terça-feira, julho 25, 2023

BATALHA DE OURIQUE, UM DOS MARCOS DA MITO-HISTÓRIA NACIONAL

Monumento à Batalha de Ourique


A 25 de Julho de 1139 travou-se algures no sul do actual Portugal a Batalha de Ourique, entre as forças comandadas por D. Afonso Henriques e a Moirama conduzida por Ali ibn Yusuf, chefe de tropas muçulmano.
Pouco é sabido sobre este episódio da Reconquista. Na obra «Annales Portucalenses Veteres» (Anais dos Portugueses Antigos) há referência a este embate; posteriormente, na «Annales D. Alfonsi Portugalensim Regis» (Anais do Rei D. Afonso de Portugal), datada de 1185, diz-se que Esmar liderava um imenso exército, incluindo forças das praças mouras de Sevilha, Badajoz, Évora e Beja, além de tropas marroquinas.
A dada altura o ocorrido começou a ser narrado como uma magna batalha de D. Afonso Henriques contra cinco reis mouros, daí a tradicional explicação das cinco quinas da bandeira portuguesa como simbolizando os cinco monarcas muçulmanos batidos pelas tropas portuguesas, o que pertencerá provavelmente mais ao campo da Lenda do que ao da História propriamente dita.
O que aparentemente ficou apurado foi que em Maio de 1139 D. Afonso Henriques reunia as suas tropas na zona de Coimbra e em finais de Junho marchava sobre Leiria, juntando às suas forças os cavaleiros-vilãos e peonagem diversa. Lançou-se daí em longo fossado (incursão em terras inimigas) para sul, contra o «Gharb» (terra do Islão no ocidente ibérico), saqueando e devastando o campo do invasor norte-africano. Em resposta, as forças muçulmanas da região, e de regiões vizinhas, em território actualmente espanhol, partiram ao encontro da hoste portuguesa para a desbaratar. O derradeiro embate deu-se então em local ainda hoje pouco conhecido, a 25 de Julho, tendo a vitória portuguesa sido de tal modo retumbante que o líder mouro Esmar só a custo conseguiu escapar com vida.
Conta-se também que na sequência da vitória portuguesa D. Afonso Henriques foi aclamado rei pela nobreza guerreira, o que configura esta batalha como um pilar, seja histórico ou lendário, da independência portuguesa.
É um dos mitos fundadores da Pátria e, independentemente dos pormenores engrandecedores que lhe tenham sido naturalmente acrescentados em diferentes épocas da historiografia nacional, do que não restam dúvidas é do papel a um tempo agregador, galvanizador e motivador que a batalha teve para uma geração após outra da Nação Portuguesa. Uma batalha de uma longa guerra, que começou com a invasão muçulmana da Ibéria em 711 e acabou com a expulsão final dos Muçulmanos de Granada, a 2 de Janeiro de 1492. Ou talvez essa guerra, a do Islão na Hispânia, não fosse mais do que uma grande batalha de uma guerra maior, que começou com Maomé e ainda está em curso, dado que o credo do crescente não morreu, e hoje, como no ontem medieval, continua a constituir oposição tantas vezes hostil ao Ocidente, de diversas formas, bem como a todo o resto do mundo não islâmico. Ourique, para já, permanece como exemplo do que foi feito e pode voltar a fazer-se.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Brasileiro com graves problemas mentais falando mal de Portugal

https://m.youtube.com/watch?v=DBWX3kBRfwQ&embeds_referring_euri=https://www.ignboards.com/&source_ve_path=MjM4NTE&feature=emb_title

25 de julho de 2023 às 16:18:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Viva Portugal, Viva a Europa!

Caturo, uma questão, achas que a Itália ou a França são nações? no verdadeiro sentido do termo? Achas que a Europa é uma nação?

Obrigado

26 de julho de 2023 às 11:06:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A Itália e a França não são nações mas sim pátrias com várias nações dentro, tal como a Espanha. A Europa, por sua vez, é uma grande comunidade racial composta por vários blocos étnicos, que por sua vez se dividem em várias nações.
Saudações Nacionais.

26 de julho de 2023 às 21:03:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"A Itália e a França não são nações mas sim pátrias com várias nações dentro, tal como a Espanha."

