quarta-feira, outubro 24, 2007

O RELATÓRIO SOBRE A IMIGRAÇÃO QUE INTIMIDA OS IMIGRACIONISTAS

Há coisa de meses, o professor de Ciência Política Jorge Verstrynge apresentou, juntamente com os seus colaboradores e alunos da Licenciatura e Doutoramento da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid, um relatório sobre as consequências da imigração em Espanha.

Posteriormente, aconteceu isto: fue remitido a un programa de Televisión de Antena 3 para servir a la preparación de un debate sobre esta candente cuestión y en el que debía participar Verstrynge. Tras recibir el informe, los responsables del programa, en cuestión, “Paranoia Nacional” rechazaron la presencia de Verstrynge alegando “primero, que el Informe Verstrynge no era clasificable ni como de derechas, ni como de izquierdas”, y posteriormente que “los representantes tanto derechas como izquierdas rechazaban el Informe Verstrynge”.

La Fundación C3 ofrece a sus lectores el informe completo.
Ficheiro PDF.

Trata-se de informação completa e inteligente que deita por terra os mitos que apoiam a imigração e assinala o crescimento da consciência verdadeiramente popular contra o flagelo da iminvasão, tido cada vez mais, pelos Povos Europeus, como o mais grave problema das Nações.

Eis um esplêndido excerto, particularmente significativo, à laia de introdução:

"La lucha contra el racismo o la xenofobia… no puede ya obviar trabajos e investigaciones de las ciencias sociales… Esto es un aviso a los antirracistas del futuro: un día, tendrán que adaptarse”.

Ou seja, habituem-se...
Continuemos, continuemos, que ainda a procissão vai no adro...

Jean Birnbaum, a su vez, explica que “hoy el movimiento antirracista conoce una crisis sin precedente… Algunos investigadores sociales intentan considerar no ya el «racismo»… sino la «raça» como representación colectiva y como categoría ya inobviable:… Lo que era ocultado se ha tornado omnipresente, lo callado es hoy un lugar común… [Se habla de] recolocar el hecho racial en primera fila y ello por dos motivos: por una parte, se asiste a la liberación de un discurso tendente a la estigmatización de tal o cual población en función de sus orígenes o de su color de piel… Por otra parte, hay que reconocer que los mismos marcadores identitarios pueden, a la inversa, ser utilizados para luchar contra la discriminación”.
Concluye Taguieff que “la raza se ha transformado en un arma política, utilizado por los actores para defender intereses, atraer electores, reivindicar posiciones y consolidarlas”.
Lo cierto es que, el 06-XI-2006, el diario británico “The independent” publicaba una “carta étnica de Gran Bretaña” en la que distingue entre “blancos”; mestizos “subdivididos en hijos de blancos y negros del Caribe”, ídem “de África”, de “blancos y asiáticos”, y “otros de origen mixto”; “asiáticos o ingleses de Asia”, subdivididos en iraníes, paquistaníes, blangladíes, y otros; “negro o ingles negro”, subdivididos en caribeños, africanos, y otros origen negro; “chinos y otra población étnica”, subdivididos en chinos, y “otros”… Y así ya están identificadas, por ejemplo, las zonas donde hay más paquistaníes (el barrio de Frizinghall, en la ciudad de Bradford: 73% de la población), judíos (en Salford), mestizos (Princes Park, en Liverpool: 11%).
Y en la misma dirección se va en Francia: la encuesta del INSEE (o sea la Seguridad Social) se prepara, en el futuro, a “recoger informaciones sobre el origen de las personas, las pertenencias étnicas declaradas y los factores discriminatorios (color de la piel, acento, prácticas alimentarías, etc)”. Y es que, como afirma la socióloga Dominique Schnapper, “el establecimiento progresivo de estadísticas étnicas se ha tornado, sin duda, inevitable”. El propio Presidente de la República, Sarkozy, se ha declarado “favorable a la mención de los orígenes tanto en las empresas como en las estadísticas de delincuencia”.
Igualmente, en los USA, y ya desde el año 2000, se pregunta si la persona es “Spanish/Hispanic/Latino” o “Puerto Rican”, o bien “Mexican, Mexican Am, Chicano” o “Cuban”, y si son de raza blanca, o “Black, African Am, or negro” etc, etc, etc. En Holanda a su vez se pide, en el censo, el lugar de nacimiento del censado más el de los dos progenitores.

E há muito, muito mais para ler neste fascinante e incómodo (para a escumalha) trabalho de investigação universitária... cujos capítulos serão publicados no Gladius ao longo da próxima semana.

Logo a abrir o documento, está esta magnífica observação, que nunca será suficientemente salientada, e deve ser lembrada todos os sete dias da semana. É, aliás, uma das coisas que já ando a dizer há anos:
«Y si ese encarnizamiento de los de arriba en obligar a los de abajo a «abrir os braços» [a la inmigración] no fuese más que una nueva modalidad del desprecio de clase? La cuestión de la inmigración es la que expresa en toda su profundidad el divorcio entre las elites y la Nación».
Christine Clero “Le cri étouffé des petits blancs”, en la Revista Marianne, 24-XI-06.

Em cheio, perfeito, completamente no alvo. As «elites» instituídas no Ocidente, devotas do credo do universalismo fraternalista a todo o custo, desprezam a sua própria população, daí que não tenham qualquer pudor em submetê-la à iminvasão de origem não europeia, quer porque tiram daí benefícios económicos (mão de obra barata para as grandes multinacionais) quer porque não se importam em ver esse «povinho pimba» a ser substituído ou absorvido, isto é, aniquilado, num mar de mixórdia racial/étnica/cultural que dará origem a uma nova população, «virgem» de cultura, isto é, sem qualquer identidade, mais fácil portanto de manipular como se de plasticina se tratasse.
É esse o motivo que leva a que as elites tanto odeiem o Nacionalismo e tudo façam para o caluniar, censurar e destruir - porque esta elite sabe que «o povinho» é susceptível de ser despertado pelos Nacionalistas a tempo de reverter o processo de mulatização do continente evitando assim o completo desaparecimento da verdadeira Europa.

