RECORDAR A BATALHA DE TOURS, MARCO HISTÓRICO DA DEFESA DA EUROPA
O 10 de Outubro, ou se calhar o 24, ou o 25, ficou marcado, para quem se lembrar, pela Batalha de Poitiers ou de Tours, na qual os Francos comandados por Carlos Martel (assim chamado por usar um martelo de guerra) derrotaram a Moirama conduzida pelo emir Abd er Raman, que pretendia estender-se da Ibéria ao resto da Europa. O evento é considerado de suprema importância por ter travado as forças islâmicas na conquista do velho continente.
A
vantagem numérica da cavalaria árabe sobre a infantaria franca não
obteve resultados porque os germânicos (os Francos, portanto) aguentaram
o embate inimigo por meio da táctica do quadrado e, contra todas as
expectativas, derrotaram cavaleiros com cotas de malha, feito que
parecia impossível na época. A disciplina e lealdade da hoste franca foi
decisiva no desfecho da peleja.
Comentam
alguns que os Árabes poderiam ter dominado a Europa facilmente se o
desejassem de facto, e só não insistiram desta vez porque o norte
europeu era pobre, diz-se, e não justificava o esforço e o dispêndio de
tempo. Ora isto colide com toda a lógica de guerra muçulmana, não só
porque o santuário de Tours era riquíssimo (e teria sido tomado pela
tropa mafomética não fosse a vitória dos Europeus), mas também porque os
arautos do crescente nunca desdenharam atacar outras paragens para
realizar saques e converter infiéis. De lembrar que, nesta altura, esta
mesma gente norte-africana estacionada na Ibéria tinha sido derrotada
pelos Gótico-Hispano-Romanos do norte da península, na lendária batalha
de Covadonga.
Na
batalha teriam também participado os Dinamarqueses do lendário Holger
Danske, que na estatuária aparece zarolho, a fazer lembrar o mítico Deus
Odin. Embora Holger fosse inimigo de Carlos Martel, ambos puseram de
parte o conflito que os opunha para fazerem frente comum ao invasor
norte-africano. Se isto se passou assim ou não, fico por saber, mas
Holger aqui pode representar os combatentes pagãos de além Reno que,
segundo fontes árabes - diz a Wikipedia - teriam combatido ao lado dos
Francos contra o maralhal de Mafoma.
Contra o inimigo meridional, ou oriental, foi possível, mais de uma vez, unir europeus desavindos entre si.
Hoje
em dia um cenário destes parece afastado da realidade, não só porque em
2015 dá-se relativamente menos bordoada do que outrora, mas também
porque a superioridade militar do Ocidente sobre todo o Islão continua
evidente, embora já tenha sido maior do que agora. O conhecimento que o
homem comum tem da geopolítica militar mundial não permite
tranquilização no que toca à possibilidade de haver gente de Mafoma a
apoderar-se de armas nucleares, mas, de qualquer modo, Europa e EUA
dominam o campo do armamento e rapidamente desbaratam quem querem no
grande Sul, bastando-lhes para isso o uso de avançadíssimos, e
belíssimos, caças de combate, pilotados por meia dúzia de tipos
especialistas no assunto, e aliás, cada vez se usam mais drones,
poupando-se as vidas dos atacantes, que é um descanso.
O
que para já parece mais plausível é que a ameaça islâmica se exerça
sobretudo pela via da imigração e da alta taxa de natalidade
terceiro-mundista pela Europa adentro. Os que gostam da ideia, por um
lado «desdramatizam», pretendendo desarmar os alertas, de maneira a que
os Europeus não queiram resistir a esta nova invasão, mas, por outro
lado, vai-se-lhes ouvindo, aqui e ali, que a imigração é «inevitável», e
que não adianta fechar as fronteiras, nem as portas, porque eles
«entram pelas janelas», como dizia um escriba de Esquerda cá do burgo; o
papa actual diz essencialmente o mesmo... É um truque propagandístico
conhecido, o de dar por adquirida uma determinada vitória de maneira a
previamente desmotivar, desmoralizar e desmobilizar o inimigo. Não sei
se os muçulmanos ou seus hipotéticos simpatizantes terão andado a dizer
uma dessas em território francês meridional nas vésperas de Outubro de
732, mas do que não há dúvida é que o martelo de Martel não deixou de
bater, bater, bater, bater, bater, bater, bater, bater, e bater mais, e
bater, bater, bater, sempre mais, sempre mais, sempre mais, até
eventualmente rutilar de sangue à luz do dia, e provavelmente continuar a
bater, bater, bater. Se calhar até pode ter passado pela touta de
Martel que ele não tinha hipótese, havendo do seu lado nada mais que uns
quantos semi-barbáricos e se calhar bêbados homens do norte, com
manteiga rançosa no cabelo (segundo testemunho de antigos romanos), e,
do lado oposto, uma formidável tropa de guerreiros valentes e
inteligentíssimos e cultos e refinados e sofisticados e devotos e isto e
aquilo dessa civilização muit'a superior do Al-Andalus, mas mesmo assim
o martelo, já se sabe, martelou. Martelou, matou, ganhou. Não foi na
fita de se deixar ficar porque a vitória islâmica era inevitável. Bem
podem alguns dizer agora que os muçulmanos só não voltaram à lide porque
não lhes interessava - o único facto garantido é que não voltaram,
foram repelidos e, num belo dia de 1492 - 2 de Janeiro - expulsos da
Ibéria.
É
de esperar que não volte a ser preciso fazer nada disto, até porque
hoje estamos mais sensíveis à dor e ao cansaço, o que nem é sinal de
decadência nem de nada de mal, é só a adaptação natural aos tempos que
correm. Para já temos algo incomparavelmente mais confortável, que é o
voto - o voto nos partidos que têm por propósito e missão fechar as
portas, e janelas, da fortaleza Europa, que é para não se repetir a
chatice de as terras europeias ficarem ensopadas em sangue ou, pior,
serem palco de uma substituição etno-civilizacional.
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