UMA ESPERANÇA REALISTA
O camarada Rafael enviou este valioso artigo, que deveria ser lido por todos os Portugueses pelo menos uma vez por semana:
O defeito não é do povo
Jorge Fiel
LEMBRAM-SE da emigração para França?
A dramática e heróica aventura que um milhão de portugueses pobres que esvaziaram as aldeias do interior deste país e partiram, a salto, para terras de França, em busca de melhores condições de vida e de trabalho?
Foi nos anos 60 e o primeiro retrato “polaroid” que recebemos desta gigantesca migração foi a preto e branco, imagens dos “bidonville” onde os nossos compatriotas se amontoavam em casebres insalubres, sem água, nem luz, nem casa de banho, vivendo como animais.
Os emigrantes portugueses sobreviviam em condições miseráveis e ocupavam-se dos trabalhos mal pagos que os franceses não queriam fazer.
Eles trocaram a enxada pela pá de pedreiro. Elas ocuparam-se de limpar a porcaria que os outros faziam.
O casal típico era constituído pelo homem do “batiment” e a mulher do “ménage”.
Hoje, 40 anos depois da sangria em que Salazar deixou o País esvair-se, é gratificante ver que os tempos da “mala de cartão” acabaram.
Passaram à história.
A comunidade portuguesa em França não só está plenamente integrada no país que a acolheu como até vive melhor do que os franceses. Dados oficiais garantem que, se compararmos uma família francesa e outra de luso-descendentes, ambos do mesmo estrato sócio-profissional, a de origem portuguesa tem em média um rendimento 20% superior e habita uma casa melhor. A taxa de desemprego na comunidade portuguesa é inferior à do conjunto do país e a taxa de actividade é muito maior (2/3 dos portugueses estão activos, contra apenas pouco mais do que metade dos franceses). Saber isto deixa-me cheio de orgulho de ser português.
E com a certeza absoluta de que não somos um povo com defeito.
Os nossos emigrantes triunfaram em condições mais do que adversas, aprenderam uma língua estranha e foram capazes de dar educação aos filhos, apesar de eles próprios serem muito pouco escolarizados.
À luz deste fantástico sucesso da emigração portuguesa em França, não é fácil compreender o que se passa no nosso país.
Estamos com a taxa de crescimento mais lenta de toda (toda, repito) a União Europeia.
O FMI acaba de confirmar que, pelo menos neste ano e no próximo, continuaremos a divergir da média da UE.
A produtividade dos trabalhadores portugueses é 60% da média europeia e foi a que menos cresceu nos 30 países da OCDE no período 2000-2005.
Se tomarmos os últimos 15 anos, verificamos que Portugal foi o único país da UE a 15 que divergiu, apesar da mesada generosa que recebemos de Bruxelas.
Se as coisas continuarem por este caminho, em 2017 seremos o país mais pobre da UE a 25.
O defeito não é do nosso povo, como o comprova a história do sucesso dos portugueses em França.
Por isso, só pode ser de quem nos governa e não tem sabido criar condições para tirar partido da rica matéria-prima que abunda no nosso país.
Uma amiga minha costuma gracejar que não há homens impotentes, mas sim mulheres incompetentes. Como eu me lembro da graçola dela quando olho para os nossos governantes…
LEMBRAM-SE da emigração para França?
A dramática e heróica aventura que um milhão de portugueses pobres que esvaziaram as aldeias do interior deste país e partiram, a salto, para terras de França, em busca de melhores condições de vida e de trabalho?
Foi nos anos 60 e o primeiro retrato “polaroid” que recebemos desta gigantesca migração foi a preto e branco, imagens dos “bidonville” onde os nossos compatriotas se amontoavam em casebres insalubres, sem água, nem luz, nem casa de banho, vivendo como animais.
Os emigrantes portugueses sobreviviam em condições miseráveis e ocupavam-se dos trabalhos mal pagos que os franceses não queriam fazer.
Eles trocaram a enxada pela pá de pedreiro. Elas ocuparam-se de limpar a porcaria que os outros faziam.
O casal típico era constituído pelo homem do “batiment” e a mulher do “ménage”.
Hoje, 40 anos depois da sangria em que Salazar deixou o País esvair-se, é gratificante ver que os tempos da “mala de cartão” acabaram.
Passaram à história.