21 Comments:

Blogger Treasureseeker said...

Em pouco tempo,Portugal transformou-se de país de emigração em país de imigração,sem ter criado o mínimo de infra-estruturas essenciais ao acolhimento das massas imigrantes que acorrerem ao nosso país.
Como resultado,surgiram focos de tensão e desiquilíbrios a nível social e económico.


Nada tenho contra quem tem outras características e origens,não está isso,sequer em causa.O problema é sobretudo de natureza económica,já que se introduz em Portugal em determinados sectores de actividade,uma mão-de-obra financeiramente mais atractiva às entidades patronais,que olham para esta como um negócio lucrativo:é a lei do negócio,esta lógica tem determinado os procedimentos relativos a esta questão.


Surgem depois os problemas sociais advindos quer de choques culturais,quer de diferentes modos de inserção numa nova realidade cultural e económica.
É de louvar e aplaudir todas as iniciativas,sejam ela de ONG´s,quer de entidades governamentais no sentido de auxiliar problemas gravíssimos de sub-nutrição e carência de especializações e até,alfabetização de países do 3º Mundo,sem dúvida,mas continuo a ser da opinião que Portugal não possui condições no tocante a receber mais contingentes imigrantes,porque a realidade actual económica não o permite,completamente.

24 de outubro de 2007 às 19:25:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Ai treasureseeker e oestremnis,vocês com certas opinioes pouco ortodoxas,qualquer dia são enxovalhados forte e feio no fórum,pelo menos!

24 de outubro de 2007 às 19:45:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo,tu andas mas e a levar esta gentinha ao colo.

24 de outubro de 2007 às 19:49:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Exacto, cara Treasureseeker.
E nem sequer é uma questão meramente económica, mas sim, em primeiro lugar, identitária. E, numa sociedade normal e sadia, a Economia nunca é um fim em si mesma, mas sempre um instrumento ao serviço da Nação e nada mais do que isso.

Quanto ao auxílio concedido a países não europeus, pode ter o seu mérito e utilidade, mas não é em momento algum uma obrigação ética para os Europeus. Dar esmola não é e nunca foi obrigatório.

24 de outubro de 2007 às 19:50:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Caturo,tu andas mas e a levar esta gentinha ao colo.

São dos melhores participantes que tenho tido. Se tivesse de passar o blogue a alguém, seriam eles os escolhidos.

24 de outubro de 2007 às 19:51:00 WEST  
Blogger Treasureseeker said...

AS RAÍZES PAGÃS DA CULTURA OCIDENTAL[1]



I



Numa das obras mais significativas sobre a experiência religiosa, intitulada The Golden Bough, o antropólogo britânico Sir James Frazer sustenta uma tese cujos ecos ainda hoje se fazem sentir. Relembremos sumariamente a concepção de Frazer: a evolução do espírito humano encontra‑se marcada por três fases distintas na forma como entende o mundo e a vida. São elas a magia, a religião e a ciência. Na fase mágica do pensamento humano, a percepção animista da realidade é, no essencial, neutra e impessoal, pois encontra‑se fundada na suposição de forças que interagem na base da semelhança e da contiguidade entre os diferentes níveis de realidade. Na fase religiosa, pelo contrário, a visão do mundo torna‑se personalizada, passando o mundo a ser habitado, transitória ou permanentemente, por figuras divinas que, com os seus caprichos e vontades, exigem o cuidado, a atenção e o sacrifício dos mortais. Finalmente, desde a era moderna ter‑se‑ia progressivamente imposto um modelo científico de inteligibilidade do mundo, assente novamente em forças neutras e impessoais mas agora desprovidas de quaisquer ressonâncias mágicas, pois seriam analisadas em função da estrita racionalidade lógica e matemática. Para lá da linearidade esquemática deste modelo, devedor directo das concepções evolutivas, então em moda, de Darwin e de Comte, confrontamo‑nos com um empobrecimento gritante da experiência religiosa da humanidade, pois nela apenas se surpreende a projecção ilusória e imaginária das nossas próprias faculdades. Não será por acaso que Freud, discípulo confesso das ideias de Frazer, na sua obra mais relevante sobre a religião (Die Zukunft einer Illusion, 1927), sustente a tese de que a religião não é um erro, mas antes a expressão de uma ilusão assente no desejo humano de uma ordem moral do mundo orientada por uma providência pessoal e omnipotente em permanente cuidado com as nossas necessidades de protecção, de justiça e de amor. E na base desta crítica da religião, surpreendemos a mesma ideia positivista que encontra na ciência pura o princípio redentor da humanidade [Cf. Frank Tipler, The Physics of Immortality, 1994]. Seria, no entanto, redutor transformar a obra de Frazer apenas num espelho da interpretação positivista do mundo, esquecendo que podemos surpreender nela um dos estudos mais sérios e cuidados sobre os quadros mentais da visão tradicional do mundo. Mais do que qualquer autor, Frazer preocupou‑se em decifrar as raízes mitológicas e religiosas da cultura ocidental, em particular ao fazer‑nos escutar o eco das antigas tradições pagãs na forma de viver e de sentir do homem religioso ocidental.

