terça-feira, agosto 10, 2004

A TORTO E A DIREITO, POR DÁ CÁ AQUELA PALHA

Notícia retirada do Forum Nacional:

Camila tem 8 anos, mora em Uberlândia (MG), cursa a segunda série do ensino fundamental e teve que mudar de escola no fim de 2003 por problemas de adaptação. Nas entrelinhas do “discurso” explicativo da diretora, no entanto, está uma questão muito maior e que atinge a quase totalidade do aluno negro do Brasil: a discriminação e o preconceito. A menina brigava com os colegas ao revidar os apelidos que recebia. Situações como as que ela viveu acontecem diariamente nas salas de aula de todo o País e, de tão comum, a questão nem sequer foi notada pelo sistema de educação durante muito tempo.

Primeira lei assinada

As crianças negras brasileiras vêm sendo submetidas a “testes de resistência” psicológicas há décadas, dizem os especialistas. A novidade, no entanto, é a possibilidade de que, a partir deste ano, estudantes como Camila tenham professores melhor orientados para saber lidar com esse tipo de problema. Ao assumir a Presidência da República em janeiro de 2003, a primeira lei assinada por Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas de ensino fundamental e médio das redes pública e particular do País.

A proposta era uma antiga reivindicação das várias organizações do movimento negro, que há muito já alertavam para as conseqüências psicológicas e para o alto índice de repetência e de evasão escolar em decorrência das distorções com que a história e a cultura dos negros no Brasil vêm sendo ensinadas. O Ministério da Educação, que está trabalhando na capacitação de educadores e gestores para a implementação da matéria desde 2003, estabeleceu, em março deste ano, as diretrizes para a aplicação da lei. Estados como Paraná e Mato Grosso do Sul e municípios como São Paulo, Porto Alegre e Campinas (SP) têm desenvolvido trabalhos focados na formação de professores e na distribuição de livros sobre o tema. Além disso, debates, encontros e seminários vêm sendo realizados em diversas cidades.

Curso em etapas

Em São Paulo, atingir todas as escolas e professores da rede está sendo um desafio à Secretaria Municipal de Educação e às organizações envolvidas na implementação dessa medida. De acordo com Marilândia Frazão, assessora de Assuntos Raciais da secretaria, uma das ações no sentido da aplicação da lei é a realização, ao longo deste ano, de um curso de formação para 3.100 profissionais (que terão o papel de multiplicadores) de educação cujo objetivo é destacar a importância do trabalho sobre relações raciais para o desenvolvimento escolar de crianças de todos os grupos étnicos.

A primeira parte do curso, ministrada no início do ano, discutiu conceitos como estereótipo, preconceito, discriminação racial e racismo. Os demais módulos deverão levantar questões relacionadas à história da construção do racismo no País, questões metodológicas para o tratamento do tema em sala de aula e avaliar dados de pesquisas feitas sobre o assunto. De acordo com a secretaria, uma bibliografia afro-brasileira com 40 títulos foi entregue para toda a rede pública neste ano. No total, foram distribuídos 30 mil volumes que vão de literatura infanto-juvenil a estudos sociológicos.



Antes de mais nada, isto demonstra que o tão propagandeado paraíso multirracial brasileiro é uma farsa. A misturada racial e o consequente caos étnico não produziram nada para além do ódio e da constante tensão racial e social.
Problemas desta natureza não sucedem em países de relativa homogeneidade étnica e racial, como o Portugal de há uns anos, a Islândia e o Japão.

Isto demonstra também que, por toda a parte, a tendência do sistema capitalista-internacionalista é impor o modelo cultural mestiço, afro-europeu, afro-americano, afro-qualquercoisa - tem que ser sempre meio afro.
Nos E.U.A., onde os negros totalizam vinte e cinco milhões numa população de duzentos e cinquenta milhões de pessoas, há uma constante promoção da cultura negróide local, enquanto no campo sócio-laboral se inventou a «affirmative action», isto é, a discriminação no emprego a favor dos negros por meio da imposição às empresas de quotas mínimas de trabalhadores negros.
Mas isto é na racista América, filha dos Anglo-Saxões, esses nórdicos nazis...

... no Brásiu, êlis quérr é amôrr sem barrêras dji quauqué ispécie. Num tem esse tau de KKK não! Racismo no Brásiu é proibido!
E, no entanto, lá acabaram, há uns anos, por impor, também no Brasil, a quota mínima de negros - 20% - a todas as empresas brasileiras...
É - pelo visto, êssi modelo de mistura raciau num tá cum nada não...

Nos EUA, «é preciso impor o estudo da cultura afro-etc. porque os negros são uma minoria oprimida»... e no Brasil, em que os afros e meio afros são em muito maior número e que a sua cultura é promovida como a cultura brasileira por excelência - samba, capoeira, ideal de beleza mulato - também é preciso impor oficialmente o estudo da cultura afro-etc. porque o negro, coitadinho, é discriminado.

Conclusão: o negro é sempre discriminado, mesmo que esteja em maioria.
E, estando em maioria ou em minoria, é preciso impor a sua cultura, por um motivo ou por outro, dê lá por onde der.

Esperemos por um dia em que alguma minoria branca europeia, no Brasil, nos EUA, na África do Sul ou mesmo numa futuramente negra Europa, possa um dia gozar de semelhante medida político-cultural com o intuito de promover a cultura e a auto-estima dos povos de origem europeia...