quarta-feira, setembro 12, 2007

POLÍCIA DO COLORADO DENUNCIA A VIOLÊNCIA DO RAP

O único sinal de que estamos em Colorado Springs é que há duas igrejas ao lado da casa nocturna, La Zona Roja, localizada numa área comercial vazia. O clube é parte da próspera comunidade do hip-hop que se desenvolveu em Colorado Springs, cidade conhecida pela proximidade de bases militares e pela presença de grupos evangélicos. Mas nem toda a gente está feliz por o hip-hop ter fincado raízes aqui.

Depois de uma série de tiroteios, e com um índice de homicídios em alta, a polícia da cidade está dizendo que o gangsta rap contribuiu para o aumento da violência, atraíndo membros de gangues e actividade criminosa às casas nocturnas. A polícia condenou publicamente essa forma de música num comunicado à imprensa, depois de um homicídio em Julho, e está alertando os proprietários de casas nocturnas de que eles talvez não estejam seguros se incluíram gangsta rap na sua programação musical.

"Não queremos criticar todo o hip-hop", disse o tenente Skip Arms, porta-voz da polícia local. "Mas estamos falando de um subcomponente que tipicamente glorifica e promove o comportamento criminoso, e trata as mulheres com desrespeito".

As acções da polícia irritaram a comunidade local do hip-hop, compostana sua maioria por negros e latinos, muitos dos quais vivem na cidade porque estão ligados às bases militares que a cercam. "Se estivéssemos falando de um bar de rock ou country, nada disso estaria acontecendo", disse James Baldrick, que dirige a Dirty Limelight, uma empresa local que promove eventos de hip-hop.

"A cidade quer proibir o hip-hop", disse Mike Cross, 26 anos, entrevistado diante do Eden Nite Club, uma casa de hip-hop conhecida no centro da cidade, em companhia de um grupo de amigos, há alguns dias. "Eles não querem que a música sobreviva". Classificando a abordagem da polícia como ignorância, um grupo de proprietários de casas nocturnas e rappers da cidade organizou uma noite de apresentações de hip-hop e de som na pista no La Zona Roja, um mês atrás, tentando provar que era possível realizar esse tipo de evento sem incidente.

"Quando dois caubóis começavam a brigar em um salão, saíam à rua e sacavam as armas, ninguém culpava a música que eles estivessem ouvindo", disse um rapper local conhecido como B.Serious, que cantou no evento. Mas com 19 homicídios registrados até agora este ano, ante 15 no total de 2006, a polícia insiste na existência de uma correlação entre o gangsta rap e a violência, e aponta para três ataques a tiros recentes.

Em 17 de abril, uma bala perdida matou um taxista durante uma briga entre dois grupos que haviam acabado de sair do Eden. Depois de uma briga durante um show em um parque local, em um feriado em maio, um homem foi morto a tiro no estacionamento de uma loja local de bebidas.

Em 9 de Julho, um antigo astro do futebol americano estudantil na cidade, Diontea Jackson-Forrest, foi morto a tiro. As autoridades disseram que o suspeito esteve envolvido numa altercação no Eden antes do incidente.

Dois dias depois da morte de Jackson-Forrest, a polícia divulgou um comunicado atribuindo a culpa pela violência ao gangsta rap. O comunicado mencionava um evento planeado no Eden, promovido como festa para "cafetões, bandidos e vagabas", como "a espécie de comportamento que causa preocupação".

Baldrick ressaltou que o ataque depois do show no parque, patrocinado por sua empresa, aconteceu duas horas depois do evento, mas a polícia decidiu que existia conexão entre as duas coisas. Ele disse que desde que as autoridades começaram a se pronunciar contra o gangsta rap, a freqüência dos eventos promovidos pela Dirty Limelight caiu de uma média de 700 para apenas 200 pessoas.

Mas o tenente Thomas Harris, que comanda uma unidade policial que combate gangues, drogas e armas, insistiu em que existe conexão entre a violência e a música. "Quando a música basicamente diz que tratar mal as mulheres, roubar o que se deseja possuir e desrespeitar e matar policiais é aceitável", diz Harris, "isso vai atrair aquela pequena percentagem da população que deseja levar vida de bandido".