A palavra «paganismo» tem, como se sabe, um sentido pejorativo. Literalmente, «pagão» (paganus) é, na designação latina, o habitante das aldeias (pagi), qualificação que traduz o facto histórico do Cristianismo primitivo ter triunfado nas grandes cidades do Império e não tanto nas aldeias e nos campos onde se preservaram as antigas tradições religiosas. Se a distinção entre «cristãos» e «pagãos» parece reflectir uma mais antiga, aquela que opunha os povos da Aliança a todos aqueles que dela estavam excluídos, isto é, os gentios (os goiim na terminologia hebraica), rapidamente no seio da civilização cristã nascente o termo «pagão» parece assumir um tom depreciativo, senão mesmo acusatório, ao indiciar crenças supersticiosas, mágicas e idólatras próprias da ignorância das gentes das aldeias. E esta acusação, tantas vezes violenta e persecutória, manteve‑se durante séculos, só oficialmente desmentida no segundo Concílio do Vaticano quando no célebre documento Nostra Aetata [«Relações da Igreja com as religiões não‑cristãs»] não só se promove uma reconciliação da Igreja cristã com as outras grandes religiões hodiernas, como se reconhece o valor profundo das antigas religiões pagãs (sejam elas pré‑cristãs ou coetâneas do Cristianismo) que souberam, nas palavras do Concílio, preservar um sentido religioso profundo do mundo, da vida e do divino.

A nossa atenção, nesta comunicação, ir‑se‑á centrar nessas religiões antigas, pois estamos convictos que apesar de já não terem tradução ritual expressiva, as crenças pagãs condicionaram profundamente a visão e o sentir dos povos europeus e ocidentais. Não nos move nenhuma motivação restauracionista à maneira dos movimentos neopagãos que assolaram tragicamente a Europa nos anos 30 e 40, imitando involuntariamente o gesto patético do imperador neoplatónico Juliano o Apóstata que, no século IV, quis reimplantar o paganismo como a religião oficial do Império contra aqueles que designava pejorativamente como os «bárbaros galileus» [cf. Gore Vidal, Julian]. Por sua vez, mais do que consagrar a ideologia sincrética da «New Age», iremos, sim, analisar a influência do mundo pagão sobre a sensibilidade europeia, percebendo talvez que o Ocidente tem outras raízes fundamentais que não são apenas as das grandes religiões monoteístas nas quais se inclui naturalmente a cristianização do Logos grego.





II




O nosso ponto de partida será a metáfora privilegiada por Frazer, a «rama dourada», que dá título à sua obra fundamental atrás referida. Como reconhece o antropólogo escocês, a imagem foi‑lhe sugerida por uma pintura homónima de Turner, datada de 1834, na qual o grande pintor inglês quis representar uma das cenas tradicionais da mitologia pagã. Nesse quadro podemos surpreender uma jovem que exibe na sua mão esquerda um ramo dourado, enquanto na mão direita se adivinha uma foice igualmente de ouro. Como se pode ver, tal exibição não parece suscitar qualquer reacção por parte das outras personagens, pois enquanto umas descansam junto a um lago, outras divertem‑se dançando. Que cena mitológica é aqui representada e o que significa este misterioso «ramo de ouro»? Sem margem para dúvidas, neste quadro de Turner, estamos em face de uma reinterpretação pictórica de um dos episódios mais marcantes da Eneida de Virgílio. No texto poético conta‑se a intenção do príncipe Eneias de visitar o reino dos mortos para se encontrar com Anquises, o seu falecido pai, para que este o ilumine no seu caminho. Mas para conseguir descer ao reino da morte são e intacto, Eneias necessita da ajuda de uma sacerdotisa, a Sibila, aquela que como nos diz Petrónio, no Satiricon, conhece tragicamente o segredo da imortalidade mas não o da juventude. Com efeito, conta a lenda que Sibila de Cumas, a profetiza, amante de Apolo, solicitou à divindade uma vida muito longa, de mil anos, esquecendo‑se de lhe pedir também a juventude. À medida que o seu corpo envelhecia, ia ficando cada vez mais ressequida e carcomida a tal ponto que foi enfiada numa gaiola. E Petrónio acrescenta tragicamente: “Porque eu vi com os meus olhos a Sibila de Cumas presa numa gaiola e as crianças perguntavam‑lhe: «O que é que tu queres, Sibila?». E ela respondia: «Quero morrer»." Não é esse, no entanto, o aspecto que apresenta no quadro de Turner. Com efeito, quando conheceu o príncipe Eneias, Sibila era ainda uma jovem radiosa que lhe ofereceu como símbolo um ramo de ouro, sem o qual nunca se poderia vencer a prova da morte. O significado do quadro de Turner torna‑se claro: vivemos como se a morte não existisse, indiferentes ao caminho da imortalidade que nos é oferecido por este misterioso ramo de ouro. Mas, para lá da amargura e melancolia inerente à pintura, Frazer descobre uma vertente mais sinistra associada a este ramo. Como nos diz, logo nas páginas iniciais da sua obra, o ramo de ouro que propicia a imortalidade estava relacionado com um dos rituais mais enigmáticos da cultura pagã. O ramo de ouro deveria, em princípio, ser recolhido de uma árvore de um bosque sagrado dedicado à deusa Diana, a deusa virgem e selvagem das florestas. Ora, em volta dessa árvore dedicada à deusa, rondava um sacerdote cuja obrigação consistia em preservar com a sua vida aquele símbolo sagrado. Este sacerdote, habitualmente um escravo ou um gladiador, não tinha nem um instante de descanso ou tranquilidade, pois haveria de chegar o momento, em que por desatenção, alguém o assassinaria e tomaria o seu lugar. Como nos mostra Frazer, era esta a regra selvagem daquele santuário: o posto sacerdotal e também curiosamente o título de Rei só se poderia obter assassinando o sacerdote anterior. Se este ritual nos surge, numa primeira análise, como uma excepção bárbara no seio da civilização clássica, pode‑se, no entanto, surpreender nele uma convicção universal religiosa. Para lá da preservação de um costume histórico lendário, assente na morte cíclica dos reis, estudado por Joseph Campbell em Masks of the Gods, o rito da árvore da Rama Dourada simboliza uma visão religiosa baseada no paralelismo simbólico entre, por um lado, a morte e a ressurreição dos deuses e, por outro, os ciclos e ritmos regenerativos da Natureza. A ideia central deste rito descobre‑se na necessidade de se proceder a um sacrifício contínuo como forma de proporcionar uma revitalização da existência e da vida, ideia que perpassa explicitamente o filme de Coppola, Apocalipse Now, como se depreende das lúgubres meditações do Coronel Kurtz sobre a rama de ouro e sua função regeneradora no seio do coração de trevas inerente à humanidade.

