terça-feira, janeiro 30, 2007

ARTIGO SOBRE NEO-PAGANISMO PUBLICADO NO «L'INDIPENDENTE» DE ITÁLIA





São quarenta mil os que na Grécia seguem os antigos cultos gregos e que, após uma sentença do tribunal, obtiveram o direito de orar às suas Divindades por entre as ruínas do Parténon. Os gentios helénicos constituem hoje a quarta religião do País.


Séculos depois (de terem sido proibidos), os pagãos voltam a rezar no Templo de Zeus em Atenas.

Pela primeira vez desde que o Império Romano proibiu o culto público dos Deuses, centenas de adoradores dos Doze do Olimpo, trajados com vestimentas militares de há vinte e cinco séculos atrás, reuniram-se em círculo em torno das quinze colunas que se mantém de pé no edifício, resistindo ao avanço do tempo.

Em sinal de paz, colocaram lanças, espadas e escudos à entrada e invocaram Zeus, Hera, Poseidon, Ártemis, Afrodite e Hermes.

«Um punhado de miseráveis ressuscitadores duma religião morta e degenerada», assim os descreveu o padre Efstathios Kollas, presidente da associação dos sacerdotes gregos ortodoxos.

«Somos uma religião legítima e temos o direito de orar», replicou a Alta Sacerdotisa Doretta Peppa, em defesa dos seus adeptos.

Já em 2003 os Gentios Helénicos (é assim que se definem) tentaram realizar um ritual no templo de Hefaístos* na Acrópole, mas os guardas arqueológicos receberam-nos mal.

«Os templos antigos foram construídos para a nossa Fé e temos o direito de os voltarmos a usar», protestaram os Gentios.
Ora em Maio passado deu-se curso à reivindicação: um tribunal deu-lhes razão e apelando à sentença impuseram agora ao Ministério da Cultura a autorização para o culto. Um primeiro passo importante na busca da obtenção de autorização para celebrarem também cerimónias de casamento e funerais.

Os Gentios Helénicos são já quarenta mil: constituem a quarta maior Fé do País, depois dos dez milhões de ortodoxos, o meio milhão de muçulmanos e os duzentos mil católicos. Em qualquer caso, são já bem mais numerosos do que as trinta mil testemunhas de Jeová, os trinta mil protestantes e os cinco mil judeus.

O fenómeno do Neo-Paganismo não é apenas grego, porquanto em Setembro passado o Departamento dos Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos deu finalmente permissão para que nos seus cemitérios fossem colocados símbolos da Wicca, religião cujos seguidores se dizem herdeiros do antigo culto da Natureza praticado na Idade Média sob o rótulo de «Feitiçaria».

Para se resolver o caso levantado pela viúva do sargento Patrick Steward após a morte deste em combate no Afeganistão em 2005, recorreu-se ao escamoteamento de definir o cemitério dos Veteranos como «não subordinados à autoridade federal». Este caso não pode pois ser evocado como precedente para provar um reconhecimento oficial do culto. Trata-se duma situação espinhosa, a dos quarenta mil Gentios Helénicos ou dos cento e trinta e quatro mil wiccanos norte-americanos, se comparada com o amplo beneplácito que o Estado concedeu em Setembro de 2003 ao Forn Sidr da Dinamarca, os quais são apenas quinhentos. Pragmaticamente, o ministro das transacções eclesiásticas limitou-se a pedir aos seguidores do «Antigo Costume» (é este o significado de «Forn Sidr») que não se envolvessem com neo-nazis e com satanistas.

Com efeito, o Forn Sidr não é outra coisa senão a versão dinamarquesa do grupo islandês de adoradores de Odin, que dá pelo nome de Ásatrúarfélagid: «Sociedade Islandesa dos Fiéis dos Deuses», organização fundada em 1972 e oficialmente reconhecida em 1973.
Duas filiações suas foram oficialmente reconhecidas na Noruega em 1999, e uma outra espera obter estatuto semelhante na Suécia. Também neste caso não se trata de grandes números: mil fiéis da islandesa Ásatrúarfélagid e cento e quarenta para o mais importante dos grupos noruegueses.
Odin
Circulando pela Europa, encontram-se os Lituanos que querem restaurar a Religião Báltica apagada na Idade Média pelos Cavaleiros Teutónicos e os Polacos que querem restaurar o Paganismo Paleo-eslavo. E também os Druidas de França e das ilhas britânicas.
Representação pétrea de Perkuns, Deus do Trovão, da Guerra e da Forja dos povos do Báltico, Ferreiro Divino
Símbolo da Romuva, religião nacional da Lituânia

Moderna representação do eslavo Svarog, Deus Celestial do Fogo

Representação medieval de Ogmios, Deus celta da Magia, da Eloquência, da Escrita, da Sabedoria e da Guerra; é também psicopompo, ou seja, condutor dos mortos para o Outro Mundo; foi considerado equivalente ao clássico Mercúrio, daí o aspecto mercurial com que o Deus é figurado nesta gravura.

Finalmente, há os nostálgicos da Religião Romana, que celebram o matrimónio segundo o rito latino da «Confarreatio» (casamento sagrado romano), no qual os noivos comem partes duma mesma fornada de pão.

Concílio dos Deuses Clássicos

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* Hefaistos, Deus do Fogo, da Forja e dos Metais

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

acho muito bem. era bom qupor ca também se conseguisse organizaralguma coisa. eu faz-me algum espécie pensar que quando morrer não há grandes alternativas de velório a não ser na igreja... e padrecos nem falar neles.

quanto à questão do wicca ser reconhecido pelas instituições militares americanas, penso que já o seja há algum tempo, dado que tenho aqui algures no meio da minha cangalhada (quando um dia encon trar prometo que digitalizo) um jornal interno das tropas americanas que estava inseridas na KFOR. quem mo enviou foi precisamente um amigo meu que pertence a exercito americano. o que eu já na altura reparei e que interssa aqui para a conversa, é que o dito jornal tinha uma parte de uma página dedicada aos horários dos serviços religiosos na base, e qual não é o eu espanto que lá vejo wicca!

-Sara

31 de janeiro de 2007 às 22:25:00 WET  

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