terça-feira, julho 18, 2023

FRANÇA - CLÉRIGOS E COMENTADORES MUÇULMANOS DIZEM QUE TUMULTOS EM FRANÇA SÃO CASTIGO DIVINO DE ALÁ

Em resposta aos tumultos que eclodiram em França após o trágico incidente do tiroteio policial e morte de um adolescente chamado Nahel no subúrbio parisiense de Nanterre a 27 de Junho de 2023, vários comentaristas árabes, incluindo clérigos muçulmanos, foram às redes sociais e sites para expressar as suas perspectivas. Argumentaram que as reacções violentas dos manifestantes podem ser vistas como uma forma de punição divina contra a França devido às suas políticas e posições anti-islâmicas, bem como uma consequência da sua história colonial e intervenções estrangeiras.
Este relatório tem como objectivo examinar e destacar os comentários que apresentam estes argumentos em várias plataformas de média sociais e sites. Em vez de vê-lo apenas como uma questão de direitos civis entre os Franceses envolvendo brutalidade policial, muitos viram-no como uma vingança divinamente inspirada contra um antigo adversário por uma série de transgressões passadas, desde comentários de Brigitte Bardot até à intervenção contra a Líbia de Kadafi.
Comentando os recentes distúrbios em França, o clérigo líbio e YouTuber Zain Kairalah referiu-se, num vídeo, a uma declaração feita pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2020, na qual descreveu o Islão como estando em crise. Kairalah afirmou que tanto a França quanto Macron enfrentaram inúmeras crises desde que essa declaração foi feita. Invocou o versículo 15:95 do Alcorão, afirmando que Allah pode ter pretendido cumpri-lo dizendo: "Na verdade, somos suficientes para você contra os escarnecedores." Kairalah enfatizou que Alá eventualmente cuidará daqueles que troçam do Islão e administrará a punição adquada. No final do seu vídeo, Kairalah apontou as lutas actuais enfrentadas por Macron, afirmando: "Olhe para a pessoa que alegou que o Islão está em crise; ele próprio agora está a passar por uma crise. Ele enfrentou humilhação várias vezes,[1]
A 3 de Julho de 2023, o YouTuber sírio Abduldaem Al-Kaheel, que se identifica como pesquisador dos milagres científicos do Alcorão e da Sunnah, repetiu um argumento semelhante. No seu vídeo, Al-Kaheel acusou a França de travar uma guerra contra Alá e oprimir os muçulmanos e declarou: "Mas Alá diz: Nunca pense que Alá não sabe o que os malfeitores fazem. Alcorão 14:42. Um dos actos mais injustos é o maltrato deliberado de dois biliões de muçulmanos, agora o próprio Alá preocupa-o com eles mesmos. Eles zombaram deste Profeta, mas Alá Todo-Poderoso diz: 'Na verdade, somos suficientes para você contra os escarnecedores.' Eu estava a pensar sobre este versículo naquele momento. O que significa quando Alá diz: «Na verdade, nós somos suficientes para você contra os escarnecedores? Eles estão agora a troçar... Olha, meu querido irmão,[2] Alá fá-los ficarem preocupados com situações, problemas e distúrbios.»
No Twitter, o usuário Nasser Al-Nasser comentou sobre os eventos que se desenrolam em França numa série de perguntas tuitadas a 1 de Julho de 2023, nas quais ele insinuou as políticas externas e a história colonial de França. Escreveu: "O que está na França a acontecer? É a vingança do destino? É o resultado dos crimes de França em África durante o período colonial? Ou é o resultado dos crimes de França e das guerras civis que ela criou ou nas quais participou no Líbano e na Síria? 
Ou é o resultado das conspirações francesas contra o Irão e sua tentativa de iniciar uma guerra civil no ano passado em nome da liberdade?? Ou é o resultado do roubo do oiro africano? Ou é o resultado de tudo isto e o que está escondido é ainda maior?? Espalhar-se-á para outros países europeus? Será que veremos outras crises internas? [3]
Em vídeo intitulado "França está a arder devido às políticas racistas de Macron", o comentarista político argelino e ex-diplomata Mohamed Larbi Zitout afirmou que os distúrbios foram resultado das provocações sistemáticas e hostilidade de França ao Islão e referiu-se à morte do adolescente como "a gota de água que quebrou as costas do camelo".