Será, assim, em torno deste símbolo enigmático - o ramo sagrado de ouro - que iremos perscrutar o modo como as antigas religiões perspectivaram o mundo, tendo como ponto de referência conceptual quatro ideias chaves do pensamento ocidental, a saber, as ideias de criação, de morte, de amor e de divino. Com efeito, segundo a nossa interpretação, o grande legado das religiões antigas para a cultura europeia foi o de nos oferecer uma visão singular destas quatro ideias básicas da nossa vida, a um ponto tal que muitas vezes me questiono se não estaremos para sempre condicionadas por elas. Embora o caminho que iremos trilhar não seja exactamente aquele que é percorrido pelos passos de Frazer, a conclusão deste percurso, construído em torno de um mesmo enigma, o da rama dourada, será, no entanto, o mesmo: a rama dourada como o símbolo pagão por excelência da cultura ocidental.


III








Observemos a primeira metamorfose deste ramo de ouro, aquela que nos é proporcionada por esta estranha divindade da primeira civilização que legou por escrito à humanidade a sua visão do mundo. Referimo‑nos naturalmente à Suméria, a primeira das grandes civilizações que a história regista e que se desenvolveu na região conhecida pelos gregos como a Mesopotâmia. Pouco se sabe sobre esta estátua de cariz religioso descoberta no cemitério real da cidade suméria de Ur, a cidade lendária de Abraão. Esta estátua, feita de ouro, de lápis-lazúli e de pequenas conchas representa um bode em posição erecta em frente de um pequeno arbusto de folhas e ramos de ouro. O facto de ser um dos primeiros artefactos religiosos da génese da civilização humana torna‑o particularmente significativo. Nele se conjugam dois dos elementos mais relevantes da experiência religiosa da humanidade. Em primeiro lugar, um bode, animal que desempenha um papel crucial, como mostrou René Girard, em toda a vivência religiosa. No rito religioso do bode expiatório, descrito na Bíblia, este animal após ter absorvido simbolicamente todos os males do mundo é sacrificado, sendo morto ou lançado no deserto. O segundo elemento relevante é este arbusto de ramos de ouro, certamente uma das primeiras figurações da árvore da vida, uma das imagens arquetípicas mais pregnantes do imaginário humano.

Qual a imagem do mundo, da vida e da criação que estava associada a esta misteriosa estátua? Se os elementos que possuímos sobre a identidade desta figura são mínimos, o mesmo não se pode dizer sobre os conhecimentos que detemos actualmente sobre a visão do mundo da civilização suméria, que a literatura da Babilónia irá consagrar literariamente, em particular na obra conhecida como a grande epopeia da criação. Estamos perante um dos momentos altos da literatura humana, onde melhor se pode surpreender a concepção da vida e da criação dos povos que habitaram a zona do Crescente fértil. E a tese que defenderemos é que a visão da criação proposta, claramente pagã, ainda ressoa significativamente na nossa própria imagem do mundo.

Ouçamos, pois, este poema da criação, habitualmente designado pelas suas duas palavras em acádico Enuma elish, «Quando no Alto...» [«Sete tábuas da criação»], cuja escrita remonta provavelmente ao segundo milénio aC. Apesar de visar uma intenção ideológico-política clara, ao traduzir a supremacia da Babilónia sobre as outras cidades‑estado da região, revelam‑se neste poema os traços fundamentais da concepção do mundo vigente desde os Sumérios.

Escutemos os primeiros versos deste poema que apresenta todas as características de um hino épico, cuja recitação, sabe‑se hoje, ocupava um lugar privilegiado no culto ritual, em particular nas festividades do Ano Novo celebradas no começo do Outono. "Quando no Alto o céu ainda não tinha sido nomeado e a terra firme em baixo não tinha sido chamada pelo nome, nada existia senão o primordial Apsu, seu progenitor, e a Mãe-Tiamat, geradora de todos eles, suas águas misturando‑se como um só corpo". Estamos, assim, em face de dois deuses primordiais, Apsu e Tiamat, ambos identificados com o elemento líquido, sendo o primeiro a expressão da divinização das águas doces e subterrâneas, enquanto a segunda divindade, a deusa Tiamat, expressa antes a imensidão dos mares e a salinidade das águas. Conta‑nos o mito que este pai e mãe primordial, casal divino por excelência, gerará quatro gerações de deuses que se tornarão extremamente ruidosos perturbando o seu sossego e calma. Se a deusa Tiamat se mostra indulgente com os seus filhos, o mesmo não acontece com o deus‑pai Apsu que manifesta abertamente a sua cólera: "De dia não consigo descansar, de noite não consigo dormir. Eu abolirei os seus caminhos e os dispersarei! Que a paz prevaleça para que nós possamos dormir." A deusa indigna‑se mas Apsu está decidido a preservar a calma e a tranquilidade das origens. Só que uma das divindades, de nome Ea, "aquele que tudo sabe", também conhecido entre os Sumérios pelo nome de Enki, descobre as intenções de Apsu. Depois de proteger os deuses num círculo mágico, adormece e mata Apsu, o pai divino, apoderando‑se dos seus domínios.