A Espanha percebo, por causa do País Basco e mesmo da Catalunha, e depois Castela, ou seja 3 nações, mas a Itália, fala toda só uma língua de norte a sul. E a França eu vejo 3 nações, a nação francesa, que constitui todos os nativos que falam francês, que vai desde o norte ao sul e depois vejo a Bretanha e a Córsega, onde há língua e há consciência nacional. Por exemplo na Occitânica isso já nem existe, os locais dizem que são franceses e falam o francês.
Quanto à Europa, vejo por vezes dizerem que é uma nação, mas eu também não considero a Europa uma nação, é o continente dos europeus, com várias nações dentro.

Existe alguma referencia histórica de definição de Nação que tenha forçosamente que ter uma língua? A Suíça é uma nação? tem 3 línguas oficiais.

26 de julho de 2023 às 23:04:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A Itália tem várias línguas no seu interior, ou pelo menos três, sem contar com as micro-minorias locais que falam Alemão. Uma destas nações itálicas é o Véneto.
Quanto à Occitânia, tem o seu próprio idioma. É compreensível que muitos occitanos, eventualmente a maioria (neste momento), se diga francesa, eventualmente também há muita gente na Catalunha que se diz espanhola e muita gente na Escócia e em Gales que se diz britânica, mas as coisas são como são. O idioma occitano ainda existe e é bem diferente do francês. https://www.youtube.com/watch?time_continue=33&v=an1Vu-LwAfo&embeds_referring_euri=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2Fsearch%3Fhl%3Dpt-PT%26q%3DOccitan%2Blanguage%26tbm%3Dvid%26source%3Dlnms%26sa%3DX%26ved%3D2ahUKEwju6YaLw62AAxVCVaQEHXkBBgUQ0pQJegQI&source_ve_path=MzY4NDIsMjg2NjY&feature=emb_logo
Podem existir, ao todo, cerca de oitocentos mil falantes desta língua.

Quanto a dizer-se que a Europa é uma nação, isso a meu ver é para se entender em sentido figurado, político, enaltecendo a familiaridade entre os Europeus; não creio que se possa interpretar tal afirmação em sentido literal.

A questão de uma Nação corresponder a apenas uma língua é dada pela evidência das relações humanas. Em princípio, os filhos falam a língua dos pais, que por sua vez falam a língua dos avós. Porque cargas de água é que falariam uma língua diferente? Donde viria essa língua? Ninguém inventa uma língua sozinho, excepto alguma criança excêntrica ou um autor de livros de fantasia como Tolkien. Portanto, donde viria outro idioma senão doutra gente, estranha à família?
Não creio, por isso, que a Suíça seja uma nação. É um Estado formado por várias nações ou pedaços de nações, mais concretamente uma gente de origem alemã, uma de língua francesa, uma de língua italiana e mais uma, de língua romanche, idioma que, diga-se de passagem, apresenta curiosas semelhanças com a língua portuguesa, nomeadamente um som muito parecido com o «ão», pois que, ao dizer a palavra «grão», por exemplo, parece um alemão a falar Português («grrãum»).


27 de julho de 2023 às 00:43:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"A Itália tem várias línguas no seu interior, ou pelo menos três, sem contar com as micro-minorias locais que falam Alemão. Uma destas nações itálicas é o Véneto."

Todos os italianos falam italiano, norte centro ou sul, e nem quem fala essas línguas (ex: friulan, napolitan) que são mais dialectos, dá-lhe consciência nacional, se lhes perguntar, dizem que são italianos, não de uma 'nação' napolitana, nem faria sentido. Um dos elementos de uma nação, será sempre a consciência nacional, e não vejo isso ocorrer em Itália face a línguas regionais. O Rissorgimento em Itália no século XIX foi feito para unir todos aqueles que falavam italiano e assim temos a Itália.

Quanto à França, sim eu sei que há o occitano (lingua), agora novamente não vejo qualquer consciência nacional e todos eles falam francês. E existe a outra questão, e o resto da França? que não a corsega ou a bretanha, quanto a mim é uma nação, será a nação francesa, falo desde Lyon, Paris, Le Mans, Dijon, todas essas terras.


Quanto à questão da língua, concordo, e obrigado pela resposta, assim como a resposta à questão da Suíça.