No vídeo, postado a 1 de Julho de 2023, enfatizou que os políticos franceses devem entender que qualquer um que desafie o Islão dirigindo-lhe hostilidade, será derrotado. Depois de acusar a França de extrema hostilidade em relação ao Islão e aos muçulmanos com uma "mentalidade colonial" generalizada entre os legisladores, observou que percebeu que muitos muçulmanos que vivem em França celebraram e alegraram-se com os distúrbios porque "eles acreditam que os manifestantes os estão a vingar e acreditam que as reacções dos manifestantes são racionais contra a humilhação, opressão e hostilidade". [4]
A 1 de Julho de 2023, o clérigo marroquino Abdellah Nhari argumentou, em vídeo do seu canal no YouTube, que os distúrbios em França são uma forma de vingança pela história colonial da França e pelos danos que ela causou nos países que colonizou. Declarou: "Pois eles semeiam o vento e colherão o redemoinho. A França deve beber do mesmo cálice." Mencionou a condenação por parte da ex-estrela de cinema francesa Brigitte Bardot dos muçulmanos por celebrarem o Eid Al-Adha com o sacrifício de animais, dizendo que ela pretendia rotular os muçulmanos como sanguinários e depois comentou: "Agora vemos esse povo envolvido na destruição de bancos, lojas, hotéis, carros e estradas. Quem semeia essas plantas nocivas inevitavelmente colherá danos". [5]
O apresentador e produtor de TV argelino baseado no Reino Unido Hafsi Ahmed reiterou o ponto de Nhari a 29 de Junho de 2023, expressando o seu apoio aos tumultos em tweet que ele partilhou com os seus mais de 20000 seguidores usando as hashtags "Racist France" e "France is Burning". Escreveu: "França pagará o preço por saquear as riquezas de África, dentro das suas próprias fronteiras. Aqui estão cenas que mostram o que aconteceu com uma série de lojas ZARA. Nota: Tudo é permitido, e nós até apoiamos. Aqueles que têm advertências e slogans da República de Platão devem guardá-los para si mesmos." [6]
A 1 de Julho de 2023, o diário árabe on-line Raialyoum.com publicou um artigo do seu editor-chefe palestino baseado no Reino Unido, Abdel-Bari Atwan, que afirmava que os tumultos "não foram apenas o resultado do assassinato do adolescente argelino Nahel pela polícia, mas sim o resultado da crescente frustração devido à prevalência da injustiça, opressão, poder excessivo do aparato de segurança e condições de vida desumanas que os imigrantes, especialmente os de origem árabe e islâmica, suportam". Atwan descreveu ainda a França como "um dos principais centros de racismo, ódio e islamofobia no continente europeu", acrescentando que "o assassinato de Nahel por um polícia serviu como catalisador para uma frustração subjacente e cada vez mais explosiva que se tornou difícil de controlar".
