabe o nalguedo peludo do Caturo.
Tu é que estás um belo careto, ó carranca de puta velha. És virgem, solteiro e de meter medo ao susto. Pelo menos não precisas de gastar dinheiro em máscaras, ahhahahahahha.
Mas ao menos não sou um merdas sem vida própria, que o melhor que consegue fazer é copiar insultos aos miúdos da primária.
Silvério, fiel canídeo, ainda não nos disseste a que é que sabe o nalguedo peludo do Caturo.
Epá com toda a merda que comes diáriamente já deves conhecer o sabor do nalguedo de metade do país.
Site Oficial dos Caretos de Podence:
http://caretosdepodence.no.sapo.pt/index_2.htm
P.S.: e escusas de ofender
Olha, o muslo flávio o gordo agora faz-se passar por "padre", "cristianissimo", etc. Ainda há de ser cristão, depois pagão e quem sabe acabar judeu.
este Natal parece-me mais interessante do que o apelo do Caturo ao consumismo desenfreado
Eheheh... achas que o pessoal dos Caretos deixa de comer até estoirar, ou de beber até estrebuchar?... :)
o caturo és bom como pareces ? Esse teu cabelo dp de lavado, ao vento a adejar nos píncaros das montanhas e entre as falésias deves mesmo parecer "o" Deus Ibérico;
Mas eu tb não assino
Mas o que é isto?
Fan clube do Caturo?
Isso com o PNR no poder vai mesmo acabar.
U Cáturu naum é um cáreto naum. Êli é um cárêta, pô!
Caturo,será que os famosos "cabeçudos" e "gigantones" têm alguma coisa a ver com rituais antigos para afastar maus-olhados e presenças sobre-naturais malignas?
Caçadora de tesouros, minha linda, queres conhecer o meu "cabeçudo gigantone"?
Não sei porquê te dás ao trabalho de teclares estas "tiradas geniais"...Faz-te feliz,caro anónimo?
Não sei porquê te dás ao trabalho de teclares estas "tiradas geniais"...Faz-te feliz,caro anónimo?
Evidentemente, cara Treasureseeker... com adolescentes retardados que acham graça a humor de latrina «tineige», outra coisa não se podia esperar. E, como o nível de ideias da besta não deve ir além da problemática da contratação do Edilson Paraguátititi para o Desportivo de Alcoices de Baixo, vai de contribuir como pode e sabe, convencido de que manda umas «bocas» valentes, porque quando ele diz esse tipo de coisas ao pé dos mentecaptos da laia dele, riem-se todos...
Caturo,será que os famosos "cabeçudos" e "gigantones" têm alguma coisa a ver com rituais antigos para afastar maus-olhados e presenças sobre-naturais malignas?
É provável, sim, visto que a máscara tinha uma função análoga no mundo céltico aquando do Samain/Halloween - enganar os espíritos malignos para não ser por eles apanhado.
castro laboreiro?
Não. Caril de limão.
Treasureseeker, já preencheu a ficha de adesão ao PNR? Quem sabe, talvez ainda um dia possa vir a ser ministra da educação num futuro governo do PNR.
Anónimo disse...
Caçadora de tesouros, minha linda, queres conhecer o meu "cabeçudo gigantone"?
Quinta-feira, Dezembro 20, 2007 2:34:00 PM
este piropo rasca não apagaste
porquê?
Porque a visada respondeu e, para o apagar, teria também de apagar a justa resposta da dita.
prontos! parece turca ou curda
a mim ela parece-me judia. são opiniões.
A mim parece-me ser uma mulher bonita, inteligente e com nivel. Sinceramente parece-me que tem categoria demais para se filiar no PNR. Ia destoar muitissimo do resto do sector feminino deste partido.
Treasureseeker, ponha-se a milhas do PNR. Não se deixe levar pela conversa do Caturo.
E que tal na passagem de ano se fazer um vigília? Isso é que era, entrar em 2008 desejando a rápida libertação dos nacionalistas!
Mas afinal quantos estavam na vigília?
Vá digam!
ouvi dizer que o manuel azinhal vai finalmente filiar-se no PNR
confirma-se? ou vai continuar a sua militância de cu sentado?
PNR, o único partido nacionalista
o resto pertence ao sistema
Vamos fazer duas vigilias:uma de Natal para dar uma prenda ao Mário Mamadu,outra pelo Ano Novo para lhe cantar as janeiras.É uma boa,não acham?
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Solazul e Silvia Santos,voces só dizem bacoradas!Ponham os olhos na outra.
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