sexta-feira, setembro 03, 2004

OS PONTOS NOS IS

No Ocidente, envenenado em parte da sua intelectualidade por ideologias relativistas e pretensamente humanitárias, sempre amantes do «outro», sempre culpabilizadoras dos «nossos», há uma forte tendência para tentar pôr ao mesmo nível os europeus que se defendem (isto é, os nossos) e os não europeus (o «outro») que atacam os europeus como se tão «maus» fossem os criminosos como as suas vítimas que ousam revidar. É neste contexto ideológico que há por aí muita gente a culpar a «brutalidade» de Putin, que, verdadeiro herói político europeu, não cedeu à chantagem assassina de assassinos e não esteve com meias medidas, massacrou-os.

Contra esse confusionismo «humanista» e «pacifista», é preciso afirmar com clareza que os culpados desta tragédia revoltante são, exclusivamente, os terroristas.

Foram eles, terroristas muçulmanos, que usaram crianças e outros inocentes como reféns.
Foram eles que as mataram.
As suas exigências não podiam ser satisfeitas, e eles sabiam disso. Eles queriam mesmo que as coisas acabassem assim - aquele tipo de terrorista está disposto ao martírio. Queriam com isso causar o terror e levantar uma parte da opinião pública ocidental contra a «brutalidade» russa. Não me custa acreditar na versão oficial russa dos acontecimentos: os terroristas começaram a matar crianças antes das forças russas iniciarem o assalto final. Uma situação dessas presta-se sempre a equívocos, há sempre duas versões do mesmo acontecimento e muita gente irá preferir acreditar que quem despoletou a violência final foram os russos, quando resolveram avançar. Ora os terroristas jogam com isto, dividindo a opinião pública ocidental, o que enfraquece o Ocidente perante a ameaça islâmica. Por isso, é credível que resolvessem precipitar o caos absoluto.
Eles sabem bem com quem estão a lidar: em termos maioritários, o que mais lhes interessa é a opinião dos povos da Europa ocidental e dos E.U.A., que estão em grande parte enfraquecidos por ideologias doentias e debilitantes. Os Russos, por seu turno, estão maioritariamente a favor da actuação de Putin. Mas os Russos não podem sobreviver contra o resto da Europa e os terroristas sabem-no bem.
Já Aleksandr I. Solzhenitsyn dizia, no seu texto «O Declínio da Coragem», que os povos de leste, endurecidos pelo inferno comunista, tinham um carácter mais forte do que os ocidentais, habituados a uma vida de tibieza consumista em que só se reclamam direitos e não se fala em deveres.

Entretanto, foi útil à Rússia que a situação não se tivesse resolvido por meio da «mediação» de islâmicos «moderados» - tal solução só fortaleceria o poder do Islão, como se os Europeus não pudessem defender-se da violência sem o auxílio dos muçulmanos moderados... daí até exigir favores em troca, vai menos de meio passo. No cômputo geral, a vantagem seria do Islão. E nenhum europeu pode dar-se ao luxo de conceder qualquer vantagem à religião do crescente verde.

Quanto à reivindicação que os terroristas sabiam ser impossível satisfazer, a independência da Tchetchénia, é coisa que procuram a médio ou a longo prazo.
Mas não se trata de um combate realmente nacionalista.
O intuito é tão somente criar mais um Estado mafomético, posto avançado do Islão no Cáucaso, base operacional para o desenvolvimento do Império Islâmico mesmo ao pé da Rússia. À Tchetchénia independente, não faltariam todo o tipo de auxílios prestados pela Arábia Saudita e afins.

O facto de quase metade(nove) dos terroristas mortos(vinte) serem árabes, demonstra bem o real significado do atentado: trata-se, não de «terrorismo nacionalista», mas sim de terrorismo islâmico, dado que não é verosímil haver tanto árabe a dar vida por uma causa nacionalista alheia...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É curioso que Estaline tenha deportado os chechenos e os ingushes (aparentemente envolvidos nesta acto terrorista) para a Sibéria depois da Segunda Guerra Mundia. Acusou-os de serem colaboradores, ou potenciais colaboradores/amigos, dos Nazis e de Hitler. Os "nacionalistas" deviam era, isso sim, estar do lado dos chechenos, e nao dos descendentes dos tipos que deram a maior porrada a Hitler de que há memória e arruinaram o nacional-socialismo na Europa de uma vez por todas. Sim, sim, a realidade não é que parece, e a vida é mais complexa do que quereríamos.

7 de setembro de 2004 às 23:13:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Não concordo consigo.
Antes de mais, a questão da Tchetchénia e da Ingúchia, não é o Nacionalismo, mas sim o aproveitamento islâmico da situação. A Rússia deu independência à Tchetchénia, mas para lá voltou quando reparou que era de lá que partia a força que ajudava os muçulmanos da Ingúchia a erguerem-se contra os Russos.
Além do mais, os Russos que lutaram contra os Alemães fizeram-no, na maior parte dos casos, por motivação patriótica, nacionalista mesmo, razão pela qual não se aplica o que diz a respeito de que lado é que devem estar os nacionalistas, sem aspas desta vez.

9 de setembro de 2004 às 10:43:00 WEST  

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