A comunidade portuguesa em França não só está plenamente integrada no país que a acolheu como até vive melhor do que os franceses. Dados oficiais garantem que, se compararmos uma família francesa e outra de luso-descendentes, ambos do mesmo estrato sócio-profissional, a de origem portuguesa tem em média um rendimento 20% superior e habita uma casa melhor. A taxa de desemprego na comunidade portuguesa é inferior à do conjunto do país e a taxa de actividade é muito maior (2/3 dos portugueses estão activos, contra apenas pouco mais do que metade dos franceses). Saber isto deixa-me cheio de orgulho de ser português.
E com a certeza absoluta de que não somos um povo com defeito.
Os nossos emigrantes triunfaram em condições mais do que adversas, aprenderam uma língua estranha e foram capazes de dar educação aos filhos, apesar de eles próprios serem muito pouco escolarizados.
À luz deste fantástico sucesso da emigração portuguesa em França, não é fácil compreender o que se passa no nosso país.
Estamos com a taxa de crescimento mais lenta de toda (toda, repito) a União Europeia.
O FMI acaba de confirmar que, pelo menos neste ano e no próximo, continuaremos a divergir da média da UE.
A produtividade dos trabalhadores portugueses é 60% da média europeia e foi a que menos cresceu nos 30 países da OCDE no período 2000-2005.
Se tomarmos os últimos 15 anos, verificamos que Portugal foi o único país da UE a 15 que divergiu, apesar da mesada generosa que recebemos de Bruxelas.
Se as coisas continuarem por este caminho, em 2017 seremos o país mais pobre da UE a 25.
O defeito não é do nosso povo, como o comprova a história do sucesso dos portugueses em França.
Por isso, só pode ser de quem nos governa e não tem sabido criar condições para tirar partido da rica matéria-prima que abunda no nosso país.
Uma amiga minha costuma gracejar que não há homens impotentes, mas sim mulheres incompetentes. Como eu me lembro da graçola dela quando olho para os nossos governantes…
11 Comments:
"...O defeito não é do nosso povo, como o comprova a história do sucesso dos portugueses em França. (...) Por isso, só pode ser de quem nos governa ... "
Daqui se conclui, ainda, que quem nos governa não é do nosso povo, mas do povo da ETlândia.
Em política não se pode achincalhar o povo e é sempre benéfico estabelecer uma fronteira moral e ética entre os maus (governantes) e os bons (povo). E nunca, nunca se deve dar a entender ao povo que é burreco, burreco, que engole qualquer propaganda, ou que é um oportunista, que aproveita qualquer desculpa dada de bandeja para a sua incompetência.
Concordo com o Caturo. Um artigo destes deveria ser lido por nós, povo, todos os dias, pelo menos ao acordar e ao deitar. Seriamos bem mais felizes nas nossas vidas. :(
Cumprimentos
Livia Drusilla.
Trata-se de constatar factos, cara Lívia Drusilla. O que é certo é que os portugueses no estrangeiro estão ao nível dos estrangeiros, enquanto Portugal está abaixo, economicamente, dos países estrangeiros.
Pode porventura elaborar uma explicação para este fenómeno? Será defeito do território nacional? Haverá algum geiser em solo pátrio a deixar passar gases provocadores de incompetência?
Ou será que, em Portugal, as elites constituem um grupelho relativamente fechado que controla o País e faz o que lhe apetece?
Não sei. Mas que ele há coincidências extraordinárias, isso há, tem de concordar...
Saudações
C.
Estava agora a ver a caixa de correio...até o li duas vezes!
Não é só na governação que isso acontece, mesmo nas universidades, pessoas capazes não conseguem lugar para depois estarem lá os dinossauros que a única coisa que sabem fazer é andar a vasculhar os trabalhos dos alunos e reproduzi-los com a sua assinatura. E ocupar os lugares deles como é possivel? Apenas fazendo panelinha e entrando para o partido. Sim porque as vagas públicas que abrem é só para quem já lá esteve quem quer começar do principio só com convite. O poder protege-se muito bem e continua a fazer as pessoas acreditarem que podem ser ministros só porque são competentes. :)
Não ponho em causa o facto em si, Caturo. Esse facto já é há muito usado como forma de nos elevar o espírito.
Aquilo que eu realcei é que a nossa classe política (desde vereadores a PR) é feita do mesmíssimo sangue ancestral do pobre povo. A tradição da revolução francesa garantiu isso. :)
"Pode porventura elaborar uma explicação para este fenómeno?Será defeito do território nacional?..."
