LAIKA
A três de Novembro de 1957 morreu a pobre cadela Laika, primeiro ser vivo a orbitar a Terra. Foi sacrificada pelo orgulho ou vaidade humana, ou ânsia de ir mais além, para cima dos limites (a antiga «arete» helénica), enfim, seja o que for, foi sacrificada por objectivos meramente humanos... A sua morte veio mais tarde a servir para que houvesse uma consciencialização sobre o erro ético de usar animais em experiências desta índole. O texto da Wikipedia é a este respeito muito esclarecedor:
«Depois de Laika, nenhuma outra missão tripulada por cães foi lançada sem que existisse um sistema para o retorno seguro do animal. No que diz respeito a temas de exploração espacial, o tema da corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética dominou a opinião pública durante muitos anos; temas como a exploração de animais não foram debatidos intensamente em seu momento. A imprensa de 1957 estava mais preocupada em informar o impacto do ponto de vista político, e a saúde e recuperação (ou a perda) de Laika eram temas muito pouco mencionados. Não foi senão muito mais tarde quando se originaram discussões sobre o destino final do animal.
A deliberada morte de Laika desencadeou um debate mundial sobre o maltrato aos animais e os avanços científicos à custa de testes com animais. Embora vários animais já houvessem morrido em missões dos Estados Unidos nos nove anos anteriores ao Sputnik 2, Laika foi o primeiro animal enviado ao espaço sem esperanças de ser recuperado.[18] No Reino Unido, a Liga Nacional de Defesa Canina (NCDL, actualmente Fundação para os Cães) pediu que os donos de cães guardassem um minuto de silêncio em honra de Laika. Vários grupos protectores dos direitos animais protestaram em frente das embaixadas soviéticas.[19] No entanto, alguns cientistas norte-americanos ofereceram apoio os seus colegas soviéticos, pelo menos antes da morte de Laika.[20] Igor Ushakov, chefe da administração médico-militar do Ministério da Defesa russo, afirmou que "O voo de Laika permitiu mostrar a possibilidade de que um animal altamente organizado pode sobreviver em condições de falta de gravidade, e obter informação sobre o estado do seu organismo durante o voo orbital". Dentro da União Soviética houve menos controvérsia sobre o acidente, que não foi abertamente questionado nos meios de comunicação. Foi somente em 1988, após o colapso do regime soviético, que Oleg Gazenko, um dos cientistas responsáveis por mandar Laika ao espaço, expressou remorso por permitir a morte dela: "Quanto mais tempo passa, mais lamento o sucedido. Não deveríamos ter feito isso.... nem sequer aprendemos o suficiente desta missão, para justificar a perda do animal".[21]»
Enfim, apesar de tudo vai havendo progresso civilizacional, pelo menos entre os Europeus, valha isso.
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