quinta-feira, fevereiro 17, 2005

A CARTA

Santana Lopes andou por aí a enviar cartas aos Portugueses na qual se arma em intimista rebelde, com uma conversazinha de «pé de orelha» que é do mais imbecil mesquinhamente nauseabundo que tenho visto: «Eu e você temos algo em comum, ambos nos damos mal com este sistema...»

Mas então Santana Lopes não é do sistema?...

Ainda que fosse um líder de um pequeno partido a debitar esta converseta estereotipada, ainda se admitia...
... mas quem o diz foi nada menos do que primeiro-ministro ainda há uns meses...

Santana Lopes, com esta, fez com que até a merda do líder do BE parecesse um senhor ao pé dele...

Mandaram-me entretanto uma mensagem curiosa, que pretende insinuar algo de muito específico por meio de um diálogo jocoso:
Encontros virtuais
Tinha terminado há que tempos a reunião do Conselho de Estado e os dois homens ainda continuavam sozinhos no longo corredor do Palácio de Belém, andando para cá e para lá e falando animadamente à distância de qualquer ouvido curioso.
O passinho miúdo, lembrando um pinguim, identificava logo o mais baixo: era o Engenheiro. O outro, agasalhado num sobretudo azulão e enfiado num cachecol laranja, era também reconhecível de longe. Era mais alto, a cabeça brilhante de gel a reflectir as luzes do tecto, e caminhava um tanto curvado para a frente, sublinhando o que dizia com gestos largos. Era o nosso Primeiro.
A expressão contrariada denunciava o enfado.
- Oh pá, eu até posso perder as eleições, não me queixo, eu até estou
habituado a perder, já levei sopa de uma data de gajas, mas o que não me conformo é com esta embirração.
O Engenheiro ria e abanava a cabeça que sim.
- Pois, acho mesmo que vai perder, Pedro eu como sabe sou um observador imparcial. mas também me parece que sim, o Sócrates consegue mesmo é fraquinho, mas ainda assim...
E de súbito, curioso:
- Mas a que embirração é que se refere?
O Primeiro fez um trejeito irritado e encolheu os ombros.
- Ora então não se nota? São os ricos, os poderosos, estão todos contra mim você já viu? É o tio Balsemão, é o tio Belmiro, são os bancos, a malta do capital Mas o que é que eu lhes fiz?!!!
O outro ria com mais vontade, divertido.
- Oh Pedro, desculpe lá, você é um bocado ingénuo ainda nem se deu conta da bronca que armou.
O Primeiro sobressaltou-se:
- Bronca? Qual bronca?
O Engenheiro, condescendente, acedeu em explicar.
- Você não se lembra daquela reunião do Grupo Bilderberg?
- Ora essa, eu tenho muito boa memória, até fui o convidado de honra…
- Não é bem isso, houve dois convidados que foram apresentados à sociedade nessa ocasião foram debutar, se me permite foram a exame - (o Engenheiro ria com gosto) - Foi você e o Sócrates..
- Ou isso.. mas afinal o que é que tem? Não me saí bem? Eu até acho que falei bem os gajos bateram palmas e tudo.
- Pois é bateram palmas mas acho que não gostaram nada que você chegasse com quase uma hora de atraso naquelas coisas a pontualidade é uma virtude muito apreciada.
- Caramba, o que é que você quer, se soubesse a que horas me deitei nessa noite!...
- Sim, calculo notava-se pelos papos, as olheiras… e aparentava algo
ensonado.
Nesta altura o Engenheiro estava mais divertido que nunca. E o Primeiro irritou-se levemente.
- Mas afinal o que é que eu fiz? Diga lá, o que é que eu fiz?
- Bom, para começar chegou com quase uma hora de atraso… e depois aquelas graçolas
- Ah já percebo, está a referir-se àquela confusão pá, o que é que quer, eu estava um bocado cansado, da noite, tá a ver, e depois quando os ouvi falar em Supremo Arquitecto pensei que estavam a falar do José António Saraiva, como estava ali o Balsemão um lapso acontece a qualquer um.
- Sim, é verdade acontece a qualquer um mas o Sócrates tinha-se preparado.
- Lá está você a insinuar que eu não me preparo devidamente o que se passou é que aquilo era uma grande chachada um ambiente pesado, o caraças pareceu-me que era preciso era descontrair.
- E vai daí pôs-se a dizer aquelas piadas sobre judeus!
- Oh Engenheiro, também não exagere, foi só para quebrar o gelo, lembrei-me de umas anedotas que toda a gente conta, nem sei porque é que me lembrei disso. Podiam ser sobre pretos, ou loiras, ou alentejanos calhou a ser sobre judeus.
O Engenheiro nesta altura abanava a cabeça, desalentado.
- Você não entende mesmo lá que dissesse que a polícia em Israel quando quer dispersar uma manifestação começa a fazer um peditório, ainda vá lá; agora que perguntasse ao pessoal da sua mesa quantos judeus é que eles achavam que cabiam no cinzeiro de um Volkswagen foi um bocado demais!

Fonte



Pois... estou mesmo a ver o burguês casanova social-democrata mais-dentro-do-sistema-não-há Santana Lopes a ser elevado à categoria de herói português contra o «lobby» judaico internacional, é isso e sopa d'alho...