O deus Ea, que personifica as águas doces dos lagos e dos rios, ocupa um lugar privilegiado no panteão mesopotâmico, graças ao seu saber, engenho e papel de protector da humanidade. Vivia com a sua esposa, Damkina, bem no centro das águas, na casa dos destinos. Da sua deusa consorte, Ea terá um filho, de nome Marduk, perfeito em todos os aspectos, "o mais honrado dos grandes deuses", o que tem a autoridade do Céu, com quatro olhos para tudo ver e quatro orelhas para tudo escutar. Entretanto, alguns deuses ressentidos com o poder crescente de Ea e de seu filho, apelaram à vingança de sua mãe Tiamat que se decide sair da letargia a que se tinha entregue, pois, apesar de enfraquecida, ela ainda detinha a tábua onde estavam escritos os destinos. Cria, então, como suas armas, enormes serpentes marinhas plenas de veneno nas suas presas gigantescas. Ea, ao ver aquele exército, fica sem fala mas ainda tem forças para perguntar se o destino está fixado. A esta questão, o herói por excelência, Marduk, responde oferecendo‑se para combater Tiamat, na condição de se tornar o maior de todos os deuses. Pleno de confiança, Marduk lança‑se ao encontro de Tiamat, conseguindo envolver a deusa na sua rede. Corta‑a, em seguida, em dois pedaços, de modo a transformar uma das partes na cobertura dos céus e a outra, na terra que manterá as águas subterrâneas para sempre ocultas. O poema descreve, em seguida, a forma como Marduk organizou o mundo, estabelecendo calendários, fazendo surgir a Lua como a luz da noite que marca os dias. Edifica a cidade da Babilónia, literalmente "a porta dos deuses", para que estes possam ter sempre um local de descanso na Terra. Do sangue dos seus inimigos, Marduk, em colaboração com o seu pai, cria os homens, permitindo aos deuses dias tranquilos na medida em que os humanos trabalharão para eles. "Quando Marduk ouve as palavras dos deuses, o seu coração leva‑o a fabricar belas coisas. Abrindo a boca, dirige‑se a Ea para lhe comunicar o plano que concebera em seu coração: «sangue quero amassar e fazer com que existam ossos. Criarei um selvagem, homem será seu nome. Será encarregado do serviço dos deuses, para que estes estejam em paz." O poema termina com a glorificação de Marduk como rei dos deuses, enunciando os seus cinquenta atributos divinos. Os primeiros predicados não deixam margens para dúvidas sobre a sua natureza. Marduk é o jardineiro do mundo, cito "[ele é o] doador das plantações, fundador das sementeiras, criador do grão e das plantas, aquele que faz com que a erva verde cresça." Numa palavra, o grande criador do mundo revela‑se como mais uma metáfora do ramo de ouro.

A grande epopeia babilónica é um poema claramente mítico, na dupla acepção da palavra, visto que ele se apresenta simultaneamente como uma narrativa das origens e uma narrativa instauradora que legitima o triunfo da ordem sobre o caos. Com efeito, Tiamat, a mãe de todos os seres, simboliza o caos indiferenciado, matriz primordial donde tudo emerge, enquanto Marduk personifica o princípio masculino da ordem e do poder. As hipóteses interpretativas deste combate mitológico são múltiplas, sendo possível apreender seja uma leitura de sabor gnóstico, segundo a qual a criação está manchada por um crime primordial que marca, com o seu sangue, a geração do homem, seja a certeza de que todos os começos, mesmo os divinos, devem ser superados e transcendidos. Mais do que uma alegoria naturalista, o mito deve, a nosso ver, ser perspectivado, como uma metaforização da génese do mundo, na qual se pode surpreender a passagem da tranquilidade que antecede a criação, tranquilidade incarnada pelo casal divino das águas abissais, a um combate violento entre a indiferenciação caótica, plena de energia e de força, simbolizada por Tiamat, e a organização do mundo, alcançada através da fragmentação do corpo da deusa mãe, pelo herói divino, Marduk.

