AFEGANISTÃO - MAIS UM FRACASSO COMUNISTA
Afeganistão: A Terra Ferida: 1. Reino - Na década de 1960, a sociedade do Afeganistão estava dividida: de um lado a elite ocidentalizada do outro a população tradicional maioritária.
Fonte: https://www.rtp.pt/play/p9211/e565788/afeganistao-a-terra-ferida
Episódio de uma série transmitida há poucos dias na RTP que merece boa vista de olhos, dada a riqueza informativa que fornece sobre o que de facto se passou e passa no Afeganistão. Destaco aqui o papel, usualmente pouco referido, do Comunismo na ascensão do Islamismo mais radical - enquanto a ocidentalização capitalista e liberal operava suavemente, fornecendo às elites uma vida de abertura e conforto, e prazeres diversos, a militância marxista confrontou as pobres populações com um ateísmo radical, que rapidamente, em menos de uma década, mobilizou, em reacção, as forças islamistas à tomada do poder.
Não significa isto que a influência ocidental liberal não tivesse em si o germe da sua queda - ao diferenciar, eventualmente mais do que nunca, a elite urbana de Cabul relativamente ao grosso da população, estava a encher um barril de pólvora notoriamente frágil, fabricando porventura cada vez mais Marias Antonietas daquelas que dizem que, se o povo não tem pão, que coma bolos, mas aqui parece ter sido a influência ocidental comunista aquela que acendeu o pavio. Chamo ocidental a ambas as influências pelo simples motivo de que o Comunismo é, tal como qualquer liberalismo europeu, produto de um ocidente laico e pós-cristão... sucede que aquilo que a claque capitalista faz através do poder do dinheiro, a hoste comunista busca impor pelo ressentimento sócio-económico, pela força das armas e pelo grito totalitário. Claro está que o poder da espada é, sempre foi na realidade e continua a ser, maior do que o da moeda, pelo que esta só reina quando aquela adormece; todavia, uma espada, que manda pois sempre mais que a moeda, fica no entanto a perder diante de espada maior. A irreligiosidade e o dogma anti-religioso dos adeptos de Marx nunca teve grandes hipóteses, em igualdade de circunstâncias, diante da fé num credo vivo e enraizado nas populações. Talvez não seja coincidência que um processo mais ou menos semelhante se tenha verificado no parente étnico do Afeganistão que é o Irão - à ocidentalização do Xá da Pérsia, opuseram-se os comunistas iranianos, rapidamente esmagados, ironicamente, pela rebelião dos aiatolas.
O facto de o poderio norte-americano no Afeganistão ter fracassado por completo não deve por isso servir para esquecer que, ao fim ao cabo, sempre durou mais que o de Moscovo, batido e expulso muito mais rapidamente, o que se torna mais significativo quando se observa que, enquanto a águia de Washington precisou de percorrer longo caminho do ninho até Cabul, a URSS, pelo contrário, tinha vasta fronteira com a terra afegã.
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