27 de julho de 2023 às 01:20:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Os cidadãos italianos falam Italiano, tal como os cidadãos franceses falam Francês, o que não significa que não falem também outras línguas... Não sei se o Friulano e o Napolitano são só dialectos do Italiano, e o Véneto também, mas não creio que seja esse o caso. Repara neste esplêndido quadro, toma nota de como a distância entre o Português e o Castelhano não é maior do que a distância entre o Italiano padrão e o Véneto; quanto ao Napolitano, até está num grupo diferente do do dito «Italiano» (italianos são eles todos, tal como todos nós na Hispânia somos espanhóis):
https://en.wikipedia.org/wiki/Western_Romance_languages#/media/File:Romance-lg-classification-en.svg

Entretanto, a maior parte da população de Véneto e da Lombardia até gosta de autonomia, repara: https://gladio.blogspot.com/2017/10/referendos-dao-vitoria-esmagadora-maior.html

Quanto à consciência nacional, não acho que seja condição sine qua non para que se possa falar em Nação. Uma identidade étnica existe mesmo que os seus membros não tenham disso consciência, tal como um indivíduo pode ser herdeiro de uma fortuna sem o saber. A partir do momento em que a diferença concreta, objectiva - língua, raça, consoante os casos - acaba por se afirmar.
Repara que também na Catalunha o nacionalismo era incipiente na década de noventa e hoje já parece «ameaçar» ser determinante para que se forme hoje um governo no gigante espanhol.

Saudações nacionais e força nisso, obrigado pela presença e pelo interesse manifestado.

27 de julho de 2023 às 02:35:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Ah, é verdade, não esquecer o pormenorzito de que uma parte do País Basco está em França (menor que a parte espanhola): https://en.wikipedia.org/wiki/French_Basque_Country#/media/File:Basque_Country_Location_Map.svg

27 de julho de 2023 às 02:36:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Sim, no entanto acho que a 'situação' italiana é bem diferente da ibérica (Portugal e Espanha). Os portugueses falam português não espanhol. E o Rissorgimento é criado para unir todos os que falavam italiano:

"The expulsion of foreign reactionary powers from Italian speaking lands
developed as one of the earliest aims of the various factions within the movement that became to be known as the Risorgimento." M O'Leary · 2017

Ou seja, havia um sentido comum, que parece que foi superior aos dialectos regionais ou mesmo outras línguas regionais. E mesmo a questão do irredentismo:

"For the early irrendtists these aims primarily focused
on Trentino and Trieste, Italian majority regions bordering the newly united kingdom. (..) expanded these claims to include regions with either an Italian minority or those historically occupied by Italians such as Nice, Ticino, Dalmatia, Malta, and Corsica."


Ou seja, eles consideravam regiões x povoadas por italianos, não por "venetians" ou sicilianos, tinham a perfeita noção etno, de que essas regiões eram povoadas por italianos e parece que os locais também, senão não se tinham juntado a eles, para combater os austríacos etc. Esta é uma das razões porque é estranho dizer que Itália, não é uma nação, eu tendencialmente considero-a, mas talvez faça mais sentido simplesmente dizer que é uma Pátria como referiste. E nações efectivas, serão as Sérvias, Suécias, Portugal, Inglaterra, Holandas, etc.

Quanto à França, sim ainda há um bocado do País basco em França, mas o resto da França também é dificil não a considerar uma nação, mais de 80% da população vive em áreas que não são Bretanha, ou da Corsega, ou mesmo da Occitânea (que já é um caso dubio), não teriam nação? por isso é que sempre achei que seriam a nação francesa.

Cumprimentos

27 de julho de 2023 às 09:19:00 WEST  
Blogger Caturo said...

O «espanhol» como língua não existe. Espanhóis somos nós todos, os da Ibéria, ou Hispânia... A palavra «Espanha» é tão somente a versão medieval da palavra latina «Hispânia». Ainda nos Lusíadas o Camões chamava aos Portugueses «gente forte de Espanha». Quando, um século antes, os Castelhanos começaram a chamar «Espanha» ao seu reino, Portugal protestou vivamente a nível internacional, afirmando que Castela não era Espanha, porque Espanha era a península toda, incluindo Portugal. Este protesto levou-se a cabo diversas vezes; a última foi em mil setecentos e poucos, já depois da restauração da independência portuguesa em 1668 (a declaração fêz-se em 1640, mas foram precisos 28 anos de guerra para os Castelhanos largarem isto...).

Quanto aos italianos que lutaram em prol de outros italianos contra ocupantes não italianos, pois isso não é surpresa nenhuma. Os Austríacos estão evidentemente mais longe de quaisquer italianos do que os outros italianos todos. Resta saber o que fariam se estivessem na posição de Portugal, já soberanos.

Já agora, no que respeita à França e também à Itália, e a outras Nações, repara neste mapa: https://gladio.blogspot.com/2021/09/dia-europeu-das-linguas.html


Saudações

27 de julho de 2023 às 09:47:00 WEST  

Enviar um comentário

<< Home