Outras pessoas dizem que a polícia está a concentrar-se no hip-hop em lugar de cuidar dos problemas de crescimento dessa cidade de maioria branca e inclinações conservadoras, sede de grupos evangélicos como o Focus on the Family e o New Life Church. Desde 1990, a área metropolitana de Colorado Springs, logo ao sul de Denver, viu crescimento populacional de mais de 100 mil pessoas, de 397 mil para meio milhão de habitantes.

Ainda que tensões raciais abertas, que causaram protestos aqui nos anos 70 e 80, sejam em larga medida parte do passado, resta uma sensação de que as minorias são negligenciadas, ainda que benevolamente, segundo o Dr. Jose Barrera, ex-director de estudos étnicos da Universidade do Colorado em Colorado Springs. A negligência traduziu-se na criação de um fosso entre a cidade institucional e os jovens das minorias, segundo ele.

"Se observarmos a história das relações étnicas e raciais nesta comunidade, detectaremos um padrão de ignorância quanto às culturas e problemas das minorias", disse Barrera. "Nenhum observador sério acredita que as atuais manifestações de cultura jovem e pop de facto fomentem atividades criminosas".



Já agora, convém lembrar que também o Heavy Metal tem não apenas letras mas também um som a exprimir excepcional agressividade; e, todavia, não há gangues «metálicas» a agredir e a assaltar... os apreciadores deste estilo musical não costumam ser conhecidos por provocarem as pessoas gratuitamente ou por se envolverem sistematicamente em cenas de violência ou de ataques mortais contra as forças da autoridade...

Porque será?

Curiosamente, ou talvez não, o público consumidor de Heavy Metal é quase exclusivamente caucasóide. E não há no teor da sua mensagem um posicionamento violentamente hostil para com um grupo étnico, para com as autoridades ou contra qualquer outro aspecto da sociedade em que vivem.

A que se deverá tal diferença - predisposição genética ou circunstância puramente histórica e cultural?

Uma coisa é certa - o «Metal» foi sempre, e continua a ser, total ou quase totalmente ignorado pelo «mainstream», enquanto o rap tem honras de primeiro plano, tornando-se no principal género musical nos principais canais televisivos de música, conformando os genéricos de programas infantis e, cúmulo dos cúmulos, servindo de base ao hino da selecção nacional de futebol de uma nação europeia com raízes milenares.

Como, por que artes, berliques e berloques é que um estilo musical particularmente violento, sujo, anti-social, conseguiu tornar-se numa coqueluche do sistema vigente?
Quem está interessado nisso?

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caturo,esclareça-me uma coisa:o movimento musical Hardcore Straight Edge sempre foi pacifista e positivo,ao cantar letras de ânimo e incentivo aos jovens,mas foi conotado com a extrema-direita dita "racista"por os seus componentes serem integralmente brancos.Isto foi mais uma jogada antirra para difamar esta forma musical,que até tinha uma mensagem muito forte,em prol da luta dos jovens urbanos pelo seu futuro.Lembro-me ainda,de boas bandas norte-americanas como 7 Seconds ou Youth of Today,que faziam espectáculos fabulosos,plenos de energia.Bons tempos,os anos 80,Caturo!...

12 de setembro de 2007 às 17:37:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O rap é lixo. O que me revolta mais são os tolinhos de raça branca na onda do rap. Como é que é possível haver gente tão estúpida?
O meu grande vómito para toda essa gente.

12 de setembro de 2007 às 18:26:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Esses já não gostam de ser brancos,gostam da zurrapa multi-étnica.Tristes,é o que são.

12 de setembro de 2007 às 18:32:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O chamado "basofe" ainda é mais nojento que o preto. Não é uma frase politicamente correcta , não é uma análise cientifica , mas é o que penso.

12 de setembro de 2007 às 22:11:00 WEST  

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