quinta-feira, dezembro 01, 2005

RESTAURAÇÃO

É para mim, gentio, uma feliz coincidência que o Primeiro de Dezembro seja ao mesmo tempo dia da Restauração da Independência e dia consagrado, na antiga Romanidade, à Pietas, personificação divina da Piedade, mas a Piedade no seu sentido original, isto é, de devoção à Pátria e aos deveres do indivíduo para com os seus.

É uma coincidência que manda agir.
Manda manter uma vigília pela soberania conquistada.
Ordena que se tenha a capacidade de tudo fazer para salvaguardar, ou, em casos mais drásticos, reconquistar, um direito fundamental que se encontre em perigo ou que esteja a ser desrespeitado.

Este direito é o da liberdade que toda a identidade exige.

Toda a unidade humana - indivíduo, família, nação, etnia, raça - tem o direito fundamental de ser respeitada no seu próprio ser. Uma das condições essenciais para que esse respeito se verifique é a posse da liberdade. Porque não ser livre é estar sujeito, estar submetido, estar sob o poder de outrém.

Como bem dizia Viriato, a pátria está na liberdade. (Frase que lhe foi atribuída pelo autor clássico Diodoro Sículo).

Ao nível indivídual, cada pessoa tem um corpo e uma mente. A cada corpo, corresponde pois uma só mente.
A Justiça, como se sabe, mandar dar a cada um aquilo que é seu.
Por conseguinte, só pode haver Justiça quando um corpo obedece à mente que lhe corresponde e não a outra qualquer. Se uma mente comanda dois corpos em vez dum, então uma das duas mentes está a ser injustamente subjugada.

O que se aplica ao indivíduo aplica-se igualmente às famílias, às Nações e às Raças.
No que respeita à Nação em si, que é neste contexto que se insere a comemoração de hoje, torna-se evidente que nenhum povo deve estar sob o poder de outro. É esse o motivo que faz com que todos os impérios sejam, ao fim ao cabo, uma injustiça em forma de poder político.

Ao ouvir esta manhã um programa de rádio em que se fazia uma sátira ao Primeiro de Dezembro, a voz de um actor que interpretava o papel de um soldado espanhol a dizer ao seu rei «Señor, hay una revuelta en Portugal!», fez-me vir a indignação à mente. Foi um pensamento irreflectido e imediato, milésimas de segundo antes de situar a frase no seu contexto histórico-político: com que descaramento é que um espanhol diz ao seu chefe que Portugal se está a revoltar?! Portugal não precisa de se revoltar, é livre por princípio.

Ora o que se aplica a Portugal, aplica-se às outras nações: nenhuma deve estar sob o poder doutra; toda a Nação submetida é um Estado soberano adiado.

Revoltaram-se-me as entranhas ao imaginar que, se não fosse o sucesso da Reposição de 1640, hoje teria de falar Castelhano, aprendido na escola por sobre a língua nacional.
O mesmo devem sentir os Bascos, os Catalães, os Galegos, ainda obrigados a dar primazia, na sua própria terra, à língua de Castela.

Ora tudo isto se passa entre irmãos - Galaico-Portugueses, Castelhanos, Catalães, são todos irmãos, membros da grande família europeia. E, se entre irmãos é assim, o que será entre povos sem nenhuma afinidade étnica ou racial entre si, inteiramente alienígenas um ao outro, independentemente dos contactos que tenham tido no passado.

É neste sentido que me revolta muito mais ouvir o Crioulo cabo-verdiano a ser falado em Portugal do que imaginar como seria ter de falar Castelhano - e se o Castelhano se impôs pela via da força militar, ou dos compromissos dinásticos (ainda bem que a monarquia ficou para trás, em Portugal...), o Crioulo ou similares linguajares impor-se-ão pelo número que os ventres das mulheres negras conseguirem produzir em solo português.


A celebração da Restauração da Independência Nacional é, além de tudo isto, uma demonstração de que nem tudo o que tenha sido perdido está desactualizado - nem tudo o que se perdeu está perdido para sempre. A continuidade seja de que instituição for - de uma soberania, de uma religião - não é condição sine qua non para que exista numa determinada época.

6 Comments:

Blogger Rodrigo N.P. said...

Vieste inspirado do jantar. Bom texto.

2 de dezembro de 2005 às 15:58:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Cazurro...no tienes categoría para ser CASTELLANO.

3 de dezembro de 2005 às 21:34:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Rebatet....me has defraudado, te creía con más criterio.....

3 de dezembro de 2005 às 21:38:00 WET  
Blogger Caturo said...

Claro que não, espanhol.

Nem tu tens categoria para mandar na Ibéria toda. Por isso, mais tarde ou mais cedo, vais ter que te contentar com a tua Castela.

Paciência.

5 de dezembro de 2005 às 00:23:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

[Toda a unidade humana - indivíduo, família, nação, etnia, raça - tem o direito fundamental de ser respeitada no seu próprio ser. Uma das condições essenciais para que esse respeito se verifique é a posse da liberdade. Porque não ser livre é estar sujeito, estar submetido, estar sob o poder de outrém.]