A força desta metáfora da água é comum a várias mitologias da criação. Está inegavelmente presente na primeira versão bíblica da criação do mundo, narrada na Bíblia. "Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um vento de Deus pairava sobre as águas. [...] Deus disse: «Que haja uma vastidão do céu no meio das águas que separe as águas das águas." (Gn 1, 2;6). A própria ideia de um combate divino com um monstro aquático percorre os textos bíblicos, não suscitando grandes dúvidas que o famoso Leviatã, descrito nos Salmos como um ser terrível de várias cabeças, é uma tradução imagética de Tiamat (Salmos 74, 13‑15) "Tu dividiste o Mar com o teu poder, quebraste as cabeças dos monstros de água, esmagaste as cabeças de Leviatã [...] Tu abriste fontes e torrentes, tu fizeste secar rios inesgotáveis". Mas não só. Como salienta Samuel Hooke, no Génesis, "a palavra hebraica usada para caos das águas, o 'abismo' é tehôm, uma palavra geralmente aceite como uma corrupção hebraica do nome Tiamat" (119). [Tehom é um nome próprio e sempre adjectivado no feminino]. Mas não é só a nossa familiar cosmogonia bíblica que expressa a mesma imagem criadora. Com toda a probabilidade, a visão cosmogónica dos Sumérios - que está em grande parte, como vimos, na raiz da concepção babilónica da criação do mundo - influenciou as múltiplas cosmogonias rivais do Egipto Antigo, entre as quais sobressai a da cidade de Heliópolis, na qual se narra a criação do mundo pelo "senhor dos limites do céu" (Atoum) a partir do oceano informe do ser primordial designado como Noun. Nas suas águas abissais estão contidos os germes de tudo o que será gerado, de tal modo que o próprio demiurgo solar, Atoum, flutuava no oceano informe de Noun. E os exemplos deste arquétipo bem sucedido poder‑se-iam multiplicar desde o belo e profundo «Hino da Criação» da cultura védica - "sem nenhum traço distintivo tudo era água indistinta. O uno que estava envolto no nada surgiu finalmente através do poder do calor" até à visão dos Astecas do confronto criador entre o grande deus Tezcatlipoca - o primeiro dos deuses a incarnar o Sol - e um monstro feminino, com a forma de um crocodilo, que emerge das águas primordiais. Estamos, assim, em face de um símbolo arquetípico do imaginário humano, enquanto «imagem psíquica» que transcende a vontade e a consciência dos indivíduos. Como nos diz, de uma forma incisiva, o romancista alemão Thomas Mann, na Montanha Mágica: “Não sonhamos unicamente com a nossa própria alma".

Longe de ser uma visão ingénua da criação, esta cosmogonia pagã está presente no pensamento filosófico e teológico mais estrito do Ocidente. Assim, desde a ideia platónica de uma matéria indeterminada e primordial (a chôra) que resiste e dá corpo ao mundo (Timeu), passando pela concepção de Schelling, no escrito da liberdade de 1809, no qual se sustenta a ideia de um fundamento abissal, indeterminado e caótico em todo o existente, até à visão surpreendente do filósofo e teólogo francês Alain Houziaux [Cf. Le Tohu‑bohu, le Serpent et le bon Dieu, de 1997; La Religion, les Maux, les Vices, 1998]. A hipótese de Houziaux consiste em mostrar‑nos que a única forma coerente de explicar o acto de criação e a existência do mal no mundo implica a admissão de uma "matéria primordial" eterna e distinta de Deus, cuja existência é enunciada explicitamente nos versículos iniciais do Génesis. Com efeito, a noção actualmente comum de uma criação ex nihilo é, no fundo, uma noção tardia, estando completamente ausente dos versículos bíblicos da criação, sendo, no fundo, uma doutrina elaborada no século II pelos primeiros padres da Igreja [Santo Irineu], provavelmente a partir do comentário do texto paulino, em que São Paulo nos diz que Deus "chama à existência as coisas que não existem." (Rom 4, 17). Houziaux sugere, então, uma nova concepção de Deus e da criação, concepção que é, a nosso ver, um exemplo privilegiado da permanência da visão pagã do mundo no que ela tem de mais interessante. Diz‑nos Houziaux: "Deus, tal um oleiro, cria o mundo a partir de uma matéria primeira, de uma argila que lhe resiste e continua a semear a perturbação no mundo [...] Pela sua potência própria ela perturba o pôr em obra do projecto do oleiro." (36) Para evitar o risco sério de retomar visões dualistas, Houziaux estabelece a seguinte distinção: "Este mundo primordial não é um segundo Deus contrário ao Deus criador (não há traço de dualismo ou de maniqueísmo no texto bíblico). Ele é o órgão‑obstáculo do trabalho criador de Deus" (36). Tal não significa que esta matéria‑prima, este "caos primordial" referido em Génesis 1,2 tenha sido criado por Deus. "Este caos primitivo é apresentado na Bíblia seja como uma terra informe, desértica e ingrata, seja como um «oceano primordial»" (40). E como conclusão final este teólogo remata com a tese: "Deus não é o criador único e todo‑poderoso nem do nosso mundo nem do homem" (42), mostrando que a transcendência divina deve ser entendida em termos de amor e não tanto de ser. Não vou, neste momento, discutir a coerência, para muitos suspeita, desta ideia fascinante de um Deus que se vê a braços com uma matéria primordial obscura, esse enigmático caos primordial das águas abissais do Génesis. Quero apenas reter como primeira tese que a concepção pagã da criação como ordenação de uma natureza informe encontra‑se bem viva na cultura e no pensamento ocidental.

As minhas desculpas,Caturo,mas achei que isto poderia ter também,algum interesse para o blogue.Espero que haja alguma utilidade nisto,apesar de expressar um ponto de vista ateísta.

Saudações e até breve.

24 de outubro de 2007 às 20:16:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Sim, tem sempre interesse, especialmente porque, sendo neutral (isto é, ateia, ou seja, nem cristã nem pagã), reconhece a presença da componente pagã na cultura actual do Ocidente.

Saudações.

24 de outubro de 2007 às 21:04:00 WEST  
Blogger Silvério said...

"Quanto ao auxílio concedido a países não europeus, pode ter o seu mérito e utilidade, mas não é em momento algum uma obrigação ética para os Europeus. Dar esmola não é e nunca foi obrigatório."

Acho que nem é necessário colocar esta questão. A partir do momento em que o imperialismo acabar, todos os povos ficam com caminho livre para poderem gerar a riqueza que quiserem na sua terra e terem o nível de vida que bem entenderem. A natureza dá o suficiente para todos, se alguém precisa de pedir esmola é muito provavelmente porque alguém ficou com o que pertencia a essa pessoa.