Em Portugal há um ditado popular que diz muito sobre nós, que julgo ser assim: não sirvas a quem serviu, não peças a quem pediu. Se analisar a amplitude desta máxima, penso que vai entender ao que eu quero chegar. Se esta nossa faceta é mais notória em Portugal, deve-se a estarmos em casa, onde podemos andar descalços e até nús, se nos der na gana. Em casa alheia já podemos sofrer uns dissabores, se resolvermos por o nosso "eu" nacional a nú.
O pessoal cá na santa terrinha esquece que não há almoços grátis e quando se apanha nas festarolas governativas, até lhe chama um figo. Para os outros milhões que não têm arte para a penetração em festarolas governativas, ficam o despeito e a frustração. Para os políticos na oposição o povo frustrado é santo e os governantes surgiram não se sabe de que inferno, por obra e graça de um qualquer deus maquiavélico.
O que eu não dava para ministra da saúde, caramba! :))
Cumprimentos.
Livia Drusilla
Cara Lívia Drusilla,
Posso jurar que, especulando sobre qual seria a sua resposta, lembrei-me precisamente do ditado popular que citou. E talvez haja aí algum fundo de verdade. Mas isso deve-se, não a qualquer canalhice inerente do Povo Português (que não é necessariamente um país de bananas governado por sacanas e vice-versa, como disse alguém), mas sim ao laxismo: ao fim ao cabo, o humano não é perfeito e tem de se vigiar mutuamente. Noutros países mais desenvolvidos há simplesmente mais apertada e rígida vigilância democrática, bem como uma altivez natural do Povo que exige os seus direitos, não se deixa pisar por uma elite opressora que os trate abaixo de cão e lhes pague salários de miséria.
Cordiais Saudações
C.
Caro Caturo,
Concordo consigo. E junto mais uma coisita ao laxismo: aproveitamento e inveja. Juro-lhe que sou Portuguesa dos costados todos! :))
O que não diminui as nossas inúmeras qualidades, claro! Já lhe disse que sou Portuguesa, não é verdade? :)))
Só reconhecendo as nossas qualidades e defeitos poderemos melhorar. Ou pelo menos tentar, na medida do possível!.
Cumprimentos.
Livia Drusilla
já digo isto há algum tempo, que o problema é das chefias, e isso é visível não só nos governos como nas empresas. a incapacidade de seguir um plano, parece que faz parte da identidade naconal, a todos os níveis :-D
E Viva o Pauleta, as porteiras, os taxistas e o Tony Carreira
Se os emigrantes portugueses e as suas famílias, tem um rendimento maior ou não que os franceses não sei, agora temos é que nos virarmos para eses anos da grande imigração para França, principalmrnte da 2ª metade dos anos 50 até ao fim dos anos 60, e encontramos principalmente gente do mundo rural português, que, tinha não só baixos rendimentos como qause nem tinha assistência médica, ou pelo menos, algo parecido com isso.
Quem não tivesse uns 50 escudos para uma consula nos anos 50, só lhe restava ou ir ao curandeiro, ou ao "endireita" ou então arranjar uma mézinha qualquer e uma orações porque doutro modo não se safava.
Pessoalmente conheci isso e sei bem que, as pessoas desse tempo, devido à "selecção natural" que então havia, ou seja devido à grande mortalidade infantil, quando adultas tinham uma vida mais saudável pois eram os resistentes que sobreviveram.
Assim, não é de estranhar esses dados, sabendo que, quem está habituado à pobreza, tenta sempre guardar alguns meios para as "fatalidades" e para a velhice, ao contrário dos franceses que, tinham assistência médica e apoios sociais que cá nem se sonhava.
Por outro lado, é bom perceber que, os portugueses sempre foram uns "habilidosos", pelo que, nunca se ficavam só por um emprego, familiares meus chegaram a ter três, começando às 6 da manhã e acabando às 24 ou mesmo 1 da madrugada, isso justifica em boa parte a relativa "prosperidade" dos portugueses, enquanto os franceses apenas procuram ganhar o suficiente para gozar a vida, confiando nos seus sistemas de apoio de saúde e sociais para uma qualquer emergência inesperada.
Curiosamente, em Portugal estamos assistir a casos semelhantes, com os imigrantes que cá tem chegado, o que aliás e comum na maioria das pessoas que emigram dos seus países.
A pressa dá sempre em devagar:
Assim leia-se:
principalmente e não "principalmrnte",
quase e não "qause",
esses e não "eses",
consulta e não "consula", e se calhar mais alguns que não detectei.
A "velhice" é no que dá.
Um abraço a todos.
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