quarta-feira, dezembro 24, 2003

SALÁRIOS

O salário mínimo nacional vai ter um aumento baixíssimo.
Diz o ministro responsável por esta medida, Baigão Felix, que a economia portuguesa tem de ser competitiva, porque os países que estão para se juntar à U.E. tendo ordenados mais baixos ainda, têm também uma capacidade industrial não desprezável e uma mão-de-obra mais especializada do que a dos Portugueses.

Mas será Portugal assim tão mais tecnológica e laboralmente inepto do que dois outros Estados da U.E., a Irlanda e a Grécia, países cujos ordenados mínimos são mais altos do que o dos Portugueses?

Já há mais de dez anos que se anda a dizer que Portugal, economicamente falando, está ao nível da Irlanda e da Grécia.
Ora, durante estes anos todos, o salário mínimo português tem sido bastante mais baixo do que os desses outros dois países.
Isto só quer dizer que:
- ou, na realidade, os Portugueses são muito mais pobres do que os Irlandeses e os Gregos,
- ou então há em Portugal muito mais gente a encher-se à custa da exploração da miséria de muitos trabalhadores do que na Irlanda ou na Grécia.

Agora, há a desculpa da entrada na U.E. dos países de leste. Mas, com ordenados tão baixos, não será verdade que a mão-de-obra portuguesa mais especializada preferirá ir trabalhar para países onde o seu bem fazer seja mais bem pago?

E quanto aos gestores portugueses, e aos ministros, que são mais bem pagos do que os seus congéneres espanhóis, serão assim tão mais competentes do que os seus homólogos estrangeiros?...

... Nesse caso, não há tanta concorrência, pois não?

Só num país de terceiro mundo é que se verificam tão grandes contrastes sócio-económicos. É vergonhoso, para o actual regime português, que os Espanhóis, tendo um ordenado mínimo mais alto do que os Portugueses, tenham o seu primeiro ministro a receber menos dinheiro pelo seu trabalho do que o seu homólogo português.