sexta-feira, agosto 31, 2007

SARKOZY QUER UNIÃO MEDITERRÂNICA (?)

O presidente francês Nicolas Sarkozy está a promover a criação de uma «União Mediterrânica» para tratar de temas regionais que os vários povos mediterrânicos terão em comum, tais como a imigração, o terrorismo, a degradação ambiental e o desenvolvimento económico.
A Alemanha já deu voz ao seu desagrado perante tal ideia, receando que possa minar os projectos da União Europeia para essa região. Pelo contrário, a Espanha, a Tunísia e o Egipto parecem interessados na ideia, mesmo que, para já, não haja propostas concretas por parte da França. Efectivamente, não se sabe o que Sarkozy está realmente a propor, se a constituição de uma organização supranacional como a União Europeia, se um fórum de discussão, e como iria interagir com outras organizações regionais, tais como a referida U.E., bem como a União Africana e a União do Magrebe Árabe, às quais pertencem os potenciais membros desta união mediterrânica.

Há quem veja nesta iniciativa uma tentativa francesa para reforçar a sua influência ao nível das relações internacionais.

O ministro dos negócios estrangeiros espanhol, Miguel Ángel Moratinos, vai já ao ponto de propor que esta nova união tenha instituições próprias como as da U.E., incluindo um conselho de chefes de Estado, uma comissão permanente e mesmo um banco próprio.

Parece pois que há aqui uma aliança da Esquerda pró-mediterrânica com uma certa Direitinha neo-colonialista e multicultural, espécie de Minho-até-Timor em versão franciú.

Todavia, há quem atribua a este movimento de Sarkozy a intenção de oferecer uma espécie de compensação à Turquia, visto que o presidente francês opõe-se veementemente ao ingresso da Ásia Menor na Europa, querendo somente que o referido país asiático fique num estatuto de parceria privilegiada com a União Europeia.
De facto, Sarkozy afirmou, na sua recente campanha, que «temos de ver as relações da Europa com a Turquia no contexto desta união mediterrânica. Se a Europa quer ter uma identidade, tem de ter fronteiras e, portanto, limites.»

Isto já é um pouco mais tranquilizador, digamos. O governo turco, por seu turno, rejeitou a ideia, e os apoiantes europeus da ideia da união mediterrânica apressaram-se a garantir à Turquia que não viam uma União Mediterrânica como alternativa à União Europeia no que diz respeito à integração dos Turcos.

Neste contexto, o presidente francês, ou se enquadra realmente na Direita multiculturalista, espécie de «salazarismo democrático», ou então está a brincar com o fogo, visto que as suas boas intenções - manter amigável mas fora da Europa o que não é europeu - poderão ser aproveitadas pela maralha militantemente multiculturalista para promover a mixórdia civilizacional entre os dois lados do Mediterrâneo. É de notar que a ideia da união mediterrânica em si agradou ao governo turco.

Dorothée Schmid, especialista em assuntos mediterrânicos do Instituto Francês de Relações Internacionais, afirma que o clima político da região é pouco propício à cooperação, visto que se agrava a questão da segurança em virtude da escalada de tensão entre o Ocidente e mundo árabe.
Mais importante é aquilo que esta autoridade na matéria diz a respeito do verdadeiro significado do Mediterrâneo - segundo ela, os Estados desta área têm de pensar bem se este mar cria realmente uma região ou se não passa de um ponto de encontro entre culturas diversas: «será o Mediterrâneo uma região em termos económicos, em termos culturais - seja em que termos for, para além do aspecto geográfico? A legitimidade de uma moldura mediterrânica é muito duvidosa, creio. Especialmente no que à política diz respeito.»
Naturalmente que este ponto de vista não agrada a boa parte da intelectualada politicamente correcta da Europa do sul, sempre apressada em declarar «Ich bin ein Mediterraner». Trata-se enfim de um combate ideológico que, com o tempo, se intensificará.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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FORUM NOVAS GERAÇÕES

NOVA DEMOCRACIA

TODOS FOMOS ENGANADOS
UM NOVO RUMO É POSSIVEL

31 de agosto de 2007 às 14:10:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Agora já se percebe porque é que Le Pen apelou o seu eleitorado para não votar em Le Pen. Foram bem enganados, como já se sabia. :)

31 de agosto de 2007 às 17:06:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

...para não votar em Sarkozy.

31 de agosto de 2007 às 17:07:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Em Portugal, também há vozes que vão nesse sentido, curiosamente querem incluir também Cabo Verde.
Um dos mais activos defensores dessa ideia é o Mário Soares.

31 de agosto de 2007 às 18:44:00 WEST  

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