domingo, fevereiro 20, 2005

AS VARIAÇÕES DE ACR

ACR diz «estranhar» o silêncio dos seus oponentes ideológicos nacionalistas a respeito dos últimos postes da Aliança Nacional. Não entende que a maior parte das suas últimas mensagens pecam elas próprias, ou por repetir as mesmas inutilidades que já foram vezes sem conta rebatidas e enterradas (de facto, ACR gosta mesmo de cadáveres, como eu dizia há uns tempos, ou então não ia desenterrar argumentos mais que mortos...) e que, quando se põe a falar em «racistas», só os racistas lhe devem responder. E eu, de momento, não conheço nenhum site, daqueles que o criticou, que seja racista.

Alvitra o chefe supremo da AN que o motivo por detrás do silêncio dos seus opositores terá a ver com alguma espécie de temor em ser «desmascarado»... enfim, as interpretações que cada um faz, derivam em muitos casos da mentalidade de quem as faz – deve então concluir-se que é ao medo de ser desmascarado que ACR deixou, há muito, de se referir, com links ou elos, às mensagens dos blogues que dele discordam?... Nunca mais li qualquer referência ao Gladius, desde que ACR ficou sem respostas...


Quanto ao resto do que diz, vejamos:

ACR argumenta que, passo a citar,
os países europeus onde os partidos congéneres da fn alguma vez chegaram ao Poder, logo que isso lhes aconteceu e para no Poder se manterem – sempre em coligações – trataram prontamente de “meter na gaveta” o seu racismo e a sua xenofobia.
Para efeitos práticos, a ambição dos nacional-racistas não levará, portanto, a grande coisa.


Parece-me muito tranquilizado, ACR... será que mudou de opinião?

É que, há uns dias, afirmava, passo a citar,
Os movimentos políticos racistas que proliferam na Europa, para lá de tudo o mais, têm de ser encarados, no seu anti-africanismo sobretudo, como gravíssimas ameaças ao futuro da Europa e do Ocidente em geral.

Então, como é, Dr. ACR? Decida-se. Qual das versões do ataque à FN é a verdadeira, a que diz que «os racistas não vão a lado nenhum e até acabam sempre por mudar de ideias...» ou a que lança o alerta «os racistas são um perigo, eles “andem” aí! e põem em risco o nosso adorado túnel do Marquês Minho-Timor!!»?

Então, vamos lá saber: nós Europeus conscientes que queremos salvaguardar a nossa identidade, somos perigosos ou não? E, se não somos, porque pensa ACR em nós?...

Entretanto, ficou de indicar, com exemplos concretos, que partidos nacionalistas como a FN é que «meteram na gaveta o racismo e a xenofobia»...

Garante ACR que uma Europa na qual não entrassem africanos e outros não europeus, seria uma Europa totalitária. Esqueceu-se de explicar em que é que um país de fronteiras fechadas para quem quiser entrar, em que é que um país assim é totalitário.

Ou talvez diga isso para desviar as atenções da sua própria veia anti-democrática, de líder que declara «quero posso e mando!»...

Diz ACR que a Europa não pode viver sem os EUA, por causa do terrorismo, etc.. Mas que medo teria uma Europa nacionalista do terrorismo, se estivesse de fronteiras fechadas perante imigrantes islâmicos e inteiramente pronta a dirigir pesados e decisivos ataques nucleares contra todo e qualquer país islâmico que a ameaçasse?
Se a cidade de Meca corresse o risco de ser varrida do mapa, substituída, durante alguns instantes, por um daqueles cogumelos cor de laranja que floresceram em Nagasáqui e em Hiroshima, será que os terroristas islâmicos se dispunham a brincar às guerras declaradas à Europa? Não creio.

Independentemente disso, quem garante que não há nos EUA um certo número de nacionalistas raciais?
E porque pensa ACR que a comunidade afro-americana tem um poder tão grande sobre os EUA, se tal gente não ultrapassa os vinte e cinco milhões num país com mais de duzentos e setenta milhões de pessoas, sendo que tais descendentes de escravos constituem as classes mais baixas da sociedade yanke?

Confia ACR em que os nacionalistas indianos nada quereriam com os Europeus... desconhece que entre eles, nacionalistas hindus, está bem viva uma simpatia pela Europa, de comum raiz ariana e que tem também em comum com a Índia o inimigo islâmico?

ACR duvida que a maior parte da população europeia não ia querer afastar os EUA em prole da Índia... desconhece ACR o anti-americanismo que grassa na Europa?
E crê que há, na Europa, algum ódio especial à Índia?

Em termos de alternativas ao poder do caubói transatlântico, ACR esquece também o crescente poderio – inclusivamente militar - da Rússia de Putin...

Assegura ACR que o Nacionalismo não tem futuro em Portugal, porque, segundo ele, «é contrário ao espírito cristão dos Portugueses». Mas como?... Será que outros países, onde o Nacionalismo vai já adiantado, como a Inglaterra, a França e a Alemanha, são menos cristãos do que Portugal? E que dizer da própria Itália, onde se situa o Vaticano?...

Perguntas paras as quais ACR nunca teve resposta...