sábado, outubro 10, 2020

RECORDAR A BATALHA DE TOURS, MARCO HISTÓRICO DA DEFESA DA EUROPA


O 10 de Outubro, ou se calhar o 24, ou o 25, ficou marcado, para quem se lembrar, pela Batalha de Poitiers ou de Tours, na qual os Francos comandados por Carlos Martel (assim chamado por usar um martelo de guerra) derrotaram a Moirama conduzida pelo emir Abd er Raman, que pretendia estender-se da Ibéria ao resto da Europa. O evento é considerado de suprema importância por ter travado as forças islâmicas na conquista do velho continente.
A vantagem numérica da cavalaria árabe sobre a infantaria franca não obteve resultados porque os germânicos (os Francos, portanto) aguentaram o embate inimigo por meio da táctica do quadrado e, contra todas as expectativas, derrotaram cavaleiros com cotas de malha, feito que parecia impossível na época. A disciplina e lealdade da hoste franca foi decisiva no desfecho da peleja. 
Comentam alguns que os Árabes poderiam ter dominado a Europa facilmente se o desejassem de facto, e só não insistiram desta vez porque o norte europeu era pobre, diz-se, e não justificava o esforço e o dispêndio de tempo. Ora isto colide com toda a lógica de guerra muçulmana, não só porque o santuário de Tours era riquíssimo (e teria sido tomado pela tropa mafomética não fosse a vitória dos Europeus), mas também porque os arautos do crescente nunca desdenharam atacar outras paragens para realizar saques e converter infiéis. De lembrar que, nesta altura, esta mesma gente norte-africana estacionada na Ibéria tinha sido derrotada pelos Gótico-Hispano-Romanos do norte da península, na lendária batalha de Covadonga.

Na batalha teriam também participado os Dinamarqueses do lendário Holger Danske, que na estatuária aparece zarolho, a fazer lembrar o mítico Deus Odin. Embora Holger fosse inimigo de Carlos Martel, ambos puseram de parte o conflito que os opunha para fazerem frente comum ao invasor norte-africano. Se isto se passou assim ou não, fico por saber, mas Holger aqui pode representar os combatentes pagãos de além Reno que, segundo fontes árabes - diz a Wikipedia - teriam combatido ao lado dos Francos contra o maralhal de Mafoma.


Contra o inimigo meridional, ou oriental, foi possível, mais de uma vez, unir europeus desavindos entre si.

Hoje em dia um cenário destes parece afastado da realidade, não só porque em 2015 dá-se relativamente menos bordoada do que outrora, mas também porque a superioridade militar do Ocidente sobre todo o Islão continua evidente, embora já tenha sido maior do que agora. O conhecimento que o homem comum tem da geopolítica militar mundial não permite tranquilização no que toca à possibilidade de haver gente de Mafoma a apoderar-se de armas nucleares, mas, de qualquer modo, Europa e EUA dominam o campo do armamento e rapidamente desbaratam quem querem no grande Sul, bastando-lhes para isso o uso de avançadíssimos, e belíssimos, caças de combate, pilotados por meia dúzia de tipos especialistas no assunto, e aliás, cada vez se usam mais drones, poupando-se as vidas dos atacantes, que é um descanso.

O que para já parece mais plausível é que a ameaça islâmica se exerça sobretudo pela via da imigração e da alta taxa de natalidade terceiro-mundista pela Europa adentro. Os que gostam da ideia, por um lado «desdramatizam», pretendendo desarmar os alertas, de maneira a que os Europeus não queiram resistir a esta nova invasão, mas, por outro lado, vai-se-lhes ouvindo, aqui e ali, que a imigração é «inevitável», e que não adianta fechar as fronteiras, nem as portas, porque eles «entram pelas janelas», como dizia um escriba de Esquerda cá do burgo; o papa actual diz essencialmente o mesmo... É um truque propagandístico conhecido, o de dar por adquirida uma determinada vitória de maneira a previamente desmotivar, desmoralizar e desmobilizar o inimigo. Não sei se os muçulmanos ou seus hipotéticos simpatizantes terão andado a dizer uma dessas em território francês meridional nas vésperas de Outubro de 732, mas do que não há dúvida é que o martelo de Martel não deixou de bater, bater, bater, bater, bater, bater, bater, bater, e bater mais, e bater, bater, bater, sempre mais, sempre mais, sempre mais, até eventualmente rutilar de sangue à luz do dia, e provavelmente continuar a bater, bater, bater. Se calhar até pode ter passado pela touta de Martel que ele não tinha hipótese, havendo do seu lado nada mais que uns quantos semi-barbáricos e se calhar bêbados homens do norte, com manteiga rançosa no cabelo (segundo testemunho de antigos romanos), e, do lado oposto, uma formidável tropa de guerreiros valentes e inteligentíssimos e cultos e refinados e sofisticados e devotos e isto e aquilo dessa civilização muit'a superior do Al-Andalus, mas mesmo assim o martelo, já se sabe, martelou. Martelou, matou, ganhou. Não foi na fita de se deixar ficar porque a vitória islâmica era inevitável. Bem podem alguns dizer agora que os muçulmanos só não voltaram à lide porque não lhes interessava - o único facto garantido é que não voltaram, foram repelidos e, num belo dia de 1492 - 2 de Janeiro - expulsos da Ibéria.
É de esperar que não volte a ser preciso fazer nada disto, até porque hoje estamos mais sensíveis à dor e ao cansaço, o que nem é sinal de decadência nem de nada de mal, é só a adaptação natural aos tempos que correm. Para já temos algo incomparavelmente mais confortável, que é o voto - o voto nos partidos que têm por propósito e missão fechar as portas, e janelas, da fortaleza Europa, que é para não se repetir a chatice de as terras europeias ficarem ensopadas em sangue ou, pior, serem palco de uma substituição etno-civilizacional.