Elaborando a sua análise dos tumultos em França, Atwan escreveu: "A questão não é apenas sobre políticas racistas, marginalização e adopção de ódio [e] islamofobia, mas também um lamentável retorno ao passado colonial e seu legado ao lidar com os imigrantes descendentes de colónias em França. Estende-se a intervenções políticas, militares e económicas de maneira destrutiva e sangrenta nos seus países de origem. Não foi o governo francês de Nicolas Sarkozy que liderou a intervenção militar na Líbia, enviando aviões da OTAN para bombardear civis inocentes e causando a morte de dezenas de milhares deles sob o pretexto de apoiar a 'revolução' e mudar o regime ditatorial? Mais tarde, descobrimos que a realidade era completamente diferente e o verdadeiro objectivo era saquear o petróleo e os recursos de gás, minar o projecto de Muammar Gaddafi de introduzir o dinar africano lastreado em ouro e combater a crescente influência colonial no continente africano."[7]
Da mesma forma, o escritor Atef Saadawy escreveu em artigo intitulado "França: nós amamos-te; nós odiamos-te", publicado a 5 de Julho de 2023 no site de notícias on-line Al-ain.com, com sede nos Emirados Árabes Unidos, que os distúrbios foram "não apenas uma resposta a um assassinato hediondo e injustificável, mas uma resposta a acumulações históricas de longa data que se estendem além do século actual". Explicou ainda as suas opiniões sobre os protestos violentos, dizendo: "Não foi uma raiva momentânea, mas sim uma raiva que espera o momento oportuno para explodir e não deixar nada para trás. É uma raiva que busca vingança do passado mais do que triunfa no presente, olha para o futuro ou busca justiça para a vítima. É uma raiva carregada de muitos rancores históricos complexos e ódio oculto e enterrado, esperando a oportunidade de se libertar. E agora encontrou-o. Esse ódio responsabiliza a actual França por todos os erros e pecados das repúblicas francesas anteriores, não apenas na Argélia, mas em todos os países que ocupou ao longo da sua história. Esse ódio pune a França pelo que os seus proponentes chamam "longos crimes coloniais" e seu passado sombrio encharcado de sangue de inocentes".[8]´
Alguns comentaristas troçaram da França pelo seu apoio aos eventos da Primavera Árabe a partir de 2010, marcando um tweet de 2012 da conta árabe no Twitter do Ministério da Europa e Relações Exteriores da França que expressou tal apoio. Por exemplo, sob a hashtag "A França está em chamas", o usuário saudita do Twitter Eng. Hussam Al-Asiri twittou para seus 33000 seguidores a 1 de Julho de 2023: "Você provou a amargura do mesmo copo que tentou usar para destruir nações, e aqui o vemos hoje a agir de forma contrária às suas supostas crenças. Portanto, eu queria apresentar-lhe esta música com uma voz calorosa, esperando que você acreditasse na democracia mais uma vez e exigisse o fim do uso excessivo da força contra o seu próprio povo." [9]
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[1] Youtube.com/watch?v=ABMnqNkvstg, 1 de Julho de 2023.
[2] Youtube.com/watch?v=HAarOSwYvME, 3 de Julho de 2023.
[3] Twitter.com/atras10/status/1675123802689110022, 1 de Julho de 2023.
[4] Youtube.com/watch?v=6gsr7kvY4L4, 1 de Junho de 2023.
[5] Youtube.com/watch?v=vWJcEXOOMJw, 1 de Julho de 2023.
[6] Twitter.com/ahafsidz/status/1674574121290682369, 29 de Junho de 2023.
[7] Raialyoum.com, 1 de Julho de 2023.
[8] Al-ain.com/article/france-love-hate, 5 de Julho de 2023.
[9] Twitter.com/eng_hossam1992/status/1675181268617555970, 1 de Julho de 2023.

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Fonte: https://www.memri.org/reports/arab-commentators-muslim-clerics-call-frances-riots-divine-punishment-its-anti-islam

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Não são pois meros adolescentes rufias de rua que guincham ódio puro contra França - adultos com o seu próprio púlpito de relevância cultural e até religiosa ecoam a mesma sanha de maus perdedores cobardes que sabem exibir despudoradamente ressentimento contra quem sabem que não os põe no devido lugar. Enfim, portam-se como podem, é da sua natureza serem fanfarrões predadores, a única lei que verdadeiramente reconhecem é a da força, daí a sua total submissão, totalmente agachados, ao poder maior da sua religião. Grave, anormalmente doentio, é que não sejam imediatamente expulsos de solo europeu, e esta impunidade deve-se tão somente ao facto de a própria elite reinante no Ocidente estar suficientemente poluída pelo seu universalismo militante para ser totalmente incapaz de proteger o seu próprio Povo contra vírus de periculosidade relativamente moderada que seriam facilmente eliminados se o Organismo Europa não estivesse infectado com a sida espiritual originada no culto do Judeu Morto, que mandava dar a outra face ao agressor. Nada mais simples.