Ironicamente, para salvaguardar a raça estás a tirar a liberdade de muita gente que simplesmente não vê este conceito como algo que defina a identidade da Nação, ao contrário da cultura.

A constituição racial dos Portugueses do nosso século é diferente de há 2000 anos - existe muito mais mistura. A cultura também é diferente, não só pelo contacto com as pessoas, mas também pela tecnologia e ciência.

É uma luta perdida - vocês não podem travar o contacto dos Portugueses com outros povos, nem a assimilação de pessoas de diferentes etnias. Hoje vivemos numa aldeia global, e caminhamos para uma cultura homogênea ditada pelos avanços tecnologicos (por exemplo, as comunidades online). Vocês pertencem aos excessos europeus do século passado e já perderam. Tal como os comunistas, são apenas um asterisco na nossa História.

A diferença é que eu não sou pela miscigenação, mas não sou contra - as pessoas são livres de associarem com quem quiserem. E as leis são para se seguir - ora se não gostarem, terão de trabalhar muito mais nesse partido de merda que vocês têm.

6 de dezembro de 2005 às 13:46:00 WET  
Blogger Caturo said...

Ironicamente, para salvaguardar a raça estás a tirar a liberdade de muita gente que simplesmente não vê este conceito como algo que defina a identidade da Nação,

Isso é como dizer que quem proíber o roubo está a tirar a liberdade de muita gente que simplesmente não reconhece o direito à propriedade privada e se apodera do que lhe apetece em dado momento.

Efectivamente, não estou a tirar direito algum. A presença em Portugal não é um direito de toda a gente, mas apenas dos Portugueses. E só é português quem pertence à Nação Portuguesa.

A raça é parte integrante do indivíduo e não há na Europa povos sem raça. Um Povo só existe enquanto identidade - por conseguinte, só se prolonga no tempo enquanto preserve o essencial da sua identidade. Ora se o Povo nasceu com determinada língua, mudar de língua significaria o fim do Povo tal como ele é; do mesmo modo, mudar de raça significaria uma alteração radical na imagem que tem de si próprio, logo, da sua identidade, isto é, daquilo que herda ao nascer.

Por conseguinte, a «cultura» não chega para definir a pertença a uma Nação. Quando muito, a um clube de leitores de literatura inglesa do século XIX...




A constituição racial dos Portugueses do nosso século é diferente de há 2000 anos

Por acaso, não é, no seu essencial. A maior parte da população portuguesa tem o mesmo gene que é esmagadoramente maioritário na Irlanda e em Gales. Ora, só há, historicamente, uma coisa em comum entre a Irlanda e Portugal: a presença de povos Europeus anteriores à expansão romana (a qual nem sequer tomou a Irlanda).

Por conseguinte, a relativa mistura que sucedeu não foi suficiente para alterar a essência da população do ocidente hispânico.



A cultura também é diferente, não só pelo contacto com as pessoas, mas também pela tecnologia e ciência.

Cultura é uma coisa. Identidade é outra. Ora, como falas em cultura, presume-se que, a teu ver, a Nação passou a ter outra identidade quando se começou a ver televisão em Portugal, ou quando se começou a usar telemóveis, ou quando se começou a usar clipes de papel.



vocês não podem travar o contacto dos Portugueses com outros povos,

Não é travar contactos. É evitar misturadas que dissolvam de vez a Portugalidade num caldeirão afro-europeu.



nem a assimilação de pessoas de diferentes etnias.

A ver vamos.



Hoje vivemos numa aldeia global, e caminhamos para uma cultura homogênea ditada pelos avanços tecnologicos (por exemplo, as comunidades online). Vocês pertencem aos excessos europeus do século passado e já perderam

Ignorância. O Nacionalismo actual nada tem a ver com chauvinismos do século passado. Quem pretende o contrário, não percebe patavina do que anda a ler neste blogue.

De resto, ainda que estivessemos derrotados, mais valia morrer de pé do que sub-viver rastejando como vocês. Vocês pertencem à súcia mutilada e escravizada pela mundialização e, ou perdem, ou então hão-de sofrer tanto que nem imaginam.



A diferença é que eu não sou pela miscigenação, mas não sou contra - as pessoas são livres de associarem com quem quiserem.

Pois são.

Mas se se quiserem associar com gente de outras raças, têm só de ir para outros continentes. Ninguém os impede de ir embora. Numa Europa racial e nacionalista, não haveria muros de Berlim para quem quisesse sair, só para quem quisesse entrar.



E as leis são para se seguir - ora se não gostarem, terão de trabalhar muito mais nesse partido

Mas é que não tenhas a menor dúvida.

E talvez um dia os merdas como tu se supreendam... ou, pelo menos, apanhem valentes cagaços, semelhantes ao que tiveram quando Le Pen passou à segunda volta das eleições presidenciais francesas, abalroando o vosso querido socialista Jospin...

6 de dezembro de 2005 às 19:50:00 WET  

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