MANIFESTO HUFF PO

Houve quem prestasse atenção ao Manifesto John Doe, aqui traduzido e colocado ontem, e se lembrasse de redigir um Manifesto que é, digamos, um pouco mais realista - e muito mais frequente, pelo menos nos mé(r)dia...

Vejamos como:




Caro Muçulmano Lutador pela Liberdade/Patriota/Herói/Mártir/Irmão,

Não me conheces. Mas eu actuo em teu favor. Tu és meu amigo. E eu sou teu amigo.

Eu sou o Huff Po.

Viajo no meu avião privado. Ando na minha limusine. Nunca andei de autocarro. E o metro? Bah. Isso é para a plebe. Eu vivo num condomínio fechado. Uso sempre a entrada VIP. Provavelmente, eu e tu nunca nos encontraremos a menos que estejas a abrir-me a porta por amabilidade.

Eu sou o teu queimador de bandeiras. Eu sou o teu enforcador de efígies. Eu sou o teu grevista de fome (embora cheio de calorias). Sou o teu realizador de documentários com a barba por fazer.

Eu sou o Huff Po.

Nunca esquecerei o exemplo dos passageiros perturbadores e idiotas do voo 93 da United Airlines, e do racismo deles em não se deixarem ficar no Onze de Setembro para deixarem os braços muçulmanos aterrarem o avião em segurança, depois de o piloto... ter ficado inexplicavelmente doente.

Nunca esquecerei aqueles estúpidos e racistas passageiros e membros da tripulação que apanharam o alegado e injustamente acusado «sapateiro-bombista da Alcaida» Richard Reid no voo 63 da American Airlines antes dele ter possibilidade de explicar que estava a usar aquele fósforo só para procurar uma lente de contacto caída na escuridão ao pé dos seus pés. Perfeitamente compreensível. Acontece frequentemente.

Nunca esquecerei o exagero racista do actor James Woods, que, sem sentido, importunou uma hospedeira, afirmando que vários árabes que iam em primeira classe, num voo de Agosto de 2001, estavam a agir estranhamente. Sim, os árabes em questão eram de facto terroristas de 11/9 em treino, mas bolas! Era só um TESTE! Quem é que se chateia só por causa dum TESTE?

Marcharei com um cartaz a dizer «Bush=Hitler» quando os oficiais da segurança nacional me pedirem para «denunciar actividade suspeita». Isto vai mostrar como eles são aqueles Camisas Castanhas!

Vou troçar do conselho policial «Se vires alguma coisa, diz alguma coisa.» Sim, eu vejo algo... um palhaço nazi num uniforme azul!

Eu sou o Huff Po.

Aplaudirei os teus eruditos inimigos da conspiração sionista e do imperialismo americano.

Farei doações aos vossos incompreendidos líderes de mesquitas como forma de reparação pelas injustiças que o teu povo sofreu durante as Cruzadas.

Levantarei a minha voz contra a subjugação das vossas mulheres e minorias religiosas aos gananciosos interesses das corporações americanas tais como a Halliburton e a Wal-Mart.

Apoiarei as tuas tentativas de educar os meus filhos com a tua sabedoria e diferentes verdades nas nossas escolas. Viva a diversidade!

Colocarei links para os teus vídeos YouTube que mostram mercenários americanos a sofrerem o que merecem.

Eu sou o Huff Po.

Protestarei contra as iniciativas legais de espiar os vossos inocentes turistas, de cortar os magros fundos que vos permitem obter comida e medicamentos para as vossas crianças e de impedir o exercício da vossa liberdade de expressão relacionada com bombas.

Construirei túneis debaixo das nossas fronteiras e oferecerei os serviços do meu advogado se tu enganares as opressivas leis da imigração americanas.

Eventualmente, consultarei o dicionário sobre essa coisa da vossa «chária», mas agora estou demasiadamente ocupado a discursar sobre os perigos do aquecimento global, na minha limusine, nos meus jantares de caridade, nas minhas festas para reunir fundos, no Congresso, nos nossos monumentos nacionais, nas ondas de rádio e de televisão, e nas proximidades do rancho do Presidente.

Silenciarei qualquer criticismo cruel de extrema-direita que te possa ofender. Má fé NÃO É liberdade de expressão.

Arranjarei apoios para os teus lóbis para que possam divulgar as vossas legítimas queixas. Estarei do teu lado a guinchar contra a discriminação e contra a islamofobia se tu não conseguires o que queres. Ou talvez a dizer «Bush=Hitler». Bem, eu nunca me canso desta última!

Irei pôr a sensibilidade (para com as minorias) acima de tudo. Acima da segurança, da minha família, do meu país, do multiculturalismo... Não, espera... não deste último.

Farei tudo o que quiseres que eu faça. Porque eu sou teu amigo. E sei que nunca me irias magoar.

Eu sou o Huff Po.

Ei! O que é que se passa aí com esse colete explosivo?