24 de outubro de 2007 às 21:24:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Celso Nuno Marques Carvalhana

24 de outubro de 2007 às 21:29:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Retirado do post do Caturo:

"Igualmente, en los USA, y ya desde el año 2000, se pregunta si la persona es “Spanish/Hispanic/Latino” o “Puerto Rican”, o bien “Mexican, Mexican Am, Chicano” o “Cuban”, y si son de raza blanca, o “Black, African Am, or negro” etc, etc, etc."

Caturo, ajuda-nos! Se formos aos USA o que é que nós portugueses escolhemos?
Os portugueses têm á partida 3 opções etnicas:
“Spanish/Hispanic/Latino”
Qual das 3 devem escolher?

24 de outubro de 2007 às 21:54:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, sabes quem é este cavalheiro?
http://dn.sapo.pt/2007/10/23/881803.jpg

24 de outubro de 2007 às 23:18:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Mao Tsé-tung afirmou, "O Marxismo consiste em milhares de verdades, mas em última análise todas se reduzem a uma: é justo revoltar-se". O Movimento Revolucionário Internacionalista toma a revolta das massas como o seu ponto de partida, e apela ao proletariado e aos revolucionários de todo o mundo a empunharem o Marxismo-Leninismo-Maoismo. Esta ideologia libertadora e de combate deve ser levada ao proletariado e a todos os oprimidos porque só ela pode possibilitar que a revolta das massas remova milhares de anos de exploração de classe e dê à luz o mundo novo do comunismo.

Erguer Bem Alto a Grande Bandeira Vermelha do Marxismo-Leninismo-Maoismo!

25 de outubro de 2007 às 01:08:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Não faço ideia de quem seja esse indivíduo.


Caturo, ajuda-nos! Se formos aos USA o que é que nós portugueses escolhemos?
Os portugueses têm á partida 3 opções etnicas:
“Spanish/Hispanic/Latino”
Qual das 3 devem escolher?


Nenhuma delas, já que, nos EUA, essas designações estão ligadas à população mestiça da América Latina.

25 de outubro de 2007 às 14:24:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, o cavalheiro da foto é este:
http://dn.sapo.pt/2007/10/23/internacional/angolano_eleito_para_o_parlamento_su.html
A UDC ganhou na Suiça, mas nem tudo correu pelo melhor, como se vê.

25 de outubro de 2007 às 16:03:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Um eleito por um partido considerado nessa notícia como o grande derrotado...

Não há dúvida, de qualquer modo, que as posições se radicalizam na Suíça. E os «racistas», até ver, vão à frente...

25 de outubro de 2007 às 16:30:00 WEST  
Blogger Oestreminis said...

Caturo, ajuda-nos! Se formos aos USA o que é que nós portugueses escolhemos?
Os portugueses têm á partida 3 opções etnicas:
“Spanish/Hispanic/Latino”
Qual das 3 devem escolher?


Mais interessante que a pergunta sobre qual a "escolha" é o que a antecede: de facto a Silvia explicitamente refere "nós portugueses", e não vejo nas opções qualquer menção de "African-american" ou "Asian", o que seria "normal" se não houvesse reconhecimento de que por portugueses nos estamos a referir a uma determinada realidade etno-cultural. Partimos portanto de uma base em que existe um reconhecimento explícito em que quando se fala de "portugueses" não estamos a falar do Makukula... anão ser que só seja de bom-tom restringir o âmbito das definições quando o objectivo é achincalhar.

Quanto à resposta, o Caturo já a deu. O que o artigo refere é que os EUA separaram a pergunta da raça ("Caucasian", "African-american", etc.) da pergunta sobre ser "Hispanic". A utilização dos adjectivos "Hispanic" e "Latino" são um reflexo das vagas migratórias para os EUA vindas da América do Sul e nada têm a ver com os conceitos europeus, pelo que só por ignorância pura e simples ou má-fé declarada é que se pode considerar que um Espanhol ou Português está englobado no conceito difuso de "Latino" - note-se o -o final, que transforma a palavra em algo completamente diferente de "Latin". De facto, e para mostar a diferença de forma simples, os Italianos não são considerados "Latinos" nos EUA, o que não deixa de ser interessante visto serem aqueles que provém do Lacio e seus arredores.

Resumindo: "Latino" e "Hispanic" são conceitos mal engendrados, frutos bastardos de um conhecimento reduzido do mundo e de uma visão míope do mesmo e altamente dependentes por isso do contexto americano; significam basicamente provenientes da América do Sul com aparência tri-racial.

25 de outubro de 2007 às 16:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Hispanico, nos EUA, não significa forçosamente mestiço oriundo da America Latina. A comunidade cubana nos EUA é considerada uma comunidade hispanica, e no entanto muitos cubanos não têm uma aparencia mestiça. Fidel Castro é considerado um hispanico nos EUA, e no entanto a sua aparencia é europeia. Presumo que descenda directamente de colonos espanhois. E tal como ele muitos outros descendentes directos de espanhois,
sem aparencia mestiça, oriundos da America Latina, são chamados de hispanicos nos EUA.
Peninsula hispanica = peninsula iberica.
O termo não se aplica aos italianos, mas portugueses e espanhois são de facto por vezes englobados no grupo dos hispanicos pelos americanos.

Sobre a Suiça, é importante notar que embora a UDC não tenha maioria absoluta no parlamento, se a proposta de lei relativa à imigração for aprovada no referendo que a UDC pretende realizar, passa a ser lei.

26 de outubro de 2007 às 03:50:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, parece que lá para o ano 3000 as coisas, em termos etnicos, ainda vão piorar mais. Pelo menos é o que diz este cientista, especialista em evolução:
http://dn.sapo.pt/2007/10/26/ciencia/especie_humana_pode_a_subdividirse_d.html
Caturo, achas que por essa altura, o PNR já estará finalmente em condições de eleger o seu primeiro deputado?

26 de outubro de 2007 às 04:34:00 WEST  
Blogger Oestreminis said...

Cara Silvia,

Hispanico, nos EUA, não significa forçosamente mestiço oriundo da America Latina.

Não significa forçosamente porque o termo em si é tão vago que se aplica de forma diferente conforme a pessoa, o estado e outras variáveis. Não tem definição concreta, e cada instituição ou pessoa usa-a como quiser: para uma demarcação étnica e cultural na maior parte dos casos, para indicar simplesmente alguem que fale castelhano noutros.

A comunidade cubana nos EUA é considerada uma comunidade hispanica, e no entanto muitos cubanos não têm uma aparencia mestiça. Fidel Castro é considerado um hispanico nos EUA, e no entanto a sua aparencia é europeia.

A comunidade cubana não é exactamente homógenea, mas esta questão foi a que levou *recentemente* á divisão da pergunta sobre raça e da pergunta sobre a "Hispanidade". Há poucos anos atrás "Hispanic" estava listado como opção *alternativa* nos campos "Caucasian, African-american, Hispanic, Asian-american...". Logo, era de facto e de jure uma divisão étnica. Devido ao facto de haverem falantes de castelhano de origem Europeia a pergunta foi dividida, sem que com isso tenha perdido o seu carácter inicial para boa parte da população. Ninguém que diz que viu um Hispânico a passar na rua de longe se está a referir ao facto de ter intuído que o cavalheiro em questão sabia falar espanhol e/ou tinha nascido na América Latina...


. E tal como ele muitos outros descendentes directos de espanhois,
sem aparencia mestiça, oriundos da America Latina, são chamados de hispanicos nos EUA.


Depende de quem chama, e em que contexto. Numa perspectiva cultural existe a tendência de agrupar tudo o que fale espanhol como um grupo unificado, fruto de resto do facto dos EUA verem tudo o que não fale inglês como uma massa estranha. A isto acresce que "Hispânico" e "Hispanidad" têm significados diferentes em Espanha e nos EUA.

Peninsula hispanica = peninsula iberica.

Isto não quer dizer absolutamente nada neste contexto. A palavra "Hispanic" usada nos EUA não foi feita tendo como base directa a província romana da Hispânia. Aliás, as palavras mudam e ninguém em Portugal se considera "espanhol" ou "hispânico" embora tal fosse normal antes da fundação do Estado de Espanha. Com as modificações políticas mudam-se os significados das palavras, e não é pela correspondência da Hispânia com a Ibéria que os portugueses são englobados no termo, a não ser que a Sílvia ache que devamos começar a participar no Dia de la Hispanidad e a chamar-mos-nos espanhóis?

O termo não se aplica aos italianos, mas portugueses e espanhois são de facto por vezes englobados no grupo dos hispanicos pelos americanos.

Da mesma forma "Latinos" == "Lacio", e a correspondência não é verdadeira nos EUA. E concordo que são de facto por vezes englobados, mas isso deriva do ãmbito da palavra ser mal-definido, mal-explicado e usado de forma anárquica. Aliás, em última análise apenas os portugueses e espanhóis são "hispânicos" e não os povos da América Latina. Existem moviemtnos nativistas no México, por exemplo, que se recusam a usar essas expressões por se referirem a pessoas europeias.

O mesmo problema se passa com os termos "música Latina" e "danças Latinas", que de Latino não têm nada. São rítmos afro-caribenhos, e selhes chamam latinos com mais propriedade se pode chamar ao "Rap", "Hip hop" e quejandos "música anglo-germânica", visto ter tido origem num país anglófono em que a maior contribuição populacional foi alemã.

Resumindo: os termos têm nos EUA um sentido mal-definido que pouco tem a ver com as palavras idênticas que usamos na Europa. É preciso levar isso em conta antes de fazer extrapolações. Se na China "ibérico" designasse alguém com 2 metros de altura e maneta não era por sermos Ibéricos que os passavamos a ser na China. Concordo com o que disse sobre o termo ser utilizado de forma diferente, englobando às vezes epanhóis, outras vezes ibéricos, outras vezes brasileiros.

26 de outubro de 2007 às 12:14:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Caturo, parece que lá para o ano 3000 as coisas, em termos etnicos, ainda vão piorar mais. Pelo menos é o que diz este cientista, especialista em evolução:
http://dn.sapo.pt/2007/10/26/ciencia/especie_humana_pode_a_subdividirse_d.html


Gente alta, atraente, inteligente, com mulheres de olhos claros, diz a notícia?... Eh pá... será que a tal subespécie de elite vai ser como a raça do super-homem que os nazis queriam fazer?...

Tu não me digas, Sílvia Santos, que os nazis foram no fundo profetas do futuro!!! É que dá-se já cabo da vida do cientista que disse isso!!!

Entretanto, constato que falaste em «termos étnicos», enquanto a notícia só fala em «subespécies»... ó Sílvia, para ti as etnias são tão diferentes entre si como as subespécies?... Nem eu digo isso, e sou racialista...


Caturo, achas que por essa altura, o PNR já estará finalmente em condições de eleger o seu primeiro deputado?

Bem, se as coisas forem mesmo como o tal cientista diz, nem vai ser preciso haver PNR, porque o mundo será ainda mais «racista» do que agora...

26 de outubro de 2007 às 13:07:00 WEST  
Blogger Silvério said...

Este estudo é um bocado patético, e a sconclusões parecem tiradas de uma das revistas sentinela dos jeovás. Isto é que são cientistas sim senhor.

26 de outubro de 2007 às 23:36:00 WEST  

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